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(RESUMO) Capítulo 1 - Teoria da Norma Jurídica - Norberto Bobbio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA: Introdução ao Estudo do Direito 
DISCENTE: Robson Felipe de Lima Junior 
 
1. O DIREITO COMO REGRA DE CONDUTA 
 
1.1 UM MUNDO DE NORMAS 
 Bobbio, em sua obra, Teoria da Norma Jurídica, observa o direito a partir da 
teoria normativa, ou seja, como sendo um CONJUNTO DE NORMAS ou REGRAS DE 
CONDUTA. "A experiência jurídica é uma experiência normativa"1.Desde quando nascemos, 
estamos envoltos em um denso conjunto de regras de conduta, estando permanentemente 
sujeitos a elas e, portanto, em um contínuo processo educativo. 
 As regras de conduta, sejam elas jurídicas, sociais, morais, religiosas, são o que 
mantêm as paixões, os interesses e os instintos dentro de certos limites e permitem a estabilidade 
de uma sociedade, ou civilização. 
 Dentre os diversos métodos de estudar e compreender a História, está o método 
NORMATIVO, que enxerga a forma de organização de sociedade a partir das normas que se 
faziam presentes nela, em uma determinada sociedade em um determinado período da história. 
E nesse sentido é possível saber como era a vida de um indivíduo que se incluía numa sociedade 
que permitia ou proibia uma definida prática. 
 
1.2 VARIEDADE E MULTIPLICIDADE DAS NORMAS 
 As normas jurídicas são apenas uma PARTE da EXPERIÊNCIA 
NORMATIVA, pois naquelas estão inclusas as normas sociais, religiosas, morais, costumeiras, 
éticas, etc. Desde as regras jurídicas até as regras de xadrez, códigos de trânsito, normas 
religiosas, regras de condomínio entre outras, são muito diversas pelos objetivos pretendidos, 
pelo tipo de obrigação, pelos sujeitos a quem se dirigem. Porém, todas as normas possuem uma 
coisa em comum: são proposições que têm a intenção de influenciar o comportamento dos 
indivíduos e grupos, de dirigir as ações deles a um objetivo ao invés de rumo a outros. 
 
1 Há outras teorias. Ver subcapítulo 3 deste mesmo capítulo. 
1.3 O DIREITO É INSTITUIÇÃO? 
 Há, além da teoria do direito como norma, ou concepção normativa do direito, a 
teoria do direito como instituição, na qual Santi Romano define com os seguintes pontos: 
 a) Sociedade: o direito está onde a sociedade está (ubi ius ibi societas), em outras 
palavras, o que não sai da esfera puramente individual não é direito. Além disso, não há 
sociedade, no sentido correto da palavra, sem que nela se manifeste o fenômeno jurídico (ubi 
societas ibi ius). 
 b) O conceito 
de direito deve conter a ideia 
de ordem social: o que serve 
para excluir cada elemento 
que conduza ao arbítrio puro, 
ou seja, a barbárie. 
 c) A ordem social é posta pelo direito e serve-se das normas que disciplinam as 
relações sociais, ao passo que as ultrapassa e supera. Antes de ser norma, a ordem social é 
organização, estrutura. 
Então, para Romano existe direito quando há uma organização de uma sociedade 
ordenada, ou então, uma sociedade ordenada através de uma organização, ou uma ordem social 
organizada. Esta sociedade ordenada e organizada é aquilo que Romano chama de 
INSTITUIÇÃO2. 
 O elemento constitutivo do direito mais importante para o autor é, certamente, a 
organização. Os outros dois são necessários, mas não suficientes. A organização é a razão pela 
qual o direito é aquilo que é, e sem a qual não seria o que é. O direito nasce no momento em 
que um grupo social passa de uma fase inorgânica para uma fase orgânica, ou seja, no momento 
em que um grupo se organiza. Por exemplo, uma classe social é uma forma de grupo humano, 
mas já que não tem uma organização própria, não exprime um direito próprio, logo não é uma 
instituição. [O Sindicato do Crime, por outro lado, tendo seu próprio direito, suas próprias 
normas de condutas e suas regras, é uma instituição]. 
 
 
2 - Instituição: sociedade ordenada através de uma organização 
 
 
A passagem da fase inorgânica para a fase orgânica se chama INSTITUICIONALIZAÇÃO. 
 
