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RESUMO HISTÓRIA.pdf

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1 
 
História do Direito brasileiro 
1.Estrutura do Direito Português aplicado à colônia 
O Direito no período colonial brasileiro não surgiu de forma gradativa, através de uma evolução histórica como nos povos 
antigos. Ele surgiu através da imposição de uma vontade monolítica nas relações sociais, formando assim as bases da cultura e do 
ordenamento jurídico brasileiro. O período colonial foi o período em que Portugal se tornou metrópole do Brasil, que era sua 
colônia e que lhe enviava matérias primas, alimentos, minérios e todo tipo de produtos que se encontrasse aqui. 
Nesse período houve um intenso processo de povoamento, em que Portugal impôs seus costumes, religião e princípios sobre os 
nativos. Os indígenas tinham seus costumes, credos e valores baseados no transcendente, nos deuses, no poder da natureza; suas 
normas eram baseadas no sagrado, eles não possuíam nenhum ordenamento jurídico. Quando o europeu chegou, dezenas de 
nativos foram dizimados, o catolicismo lhes foi imposto e eles foram obrigados a se adaptar aos padrões de vida europeu. Já os 
negros escravos vindos da África, eram praticamente objetos, não tinham direitos e nem eram tratados como pessoas, porém 
conseguiram manter parte de suas tradições e cultura. 
 "Povos de origem tribal em diferentes estágios culturais, todos eles beirando, porém, o neolítico, despossuídos por completo de 
uma regulamentação realmente jurídica, mas antes dominados ainda pelo império da norma indiferenciada de cunho sagrado. 
Era, pois, o direito português que deveria construir a base de nosso direito nacional sem maiores competições. Também no 
âmbito jurídico temos aqui mais uma ocupação do que uma conquista." Alfredo Bosi. 
O direito utilizado em Portugal, tinha como influência o direito romano. Da mesma forma que ele era aplicado na metrópole, ele 
veio para a colônia, para servir como ordem jurídica. Isso foi crucial para o Brasil, dado que as relações sociais daquela época não 
se assemelhavam às relações de Portugal, exigindo normas próprias e não cópias. A ordenação jurídica vigente em Portugal era 
uma compilação dos costumes e leis, a qual mudava quando havia um câmbio de reinado. As compilações eram conhecidas como 
Ordenações do Reino e foram elas: 1) Ordenações Afonsinas (1446) 2) Ordenações Manoelinas (1521) 3) Ordenações Filipinas 
(1603). Quando entraram em vigência na colônia, muitas normas perderam seu sentido e muitas lacunas apareceram, dado que as 
compilações não foram adequadas à realidade colonial. Para os casos de omissão de lei foram criadas as Leis Extravagantes, que 
disciplinavam várias matérias, principalmente sobre o direito comercial. 
No início da colonização a aplicação do direito se deu por meio dos forais, responsáveis por solucionar questões locais. Com a 
divisão das capitanias hereditárias as funções judiciais foram dadas aos donatários, que tinham como função administrar, legislar, 
acusar, julgar, etc. Eles tinham pleno poder por tudo que estava em suas terras. Porém, esse sistema foi falho, de modo que o 
governo colonial teve de se centralizar e ser coordenado por um governador-geral. Tomé de Souza foi o primeiro governador-geral 
do Brasil. A partir de então começaram a surgir os oficiais jurídicos, burocratas, legisladores, entre outros. Os ouvidores-gerais 
tiveram bastante importância nesse período, pois Portugal precisava de oficiais que aplicassem de maneira eficaz o direito 
lusitano, garantindo seus interesses. Os governadores-gerais administravam a colônia, já os ouvidores tomaram o lugar dos 
donatários e eram responsáveis pela aplicação fiel da lei lusitana. Com o passar do tempo, foi necessário a entrada de mais oficiais 
da justiça, causando a divisão das tarefas e criando três instâncias responsáveis por trabalharem juntas na aplicação das normas. O 
primeiro Tribunal foi criado na Bahia, em 1587, mas o primeiro Tribunal a ser implantado foi no Rio de Janeiro, em 1751. 
Outro fator de importância no direito colonial foi a vinda da Inquisição, que buscava converter os nativos ao cristianismo e 
prender os homens acusados de heresia. É evidente então a participação do direito canônico na consolidação do direito brasileiro 
e na sociedade, uma vez que este regulava as condutas de acordo com os interesses da elite. 
As Ordenações Filipinas tiveram vigência no Brasil até 1822, quando foi proclamada a independência. 
1.1 Pré-colonial (1500-1530) 
Fase caracterizada por uma certa marginalização de Portugal em relação ao Brasil. O interesse português neste momento era o 
comércio com as Índias. Ademais, os portugueses não encontraram na área colonial de imediato produtos lucrativos. À exceção do 
pau-brasil, que seria extraído pelos indígenas. 
Neste período a Metrópole realizou algumas expedições no litoral brasileiro, sem fins lucrativos ou colonizadores. 
Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma expedição com o objetivo de reconhecimento geográfico. 
Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gonçalo Coelho; prosseguiu o reconhecimento da nova terra. O navegador 
italiano Américo Vespúcio acompanhava as duas expedições. 
Além destas expedições de reconhecimento da nova terra, Portugal enviou outras duas expedições -em 1516 e 1526 -com 
objetivos militares. Foram as chamadas expedições guarda-costas, comandadas por Cristóvão Jacques, com a missão de aprisionar 
navios franceses e espanhóis, que praticavam o contrabando no litoral brasileiro. 
Estas expedições contribuíram para a fixação - em solo brasileiro dos primeiros povoadores brancos: degredados, em sua maioria. 
1.2 Período colonial (1530-1822) 
 
 
 1 
 
O início da colonização brasileira é marcada pela expedição de Martim Afonso de Souza, que possuía três finalidades: iniciar o 
povoamento da área colonial, realizar a exploração econômica e proteger o litoral contra a presença de estrangeiros. 
Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente, em 1532 e o primeiro engenho: Engenho do 
Governador. Também iniciou a distribuição de sesmarias, isto é, grandes lotes de terra para pessoas que se dispusessem a 
explorá-los. Com este expedição, o sistema de capitanias hereditárias começou a ser adotado, iniciando efetivamente o processo 
de colonização do Brasil. 
1.3 Administração colonial 
A administração colonial portuguesa no Brasil girou entre dois eixos: o centralismo político - caracterizado por uma grande 
intervenção da Metrópole, para um melhor controle da área colonial; e o localismo político -marcado pela descentralização e 
atendia os interesses dos colonos, em virtude da autonomia dos poderes locais para com a Metrópole. 
1.4 Sesmarias 
No Brasil de 1536 foi instituído, pelo rei de Portugal, Dom João III, as capitanias hereditárias. No total foram instituídos 14 
distritos, que foram partilhados em 15 lotes e repartidos entre 12 donatários, indivíduos que receberam as terras como doação do 
governo português e em contrapartida tornaram-se pessoas de confiança da realeza portuguesa. 
Os donatários, no entanto, não foram isentados de pagar impostos à monarquia. A partir da instituição das capitanias foi inserido 
o sistema de sesmarias – pedaço de terra devolvido ou abandonado, prática comum durante o Brasil-Colônia. Cabia a estes 
donatários permitirem que os colonos cultivassem estes nacos de terra e os tornassem novamente produtivos, objetivando o 
progresso da agricultura. 
Em 1375 foi estabelecida, em Portugal, a Lei das Sesmarias, seu objetivo era ajudar no avanço da agricultura que se encontrava 
abandonada em virtude das batalhas internas e da peste negra. Essa lei mais tarde foi adaptada para funcionar no Brasil. 
Segundo a Lei das Sesmarias, se o proprietário não fertilizasse a terra para a produção e a semeasse, esta seria repassada a outro 
agricultorque tivesse interesse em cultivá-la. 
Somente aqueles que tivessem algum laço com a classe dos nobres portugueses em Portugal, os militares ou os que se dedicassem 
à navegação e tivessem obtido honrarias que lhes garantissem o mérito de ganhar uma sesmaria, tinham o direito de recebê-la. 
Cada colono receptor de um pedaço de terra tinha um registro feito pelas autoridades competentes, denominado cartas de 
sesmaria - por meio destas, várias informações importantes a respeito desses colonos eram checadas, tais como: o local de 
moradia dos indivíduos, informações de caráter pessoal e familiar, se a propriedade adquirida pelo colono era herdada, doada ou 
ocupada e seus limites, se haviam trabalhadores e que tipo de mão-de-obra era utilizada, o local da propriedade, entre outros 
dados. 
As sesmarias adquiridas, sem exceção, foram validadas em registros públicos efetivados junto às paróquias locais, unidas nesta 
época ao Estado em caráter oficial. Assim sendo, quem subscrevia os registros de terras ou certidões – nascimento, casamento, 
entre outras – eram os vigários ou párocos das igrejas. 
Nem tudo era perfeito, havia vários problemas a serem sanados, entre eles pode-se citar a atitude dos sesmeiros diante da 
obrigatoriedade de se cultivar a terra, isso levou muitos deles a locar suas terras a pequenos lavradores – dando origem aos 
posseiros. Estes cultivavam as terras, porém não tinham direitos sobre elas, eram “donos” de terra adquirida de forma ilegal, 
muitas vezes pagando para ficar com elas e cultivá-las, prática ilegal no sistema de doação de sesmarias. 
Em virtude das inúmeras irregularidades, em 1822 foram suspensas as concessões de sesmarias, só permanecendo aquelas 
anteriormente reconhecidas. Quem se beneficiou de tal medida foram os posseiros, que ascenderam socialmente e se firmaram 
como únicos proprietários de terras a partir de então, com escritura de propriedade registrada em cartório. 
Martim Afonso de Souza, pertencente à nobreza portuguesa, foi um dos principais donatários que o Brasil conheceu e que deixou 
um grande feito para a história do nosso país: a descoberta da Capitania de São Vicente, local no qual semeou os alicerces da 
primeira povoação do Brasil. Por aqui ficou por cerca de dois anos, somente retornando a Portugal no final do ano de 1533 ou 
início de 1534, e veio a morrer em Lisboa no ano de 1571. 
 
