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Trabalho escrito Michael Sandel

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CURSO DE DIREITO – FILOSOFIA DO DIREITO
JUSTIÇA: O QUE É FAZER A COISA CERTA.
O QUE DEVEMOS UNS AOS OUTROS? 
DILEMAS DE LEALDADE.
DE MICHAEL J. SANDEL.
Lajeado, 17 de junho de 2015.
INTRODUÇÃO
O professor de Harvard Michael J. Sandel, autor do livro “Justiça”, inicia o capítulo do qual será o tema do nosso grupo com a seguinte passagem: “Pedir desculpas nunca é fácil. Mas desculpar-se em público, perante a nação, pode ser ainda mais difícil.” Ao longo do capitulo ele vai abrangendo vários assuntos que indagam sobre consentimento, obrigações e o papel da sociedade nestas questões. Trazendo fatos históricos que nos mostram tais ações, assim como situações que podem ocorrer no dia a dia e nos faz pensar em com agiríamos. 
	
O que devemos uns aos outros?/Dilemas da sociedade.
Para começar Sandel trás alguns exemplos políticos históricos para que possamos dar início ao raciocínio. Por primeiro cita a Alemanha, após Segunda Guerra Mundial, pagou o equivalente a bilhões de dólares em indenizações pelos danos causados pelo Holocausto. Por segundo menciona o Japão que durante as décadas de 1930 e 1940, levaram a força milhares de mulheres e meninas asiáticas para bordéis. Elas foram posteriormente conhecidas como “mulheres para alívio”, pois eram violentadas e sofriam abusos sexuais dos soldados japoneses. Na década de 1990 o governo japonês criou um fundo privado para pagamento às vítimas, e os lideres políticos se desculparam de forma discreta. Por terceiro trás o fato que ocorreu na Austrália que fora conhecido como “geração roubada”. Onde ocorrera que entre a década de 1910 e 1970, crianças indígenas mestiças foram arbitrariamente afastadas das mães e colocadas em lares adotivos brancos ou em assentamentos, uma espécie de sequestro com a conivência do governo. Só no ano de 2008, o governo australiano viria então por voz do primeiro ministro recém-eleito pedir desculpas a esses povos indígenas. Por quarto e último exemplo, Sandel aponta a possível maior questão sobre perdão nos Estados Unidos. A herança da escravidão, a promessa da Guerra Civil de “16 hectares e uma mula” aos escravos negros liberados nunca foi cumprida. 
No entanto o professor Sandel nos levanta as seguintes problemáticas; As nações deveriam pedir perdão por erros históricos? Devemos pagar pelos pecados de nossos predecessores? Como você pode pedir perdão por algo que você não fez, ou que foi feito antes de você nascer?
Para compreendermos melhor devemos avaliar algumas questões complicadas sobre a responsabilidade coletiva e as reivindicações da comunidade. Um dos argumentos utilizados pelos que se opõem a pedidos de desculpas é o de que, as pessoas da geração atual não deveriam desculpar-se pelos erros cometidos pelas gerações anteriores. Pedir perdão por uma injustiça seria assumir alguma responsabilidade por ela. Na ideia do perdão o que se busca em questão é o reconhecimento da responsabilidade. Os críticos do pedido de desculpas compreendem de maneira correta as implicações morais e não aceitam de que a atual geração possa ser moralmente responsável por erros cometidos por seus predecessores. Mas essa é uma forma negativa de ver a questão.
 	A objeção moral ao pedido oficial de desculpas tem grande peso porque se baseia em uma ideia moral interessante e conveniente. Pode chama-la de ideia do “individualismo moral”. A doutrina do individualismo moral não presume que o indivíduo seja egoísta, mas é uma declaração sobre o que significa ser livre. Para o individualismo moral ser livre é submeter-se apenas às obrigações assumidas voluntariamente; seja o que for que se deva a alguém, deve-se em virtude de algum ato de consentimento. A concepção de que nossas responsabilidades limitam-se aquelas que deliberadamente escolhemos é libertadora. Todavia essa visão de liberdade deixa pouca margem para a responsabilidade coletiva ou para o dever de arcar com as consequências morais das injustiças históricas causadas por nossos predecessores.