 Existe uma crítica de Bobbio a Santi Romano: se é verdade que a organização é 
o elemento primário que constitui uma sociedade jurídica, e se também é verdade que que há 
sociedade não organizadas (que não são jurídicas), pode-se aceitar a máxima ubi ius ibi societas 
(onde há direito há sociedade), mas não se pode aceitar o inverso, ubi societas ibi ius (onde há 
sociedade há direito), ambas defendidas por Romano. 
 
1.4 O PLURALISMO JURÍDICO 
 Dá-se o mérito à teoria institucionalista de ter alargado o campo de visão da 
experiência jurídica, justamente por ter rompido com a visão de ser ordenamento jurídico 
somente o direito estatal e mostrado que até uma associação de delinquentes, sendo organizada 
com o objetivo de manter a ordem entre seus membros, é um ordenamento jurídico. 
 Essa teoria estatalista do direito tem origem do surgimento do Estado nacional 
moderno. Na Idade Média, que era pluralista, ou seja, formada por vários ordenamentos 
jurídicos, existiam ordenamentos jurídicos universais, acima daqueles que hoje são os Estados 
nacionais, como a Igreja e o Império, e existiam ordenamentos particulares abaixo da sociedade 
nacional, como os feudos, as corporações e as comunas. O Estado moderno foi formado a partir 
da absorção dos ordenamentos jurídicos superiores e inferiores pela sociedade nacional, por 
meio de um processo de monopolização da produção jurídica. 
 
1.5 OBSERVAÇÕES CRÍTICAS 
 a) A palavra "direito" não foi patenteada, logo não é monopólio de teoria alguma, 
isto é, não existe teoria certa ou errada, apenas o uso em momentos oportunos uso da expressão 
no sentido mais ou menos amplo, sendo o mais amplo a visão pluralista, que enxerga o direito 
em qualquer organização ordenada, e o menos amplo, chamado de monista, aquele que pensa 
que o direito é apenas aquele emanado pelo âmbito estatal. O institucionalismo, ao tentar atacar 
a teoria normativa, aponta para um alvo falso. Mesmo defendendo a normativa que a 
experiência jurídica dá origem às regras de conduta, ela não afirma momento algum que estas 
são fontes estatais e, portanto, restritas. 
 b) Romano escreveu que "antes de ser norma, o direito é organização". Isso é 
contestável pois, sendo a organização uma distribuição de tarefas de modo que cada membro 
do grupo contribua, sendo suas próprias capacidades e competências, para a realização do fim 
comum, essa distribuição não pode ser cumprida se não houver regras de conduta. Então, não 
é correto afirmar que a organização venha antes das normas, mas sim o oposto, que as normas 
venham antes da organização. 
 
1.6 DIREITO É RELAÇÃO INTERSUBJETIVA? 
 Segundo os defensores do institucionalismo, uma pura e simples relação entre 
dois indivíduos não pode constituir direito. Para este existir, é necessário que esta relação esteja 
inserida em uma série mais vasta e complexa de relações constituintes, ou seja, a instituição. O 
direito nascerá somente quando a regulamentação de certos interesses se tornar estável e 
originar uma organização permanente da atividade dos dois indivíduos. 
 Kant defende o intersubjetivismo o definindo como relação entre dois sujeitos 
que possuem direitos e deveres. A ação moral é subjetiva e unilateral e a ação jurídica é 
intersubjetiva e bilateral. 
 
1.7 e 1.8 EXAME DE UMA TEORIA/OBSERVAÇÕES CRÍTICAS 
 A teoria intersubjetiva não elimina a consideração normativa. Acreditando que 
uma relação jurídica é definida como relação entre dois indivíduos em que um deles, o sujeito 
ativo, detém um direito e o outro, sujeito passivo, é titular de um dever e obrigação, a relação 
jurídicaé, portanto, uma relação direito-dever. 
 1) ter um direito significa ter o poder para realizar uma certa ação, esse poder 
deriva de uma regra que, no mesmo momento em que me atribui este poder, atribui a um outro, 
a todos os outros, o dever de não impedir a minha ação. 
 2) ter um dever significar estar obrigado a comportar-se de um certo modo, quer 
esse comportamento consista em um fazer ou em um não fazer. 
 Essa obrigação deriva de uma regra, que ordena ou proíbe. Em essência, 
portanto, o direito não passa do reflexo subjetivo de uma norma permissiva. O dever é reflexo 
subjetivo de uma norma imperativa (positiva ou negativa). Não se pode determinar se uma 
relação é jurídica com base nos interesses em jogo, mas apenas com base no fato de ser ou não 
regulada por uma norma jurídica. Logo, é a norma que qualifica a relação e a define como 
relação jurídica, e não vice-versa.

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