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CURSO DE DIREITO UDC DIREITO CIVIL IV – CONTRATOS PROFESSOR: ME. LUIS MIGUEL BARUDI DE MATOS BIBLIOGRAFIA: - GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: contratos – tomo I e II. Vol. IV. São Paulo: Saraiva - GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. Vol. III. São Paulo: Saraiva - TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. Vol. 2. São Paulo: Método - TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Vol. 3. São Paulo: Método O PRESENTE MATERIAL SERVE DE ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO QUE DEVE SER EMBASADO NA BIBLIOGRAFIA INDICADA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Em regra, um contrato é um negócio jurídico bilateral decorrente da convergência de manifestação de vontades contrapostas. À exceção dos contratos plurilaterais nos quais há o encontro de duas ou mais declarações de vontade paralelas, sendo exemplo os contratos de sociedade. PROPONENTE (OFERTA/PROPOSTA) X ACEITANTE (ACEITAÇÃO) = CONSENTIMENTO As declarações do proponente e do aceitante podem ser veiculadas por qualquer meio idôneo para atingir o fim proposto. O meio adequado será dependente do negócio jurídico objeto da contratação. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO OU OBRIGATORIEDADE DA PROPOSTA Em princípio, a proposta vincula o proponente e a aceitação vincula o aceitante. Seriedade da manifestação da intenção de contratar. Ausência de seriedade ou da real intenção de contratar é ato ilícito, configurando desrespeito ao dever geral de boa-fé. Responsabilidade civil por eventuais perdas e danos. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 1. SE O CONTRÁRIO RESULTAR DOS TERMOS DA PRÓPRIA PROPOSTA - O proponente informa EXPRESSAMENTE que a proposta não é vinculativa ou que se reserva o direito de retratação ou arrependimento. - Essa possibilidade não existe nas ofertas feitas ao consumidor (art. 30 - Lei 8.078/90). 2. SE O CONTRÁRIO RESULTAR DA NATUREZA DO NEGÓCIO - A natureza do negócio jurídico proposto elide a vinculação. Exemplos: - promoções que prometem recompensa a quem cumprir primeiro uma tarefa ou responder uma pergunta - oferta de carona a um grupo de pessoas, limitada à capacidade do veículo - propostas abertas ao público e limitadas ao estoque existente (art. 31 - CDC) 3. SE O CONTRÁRIO RESULTAR DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO - Opção legislativa genérica ou abstrata que dá ao juiz, na análise do caso concreto, a possibilidade de desvincular ou não o proponente. - Atenção ao princípio da razoabilidade Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. PRESENTES são as pessoas que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra. Tratam do negócio pessoalmente ou por transmissão imediata da vontade. Telefone / e-mail AUSENTES são as pessoas que não mantêm contato direto e imediato entre si. A contratação é feita por meio de carta ou telegrama. CONTRATAÇÃO ELETRÔNICA OU VIA INTERNET - Não existe previsão legal. Tratamento por analogia. - POSIÇÃO DOUTRINÁRIA - entre presentes contratação via "chat" (sala de comunicação virtual) - entre ausentes a contratação via e-mail I. Se feita sem prazo à pessoa presente e não foi imediatamente aceita - Nesse caso a aceitação, entre presentes, deve ser imediata, sob pena de perda de eficácia da proposta II. Se feita sem prazo à pessoa ausente e tiver transcorrido prazo suficiente para chegada da resposta ao proponente - "Tempo suficiente" como conceito aberto e indeterminado, cabendo ao julgador no caso concreto análise das circunstâncias - Princípio da razoabilidade III. Se feita à pessoa ausente com prazo determinado e não houver resposta - Necessidade de delimitação expressa do prazo para aceitação IV. Se antes da proposta formal ou simultaneamente for dado conhecimento a outra parte da retratação do proponente - A retratação ou arrependimento chega ao conhecimento da outra parte antes da formalização da proposta ou em momento simultâneo - O conhecimento da retratação ou arrependimento deve ser concreto OFERTA AO PÚBLICO Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. - Modalidade de oferta que não se diferencia, na essência, das outras formas. - Diferença está no fato de ser dirigida a um número indeterminado de pessoas. - Observados os requisitos gerais de validade torna-se obrigatória. - Exceção quando as circunstâncias ou usos descaracterizarem como oferta. - Circunstâncias e usos do local da oferta Exemplo: localidade em que as ofertas são usualmente feitas na rua, em voz alta, usada como técnica de vendas mas a proposta definitiva só é feita pelo vendedor após a escolha do produto. - Revogação da proposta admitida se for pela mesma via de divulgação. - Desde que essa faculdade ou possibilidade tenha sido informada na própria oferta, inicialmente. - Se o proponente não fez a resslava da possibilidade de revogação, dando ciência ao público, não poderá exercê-la. MORTE DO PROPONENTE - Antes da aceitação e dentro da validade - Se a proposta puder ser cumprida (não personalíssima) esta deverá ser garantida pelos sucessores, incluindo os bens do espólio FALÊNCIA DO PROPONENTE - Falência antes da aceitação da proposta - Falido mantém capacidade de contratar mas os contratos não são oponíveis à massa falida (não podem prejudicar os credores) - Proponente falido pode revogar e aceitante pode desistir em razão de fato superveniente ACEITAÇÃO - Aceitação é aquiescência, concordância com a proposta formulada. - Manifestação de vontade, livre e consciente do aceitante. - Sem vícios de consentimento: erro, dolo, lesão ou coação - Pressupõe a plena capacidade do agente - Salvo casos de representação ou assistência (arts. 3º e 4º, CC) Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. - Obrigação imposta ao proponente (boa-fé objetiva) de informar ao aceitante que sua manifestação chegou tardiamente. - Causa imprevista. - Se não há mais condições de manter a proposta, o proponente deverá informar o aceitante sob pena de responsabilização por perdas e danos. Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. - Aceitação nessas condições se transforma em contraproposta. - Negociação que desobriga, em princípio, o proponente inicial quanto à proposta original. ACEITAÇÃO TÁCITA OU EXPRESSA Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado,reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. Exemplo: - Um fornecedor envia sempre ao consumidor um determinado produto, em determinadas épocas do ano para pagamento posterior. -Se o consumidor não deseja mais receber o produto deverá avisar formalmente o fornecedor sob pena de continuar vinculado ao negócio jurídico. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ENTRE AUSENTES Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. - O CC reconhece a celebração do contrato entre ausentes a partir da EXPEDIÇÃO da aceitação. - No caso, quando a resposta de aceitação é postada (carta) ou encaminhada (e-mail). EXCEÇÕES I - No caso do art. 433 II - Se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta. - Mesmo sem prazo determinado o proponente, no envio da proposta afirma que aguardará a manifestação do aceitante. III - Se a resposta não chegar no prazo convencionado - O proponente envia a proposta e indica um prazo determinado para o recebimento da aceitação - Ou o aceitante informa que em determinado prazo enviará sua resposta - Não cumprido o prazo, o negócio não se concretiza LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. - Regra importante para definir a competência ou na análise de usos e costumes do lugar onde o negócio foi pactuado. DO CONTRATO EM FAVOR DE TERCEIRO Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. - Contrato em que participam diretamente duas partes, com a inclusão de um terceiro como beneficiário. - ESTIPULANTE que contrata em seu próprio nome com a outra parte que é o PROMITENTE, que se obriga a cumprir a obrigação contratada em favor de um terceiro, que é o BENEFICIÁRIO. - O BENEFICIÁRIO, inicialmente, não participa diretamente da formação do contrato através da manifestação de vontade. - O ESTIPULANTE pode exigir o cumprimento da obrigação contratada (art. 436, caput). - O BENEFICIÁRIO também poderá exigir a obrigação se anuir ao contrato, ficando vinculado às condições impostas na contratação e se o ESTIPULANTE não inovar o contrato (modificar) nos termos do art. 438 (art. 436, parágrafo único). Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. - O ESTIPULANTE poderá reservar o direito de substituição do BENEFICIÁRIO e nesse caso a troca independe da anuência do PROMOTENTE ou do BENEFICIÁRIO. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. - Ao contrário, de a faculdade de exigir o cumprimento for deixada a cargo do BENEFICIÁRIO, perde o ESTIPULANTE o direito de substituição e de exoneração do PROMITENTE com relação à obrigação contratada. - O direito de revogar o benefício é pessoal do ESTIPULANTE, não sendo transmitida a seus herdeiros. - A posição do BENEFICIÁRIO é inicialmente de terceiro quanto à relação contratual, passando a parte integrante dessa quando anuir ao contrato. - O BENEFICIÁRIO poderá rejeitar o benefício contratado em seu favor. - A estipulação ou contrato em favor de terceiros não é obrigatoriamente gratuita, podendo estipular condições onerosas ao BENEFICIÁRIO para que receba a prestação contratada. - Basta que se verifique a vantagem ou benefício lícito e a anuência expressa do BENEFICIÁRIO. DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. - Nessa situação, tem-se um PROMITENTE que assume sob sua responsabilidade uma obrigação a ser cumprida por um TERCEIRO ao CONTRATANTE. - Com essa responsabilidade, o PROMITENTE arca com perdas e danos em decorrência do não cumprimento do fato pelo TERCEIRO ou pelo cumprimento em desconformidade com o contratado. EXCEÇÃO Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. - A exceção prevista elide a responsabilidade do promitente quando o terceiro envolvido for cônjuge e: a) depender de sua concordância o ato a ser praticado b) pelo regime de casamento a possível indenização atinja os bens desse cônjuge também - Exemplo: um dos cônjuges promete obter fiança do outro para um negócio jurídico específico. O resultado negativo da contratação atingiria o patrimônio comum do casal. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. - A responsabilidade do PROMITENTE também desaparece se o TERCEIRO anuir e se obrigar pela prestação. - Nesse caso a responsabilidade passará toda ao TERCEIRO que deixa de ser estranho ao negócio jurídico e passa a integrá-lo. - Poderá ocorrer a situação em que, no próprio contrato seja prevista a manutenção da responsabilidade de ambos.
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