Para desvelar essa questão Sandel começa a repensar aspectos fundamentais sobre tal concepção de liberdade e a vida pública. John Locke trás uma das primeiras versões de livre escolha do indivíduo argumentando que o governo legítimo de basear-se no consentimento. Um século mais tarde, Immanuel Kant apresentou uma versão mais consistente da livre escolha do indivíduo. Kant argumenta que devemos nos considerar mais do que um simples amontoado de desejos e preferências. Ser livre é ser autônomo, e ser autônomo é ser governado por uma lei que outorgamos a nós mesmos. Logo a autonomia kantiana exige mais do que consentimento. Já John Rawls adaptou a concepção de Kant e observou que as escolhas que fazemos com frequência refletem contingências moralmente arbitrárias. Devemos nos perguntar com princípios de justiça concordaríamos, a despeito de nossos interesses ou vantagens particulares, e tomar nossas decisões sob um “véu de ignorância”, sem saber quem delas se beneficiaria.
Ambas as visões, de Immanuel Kant e John Rawls, concebem o agente moral independentemente de seus objetivos e suas ligações particulares. Quando determinamos esses princípios, nós o fazemos sem referência aos papéis e às identidades que nos situam no mundo e nos tornam os indivíduos que somos.
Portanto sob o ponto de vista de Kant e Rawls, não há fundamento para afirmar que a obrigação do ser de reparar essas injustiças históricas seja maior do que a de qualquer outro ser. Esta concepção de seres livre não afeta apenas as questões de responsabilidade coletiva através das gerações, mas também a maneira como raciocinamos sobre justiça de modo geral.
Discussões sobre a justiça são consideradas discussões sobre a vida boa. Para Aristóteles, o objetivo que a política tem é de facilitar o intercâmbio econômico e cuidar da defesa comum. A Política também deve manter o bom caráter e formar bons cidadãos. Hoje em dia, a grande parte das pessoas pensa que a noção de que a política deve cultivar virtudes é perigosa, mas se as pessoas não chegam ao um consenso, quem poderia definir a virtude. Quando pensamos em Estados que tentam promover a virtude, não pensamos primeiramente na pólis de Atenas, pensamos no passado e presente.
As teorias de justiça para Kant e Rawls se baseiam em uma determinada concepção da vida boa, sejam elas religiosas ou seculares, mas entram em conflito com a liberdade. Quando se fala em valores de outros, essas teorias deixam de respeitar os outros indivíduos como pessoas livres e independentes, capazes de decidir quais serão suas atitudes e objetivos. Com isso, a Liberdade de escolha e o Estado neutro caminham de mãos dadas. Justamente pela nossa liberdade, precisamos de direitos, para que deixem os cidadãos livres para escolher seus próprios valores.
Muitas pessoas dizem que nada disso é moralmente neutro, até certo ponto isso é obviamente verdade. Kant e Rawls não defendem o relativismo moral. A ideia de liberdade que as pessoas devem ter já é um poderoso conceito de moral. Mas não diz como devemos seguir nossas vidas, apenas que qualquer indivíduo possa agir de modo que irá respeitar os direitos das demais pessoas de fazer o mesmo. 
O utilitarismo é uma das teorias de justiça que fundamenta os direitos, ele considera o bem a maximização do prazer ou do bem-estar. Aristóteles apresenta uma teoria muito diferente do bem, o raciocínio dele é teleológico, porque parte de uma determinada concepção do bem humano. Já Kant e Rawls não seguem este tipo de raciocínio. Eles argumentam que o correto tem primazia pelo o que é bom.
Os filósofos antigos cometeram o erro de “basear suas investigações éticas inteiramente na definição do conceito do bem maior”, para então tentar fazer o que esse bem seja “o fundamento determinante da lei moral”. De acordo com Kant, essa é uma maneira de pensar que entra em conflito com a liberdade. Rawls tem opinião muito aparecida onde se refere aos princípios de justiça.