1.5 Capitanias hereditárias 
As capitanias hereditárias eram uma forma de administração do território colonial português na América. Basicamente eram 
formadas por faixas de terra que partiam do litoral para o interior, comandadas por donatários e cuja posse era passada de forma 
hereditária. Por motivos de melhor aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa Portuguesa delega a exploração e a 
colonização aos interesses privados, principalmente por falta de recursos de Portugal em manter a sua colônia de além mar. 
Ocorre então a divisão do território em capitanias, que iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, um 
modelo de colonização que tinha obtido sucesso na Ilha da Madeira e em Cabo Verde, na África. A primeira divisão forma a Ilha de 
São João, colocada sob responsabilidade de Fernando de Noronha em 1504. A iniciativa de colonização utilizando este modelo 
respondia à necessidade de proteção contra invasores, sobretudo franceses. 
De início, foram quinze beneficiários agraciados com capitanias no território da colônia portuguesa. Os escolhidos eram membros 
da baixa nobreza portuguesa que a Coroa acreditava terem condições para a empreitada de colonização. Esses nobres foram 
denominados donatários e representavam a autoridade máxima da capitania. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver 
a capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, proteção e desenvolvimento. Juridicamente, se 
estruturava o controle da capitania através de dois documentos: Carta de Doação e Carta Foral. 
Carta de Doação: documento que estabelecia os direitos e deveres do donatário e outorgava a posse das terras ao capitão 
donatário. É importante notar que o donatário não possuía a propriedade da terra, mas sim a posse, o usufruto; cabendo ao rei o 
poder ou não de tomar a capitania de volta. 
 
 
 1 
 
Foral: documento que estabelecia os direitos e obrigações dos colonos. Pelo regime das donatárias, os capitães donatários 
possuíam amplos poderes administrativos, jurídicos e militares, sendo por isto caracterizado como um sistema de administração 
descentralizado. 
O sistema de capitanias hereditárias, de um modo geral, fracassou. Na maioria dos casos, a falta de recursos financeiros para a 
exploração lucrativa justifica o insucesso. 
Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, ambas graças ao sucesso da agricultura canavieira. 
Além do cultivo da cana, a capitania de São Vicente mantinha contatos com a região do Prata e iniciaram uma nova atividade 
comercial: a escravidão do índio. 
Um outro fator para justificar o fracasso do sistema era a ausência de um órgão político metropolitano para um maior controle 
sobre os donatários. Este órgão será o Governo-Geral, criado com o intuito de coordenar a exploração econômica da colônia. 
1.6 Governo geral 
Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Regimento -documento que reafirmava a autoridade e soberania da 
Coroa sobre a colônia, e definia os encargos e direitos dos governadores-gerais -o Estado português assumia a tarefa de 
colonização, sem extinguir o sistema de capitanias hereditárias. 
O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de quatro anos e contava com três auxiliares: o provedor-mor, 
encarregado das finanças e responsável pela arrecadação de tributos; o capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do litoral 
e o ouvidor-mor, encarregado de aplicar a justiça. 
A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações: 
Tomé de Souza (1549/1553) 
-fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e capital do Brasil; 
-criação do primeiro bispado do Brasil (1551); 
-vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega, e início da catequese dos índios; -ampliação da distribuição de 
sesmarias; 
-política de incentivos aos engenhos de açúcar; 
-introdução das primeiras cabeças de gado; 
-proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão-de-obra escrava africana. 
 
Duarte da Costa (1553/1558) 
-conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo a escravidão indígena; 
-invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555 pelo huguenotes (protestantes), e fundação da França Antártica; 
-fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de Piratininga pelos jesuítas José de Anchieta e Manuel de Paiva; 
-conflito do governador com o bispo Pero Fernandes Sardinha, em virtude da vida desregrada de D. Álvaro da Costa, filho do 
governador; 
 
Mem de Sá (1558/1572) 
-aceleração da política de catequese, como forma de efetivar o domínio sobre os indígenas; 
-início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as chamadas missões; 
-restabelecimento das boas relações com o bispado; 
-expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade do Brasil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. 
Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administração da colônia entre dois governos: D. Luís de Brito, que se instalou 
em Salvador, a capital do Norte, e; ao sul, D. Antônio Salema, instalado no Rio de Janeiro. 
1.7 União Ibérica (1580-1640) 
D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir contra os mouros sem deixar herdeiros diretos. 
Entre 1578 e 1580 o reino de Portugal foi governado por D. Henrique, tio-avó de D. Sebastião - que também morreu sem deixar 
herdeiros. 
Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel invadiuPortugal com suas tropas e assumiu o trono, iniciando 
o período da União Ibérica, onde Portugal ficou sob domínio da Espanha até 1640.Com o domínio espanhol sob Portugal, as 
colônias portuguesas ficaram sob a autoridade da Espanha. Este domínio implicou mudanças na administração colonial: houve um 
aumento da autoridade do provedor-mor para reprimir as corrupções administrativas; houve uma divisão da colônia em dois 
Estados: o Estado do Maranhão ( norte ) e o Estado do Brasil ( sul ), com o objetivo de exercer um maior controle sobre a região. 
 
 
 1 
 
Outras consequências da União Ibérica: suspensão temporária dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo 
para a chamada expansão territorial; invasão holandesa no Brasil. 
1.7.1Restauração (1640) 
Movimento lusitano pela restauração da autonomia do reino de Portugal, liderado pelo duque de Bragança. Após a luta contra o 
domínio espanhol, inicia-se uma nova dinastia em Portugal -a dinastia de Bragança. 
O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses e levou Portugal a perder importantes áreas coloniais, colocando Portugal em 
séria crise econômico-financeira. D. João IV intensifica a exploração colonial criando um órgão chamado Conselho Ultramarino. 
Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a colônia não era apenas econômico, mas também político: as Câmaras 
Municipais tiveram seus poderes diminuídos e passaram a obedecer ordens do rei e dos governadores. 
D. João IV também oficializou a formação da Companhia Geral do Brasil, que teria o monopólio de todo o comércio do litoral 
brasileiro e o direito de cobrar impostos de todas as transações comerciais. Após pressões coloniais, a Companhia foi extinta em 
1720. 
1.7.2 Câmaras municipais 
Os administradores das vilas, povoados e cidades reuniam-se na Câmaras Municipais, que garantiam a participação política dos 
senhores de terra. As Câmaras Municipais eram compostas por vereadores, chamados "homens bons"(grandes proprietários de 
terra e de escravos). A presidência da Câmara ficava a cargo de um juiz. 
As Câmaras Municipais representavam o localismo político na luta contra o centralismo administrativo português. 
1.8 A igreja e a colonização 
A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização americana. 
Várias ordens religiosas atuaram no Brasil -carmelitas, dominicanos, beneditinos entre outras -com destaque para a 
Companhia de Jesus, os jesuítas. 
A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, surgiu no contexto da Contra-Reforma e com o objetivo 
de consolidar e ampliar a fé católica pela catequese e pela educação. 
A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso conflito com os colonos, que queriam escravizar os índios. 
A existência de um grande número de índios nos aldeamentos de índios - as Missões, atraía a cobiça dos colonos, que 
destruíam as Missões e vendiam os índios como escravos. 
A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente intensões humanitárias, pois dominavam culturalmente 
os índios, facilitando sua submissão à colonização e impondo um novo modo de vida. O excedente de produção - 
realizado pelo trabalho indígena - era comercializado pelos jesuítas. A catequização do índio fortaleceu e incentivou a 
escravidão negra, pelo tráfico negreiro. 
1.9 Economia colonial 
A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-brasil ( período pré-colonial ). A extração era efetuada pelos 
indígenas e em troca do trabalho, os europeus davam produtos manufaturados de baixa qualidade. Esse comércio é chamado de 
escambo. 
A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o cultivo da cana-de-açúcar. 
No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi uma colônia de exploração. Sendo assim, a economia colonial brasileira será 
de caráter complementar e especializada, visando atender às necessidades mercantilistas. A exploração colonial será uma 
importante fonte de riquezas para os Estados Nacionais da Europa. 
Portugal não encontrou, imediatamente, os metais preciosos na área colonial. Para efetivar a posse colonial e exploração da área, 
a Metrópole instala no Brasil a colonização baseada na lavoura da cana-de-açúcar com trabalho escravo. 
Por que açúcar? 
O açúcar era um produto muito procurado na Europa e, além disto, Portugal já tinha uma experiência anterior nas ilhas do 
Atlântico. Contribuiu também o clima e solo favoráveis na colônia. 
1.9.1 Estrutura de produção 
Para atender as necessidades do mercado consumidor europeu a produção teria de ser em larga escala, daí a existência do 
latifúndio (grande propriedade) e do trabalho escravo. 
Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam a base da economia colonial, também denominado Plantation. 
 
