Buscar

Teoria Geral do Direito Agrário Campus virtual

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO 
DIREITO AGRÁRIO 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO 
 
 
 
Verificamos na aula anterior que a posse das terras, no Brasil, ocorreu em 
razão do regime de sesmarias, o que levou um grande número de possuidores 
a pedir o reconhecimento de títulos sobre as áreas utilizadas. 
 
Esta situação gerou - o que a doutrina chama de, Império da Posse, ou seja, 
quem era possuidor de terras (sobretudo as devolutas) passou a reclamar o 
título, o domínio do bem. Trabalhadores rurais, camponeses e toda sorte de 
moradores do campo pleitearam a propriedade das áreas que ocuparam. O 
costume “a posse é meio de aquisição” da terra foi o que vigorou. 
 
Foi a Lei de Terras (Resolução de 1850) e o Estatuto da Terra (Lei 4504/1964) 
que estabeleceram freios para a situação, que até hoje ainda é ponto de 
conflito no campo. 
 
Entendido o contexto em que está inserido o Direito Agrário, vamos conhecer o 
conceito, o objeto, o relacionamento desta disciplina com outras ciências, a 
natureza jurídica do direito agrário, suas fontes e princípios. 
 
1) Conceito 
 
A questão agrária está vinculada a relações jurídicas, econômicas e 
sociais oriundas da atuação humana no setor primário da economia 
(agricultura, pecuária, pesca e extrativismo mineral) e de sua repercussão 
(no meio ambiente, na indústria, no transporte e comercialização de 
produtos), como vimos na aula anterior. 
 
Podemos afirmar então que: 
 
2 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
 
� “Direito Agrário é o conjunto de normas jurídicas 
concernentes ao aproveitamento do imóvel rural” (Silvia e 
Oswaldo Opitz1). 
 
� “Direito Agrário é o ramo do direito positivo que regula as 
relações jurídicas do homem com a terra” (Wellington 
Pacheco Barros2). 
 
� “É o sistema normativo, fundamentado em princípios gerais 
próprios e específicos, que regula as relações estabelecidas 
entre sujeitos e os bens agrários em razão da atividade 
agrária. Como finalidade desse direito indicamos o fomento 
(incentivo) da produção e melhor distribuição da terra para 
integração da comunidade rural ao processo de 
desenvolvimento nacional” (Telga de Araújo3). 
 
� “É o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir 
função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença 
e uso e disciplinam a prática das explorações agrárias e da 
conservação dos recursos naturais” (Raymundo Laranjeira4). 
 
 
A primeira idéia que precisamos entender é que o direito agrário 
preocupa-se com o homem e a propriedade que produz, aquela que é 
viável economicamente. Então podemos designar como “agrário” o bem que 
admite exploração econômica. O designativo “rural” acabou deixado de lado 
porque definia mais o “campo” ou ainda, visto que imóvel “rural” era termo 
antagônico ao imóvel “urbano” (no direito romano). Sabemos que estas 
expressões não são abandonadas na explicação dos pontos importantes do 
direito, porém, tecnicamente, a palavra “agrária” passou a melhor expressar a 
ciência que analisamos agora. 
 
 
1
 Opitz, Silvia C.B. Curso completo de direito agrário / Silvia C.B. Opitz, Oswaldo Opitz. – 4. ed. Ver. E 
atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 58. 
2
 Barros, Welligton Pacheco. Curso de direito agrário. Vol 1 – Doutrina e exercícios. 6. ed. revista e 
atualizadas – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 16. 
3
 Araújo, Telga de. Estudos de direito Agrário – Recife: Ed. FASA, 1985. 
4
 Laranjeira, Raymundo. Direito agrário – São Paulo: LTr Editora, 1984. 
 
3 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
No século passado, a doutrina muito se preocupou em definir quais 
atividades eram ou não consideradas agrárias. 
 
Realmente, não havia como dar respaldo jurídico a todos os casos que 
envolviam o campo em um só ramo do direito, como por exemplo, proteção do 
trabalhador rural, garimpo, transporte de produtos agrícolas, arrendamento 
rural, imposto sobre a propriedade territorial rural, enfim, uma teia de situações 
dispersas em regramentos específicos. 
 