Kant e Rawls rejeitam a teoriade Aristóteles, porque eles acham que ela parece não nos dar oportunidade para escolher por nós mesmo o que é bom.
Aristóteles vê a justiça como uma adequação entra pessoas e finalidades. Mas vemos a justiça como uma escolha e não uma adequação. Para Rawls, a prioridade é sempre do que é certo sobre o que é bom. Como agentes morais, não somos definidos por nossos objetivos, mas sim por nossa capacidade de escolha.
A ideia de que a justiça deve ser neutra em relação às concepções da vida boa, reflete em um conceito das pessoas como seres com liberdades de escolha. Essas ideias caracterizam o pensamento político liberal moderno.
Os liberais igualitários são a favor das liberdades civis e dos direitos sociais e econômicos básicos. Eles dizem que para os indivíduos possam seguir com seus próprios objetivos, é preciso que o governo de a eles condições materiais para uma verdadeira escolha livre. Os partidos do estado de bem-estar social dos EUA, desde o tempo de New Deal, valorizam menos a solidariedade social e a obrigação comum do que os direitos individuais e a liberdade de escolha.
Em 1935, quando Franklin D. Roosevelt criou a Social Security, ele não gerou uma obrigação entre os cidadãos, e sim um sistema privado de seguros, como base em contribuições. Em 1944, estabeleceu bases para o Estado de bem-estar social americano, ele o denominou “declaração dos direitos econômicos”.
Igualitárias ou libertárias, as teorias de justiça que defende a justiça neutra têm um grande apelo. Elas nos mostram que é possível evitar que a lei e a política acabem por controvérsias morais e religiosas. Ainda que atraente, no entanto, essa concepção de liberdade é falha.
O que torna atraente tem a ver exatamente com a concepção liberal de liberdade. Seres livres e independentes têm moral e valores que não escolhemos, se fossemos nos considerar assim, não faria sentido para nós as muitas obrigações morais e políticas que aceitamos. Incluem-se aí as obrigações de solidariedade e lealdade, de memória histórica e crença religiosa. Na década de 1980, dez anos após uma teoria de justiça que Rawls deu ao liberalismo americano, vários críticos contestaram o ideal do “eu” desimpedido, de livre escolha. Esses críticos não aceitaram a prioridade do que é certo sobre o que é bom, e colocaram que não devemos raciocinar sobre a justiça. Essas pessoas ficaram conhecidas como comunitários do liberalismo contemporâneo. A maioria deles não gostou deste modo de conhecimento, pois acharam que iria parecer que eles queriam dizer que a justiça é apenas uma determinada escolha que uma comunidade define que deve ser. Essa preocupação levantou uma questão importante: os ônus da vida em comunidade podem ser opressivos. Então como poderíamos aceitar o peso moral da comunidade e ainda ter como objetivo a liberdade humana? Se a Concepção voluntarista do indivíduo não se sustenta como poderemos nos sentir inseridos na sociedade e ainda assim livre?
Alasdair Maclntyre, em seu livro ele conta como nós, na qualidade de agentes morais, atingimos nossos propósitos e objetivos. Seres humanos são seres que contam histórias, vivemos nossa vida como uma jornada narrativa. Só posso responder à pergunta “o que devo fazer?” se antes puder responder outra pergunta: “de que história faço parte?”. O autor também fala que todas as narrativas vividas, têm certa característica teleológica. A teleologia e a imprevisibilidade coexistem, nossa vida tem uma determinada forma que se projeta em direção ao nosso futuro. Quando me vejo diante de vários caminhos a seguir devo escolher um deles, tanto descobrir qual dará mais sentido à minha vida como um todo e a tudo aquilo que é importante para mim. A deliberação moral tem mais a ver com a interpretação da história da minha vida do que com o exercício da minha vontade, ela envolve escolha, mas a escolha resulta da interpretação; ela não é um ato soberano de vontade. 