 
 1 
 
As unidades açucareiras agroexportadoras eram conhecidas por engenhos e estavam assim constituídas: 
-terras para o plantio da cana; 
-a casa-grande, que era a moradia do proprietário; 
-a senzala, que abrigava os escravos; 
-uma capela; 
-a casa de engenho, onde se concentrava a principal tarefa produtiva de transformação da cana-de-açúcar. 
A casa de engenho, por sua vez, era formada pela moenda, onde a cana era esmagada, extraindo-se o caldo; a casa das caldeiras, 
onde o caldo era engrossado ao fogo e, finalmente, a casa de purgar em que o melaço era colado em formas para secar. O açúcar, 
em forma de "pães de açúcar" era colocado em caixas de até 750 Kg e enviado para Portugal. 
Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram aqueles movimentados por força hidráulica; e Engenhos Trapiches -mais 
comuns -movidos por tração animal. A produção de aguardente, utilizada no escambo de escravos, era realizada pelos "molinetes" 
ou "engenhocas". 
Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo obrigados a moer a cana em outro engenho e pagando por isto, eram os 
chamados senhores obrigados. 
Deve-se destacar a intensa participação dos holandeses na atividade açucareira no Brasil. Eram os responsáveis pelo 
financiamento na montagem do engenho do açúcar, transporte do açúcar para a Europa, refino e sua distribuição. 
1.9.2 Navio negreiro 
A implantação da escravidão na área colonial serviu de elemento essencial no processo de acumulação de capitais. 
Os negros eram capturados na África e conduzidos para o Brasil em navios ( navios negreiros ), chamados de tumbeiros. Quando 
chegavam ao Brasil era exibidos como mercadorias nos principais portos. 
A mão-de-obra africana contribui para a acumulação de capitais no tráfico -como mercadoria; em seguida, como força de trabalho 
na produção do açúcar. 
1.9.3 Atividades subsidiárias 
O mundo do açúcar será possível graças a existência de outras atividades econômicas que contribuem para a viabilidade da 
produção açucareira: a pecuária, o tabaco e a agricultura de subsistência. 
Pecuária-atividade econômica essencial para a vida colonial. O gado era utilizado como força motriz, transporte e alimentação. 
Atividade econômica voltada para atender as necessidades do mercado interno, a pecuária contribuiu para a interiorização 
colonial e usava o trabalho livre ( o boiadeiro ). 
Tabaco-atividade econômica destinada ao escambo com as regiões africanas, onde era trocado por escravos. A principal área de 
cultivo era a Bahia. A produção do tabaco era realizada com mão-de-obra escrava. Lavoura de subsistência-responsável pela 
produção da alimentação colonial: mandioca e hortaliças. A força de trabalho era livre ( mestiços ). 
A economia açucareira entra em crise a partir do século XVIII, dada a concorrência das Antilhas e da produção de açúcar na 
Europa, a partir da beterraba. No entanto, o açúcar sempre foi importante para a economia portuguesa, obedecendo ciclos de alta 
e baixa procura no mercado consumidor. 
1.9.4 Economiamineradora 
A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mudança na estrutura do Brasil colonial e auxilia Portugal a solucionar alguns de 
seus problemas financeiros. 
A descoberta dos metais preciosos está relacionada com a expansão bandeirante entre os séculos XVII e XVIII. As primeiras 
descobertas datam do final do século XVII na região de Minas Gerais. 
1.9.5 Administração das minas 
Para administrar a região mineradora foi criada, em 1702, a Intendência das Minas, diretamente subordinada a Lisboa. Era 
responsável pela fiscalização e exploração das minas. Realizava a distribuição de datas -lotes a serem explorados, e pela cobrança 
do quinto ( 20% do ouro encontrado). 
Apesar do controle metropolitano, a prática do contrabando era muito comum e, para coibi-lá, a Coroa criou no ano de 1720, as 
Casas de Fundição- transformavam o ouro bruto ( pó ou pepita ) em barras já quitadas, ou seja, extraído o quinto pertencente à 
Coroa. 
A criação das Casas de Fundição gerou violentos protestos, culminando com a Revolta de Filipe dos Santos. 
Quando ocorre o esgotamento da exploração aurífera, o governo português fixa uma nova forma de arrecadar o quinto: 100 
arrobas anuais de ouro por município. Para garantir a arrecadação é instituída a derrama -a população completaria as 100 arrobas 
com seus bens pessoais. Este imposto trará um profundo sentimento de insatisfação para com a Metrópole. 
 
 
 1 
 
 
Formas de exploração das minas 
Havia dois tipos de exploração do ouro: 
-as lavras: a grande empresa mineradora, com utilização de trabalho escravo, ferramentas e aparelhos; 
-a faiscação: a pequena empresa, que explorava o trabalho livre ou escravos alforriados 
Os diamantes 
As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocorreram em 1729, no Arraial do Tijuco, atual Diamantina. A dificuldade em se 
quitar o diamante levou a Metrópole a criar o Distrito Diamantino expulsão dos mineiros da região e a exploração passou a ser 
privilégio de algumas pessoas - os contratadores - que pagavam uma quantia fixa para extrair o diamante. Em 1771, o próprio 
governo português assumiu a exploração do diamante, estabelecendo a real extração. 
Consequências da mineração 
 
A atividade mineradora no Brasil, como já dissemos, provocou uma alteração na estrutura colonial, ou seja, provocou mudanças 
econômicas, sociais, políticas e culturais. 
As mudanças econômicas 
Para começar, a mineração mudou o eixo econômico da vida colonial -do litoral nordestino para a região Centro-Sul; incentivou a 
intensificação do comércio interno, uma vez que fazia-se necessário o abastecimento da região das minas - aumento da produção 
de alimentos e da criação de gado; surgimento de rotas coloniais garantindo a interligação da região das minas com outras regiões 
do Brasil. 
Por estas rotas, as chamadas tropas de mulas, levavam e traziam mercadorias. Entre estas mercadorias, destaque para o negro 
africano, transportado da decadente lavoura açucareira para a região das minas. 
Houve também um enorme estímulo a importação de artigos manufaturados, em decorrência do aumento populacional e da 
concentração de riquezas. 
As mudanças sociais 
Como dito acima, houve um enorme aumento populacional nas regiões das minas. Tal crescimento demográfico altera a 
composição e estrutura da sociedade. A sociedade passa a ter um caráter urbano e multiplica-se o número de comerciantes, 
intelectuais, pequenos proprietários, funcionários públicos, artesãos. A sociedade mineradora passa a apresentar uma certa 
flexibilidade e mobilidade - algo que não existia na sociedade açucareira. Inicia-se o processo de uma relativa distribuição de 
riquezas. 
A sociedade torna-se mais politizada, graças a vinda de imigrantes e, com eles, a entrada das idéias iluministas- liberdade, 
igualdade e fraternidade. 
As mudanças politicas 
A Europa do século XVIII foi marcada pelo movimento filosófico denominado Iluminismo. As ideias iluministas chegavam ao Brasi l 
pelos imigrantes sedentos pelo ouro ou trazidas pelos filhos dos grandes proprietários que foram estudar na Europa. 
Alguns nomes merecem destaque, como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, entre 
outros. Estes nomes estão relacionados ao primeiro movimento de caráter emancipacionista da história do Brasil: a Inconfidência 
Mineira. 
As mudanças culturais 
Toda esta dinâmica econômica, política e social favoreceu uma intensa atividade intelectual na região das minas. A intensa riqueza 
extraída das minas também incentiva a produção cultural, tais como a música (Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, padre José 
Maurício Nunes Garcia); a literatura (o Arcadismo); a arquitetura e a escultura. Nesta área destaque para Antônio Francisco Lisboa, 
o Aleijadinho e para mestre Valentim. 
As contradições da economia mineradora 
A descoberta do ouro, como dissemos, auxilia Portugal a solucionar alguns de seus problemas financeiros, principalmente seu 
saldo devedor para com a Inglaterra. 
Em 1703 Portugal assinou com a Inglaterra um acordo denominado Tratado de Methuen. Através dele, Portugal conseguia 
benefícios alfandegários para a venda de vinhos na Inglaterra e ficavam obrigados a comprar manufaturados ingleses sem 
 
