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CURSO DE DIREITO UDC DIREITO CIVIL IV – CONTRATOS PROFESSOR: ME. LUIS MIGUEL BARUDI DE MATOS BIBLIOGRAFIA: - GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: contratos – tomo I e II. Vol. IV. São Paulo: Saraiva - GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. Vol. III. São Paulo: Saraiva - TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. Vol. 2. São Paulo: Método - TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Vol. 3. São Paulo: Método O PRESENTE MATERIAL SERVE DE ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO QUE DEVE SER EMBASADO NA BIBLIOGRAFIA INDICADA EVICÇÃO Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Todo alienante é obrigado não apenas a entregar a coisa ao adquirente, mas também a garantir seu uso e gozo. Ocorre a evicção quando o adquirente perde, total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior ao contrato. Funda-se no princípio de garantia de uso e gozo da coisa, similar ao dos vícios redibitórios (defeitos materiais) mas, na evicção a proteção se dá contra defeitos do direito transmitido. O fundamento é o dever de garantir, imputado ao alienante, o uso e gozo da coisa contra terceiros que tenham alguma pretensão jurídica e o risco do adquirente de vir a perder a coisa ou sua posse. Cumpre ao alienante, em decorrência desse dever de garantia, assistir o adquirente em sua defesa, ante as ações de terceiros e o de ressarci-lo dos danos em caso de perda da coisa. Existem 3 sujeitos na evicção: 1. Alienante que responde pelos riscos da evicção. 2. Evicto que é o adquirente da coisa vencido na demanda judicial movida por terceiro. 3. Evictor que é o terceiro reivindicante e vencedor da ação. A evicção é cláusula de garantia que opera de pleno direito (ex vi legis), não sendo necessária a inclusão expressa no contrato, sendo inerente a todos os contratos onerosos pelos quais se transfere o domínio, posse ou uso da coisa. Pode decorrer a evicção tanto de ações petitórias (discutem o domínio) quanto das possessórias (discutem a posse). Não existe, em regra, responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos, com exceção da doação com encargo. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Não se exige culpa do alienante que, mesmo de boa-fé, responderá pela evicção. Sendo garantia legal, a extensão é determinada por lei. Ocorrendo a perda da coisa o adquirente tem direito de regresso contra o alienante para ser ressarcido dos prejuízos. O direito de garantia se estende ao proprietário, ao possuidor e ao usuário. Cabe denunciação da lide com objetivo de torná-la efetiva tanto nas ações petitórias quanto nas possessórias. Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Só será excluída a responsabilidade do alienante se do contrato constar cláusula expressa de exclusão (não se admite cláusula genérica ou exclusão tácita). Poderão as partes ainda, diminuir a garantia (permitindo a devolução parcial dos valores) ou reforçar a garantia (impondo a devolução em dobro). Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. A garantia incorpora o dever de devolver integralmente o valor pago, bem como indenização pelos frutos, despesas do contrato e prejuízos advindos da perda da coisa, além de custas judiciais e honorários de advogado. Considera-se o valor da coisa no momento da evicção, sendo considerada proporcionalmente quando a evicção for parcial. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Mesmo em caso de existência da cláusula de exclusão da responsabilidade sem a ciência da existência de demanda judicial exclui apenas a responsabilidade pelas verbas indenizatórias incluídas no art. 450, mas não exclui o dever de restituir o valor pago. Para que o alienante se exonere de qualquer responsabilidade é necessário, além da cláusula expressa de irresponsabilidade, a ciência do adquirente sobre o risco da evicção e a assunção expressa desse risco. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. A responsabilidade do alienante permanece mesmo que a coisa tenha se deteriorado, exceto se o alienante deu causa à deterioração. Assim o adquirente não poderá pedir diminuição do valor a indenizar frente a desvalorização da coisa pela deterioração, restando a obrigação de ressarcimento total do valor. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Se o adquirente obteve alguma vantagem econômica com a deterioração (vendendo material de demolição ou recebendo seguro) os valores serão deduzidos da indenização a receber. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. As benfeitorias necessárias ou úteis que não forem pagas ao adquirente evicto serão cobradas do alienante, já que o evicto como qualquer possuidor tem direito a ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Se as benfeitorias indenizadas ao evicto tiverem sido feitas pelo alienante, seu valor será deduzido do montante devido. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Se a evicção for parcial, mas for suficientemente ampla para impedir o uso ou gozo da coisa ou lhe diminua essencialmente a utilidade o alienante pode optar pela rescisão do contrato e a restituição também da parte do preço restante e não apenas da parte proporcional. Caso contrário, terá direito apenas a parte proporcional da evicção.Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
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