Ela também mostra como a deliberação moral envolve reflexões que abrangem um escopo maior de histórias do qual a minha é parte; Como diz o autor “jamais poderei buscar o bem ou praticar a virtude apenas como individuo”. Só entenderei a narrativa de minha vida se puder vê-la como parte de histórias das quais faço parte. Todos somos portadores de uma identidade social, Por ex: ser filho (a), primo (a), tio (a) de alguém, do ponto do individualismo, sou o que eu escolhi ser, na visão individualista, a reflexão moral requer que eu deixe de lado ou que abstraia minhas identidades e heranças sociais. 
Tal individualismo é demonstrado pelos americanos modernos que negam qualquer responsabilidade pelas consequências da escravidão dos negros americanos, alegando ‘ que nunca tiveram escravos’. Uma forma de avaliar os dois pontos de vista é perguntar qual deles oferece a narrativa mais convincente da obrigação moral e política. 
A resposta de Rawls seria “não”. Na concepção liberal, as obrigações só surgem de duas maneiras – como deveres naturais que temos em relações aos seres humanos como tais e como obrigações voluntárias nas quais incorremos por meio do consentimento, os deveres naturais são universais. 
Os deveres naturais, temos em relação os seres humanos, e obrigações voluntárias são as que concordamos.
Diferentemente dos deveres naturais, as obrigações voluntárias são particulares, e não universais e surgem do consentimento. Por ex: Se concordei em pintar sua casa, tenho a obrigação de cumprir o prometido. Uma importante consequência dessa concepção é que “não existe obrigação política, no rigor do termo, para os cidadãos em geral”. Ainda que aqueles que se candidatem voluntariamente incorram em uma obrigação política. Por ex: de servir o país, no caso de ser eleito. 
	Vejamos aqui exemplos de obrigações de solidariedade ou de vida em sociedade. A obrigação especial entre membros de uma família é o exemplo mais simples. Sandel dispõe de uma situação onde temos duas crianças em perigo, uma é seu filho e a outra uma estranha. Então quem você salvaria? Existe nesta questão a responsabilidade que os pais têm para com seus filhos. E alguns argumentam que isso é fruto do consentimento. Se, temos filhos, também temos a obrigação de cuidar dele com atenção especial. Em outra situação é analisada a questão da responsabilidade dos filhos para com os pais. Como exemplo temos duas idosas que precisam de ajuda, uma dela é sua mãe e outra uma estranha. Aqui o consentimento não justifica o dever, afinal não escolhemos nossos pais. Mas pode – se dizer que há uma responsabilidade moral de cuidar da minha mãe, pois ela cuidou de mim também. Mas e se tivemos maus pais? Até mesmo os maus pais podem ser ajudados e o argumento moral transcende a ética liberal de reciprocidade e consentimento.
	Vamos às obrigações em relação à comunidade. Aqui temos um exemplo de um piloto da segunda Guerra Mundial que recebe a missão de bombardear sua cidade natal. Ela sabe que é uma missão muito importante, mas pede para não faze – La, pois para ele realizar tal missão é um erro moral, ou seja, ele não quer ser responsável pelas mortes que ocorrerão. Há nesta atitude o reconhecimento da responsabilidade de identidade que ele carrega como membro da cidade, com isso podemos considerar sua atitude admirável.
	Em 1984 o governo de Israel realizou uma missão de regate a judeus etíopes nos campos de refugiados do Sudão. Foram resgatados sete mil judeus, mas o plano veio a ser suspenso devido à pressão de governos árabes para que o Sudão não cooperasse. Mas em 1991, Israel novamente se arriscou em uma tentativa de resgate e desta vez foram resgatado 14 mil judeus etíopes. Se olharmos para as obrigações de solidariedade e pertinência, Israel tem a responsabilidade especial de resgatá-lós, pois toda nação tem esse dever.	É um deve universal justificável, na concepção Kantiana, como um dever que temos de individuo como seres humanos.