 
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qualquer taxa aduaneira. Assim, o Tratado de Methuen vai inibir o desenvolvimento da manufaturas em Portugal e torná-lo 
dependente da Inglaterra. 
Sendo assim, para pagar os produtos manufaturados que vinham da Inglaterra, Portugal vai utilizar o ouro encontrado no Brasil. O 
afluxo de ouro brasileiro para a Inglaterra contribui para o processo da Revolução Industrial, daí o ditado de que "a mineração 
serviu para fazer buracos no Brasil, construir igrejas em Portugal e enriquecer a Inglaterra". 
O renascimento agrícola 
No final do século XVIII, o Brasil conhece um período denominado Renascimento Agrícola, marcado pela decadência da atividade 
mineradora e pelo retorno das atividades agrícolas para o processo de acumulação de capitais. A seguir os fatores deste 
renascimento agrícola: 
-esgotamento da exploração aurífera e decadência da região da minas; 
-processo de independência dos EUA ( 1776 ); 
-processo da Revolução Industrial na Inglaterra; 
-política de fomento agrícola patrocinada pelo marquês de Pombal. 
A partir da Revolução industrial, a Inglaterra aumenta suas necessidades de algodão -matéria prima para a indústria têxtil; sua 
principal área fornecedora declara independência ( as treze colônias inglesas ), iniciando a guerra de independência. Foi neste 
contexto que o Brasil passou a produzir algodão para atender as necessidades inglesas. O cultivo do algodão será no Maranhão, 
utilizando a mão de obra escrava. 
Além do algodão, outros produtos merecem destaques neste período: o açúcar, o cacau e o café. 
Para encerrar, uma atividade econômica serviu para a ocupação do interior do Brasil- assim como a pecuária- trata 
se da extração das "drogas do sertão", guaraná, anis, pimenta.. 
2.Período Joanino 
Em novembro de 1807, as tropas francesas napoleônicas invadiram Portugal. O rei português (D. João VI) e sua corte fugiram para 
o Brasil. Em 22 de janeiro de 1808, a família real chegou ao Brasil, dando início ao Período Joanino. O governo português, instalado 
no Rio de Janeiro, durou de 1808 a 1821. 
2.1 Realizações do governo joanino 
- Em 1808, D. João VI decretou uma lei que estabeleceu a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. A Inglaterra foi a 
principal beneficiada desta lei, pois mantinha estreitos laços comerciais com Portugal. 
- Em 1808, D. João VI cancelou a lei que proibia o estabelecimento de indústrias no Brasil. 
- Assinatura de tratados comerciais com a Inglaterra, favorecendo a entrada e comercialização de produtos manufaturados 
ingleses no Brasil. Entreesses tratados, assinados em 1810, podemos citar o Tratado de Comércio e Navegação e o tratado de 
Aliança e Amizade. 
- Instalação de sistemas administrativos e jurídicos no Rio de Janeiro, com a criação de tribunais e ministérios. 
- Estruturação econômica, com a fundação do Banco do Brasil e da Casa da Moeda. 
- Investimentos nas áreas de educação e cultura. Nestas duas áreas, podemos destacar a criação de escolas de Medicina, do 
Jardim Botânico, da Biblioteca Real, da Academia Real de Belas Artes e da Imprensa Real. 
- Elevação do Brasil, em 1815, a Reino Unido de Portugal e Algarves. Desta forma, o Brasil deixou de ser (oficialmente) uma 
colônia. 
- Investimentos voltados para o desenvolvimento industrial do Brasil. Neste sentido, podemos destacar a instalação de indústria 
de ferro em Minas Gerais e São Paulo. 
2.2 Fim do período joanino 
Após a expulsão dos franceses e, na sequência, a Revolução Liberal do Porto, as Cortes de Portugal (compostas por 205 
deputados), passaram a exigir o retorno de D. João VI. Em abril de 1821, com receio de perder a Coroa, D. João VI retornou para 
Portugal. Seu filho D. Pedro ficou no Brasil como príncipe-regente. 
2.3 Governo joanino e a Independência do Brasil 
Com o retorno de D. João VI (fim do governo joanino), as Cortes de Portugal pretendiam recolonizar o Brasil, porém D. Pedro I e 
seus partidários brasileiros emancipacionistas não desejam mais o domínio português. Foi então que se formou o Partido 
Brasileiro, grupo composto basicamente por integrantes da elite, que pressionaram D. Pedro I a lutar pela Independência do 
Brasil. Fato que ocorreu em 7 de setembro de 1822. 
Podemos dizer que as mudanças modernizadoras patrocinadas por D. João VI no Brasil favoreceram o desenvolvimento de um 
forte sentimento de identidade nacional no Brasil, além de desarticular as estruturas coloniais estabelecidas pela metrópole desde 
o início da colonização. Estes dois elementos foram de fundamental importância no processo de independência do Brasil. 
3.0 Leis sobre a produção de ouro 
 
 
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No fim do século XVII a produção açucareira no Brasil enfrenta uma séria crise devido à prosperidade dos engenhos açucareiros 
nas colônias holandesas, francesas e inglesas da América Central. Como Portugal dependia, e muito, dos impostos que eram 
cobrados da colônia a Coroa passou a estimular seus funcionários e demais habitantes, principalmente os do Planalto de 
Piratininga, atual São Paulo, a desbravar as terras ainda desconhecidas em busca de ouro e pedras preciosas. 
A primeira grande descoberta deu-se nos sertões de Taubaté, em 1697, quando o então governador do Rio de Janeiro Castro 
Caldas anunciou a descoberta de “dezoito a vinte ribeiro de ouro da melhor qualidade” pelos paulistas. Neste mesmo ano, em 
janeiro, a Coroa havia enviado a Carta Régia onde prometia ajuda de custos de R$ 600.000/ano ao Governador Arthur de Sá para 
ajudar nas buscas pelos metais preciosos. 
Iniciou-se então a primeira “corrida do ouro” da história moderna. A quantidade de gente deixando Portugal para vir ao Brasil era 
tanta que em 1720 D. João V criou uma lei para controlar a saída dos portugueses, como a proibição da emigração de portugueses 
do noroeste de Portugal, bem como autorizações especiais e passaportes para outros casos. De 300 mil habitantes em 1690, a 
colônia passara a cerca de 2.000.000. 
Durante o século XVIII, auge do período de exploração do ouro no Brasil, diversos povoamentos foram fundados. Esta foi a medida 
encontrada pela Coroa para tentar acalmar um pouco o verdadeiro caos que se instalara na colônia com cidades inteiras sendo 
abandonadas por seus habitantes que saíam em busca de ouro nos garimpos. 
Após a queda de produção do sistema de exploração aurífera de aluvião, passou a ser necessárias técnicas mais refinadas que 
exigiam a permanência por maior período do garimpeiro junto aos locais de exploração o que também contribuiu para o 
estabelecimento das vilas. 
É nesse período que são fundadas as Vilas de São João Del Rei, do Ribeirão do Carmo, atual Mariana, Vila Real de Sabará, de 
Pitangui e Vila Rica de Ouro Preto, atual Ouro Preto, além de outras. 
Porém, a Coroa, que já impusera o imposto do Quinto quando do começo das explorações, onde exigia que um quinto de tudo 
que fosse extraído seria dela por direito, ainda resolvera completar a carga tributária com mais impostos gerando uma série de 
insatisfações (incluindo a Inconfidência Mineira, que teve na exploração da metrópole um de seus principais motivos). 
A exploração do ouro no Brasil teve grande importância porque deslocou o eixo político-econômico da colônia para região sul-
sudeste, com o estabelecimento da capital no Rio de Janeiro. Outro fator importante foi a ocupação das regiões Brasil adentro e 
não apenas no litoral como se fazia até então. A exploração aurífera possibilitou ainda, um enorme crescimento demográfico e o 
estabelecimento de um comércio/mercado interno, uma vez que os produtos da colônia não eram mais apenas para exportação 
como ocorria com o açúcar e o tabaco do nordeste e fez com que surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna 
que pudesse suprir as necessidades dos novos habitantes. Ainda um último aspecto importante da explosão demográfica 
provocada pelo período de exploração do ouro no Brasil colônia, foi a questão do desenvolvimento de uma classe média composta 
por artesãos, artistas, poetas e intelectuais que contribuíram para o grande desenvolvimento cultural do Brasil naquela época. 
3.1 Inconfidência mineira 
A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, em pleno ciclo do 
ouro, na então capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português. 
Foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a 
opressão do governo português no período colonial. 
No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e 
impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial 
do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de indústrias fabris em território 
brasileiro. 
Causas 
Neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro 
deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram 
pegos com ouro “ilegal” (sem ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado (enviado a força para o 
território africano). 
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as 
cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria 
pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, 
soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido. 
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos 
de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira 
(intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, 
começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil. 
O quinto e a derrama 
No final do séculoXVII, inicia o declínio da exportação do açúcar pelo Brasil e inicia o ciclo do ouro. Nessa época a Europa se 
voltou para si onde poderiam consumir um açúcar mais barato e com qualidade excelente. 
O ciclo de ouro se chama assim, pois no Brasil iniciou a extração e exportação de ouro e se tornou responsável por manter nossa 
economia na fase colonial do país. Vendo que o açúcar já não estava sendo visado assim mais pelos europeus, buscando novas 
maneiras de se extrair riquezas do Brasil, Portugal iniciou as extrações de ouro dentro de sua colônia. Claro que para isso eram 
necessários equipamentos, obtenção de terrenos férteis e mão de obra barata, consequentemente, essa atividade foi controlada 
pelos proprietários rurais mais renomados da época. 
A obtenção do lucro para Portugal ia através do quinto do que era extraído de ouro no Brasil. O quinto nada mais era do que a 
 