2) Objeto: 
 
O Estatuto da Terra fixou, em seu art. 1o , o objeto do Direito Agrário e as 
situações ele regula: 
 
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações co ncernentes aos bens 
imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção 
da Política Agrícola. 
 
Por isso, verificamos que o conjunto dos direitos e das obrigações dos 
bens imóveis rurais para reforma agrária e a política agrícola são o objeto do 
Direito Agrário. 
 
Quais são estes direitos e obrigações? 
 
São as obrigações e direitos relacionados aos fatos jurídicos que provém da 
produção, do campo. 
 
A doutrina coloca a atividade agrária; 
a função social da propriedade; 
as relações do homem e da terra e 
o aproveitamento do imóvel 
 
 
4 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
como cerne deste ramo do 
Direito. 
 
 
Sodero5 aponta quais são as atividades agrárias: 
 
“(...) Observe-se que a atividade agrária é produtiva por 
excelência. Por meio dela se realizam o cultivo da terra, pela 
exploração agrícola, extrativa, agro-industrial e florestal; bem 
como a exploração de animais, ou seja, a pecuária. Já as 
atividades agrárias vinculadas se dirigem à conservação dos 
recursos naturais considerados renováveis, terra, água e ar; às 
conexas à de produção, têm por fim transformar ou vender os 
produtos agropecuários”. 
 
De modo esquemático visualizamos: 
 
ATIVIDADE AGRÁRIA (produção): 
 
� Típica: exploração agrícola, extrativa, pecuária; 
� Conexa ou complementar à produção, portanto, atividade agrária 
atípica: agroindústria, comércio e transporte; 
 
� Atividade vinculada à atividade agrária: utilização e conservação 
dos recursos naturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5
 SODERO, Fernando Pereira. Revista di Diritto Agrário. Ano LVII, 1978, p.69. 
 
5 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
3) Relacionamento do Direito Agrário com outras Ciências e com outros 
ramos do Direito: 
 
 Apreciando o objeto do Direito Agrário podemos entender que outras 
ciências estão envolvidas com nossa disciplina. É o caso das ciências sociais. 
Quando o artigo 1o do Estatuto da Terra invoca que o fim, o intuito de 
promoção dos direitos e obrigações concernentes ao bem rural imóvel, é a 
execução da reforma agrária e da política agrícola, fica claro que a produção 
está ligada ao fenômeno de sustento das populações e das melhores técnicas 
agrícolas para retirar o proveito sustentável da atividade agrária. 
Assim, podemos dizer que o enfoque do Direito agrário é multidisciplinar, 
agregando conceitos sociais, estudos da economia agrária, interligação com 
estatísticas, dados de produção e escoamento dos produtos, entre outros. 
Com os demais ramos do Direito, também há conexão do Direito Agrário. 
Regia o imóvel rural o antigo Código Civil, da mesma forma que o antigo 
Código Comercial desafiava o empresário rural. Hoje o Estatuto da Terra regula 
a maior parte das situações, mas subsidiariamente a legislação civil ainda pode 
ser invocada. 
O direito administrativo, sobretudo quando se fala em política agrícola e 
reforma agrária, ainda é muito alinhado com a questão da terra. Os institutos 
da desapropriação, os órgãos de execução da política fundiária (INCRA, INDA),as normas ambientais, estudo de impacto ambiental, proteção de espécies da 
fauna e flora, enfim, todo um conjunto de ações do governo são estritamente 
relacionados com o Direito Agrário. 
A questão dos recursos financeiros e a arrecadação de tributos (ITR, etc.), 
provam que o Direito Tributário está relacionado com a questão agrária. 
No que concerne ao direito processual podemos apontar que litígios do 
homem da terra com proprietários, fazendeiros, arrendatários, etc., são 
destinados a solução judicial com uso das normas processuais civis. Já o 
trabalhador rural e o vínculo com empresas agrícolas, de pesca, 
agroindustriais, etc. é alvo da análise do Direito e Processo do Trabalho. 
Com o Direito Penal também se relaciona o Direito Agrário. A mídia não 
cansa de relatar crimes de homicídio, danos, lesões corporais e outros, todos 
gerados com os conflitos agrários. É o Direito Penal e o Processual Penal que 
cuidam destas infrações socialmente relevantes. 
No entanto poderia haver a seguinte colocação: o Direito Agrário possui 
autonomia como ciência jurídica? 
 