	Quando falamos em patriotismo podemos verificar um sentimento moral muito contestado, o amor á pátria é considerado uma virtude, ou que ele dá origema obediência cega. Jean Jacques Rousseau foi um grande defensor do patriotismo, argumentando que ligações e identidades com a comunidade são partes necessárias de nossa humanidade universal. O patriotismo é um principio limitador que torna mais fortes os sentimentos entre compatriotas, se os compatriotas são ligados pela lealdade, e pelas vidas em comum, isso significa que eles devem fazer mais uns pelos outros do que por estrangeiros. Os EUA, por exemplo, beneficiam muito mais seus cidadãos do que os estrangeiros. Alguns reprovam essa política do bem estar social, mas a maioria concorda que temos responsabilidade especial no atendimento das necessidades de nossos concidadãos que não se estende a todas as pessoas do mundo. Mas em um mundo com enormes disparidades entre ricos e pobres, as reinvidicações da comunidade entram em conflito com as reinvidicações de igualdade. 
 	Temos hoje como exemplo de fronteira protegida os EUA com o México, sua segurança de fato é eficiente contra o fluxo ilegal de imigrantes. Recentemente a policia do Texas criou um Website, onde câmeras foram instaladas em pontos estratégicos de entrada de imigrantes ilegais. Os cidadãos podem colaborar acessando o site e fazendo uma espécie de vigília, alertando as autoridades se ver algo estranho. Mas com qual propósito se faria isso? Em uma entrevista um americano declarou: “Eu me sinto bem, como se estivesse colaborando com o cumprimento da lei e com o meu país.” Esta é uma estranha expressão de patriotismo, pois baseada em que as nações têm o direito de impedir a entrada de um estrangeiro? A resposta está na proteção do grupo e na sua capacidade de controlar as condições da sociedade e estabelecer os termos de admissão e exclusão. As leis que restringem a imigração também protegem os privilégios dos cidadãos, os americanos, por exemplo, temem que possa ser sobrecarregado o sistema de serviços sociais e com isso se reduza o bem estar econômico do todo. Outro argumento é a proteção do emprego e do nível salarial do trabalhador americano menos capacitado, pois os imigrantes trabalham por salários menores. Mas porque uma nação deve proteger seus trabalhadores vulneráveis e não dar oportunidade a outros ainda mais pobres? Olhando dessa forma defenderíamos a imigração livre, mas mesmo os defensores do igualitarismo iriam hesitar em apoiar esta ideia. Se no sentimento patriótico houver base moral, se no grupo houver contribuições e acepções comuns, então os governo terão motivos para se preocupar com o bem estar de seus povos.
	Com o crescimento das indústrias multinacionais, os americanos também correm o risco de perder seus empregos, com essas cadeias globais de suprimentos de componentes fica difícil de analisar o que é americano ou não. No inicio de 2009, Obama sancionou um pacote de estimulo econômico, onde somente o ferro produzido nos estados unidos poderia ser utilizado na fabricação de pontes, escolas, prédios públicos. Essa medida é claro cria empregos diretamente nos EUA. Em uma reportagem local foi questionada o vazamento de estímulo fiscal a outros países, criando empregos também na China, na Alemanha ou no México, em vez dos EUA. A ideia do vazamento no reme ao patriotismo. Em tempos de crise é justificável que eles queiram proteger seus compatriotas, em detrimento de outros. Em termos de consentimento é difícil justificar tal obrigação, pois não nos comprometemos em ajudar uma empresa que precise, por exemplo, mas muitos julgam que esse é o dever da reciprocidade com aqueles que contribuem para a economia do país. Mas por outro lado veremos que também já precisamos de outras que vieram de fora do país por exemplo. Então se acreditamos no patriotismo com um fundamento moral, devemos aceitar as obrigações de solidariedade ou da condição de membros de uma sociedade que não pode ser reduzida a um ato de consentimento.
Segundo o autor, desculpas e indenizações coletivas por injustiças históricas são bons exemplos de como a solidariedade pode criar responsabilidades morais para com comunidades além das nossas. Reparar erros passados de nosso país é uma forma de afirmar nossa lealdade a ele.