 
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retenção 20% do ouro levados às Casas de Fundição, que pertenciam à Coroa Portuguesa. O nome do imposto (taxa cambial) ficou 
como “quinto” e a fundação de “Casas de Intendência” fiscalizava e controlava tudo o que saáa e tudo o que entrava. Portugal, 
também requeria a derrama, um novo imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à 
Coroa Portuguesa. Considerado abusivo, esse imposto tinha muita rejeição pelos mineradores. Era uma prática opressora e 
injusta, onde em uma data específica divulgado por Portugal, soldados enviados pelas autoridades prendiam quem era contra, que 
protestava ou se negava a “colaborar”. Sendo assim, a elite intelectual e econômica da época juntou forças para se opor à 
Portugal. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de 
Minas Gerais e clamar contra a coroa. 
Casas de fundição 
Antes de serem criadas as Casas de Fundição, o ouro produzido na região mineradora circulava livremente em pó ou pepitas. Isso 
dificultava na cobrança do quinto – imposto de 20% sobre o ouro descoberto – favorecendo o comércio ilegal e o contrabando. 
Para garantir o controle sobre a produção do ouro, o governo português criou as Casas de Fundição e proibiu que o ouro em pó 
continuasse circulando. 
As Casas de Fundição funcionavam da seguinte forma: recolhiam o ouro extraído pelos mineiros, purificavam-no, transformavam-
no em barras e retiravam a parcela do imposto referente à Fazenda Real (Coroa). Depois o ouro recebia um cunho (selo) que o 
identificava como quitado, ou seja, podia ser legalmente comercializado. Chefiadas por um provedor, as Casas de Fundição ainda 
tinham trabalhadores como meirinhos, cunhadores, ensaiadores, fundidores, fiscais e tesoureiros. Mas estas Casas de Fundição 
não foram bem recebidas pelos mineradores. Estes alegavam que a medida servia apenas para dificultar a comercialização e 
facilitar a cobrança de impostos. O clima de insegurança e insatisfação crescia cada vez mais. A Coroa, alarmada com a situação, 
criou as juntas de julgamento. 
Em 1719, trouxe de Portugal duas Companhias de Dragões, tropas militares da época. Também foram criadas milícias de 
enfrentamento, em sua maioria, eram formadas por brancos, mas contavam, também, com mulatos, negros e ex-escravos. 
No ano de 1720 eclodiu a primeira grande revolta contra as Casas de Fundição. A Revolta de Vila Rica, comandada pelo tropeiro 
(condutor de tropa de animais, geralmente de carga) Felipe dos Santos. O montante de revoltados era formado por donos de 
grandes lavras, populares e escravos armados por seus senhores. Juntos, exigiram ao governador da então capitania de Minas 
Gerais, Pedro de Almeida Portugal, a extinção das Casas de Fundição. 
Surpreendido por Felipe dos Santos e seus aliados, o governador jurou ordenar o fim das Casas de Fundição, aceitou as exigências 
sem alarde e esperou que os ânimos se acalmassem. Por outro lado, ganhou tempo para a organização de suas tropas e entrou em 
ação rapidamente. Os líderes do movimento acabaram sendo condenados. Felipe dos Santos foi enforcado em praça pública e 
esquartejado em 1720. 
A Casa de Fundição mais antiga do Brasil foi construída em São Paulo no século XIV, para fundir a produção aurífera extraída pelos 
mineiros do Jaraguá e de outras jazidas. Elas são consideradas as primeiras ferramentas de controle de arrecadação de impostos, 
mas só começaram a ter esta função fiscal em 1751, época do retorno do “quinto”. Com a volta do imposto, seu número 
aumentou consideravelmente. Mas no final do século XVIII, com a diminuição das minas de ouro, as Casas de Fundição passaram a 
ser proibidas. A última delas localizava-se em Goiás e foi extinta em 1807. 
Os Inconfidentes 
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes (saiba mais sobre ele) era formado pelos 
poetas Tomas Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros 
representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo 
republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida. Estes inconfidentes 
chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo branco, 
com a inscrição em latim : Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia). 
Consequências 
A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos 
para os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas. A Bandeira idealizada pelos inconfidentes foi 
adotada pelo estado de Minas Gerais. 
Curiosidades 
• Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro 
desconhecido até aos nossos dias. 
• Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da 
execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou cinco 
badaladas. 
• A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi salgado para que mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam 
infames todos os seus descendentes. 
• Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um 
discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os presos, tinha periodicamente 
os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba 
feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda. 
4.Constituição de 1824 
 
 
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Descontente, em novembro de 1823, D. Pedro I dissolveu a Constituinte, pois a Constituição que estava sendo elaborada pelos 
deputados limitava o poder do imperador. Então, D. Pedro I convocou seis ministros e alguns políticos de sua confiança para 
redigir a nova Constituição Brasileira. D. Pedro I também participou da redação do texto constitucional, garantindo assim a 
manutenção de seu poder de imperador. 
A primeira Constituição brasileira foi outorgada, por D. Pedro I, em 25 de março de 1824. 
Principais características da Constituição de 1824: 
- Concentrava poderes nas mãos do imperador, através do poder moderador. 
- Só os ricos podiam votar, pois o voto era baseado em renda. Este sistema eleitoral excluiu a maioria da população brasileira do 
direito de escolher seus representantes. 
- Igreja subordinada ao Estado. 
- Manutenção do sistema que garantia os interesses da aristocracia. 
 O que ficou determinado pela Constituição de 1824: 
- O Brasil seguiria o regime político monárquico, sendo que o poder seria transmitido de forma hereditária. 
- O poder moderador,exercido pelo imperador, estava acima dos outros poderes. Através deste poder, o imperador poderia 
controlar e regular os outros poderes. Assim, o imperador tinha o poder absoluto sobre todas as esferas do governo brasileiro. 
- Voto censitário, ou seja, para poder votar e se candidatar a pessoa deveria comprovar determinada renda. 
- Estabeleceu os quatro poderes: executivo, legislativo, judiciário e moderador. 
- Estabeleceu a Igreja Católica como religião oficial do Brasil. A Igreja ficou subordinada ao Estado. 
- Criação do Conselho de Estado, composto por conselheiros escolhidos pelo imperador. 
- Poder executivo exercido pelo imperador e ministros de Estado. 
- Deputados e senadores seriam os responsáveis pela elaboração das leis do país, que seriam executadas pelo poder executivo. 
- Manutenção da divisão territorial nacional em províncias. 
- O imperador tinha o direito de não responder na justiça por seus atos. 
- Estabelecimento de garantias e direitos individuais. 
5.Leis de 1850 
5.1 Lei das terras 
A Lei de Terras, sancionada por D. Pedro II em setembro de 1850, foi uma lei que determinou parâmetros e normas sobre a posse, 
manutenção, uso e comercialização de terras no período do Segundo Reinado. 
Objetivos da Lei de Terras 
- Estabelecer a compra como única forma de obtenção de terras públicas. Desta forma, inviabilizou os sistemas de posse ou 
doação para transformar uma terra em propriedade privada. 
- O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a criação da necessidade de registro e demarcação de terras. 
Esses recursos tinham como destino o financiamento da imigração estrangeira, voltada para a geração de mão-de-obra, 
principalmente, para as lavouras de café. Vale lembrar que o tráfico de escravos já era uma realidade que diminuía cada vez mais a 
disponibilidade de mão-de-obra escrava. 
- Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o uso destas para fins de produção agrícola voltada para 
a exportação. Este objetivo foi alcançado pelo governo, pois esta lei provocou o aumento significativo nos preços das terras no 
Brasil. 
- Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos detentores dos meios de produção agrícola, 
principalmente a terra, no Brasil. 
- Tornar as terras um bem comercial (fonte de lucro), tirando delas o caráter de status social derivado da simples posse. 
Consequências 
- Possibilitou a manutenção da concentração de terras no Brasil. 
- A Lei de Terras regulamentou a propriedade privada, principalmente na área agrícola do Brasil. 
- Aumentou o poder oligárquico e suas ligações políticas com o governo imperial. 
- Dificultou o acesso de pessoas de baixa renda às terras. Muitas perderam suas terras e sua fonte de subsistência. Restou a estas 
apenas o trabalho como empregadas nas grandes propriedades rurais, aumentando assim a disponibilidade de mão-de-obra. 
- Aumentou os investimentos do governo imperial na política de estimulo à entrada de mão-de-obra estrangeira, principalmente 
europeia, no Brasil. 
- Favoreceu a expansão da economia cafeeira no Brasil, na medida em que a Lei de Terras favoreceu a elite agrária brasileira, 
principalmente da região Sudeste. 
5.2 Código comercial 
 
