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ANESTESIOLOGIA – AULA 11 03/11/2014 COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS A Avaliação sistêmica do paciente é muito importante para se ter o menor índice de complicações possíveis; - COMPLICAÇÕES EM ANESTESIA LOCAL Anestesia Local: “ … apenas os métodos ou substãncias que induzem um estado transitório e completamente reversível de anestesia são usados na prática clínica… ” Na prática clínica só posso usar substâncias que promovem o bloqueio da condução nervosa de maneira transitória e reversível; Ex: Antigamente os tubetes anestésicos eram deixados embebidos no álcool; Por isso alguns pacientes começaram a ter bloqueio irreversível da condução nervosa, pq existia a contaminação da solução anestésica com o álcool; Propriedades do AL • Perda de sensibilidade em determinada área; (vai depender da técnica anestésica) • Depressão da excitação das terminações nervosas ou pela eliminação da condução do estímulo nervoso; • Perda da sensibilidade local sem perda da consciência; *OBS: Quando faço um bloqueio de anestesia local, por ex. se bloqueio o N.A.I. e Lingual, o paciente continua mexendo a língua de maneira simétrica; Pq esses são nervos sensitivos. E o nervo relacionado a motricidade da língua é o Hipoglosso. Quando fazemos anestesia local não tenho poder para fazer bloqueio de nervo motor ( só se ele for muito fininho) (geralmente ele é espesso, com uma bainha grande). Formas de indução de AL 1. Traumatismo mecânico (trauma direto no nervo, ficando com uma dormência local por um tempo) 2. Hipotermia (ex: gelo no local) 3. Anoxia 4. Irritantes Químicos 5. Agentes Neurolíticos (álcool e fenol) 6. Agentes químicos (anestésicos locais) Propriedades Ideais do AL 1. Não ser irritante ao tecido; 2. Não causar alteração permanente ao tecido; 3. Baixa toxicidade sistêmica; 4. Ser eficaz (injetado na mucosa ou topicamente); 5. Baixo tempo de latência; 6. Duração longa para realização do procedimento, mas não para se ter uma recuperação demorada; 7. Potência suficiente em concentrações as menores possíveis; (para que eu tenha menos efeitos colaterais relacionados) 8. Baixa ou “nenhuma” reação alérgica; 9. Solução estável e ter rápida biotransformação no organismo; 10. Estéril sem se degradar; *OBS: Em nenhuma solução temos juntas essas 10 propriedades; Como atuam os anestésicos ??? • Alterando o potêncial de repouso básico da membrana nervosa; ( O potencial que era -70mv, fica mais negativo ainda) (por isso fica mais difícil ainda promover a deflagração do estímulo nervoso) • Alterando o potêncial limiar; • Diminui a velocidade de despolarização; (p/ existir a deflagração do estímulo nervoso, terei que despolarizar a membrana do axônio, p/ isso eu tenho uma velocidade de despolarização) • Aumenta a velocidade de repolarização; Deslocamento do receptor permite Ligação da molécula do AL Dos íons de cálcio do a este receptor Receptor deste canal Redução na Bloqueio do canal de cálcio Condução do sódio Depressão da velocidade Não atinge o limiar BLOQUEIO Da despolarização elétrica do potencial de ação DA CONDUÇÃO Anestésicos Locais • AL podem ser ésteres ou amidas; • Maioria são aminas terciárias; • Raros são aminas secundárias (prilocaína); • São anfipáticos: características lipófilas e hidrófilas; (A característica lipofílica da a possibilidade de atravessar membrana citoplasmática e a característica hidrofílica da a capacidade de se difundir em meio aquoso) • AL sem parte hidrófila não são adequados para injeção, porém são ótimos para uso tópico (benzocaína); • Ésteres são prontamente hidrolisados em solução aquosa (ex: Procaína); (são hidrolisados no plasma sanguíneo pela Pseudocolinesterase plasmática); • Amidas são relativamente resistentes a hidrólise (ex: lidocaína); • O PH é importante para determinar o início da ação do AL (tanto o do tecido, quanto o da substância); • O meio ácido diminui a eficácia do AL (ex: área infectada – ph 5 ou 6, ph do tecido normal é 7,4). ( O ph do anestésico local é neutro, parecido com o do tecido normal); • Presença de vasoconstritores muda o PH; Sem vaso, o PH é de 5,5 e com vaso o PH é de 3,3;(quanto menor o PH, maior o tempo de latência e maior a sensação de queimação); (A adrenalina confere a solução anestésica um PH um pouco mais ácido, e isso é ruim para o início de ação do anestésico local;) • PH maior acelera o início da ação, diminui o incômodo e aumenta a eficácia clínica, porém soluções ácidas precipitam facilmente, não sendo indicadas para uso clínico; • AL com vasoconstritor apresenta um conservante (Bissulfito de sódio) para acidificar a solução e retardar a oxidação do vasoconstritor; Fatores que afetam a profundidade e a duração da ação do anestésico 1. Variação da resposta individual à