	Orgulho e vergonha são sentimentos morais que pressupõem uma identidade comum, isso ocorre quando sentimos vergonha quando vemos no jornal que turistas estrangeiros foram assaltados ou estuprados por bandidos brasileiros.
	A capacidade de sentir orgulho e vergonha pelos atos de membros de nossa família e de nossos concidadãos tem a ver com responsabilidade coletiva, moldam nossa identidade como agentes morais.
	Pelo fato de pertencermos a um determinado grupo nos torna, de certa forma, responsáveis por ela. Assim assumimos a responsabilidade de nos libertar da dívida moral que possa ter o país ou a comunidade.
	Sandel afirma que os deveres da solidariedade complementam os deveres naturais ou os direitos humanos, em vez de competir com eles. As obrigações de solidariedade só se tornam censuráveis se nos levarem a violar um dever natural.
	Neste sentido, desde que não violemos os direitos dos outros, podemos cumprir o dever generalizado de ajudar os outros por meio da ajuda aos que estão mais próximos de nós, como parentes ou compatriotas.
	O autor conta o caso de um general do exército que recursou a comandar as forças da união na Guerra Civil dos Estados Unidos, pois sua obrigação com o estado e seu povo tinha mais peso moral do que seu dever de lealdade à união. Ele não conseguiu desempenhar um papel que o obrigaria a infligir danos a seus filhos, a seu lar, mas em consequência lutou pela secessão e pela escravidão. Neste caso existe a admiração pelo seu ato de lealdade, mesmo sendo para uma causa injusta. Mas a lealdade é uma virtude que pode atrapalhar o julgamento moral, como aconteceu neste caso. Isto pode explicar os casos de favoritismo que acontece no meio político em nossa sociedade nos dias de hoje.
	Na questão moral, o caráter é mais importante que a virtude da lealdade, pois segundo Sandel “ter caráter é ter consciência das exigências (por vezes conflitantes) que a vida nos impõe” (Pag. 291).
	
Os exemplos citados, tais como os pedidos públicos de desculpas e indenizações, responsabilidade coletiva por injustiças históricas, solidariedade e lealdade com nosso povo, serviram para questionar a concepção contratualista de que somos autores das únicas obrigações morais as quais estamos sujeitos.
	O autor questiona o que isso tem a ver com justiça. Existem duas maneiras de conceber a justiça:	
Para Kant e Rawls, o certo tem primazia sobre o bom. Para chegar à lei moral, segundo Kant, devemos abstrair nossos interesses e objetivos contingentes. E para Rawls, devemos deixar de lado nossos objetivos, nossos apegos e nossas concepções particulares do que seja bom. Sandel afirma que é assim que se deve conceber a justiça, vendo através de um véu de ignorância, isto é, sem saber a quem nossas decisões afetam.
Para Aristóteles, essa forma de conceber a justiça é equivocada. Ele não acredita que os princípios da justiça, do que é certo tem primazia sobre a vida boa. Sustenta que um dos propósitos de uma Constituição justa é formar bons cidadãos e cultivar o bom caráter. Ele não acha que se possa deliberar sobre justiça sem deliberar sobre o significado dos bens – cargos, honrarias, direitos e oportunidades – proporcionados pela sociedade.
	
CONCLUSÃO
Kant e Rawls repudiam a concepção de justiça de Aristóteles pelo fato de ela não dar margem à liberdade. Esse pensamento utilitarista pode importar a alguns indivíduos os valores de outros, não respeitando as pessoas como seres livres e independentes, capazes de escolher sozinhos os próprios objetivos.
	Essa perspectiva utilitarista de trazer as concepções da vida boa para o discurso público sobre justiça e direitos pode trazer problemas, pois os indivíduos têm concepções diferentes sobre a melhor maneira de viver. Assim a teoria política liberal nasceu para tentar poupar a política e a lei das controvérsias morais e religiosas.

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