 
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Aprovado pela lei n. 556, de 25 de junho de 1850, o Código Comercial fez parte do arranjo jurídico-institucional ocorrido ao longo 
das primeiras décadas após a Independência, constituindo-se um dos aspectos do processo de consolidação do Estado brasileiro. 
O ato não só regulamentou as atividades comerciais e a profissão de comerciante, como estabeleceu garantias para a realização 
das operações comerciais e instituiu um aparato burocrático exclusivo para as causas mercantis, os tribunais e juízos comerciais. 
A edificação do aparato legal do Império, que se prolongou pelo Segundo Reinado, ratificava seu estatuto político e o distinguia de 
sua antiga condição de colônia. Assim, os anos iniciais pós-Independência foram caracterizados por intensa atividade legislativa, 
resultado do empenho em substituir a legislação anterior ainda vigente e assegurar a governabilidade do novo corpo político, 
numa tentativa de conciliar o modelo do constitucionalismo liberal ao Estado monárquico e escravocrata. Em 1824 foi outorgada a 
primeira Constituição brasileira, mas foi após a abertura da Assembleia Legislativa, em 1826, que foram aprovadas leis que 
fundamentaram o ordenamento jurídico do Império, como o Regimento das Câmaras Municipais (1828), o Código Criminal (1830), 
o Código de Processo Criminal (1832), o Ato Adicional (1834), e a Lei de Interpretação do Ato Adicional (1840). 
O ordenamento jurídico do Império do Brasil era, em sua maior parte, legado do período colonial, o que tornava necessário 
regulamentar, por legislação ordinária, importantes temas como as funções municipais, eleições, administração provincial e 
processo criminal. No caso das relações comerciais, sua jurisdição coube, após a vinda da família real para o Brasil, ao Tribunal da 
Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, criada no Rio de Janeiro pelo alvará de 23 de agosto de 1808. Tendo 
como modelo a Junta do Comércio deste Reino e seus Domínios, estabelecida em Portugal em 1755, a Real Junta acumulava 
funções administrativas e judiciais e incorporou as atribuições da Mesa de Inspeção, que foi extinta no Rio de Janeiro, mas 
continuaria em atividade nas províncias até 1827. O órgão deveria entender das matérias de sua competência, decidir sobre os 
assuntos que lhe fossem requeridos e propor os meios necessários para o melhoramento dos objetos sob sua alçada, além de 
atuar na solução de contenciosos entre comerciantes (CABRAL, 2015). 
Mas a preocupação com a criação de um código comercial já estava presente logo após a vinda da família real para o Brasil, tarefa 
atribuída a José da Silva Lisboa, então deputado da Real Junta do Comércio, que, somente em 1826, entrega ao imperador o seu 
Projeto de Código do Comércio. Mas, foi em 1832 que o governo imperial nomeou uma comissão para elaboração de um projeto 
de código comercial, presidida por Antônio Paulino Limpo de Abreu, o visconde de Abaeté, que viria a ser substituído por José 
Clemente Pereira. A comissão era composta ainda por Ignácio Ratton, Guilherme Midosi, Laurence Westin e José Maria da Silva 
Lisboa, o visconde de Cairu. Os trabalhos da comissão resultaram na apresentação de uma proposta em 1834, enviada para 
apreciação na Câmara dos Deputados e no Senado, mas sua discussão foi adiada em virtude da crise política enfrentada durante o 
período regencial (NEVES, 2007). 
A discussão sobre o código foi retomada em 1843 na Câmara dos Deputados e no Senado, quando novas comissões foram 
nomeadas para analisar as inúmeras emendas feitas ao projeto original, mas os trabalhos não avançaram muito. Em 1845 outra 
comissão foi formada na Câmara para discussão do projeto apresentado, que, aprovado, continuou sendo apreciado pelo Senado. 
Em 1848 foi proposta nova comissão, presidida por Euzébio de Queiroz e integrada por José Clemente Pereira, Caetano Alberto 
Soares, José Thomaz Nabuco de Araújo, Francisco Ignácio de Carvalho Moreira e Irineu Evangelista de Souza, que finalmente 
aprovou o conteúdo em 1850 (BENTIVOGLIO, 2005). O longo processo de aprovação do Código Comercial expressa também o 
forjar de um consenso entre “as frações da classe dominante em torno de um projeto político de Estado." 
5.3 Lei Eusébio de Queirós 
A Lei Eusébio de Queiróz foi uma modificação que ocorreu em 1850 na legislação escravista brasileira. A lei proibia o tráfico de 
escravos para o Brasil. É considerado um dos primeiros passos no caminho em direção à abolição da escravatura no Brasil. 
O nome da lei é uma referência ao seu autor, o senador e então ministro da Justiça do BrasilEusébio de Queirós Coutinho Matoso 
da Câmara. 
Esta lei, decretada em 4 de setembro de 1850, deve ser entendida também no contexto das exigências feitas pela Grã-Bretanha ao 
governo brasileiro no sentido de acabar com o tráfico de escravos. O governo da Grã-Bretanha cobrava do Brasil uma posição 
favorável à recém-criada legislação britânica, conhecida como Bill Aberdeen (de agosto de 1845), que proibia o comércio de 
escravos entre África e América. A lei concedia o direito à marinha britânica de aprender qualquer embarcação com escravos que 
tivesse como destino o Brasil. 
A Lei Eusébio de Queirós não surtiu efeitos imediatos. O tráfico ilegal ganhou vitalidade e num segundo momento o tráfico interno 
de escravos aumentou. Foi somente a partir da década de 1870, com ao aumento da fiscalização, que começou a faltar mão-de-
obra escrava no Brasil. Neste momento, os grandes agricultores começaram a buscar trabalhadores assalariados, principalmente 
em países da Europa (Itália, Alemanha, por e exemplo) período em que aumentou muito a entrada de imigrantes deste continente 
no Brasil. 
Curiosidade: 
- A expressão popular, até hoje muito usada, “lei para inglês ver” surgiu com a Lei Eusébio de Queirós. Criada, provavelmente pelo 
povo, a expressão fazia referência à lei criada para atender as exigências dos ingleses, porém com pouco efeito prático em seus 
primeiros anos de aplicação. 
6. Leis do período regencial 
A saída de Dom Pedro I do governo imperial representou uma nova fase para a história política brasileira. Não tendo condições 
mínimas para assumir o trono, Dom Pedro II deveria aguardar a sua maioridade até alcançar a idade exigida para tornar-se rei. 
Nesse meio tempo, os agentes políticos daquela época disputaram o poder entre si no chamado Período Regencial, que vai de 
1831 até 1840. 
Sendo fruto da Constituição de 1824, os grupos políticos existentes ficavam restritos aos grandes proprietários de terra, 
comerciantes e algumas pequenas parcelas das classes médias urbanas. Em meio às reuniões e debates que aconteceriam para a 
 
 
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organização da ordem regencial, temos o aparecimento de três grupos políticos mais importantes: os liberais moderados, os 
liberais exaltados e os conservadores. 
Os moderados representavam os setores mais conservadores que defendiam irrestritamente o poder monárquico e a manutenção 
da estrutura política centralizada. Já os exaltados acreditavam que a ordem política deveria ser revisada no sentido de dar maior 
autonomia às províncias. Alguns outros integrantes desse mesmo grupo chegavam a cogitar a adoção do sistema republicano. Por 
fim, havia os restauradores, que acreditavam no retorno de Dom Pedro I ao poder. 
Com a morte de Dom Pedro I, o cenário político reduziu-se às agitações dos moderados e exaltados. Mesmo sendo transitória, a 
regência acabou sendo marcada por vários levantes e rebeliões que evidenciavam a precária hegemonia do Estado brasileiro. No 
ano de 1834, tentando aplacar o grande volume de revoltas, os liberais conseguiram aprovar o Ato Adicional de 1834, que 
concedia maiores liberdades às províncias. 
Outra medida importante foi o estabelecimento da Guarda Nacional, novo destacamento militar que deveria manter a ordem 
vigente. Sendo controlada e integrada por membros da elite, a Guarda Nacional acabou tendo seu poder de fogo monitorado por 
grandes proprietários de terra que legitimavam o desmando e a exclusão social, política e econômica que marcaram tal contexto. 
Entre as maiores revoltas da regência podemos destacar a Cabanagem (PA), a Balaiada (MA), a Revolta dos Malês e a Sabinada 
(BA), e a Guerra dos Farrapos (RS/SC). Na maioria dos casos, todos estes eventos denunciavam a insatisfação geral para com o 
desmando e a miséria que tomavam a nação. Vale destacar entre esses eventos a participação exclusiva dos escravos na Revolta 
dos Malês e o papel das elites locais na organização da Guerra dos Farrapos. 
A forte instabilidade do período regencial acabou instigando o desenvolvimento de dois outros importantes eventos. O primeiro 
deles foi a aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional, de maio de 1840, que retirava a autonomia concedida às províncias. 
Dois meses depois, os exaltados conseguiram se aproveitar dos vários conflitos para que o Golpe da Maioridade antecedesse a 
chegada de Dom Pedro II ao poder, colocando um fim à Regência. 
6.1 Código criminal de 1830 
O Código Criminal de 1830 foi o primeiro código penal brasileiro, sancionado poucos meses antes da abdicação de D. Pedro I, em 
16 de dezembro de 1830. Vigorou desde 1831 até 1891, quando foi substituído pelo Código Penal dos Estados Unidos do Brasil 
(Decretos n. 847, de 11 de outubro de 1890, e 1.127, de 6 de dezembro de 1890) 
Principais características 
Até 1830 se tem a vigência das Ordenações Filipinas (punição cruel). Então o Código Criminal de 1830 vai avançar em relação as 
leis Filipinas no que diz respeito a integridade física. Com a inviolabilidade dos direitos civis, igualdade jurídica em uma sociedade 
escravista. Saindo da pena do castigo exemplar para a pena moderna: respeito à integridade física. 
Crimes segundo o código criminal de 1830: 
• Públicos: crimes contra o Império, contra a tranquilidade interna do Império, contra a administração, o tesouro e a propriedade 
pública; 
• Privados: contra a liberdade e a segurança individual, contra a propriedade particular; 
• Policiais: contra as normas policiais e regras públicas (posturas municipais). 
Penas: proporcionalidade entre o crime e a pena, as penas tinham que ter proporcionalidade entre o crime cometido e a pena; a 
pena exclusiva do condenado, não poderia ultrapassar ao infrator, não podendo ser estendida aos seus familiares; humanização 
da pena de morte, sem a tortura; proibição das penas cruéis, sem enforcamentos e decapitações, etc. persistência das penas de 
degredo, banimento, galés, multas, privação dos direitos políticos, desterro (exílio) ainda persistem algumas penas das ordenações 
Filipinas. 
Estrutura 
O Código de 1830 é dividido em quatro partes (Dos Crimes, e das Penas; Dos Crimes Públicos; Dos Crimes Particulares e dos 
Crimes Policiais): com um total de oito capítulos, divido em títulos e seções, ao qual, contêm ou não, especificações sobre os 
crimes e as penas, em cada uma dessas subdivisões. 
Parte Primeira - Dos Crimes, e Das Penas 
Essa parte trata, de como são os crimes, e de como deverão ser aplicadas suas penas, suas temáticas são: 
Título I - Dos Crimes 
Do artigo 1 ao 13, têm-se definido os crimes e os criminosos, e como deveriam ser aplicadas as penas, reunidas em seis grupos 
básicos: 
a) crimes; 
b) criminosos; 
c) crimes justificáveis; 
d) circunstâncias agravantes; 
e) atenuante dos crimes; 
f) satisfação. 
6.2 Código do processo criminal de 1832 
O Código de Processo Criminal de Primeira Instância foi promulgado pela lei de 29 de novembro de 1832, que tratou da 
organização judiciária e da parte processual complementar ao Código Criminal de 1830, alterando inteiramente as formas do 
 