6 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
A resposta é sim. A autonomia se revela em diversas facetas: a) a 
legislação que é aprovada pelo Congresso Nacional considera o desequilibro 
nas relações agrárias e a proteção de populações ou indivíduos menos 
favorecidos Ex. o Estatuto da Terra; b) a jurisprudência vem consolidando as 
posições específicas da relação jurídica agrária, atentando, muitos dos 
julgados, para a função social da propriedade, para a desapropriação para fins 
de reforma agrária, para as varas especializadas, etc. c) o ensino do direito 
agrário como ramo próprio nas universidades. Todos estes enfoques afirmam a 
autonomia do Direito Agrário. 
4) Natureza Jurídica 
 
O Direito Agrário é um ramo do Direito com natureza jurídica 
predominantemente social, conforme determina a Constituição Federal. Foi 
superada a dicotomia do Direito Público ou do Privado reger as relações 
agrárias: 
 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes 
requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
 
5) Fontes 
 
Fontes do Direito (De onde surge o Direito) e as Formas de Expressão 
do Direito (Como o Direito se revela) 
 
A origem, o nascedouro do Direito está na própria origem da sociedade. 
São chamadas de fontes do Direito aquelas que condicionam a origem da 
norma. Nas palavras de Roberto Senise Lisboa6 as fontes do Direito são: 
 
 
6
 SINISE LISBOA, Roberto. Op. Cit. p. 28. 
 
7 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
“o arbítrio pessoal, ou seja, a consciência coletiva que 
leva os representantes da sociedade civil a elaborar 
normas jurídicas que regulam a convivência interpessoal e 
o direito natural, consistente em princípios inerentes ao 
homem e preexistentes ao Estado politicamente organizado 
(é o que sucede com a noção de preservação pessoal, 
liberdade e apropriação de bens).” 
 
Existe ainda o meio pelo qual o Direito se manifesta, ou seja, as 
chamadas formas de expressão do Direito. No Brasil, em geral, a lei pode 
ser chamada de FONTE PRINCIPAL OU FONTE PRIMÁRIA DE EXPRESSÃO 
DO DIREITO. Já que são as leis que ditam quais comportamentos devem ser 
observados na sociedade. A lei determina como são os procedimentos e meios 
para se alcançar a distribuição da Justiça. É a lei que determina que direitos 
devem ser sacrificados e quais merecem prevalecer. 
 
Em especial, no direito agrário, a Constituição Federal é a primeira 
FONTE de expressão a ser invocada. Vejamos os dispositivos constitucionais 
que tutelam a questão agrária: 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...)” 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
(...) 
Art. 20. São bens da União: 
(...) 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, 
definidas em lei; 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
8 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; 
(...) 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
(...) 
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de 
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. 
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz 
far-se-á presente no local do litígio. 
(...) 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
VI - propriedade territorial rural; 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a 
manutenção de propriedades improdutivas; 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o 
proprietário que não possua outro imóvel; 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, 
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. 
(...) 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: 
(...) 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
(...) 
 
POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e 
 
9 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor 
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e 
cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma 
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de 
rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, 
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no 
exercício. 
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de 
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu 
proprietário não possua outra; 
II - a propriedade produtiva. 
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará 
normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos 
seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a 
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores 
rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, 
levando em conta, especialmente: 
I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de 
comercialização; 
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
IV - a assistência técnica e extensão rural; 
V - o seguro agrícola; 
 