 
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procedimento penal então vigentes, herdadas da codificação portuguesa. 
A elaboração de um código específico para o processo criminal iniciou-se no Primeiro Reinado durante a primeira legislatura do 
parlamento brasileiro (1826-1829), composto por Senado e Câmara dos Deputados, a partir do projeto apresentado pelo ministro 
da Justiça Lúcio Soares Teixeira de Gouveia, em maio de 1829. A comissão que deu nova redação a esse projeto, formada por José 
Antônio da Silva Maia, Manoel Alves Branco e Antônio José da Veiga, só foi eleita em julho de 1831. O projeto do código de 
processo criminal para intervir nos juízos de primeira instância foi assinado pelo seu relator, o liberalManoel Alves Branco, 
deputado pela Bahia, sendo aprovado na segunda legislatura (1830-1833). 
O Código de Processo Criminal foi promulgado na conturbada década de 1830, quando o governo imperial, para enfrentar a grave 
crise política após a abdicação do imperador d. Pedro I, criou a Guarda Nacional (1831), visando à manutenção da ordem pública 
ameaçada por uma série de revoltas urbanas e provinciais, que contestavam a centralização do poder nas mãos de parte da elite 
política enriquecida pela expansão cafeeira na região sudeste do país. As reformas aprovadas no Parlamento pelos liberais 
moderados nesse período possuem a marca das pressões federalistas, selando um novo rearranjo político entre o poder central e 
as províncias. 
6.3 Proibição do tráfico de escravos 1831 
A Lei de 7 de novembro de 1831, também conhecida como “Lei Feijó-Barbacena”, foi criada com o intuito de extinguir a entrada 
de novos escravos em território brasileiro, se constituindo na primeira norma nacional neste sentido. Ela também pode ser 
entendida a partir das relações diplomáticas entre a Grã-Bretanha e o Império do Brasil, visto que suas origens se encontram já na 
Convenção Anglo-brasileira de 23 de novembro de 1826, em que o governo brasileiro se comprometeu em tornar o comércio de 
cativos uma atividade de pirataria em até três anos, o que ocorreu em 13 de março de 1827. Este artigo é um exame dos fatos que 
levaram a promulgação da norma anti tráfico brasileira, enfatizando que ela pode ser considerada, no momento de sua criação, 
uma vitória diplomática do governo britânico com relação ao Brasil. 
A Lei de 7 de novembro de 1831 foi a primeira norma brasileira a proibir a entrada de escravos africanos nos portos do Brasil. 
Conhecida também como “Lei Feijó- Barbacena”, sua construção está inserida no contexto maior das relações diplomáticas entre 
o Império brasileiro e a Grã-Bretanha nas décadas iniciais do século XIX. A vinda da família real para o Rio de Janeiro, em 1808; a 
independência do Brasil perante Portugal, em 1822; e a promulgação da lei; tudo isso está, de alguma forma, conectado aos 
anseios britânicos de erradicação do tráfico atlântico (BETHELL, 2002). O que se tentará a seguir é demonstrar, através de alguns 
documentos alocados no Arquivo Histórico do Itamaraty, no Rio de Janeiro, e de uma bibliografia pertinente, que as pressões 
externas vindas do governo britânico foram muito importantes para que a norma antitráfico fosse criada. 
6.3.1 Pressão Inglesa Para o Fim do Tráfico Negreiro 
Os interesses do Governo da Inglaterra em relação à extinção do tráfico negreiro intercontinental estiveram presentes no Brasil 
desde a instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro. A princípio a Inglaterra agiu buscando restringir as áreas de atuação do 
tráfico que entendia ser ilícito. 
A emancipação política do Brasil fez a Inglaterra, mediadora na questão do reconhecimento, tomar uma série de medidas 
restritivas ao tráfico negreiro. 
Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão? Certamente não apenas a pressão da 
opinião pública ou razões puramente humanitárias. Como o próprio Canning mencionava em seus despachos, havia importantes 
interesses econômicos. A proibição inglesa do tráfico de escravos para suas colônias nas Antilhas, produtoras de açúcar, ocasionou 
a diminuição da mão-de-obra e, consequentemente, o encarecimento do açúcar ali produzido. O açúcar do Brasil, beneficiado pela 
manutenção do tráfico e pelo uso da mão-de-obra escrava, obteria preços mais baixos no comércio internacional e as colônias 
inglesas seriam prejudicadas. 
Apesar da pressão inglesa, o Brasil não tinha condições de acabar com o tráfico em tão pouco tempo. A mão-de-obra escrava era 
responsável não só pela lavoura mas também por outros trabalhos. Além disso a extinção do tráfico negreiro afetaria os grandes 
proprietários de escravos e terras, justamente a camada social que sustentava o Império brasileiro. 
Neste contexto, a Inglaterra, temendo que a abolição acarretasse o fim da Monarquia do Brasil, não impôs o fim do tráfico como 
primeira condição para o reconhecimento da Independência, dando ao Brasil um prazo para isso. A preservação da Monarquia 
representava, para Canning, a manutenção de uma ligação entre a América independente e a Europa. Era necessária a 
permanência de D. Pedro I no trono para evitar a fragmentação, como já ocorrera na América espanhola, e conservar a 
integridade do território nacional. 
Quando a Assembléia voltou a reunir-se, em 1826, tratou de evitar a interferência da poderosa Inglaterra na questão. O 
Legislativo, composto por proprietários de escravos e de terras responsáveis pelas mudanças que ocorreram com o 7 de 
Setembro, temia o que estava por vir. Por esta razão, cautelosa, a Câmara apresentou um projeto proibindo a entrada de escravos 
dentro de um período de 14 anos. Uma comissão, analisando o texto, percebeu que este prazo não agradaria a Inglaterra e, por 
isto, reduziu-o para 6 anos. 
Enfim, neste contexto de pressão D. Pedro I assinou a Convenção de 1826. No artigo Iº definia-se um prazo de três anos para 
extinguir o tráfico nacional, que, após expirado seria considerado pirataria. Nos demais artigos o Brasil concordava em manter os 
tratados anteriores (anglo-portugueses) e instituíam-se duas comissões mistas, uma no Rio de Janeiro e outra em Serra Leoa na 
África, com a finalidade de resolver questões relativas a apresamentos, garantindo a liberdade dos africanos encontrados nesta 
situação. 
A Convenção foi ratificada a 13 de março de 1827, transformando automaticamente o tráfico nacional em pirataria a partir de 13 
de março de 1830. Esta situação gerou um grande desconforto à Câmara, que condenaria a atitude do Governo imperial 
questionando-o por ceder a compromissos que, no seu entender, prejudicavam o Brasil. 
6.4 Ato adicional de 1834 
 