10 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
VI - o cooperativismo; 
VII - a eletrificação rural e irrigação; 
VIII - a habitação para o trabalhador rural. 
§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, 
agropecuárias, pesqueiras e florestais. 
§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária. 
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a 
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área 
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por 
interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. 
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as 
concessões de terras públicas para fins de reforma agrária. 
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária 
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez 
anos. 
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e 
condições previstos em lei. 
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural 
por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de 
autorização do Congresso Nacional. 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como 
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não 
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, 
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
O Estatuto da Terra é outra importante fonte de expressão a ser 
invocada (lei). Além dele todas as outras normas e regulamentos que tratam da 
tutela fundiária são imprescindíveis para a compreensão desta ciência. 
A doutrina e a jurisprudência são fontes de expressão secundárias. 
Os costumes, no direito agrário, são outro destaque. Eles tiveram papel 
importante na questão da ocupação das terras desde a época romana e, 
principalmente, na era medieval (feudos). Algumas das práticas do campo 
remontam àqueles tempos e passam de pai para filho. 
A analogia e o direito comparado também são presentes no direito agrário 
como fontes de expressão. 
6) Princípios 
 
11 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
São muitos, os princípios do Direito Agrário, estudados pela doutrina. 
Vamos focar nossa análise nos 5 (cinco) principais e mais abrangentes 
princípios: 
 
Princípios do Direito Agrário (Wellington Pacheco Barros): 
 
I. Função Social da Propriedade. Significa, conforme vimos no art. 186 da 
CF, que o imóvel deve atender a requisitos para não ser desapropriado. O 
art. 2o do Estatuto da Terra repete o comando constitucional: 
 
“Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de ace sso à propriedade da terra, 
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.” 
 § 1° A propriedade da terra desempenha inte gralmente a sua função social quando, 
simultaneamente: 
 a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, 
assim como de suas famílias; 
 b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
 c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
 d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre 
os que a possuem e a cultivem.”. 
 
 O instituto da desapropriação penaliza o proprietário que não obedece 
ao conjunto de ações para utilização do bem. Também existe mesma 
determinação para a função social da posse agrária. 
II. Justiça Social. O legislador entendeu que o desequilíbrio existente entre 
o trabalhador rural e a estrutura fundiária merece ser coadunado. Várias 
leis são aprovadas visando a implementação de políticas para assistência 
das famílias e comunidades rurais. 
III. Prevalência do interesse coletivo sobre o privado. Seria a releitura do 
princípio administrativo da predominância do interesse público sobre o 
privado. Este princípio reflete a necessidade de proteção dos 
trabalhadores rurais balanceando-o com a propriedade particular, também 
incentiva ações para implementação de cooperativas de trabalhadores. 
Vejamos o que diz o art. 12 e 14 do ET: 
 
Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu 
uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e 
caracterizado nesta Lei. 
 
12 
 
TE
O
R
IA
 
G
ER
AL
 
D
O
 
D
IR
EI
TO
 
AG
R
ÁR
IO
 
 Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de 
associações de pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional 
desenvolvimento extrativo agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação 
do sistema cooperativo, bem como de outras modalidades associativas e societárias que 
objetivem a democratização do capital. 
 § 1o Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e 
trabalhadores rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma 
consorcial ou condominial, com a denominação de "consórcio" ou "condomínio", nos 
termos dos arts. 3o e 6o desta Lei. 
 
IV. Reformulação da Estrutura Fundiária. O próprio Estatuto da Terra (art. 
1o , § 1o ) reflete a intenção de se adotar medidas para melhor realizar a 
distribuição de terras: 
 
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de med idas que visem a promover 
melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim 
de atender aos princípiosde justiça social e ao aumento de produtividade. 
 
V. Progresso Econômico e Social. O passo para este desenvolvimento é a 
viabilização de mecanismos para sustentar o homem no campo, com 
produtividade e sustentabilidade, para que mantenha a si, sua família e 
aperfeiçoe sua ação para alcançar o âmbito social, com atividades 
complementares à agrícola (ET art. 1o ): 
 
 § 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à 
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as 
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de 
harmonizá-las com o processo de industrialização do país. 
 
Finalizamos nossa análise do Direito Agrário em seus termos, 
importância e características. Verificaremos, na próxima aula, o imóvel rural e 
as implicações da legislação fundiária sobre o mesmo.

Outros materiais