 
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No dia 12 de agosto de 1834, os membros da Câmara dos Deputados estabeleceram um conjunto de mudanças que afetaram 
diretamente as diretrizes da Constituição de 1824. Nesse dia, o chamado Ato Adicional aprovou uma série de mudanças que 
refletiam bem o novo cenário político experimentado. Agora, sem a intervenção do poder régio, as tendências políticas presentes, 
representadas pelas alas liberal e conservadora, tentavam se equilibrar no poder. 
Nessa época, o papel político a ser desempenhado pelas províncias e pelo Poder Executivo era alvo de infindáveis discussões que 
colocavam esses dois grupos políticos em oposição. Por um lado, os conservadores defendiam os moldes da monarquia 
constitucional e as suas diretrizes políticas centralizadoras. Em contrapartida, os liberais acreditavam que os poderes régios 
deveriam sofrer limitações e que as províncias deveriam ter maior autonomia. 
Na disputa entre essas facções políticas, o Ato Adicional seria uma maneira de se firmar um compromisso político que estivesse 
acima das rixas de cada grupo. Em primeiro aspecto, essa reforma da constituição autorizou cada uma das províncias a criar uma 
Assembleia Legislativa. Por meio dessa medida, os representantes políticos locais poderiam instituir a criação de impostos, 
controlarem as finanças e determinarem os membros do funcionalismo público. 
Inicialmente, essa conquista parecia simbolizar uma expressa vitória política dos liberais, contudo, essas assembleias ainda se viam 
subordinadas aos mandos do presidente da província, que era escolhido pela indicação do governo central. Além disso, havia uma 
recomendação em que as províncias não deveriam se contrapor às deliberações provenientes da administração regencial. Dessa 
forma, observamos que a autonomia das províncias era cercada por uma infindável série de limites. 
Essa mesma sensação contraditória sedesenvolvia com a extinção do Conselho de Estado, mais uma das determinações criadas 
pelo Ato Adicional. Primordialmente, a extinção do Conselho de Estado dava fim àquele grupo de assessores políticos que 
auxiliavam o imperador no exercício do autoritário Poder Moderador. Porém, a preservação da duração vitalícia do cargo de 
Senador apontava a manutenção de um privilégio que agradava aos políticos conservadores. 
Outra importante reforma que o Ato Adicional estipulou foi a extinção da Regência Trina e a escolha de apenas um representante 
para ocupar o cargo regencial. Com a formação da chamada Regência Una, vários candidatos se dispuseram a ocupar o novo cargo 
do poder executivo. Organizada por meio de eleições diretas e voto censitário, a escolha do regente, apesar de ser uma 
manifestação de tendência liberal, foi marcada por fraudes denunciadas em várias regiões do território nacional. 
Alguns anos mais tarde, ainda se sentido prejudicados pelas liberdades oferecidas pelo Ato Adicional, os conservadores 
estipularam uma reação a essa primeira reforma da constituição. Em 1840, sob o domínio do regente conservador Araújo Lima, foi 
instituída a Lei de Interpretação do Ato Adicional. Segundo seus ditames, essa lei revogou o direito legislativo das províncias e 
estabeleceu que a Polícia Judiciária fosse controlada pelo Poder Executivo Central. 
7. Constituição de 1891 
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891, ou Constituição de 1891, foi a primeira constituição republicana 
do país, promulgada em dois anos de negociações após a queda do imperador D. Pedro II. Inspirada no exemplo norte-americano 
e moldada pela filosofia francesa do positivismo, foi esta a constituição que estabeleceu as principais características do Estado 
brasileiro contemporâneo, como o modelo presidencialista e federativo, o voto direto (ainda que masculino e não secreto) para 
representantes do executivo e legislativo, a separação entre Estado e religião (laicidade) e a independência entre os três Poderes, 
bem como o fim de instituições monárquicas como o Poder Moderador e o Conselho de Estado. Relativamente estável, esta 
Constituição durou até a Revolução (ou Golpe) de 1930, sofrendo apenas uma grande alteração neste período (as Emendas 
Constitucionais de 1926). 
Contexto histórico 
A Constituição de 1891 surgia com o fim do Império brasileiro (1899) e, mais importante, com o fim da escravidão, tendo que lidar 
com os conflitos de interesses de uma sociedade essencialmente agrária, pobre, politicamente centralizadora e socialmente 
fragmentada. Visando à construção de uma nação plural e livre, seu texto se inspira na Constituição dos Estados Unidos; refletindo 
a tendência intelectual da época, que acreditava que um Estado seria melhor governado sob preceitos racionais, a elaboração da 
Carta baseou-se também nas ideias do filósofo positivista Auguste Comte, que acreditava que a sociedade operava - e, portanto, 
podia ser administrada - por leis fixas e objetivas, tal como a natureza opera segundo leis físicas como a da gravidade. 
Divisão de poderes e o presidencialismo federalista 
Decidida a expurgar a influência despótica da política nacional, a Carta de 1891 instituiu a independência dos três poderes e 
eliminou o Poder Moderador, através do qual o Imperador influenciava os demais. Com a adoção do presidencialismo, ela 
ampliava o direito de voto para o cargo máximo do Executivo, sendo Prudente de Morais o primeiro presidente eleito do país. 
Com o federalismo, legava-se maior autonomia e independência aos Estados, que podiam criar suas próprias leis, embora sempre 
em consonância com a Constituição. Ainda assim, como seria costumeiro em todas as constituições seguintes, houve uma 
eventual concentração de prerrogativas no Poder Executivo federal, principalmente após as emendas de 1926, que ampliaram o 
escopo da União para suplantar os interesses dos líderes e populações estaduais, como visto nas diversas revoltas da República 
Velha (Guerra de Canudos, Guerra do Contestado, etc.). 
Voto e eleições 
A Constituição estabeleceu o sufrágio direto para Presidentes e Vice-Presidentes (mandatos de quatro anos sem reeleição), 
senadores e deputados, acabando com a censitariedade (ou seja, restrição por condições financeiras) da Constituição de 1824. 
Mesmo assim, podiam votar apenas homens alfabetizados com mais de 21 anos, estando excluídos também mendigos e membros 
de ordens monásticas, o que restringia o número de eleitores a uma ínfima parcela da população. A Constituição acabou com a 
vitaliciedade de senadores, reduzindo seu mandato a nove anos, e, em tese, também não restringia a elegibilidade aos cargos por 
condições econômicas. Na prática, como o voto era descoberto (não secreto), manipulações e intimidações de eleitores pelos 
candidatos da elite eram norma, resultando no fenômeno do coronelismo. 
 
 
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Direitos e religião 
Além de manter os direitos à segurança individual, à liberdade e à propriedade da Constituição de 1824, a nova Constituição 
aboliu os privilégios de nascimento, não mais reconhecendo títulos de nobreza ou afins. No plano religioso, ela foi fundamental 
por determinar a laicidade do Estado brasileiro, retirando o apoio oficial a qualquer religião e formalizando a liberdade irrestrita 
de culto. 
Os republicanos 
-Em 1889, havia em todo o Brasil 237 clubes republicanos; 74 jornais e alguns partidos, cujo destaque maior era o PRP – Partido-
Republicano Paulista; 
-Convenção de Itu (1873) 
-Ausência de votos – em 1889 representavam 15% do eleitorado nacional; 
-Divergências do programa: a) cafeicultores paulistas; b) radicais; c) positivistas do Exército. 
-“Até 1889, os diferentes grupos republicanos agiam de forma isolada, com pouca articulação entre si, mas todos aderiram 
rapidamente na madrugada de 15 de novembro ao golpe do Marechal Deodoro, que, por sua vez, até então não se identificava 
com nenhuma dessas facções – e, segundo todas as evidências, nem republicano era”. 
 O exército brasileiro 
-A Guerra do Paraguai (1865/1870); 
-A Escola Militar positivista da Praia Vermelha 
-Positivismo de Auguste Comte – o Estado científico e a “Ditadura Republicana” 
-“Orientado pela ciência, consciente do seu elevado papel na sociedade positiva, esse grupo seria capaz de estabelecer e executar 
planos rumo a um futuro de paz e prosperidade gerais. A enorme massa da população, pobre, analfabeta e ignorante, teria de ser 
conduzida e controlada pela elite republicana”. 
 O golpe 
-As conspirações estavam em marcha, mas alguns aspectos impediam a sua imediata deflagração; 
-“O boato” da ordem de prisão a Deodoro. 
-“A notícia da movimentação das tropas pegou de surpresa também as lideranças republicanas, entre elas o próprio Benjamin -
Constant, que, em sua casa, dormia tranquilamente quando foi acordado por volta das três horas da madrugada do dia 15 de 
Novembro”. 
-“A grande maioria dos soldados que integravam as tropas golpistas em 15 de Novembro não estava consciente de que se 
pretendia derrubar a Monarquia”. 
 Características da CF de 1891 
-Era República, porque o que se considerava como povo estaria exercendo o poder; 
-Representativa, pois governantes seriam eleitos de forma a representar os interesses do “povo”; 
-Federativa, porque os Estados teriam autonomia. 
-A divisão de poderes é estabelecida e elimina-se o Poder Moderador, permanecendo apenas os três clássicos poderes: Executivo, 
legislativo e judiciário. 
 Poder Executivo: composto por Presidente e Vice-Presidente. 
 Poder Judiciário: 
-Modelo dual: Justiça Federal e Estadual. 
-A Justiça Federal tinha como seu órgão máximo o Supremo Tribunal Federal. 
-O STF tinha jurisdição ordinária e de recurso, bem como a de revisão. 
-A Constituição

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