droga administrada; (A resposta individual da droga de um paciente pode não ser compatível com a média da população); ( É raro de acontecer;) 2. Precisão na administração da droga; (Pq a solução anestésica deve ser depositada o mais próximo possível do nervo, se eu faço uma técnica imprecisa e deposito longe do nervo, vou ter menos profundidade, o anestésico vai ter que se difundir p/ chegar no local) 3. Estado dos tecidos no local da infiltração (grau vascularização e ph); (A infusão de uma droga, em uma região altamente vascularizada, fará com que o anestésico fique menos tempo naquele local e o efeito vai ser rápido); [O PH está relacionado com a capacidade de dissociação da droga (forma catiônica e aniônica)]. 4. Variação anatômica; (é raro de acontecer); Se tenho um paciente com uma variação anatômica, posso não ter efetividade na técnica anestésica escolhida, devido à essa variação. Ex: molares com inervação do nervo Milo-hióideo ou do Plexo cervical; 5. Tipo de injeção aplicada: infiltração vs. Bloqueio (Geralmente técnicas de bloqueio são mais efetivas que as infiltrativas); *OBS: Doses maiores do que as recomendadas NÃO aumentam a duração ! (Aumentam o índice de complicações, porque o nervo vai estar saturado e o excesso dos anestésicos vai ser capitado p/ a corrente sanguínea) O que fazer para evitar complicações ??? • Avaliação do paciente (Realizar a anamnese adequada) Ex: Anestésicos do tipo amida, são metabolizados no fígado; Em um paciente alcoólatra, não posso utilizar a mesma dosagem, pq vou ter um acúmulo maior de metabólicos ; • Preparação do tecido (Secar, aplicar anestésico tópico benzocaína 20% e deixar agir durante 1min) • Técnica anestésica Utilizar a técnica de maneira correta. Palpar pontos anatômicos. Inserir a agulha no local correto. Injeção lenta do anestésico (Cada tubete deve ser infundido com no mínimo 1min, porque fazendo isso tenho um menor índice de complicações sistêmicas). Também é muito importante fazer refluxo em cada ponto de injeção da droga Essa tríade é muito importante para evitar as complicações. Mas, apesar da avaliação cuidadosa do paciente, do preparo adequado do tecido e de técnica de administração meticulosa, complicações podem ocorrer ocasionalmente… Complicações : � Locais (geralmente são autolimitantes, ou seja, complicações menores) � Sistêmicas (envolvem até mesmo risco de vida para o paciente) Complicações LOCAIS • Quebra da agulha • Dor à injeção • Queimação à injeção • Parestesia • Trismo• Hematoma • Infecção • Edema • Necrose dos tecidos • Lesões dos tecidos moles • Paralisia do nervo facial • Lesões intra-orais pós-anestésicas Quebra da Agulha • Causas: -Introduzir totalmente a agulha no tecido, não deixando um espaço entre o tecido e o canhão da agulha; (Pq a região mais frágil da agulha é entre o canhão e a agulha); - Mudar o direcionamento da agulha, com ela inserida dentro do tecido; - Paciente que se movimenta na hora de fazer a técnica anestésica; • Problemas: -Se você não introduziu totalmente a agulha, é só pegar uma pinça e retirá-la; - Se você introduziu totalmente a agulha, e ela está no interior do tecido, você vai deixar ela ali, pq ela será encapsulada, e vai ficar estabilizada; Mas você precisa explicar para o paciente o que aconteceu; A única coisa que pode acontecer é uma infecção, se a agulha estiver contaminada e acabar formando um abcesso;(mais isso facilita a remoção da agulha). • Prevenção: - Evitar mudanças bruscas de direção da agulha durante a inserção; -Evitar movimentação do paciente durante a inserção da agulha; -Nunca introduzir completamente a agulha; • Tratamento: Acompanhamento ! Dor à injeção (o que é frequente de acontecer é queimação à injeção, que é normal, se a queimação for leve, devido a diferença de PH) • Causas: - Anestésico contaminado (vai ter uma maior diferença de PH); - Anestésico vencido; -Injeção intra-arterial; Se vc estiver com a agulha no interior de uma artéria, c/ o bizel voltado contra o fluxo sanguíneo; Quando faço a introdução de algumas gotas, caem na corrente sanguínea, mas quando eu solto, não vai ser suficiente para ter uma pressão negativa no interior do tubete, então não terei o influxo de sangue; (Quando eu introduzo algumas gotas gera um espasmo nessa artéria, aí teremos dor naquela região). • Problemas: -Principalmente se for anestésico contaminado ou vencido, que podem causar um dano irreversível ao nervo, e o paciente ficar com neuropraxia; • Prevenção: - Cuidado com a validade e com a forma de acondicionamento dos anestésicos; - Sempre procure utilizar refluxo; • Tratamento: Se vc infundiu um pouco da droga, viu que estava vencido e parou imediatamente de infundir, não vamos ter problema; Queimação à injeção - Mesma etiopatogenia; • Causa: - Anestésico vencido; -Anestésico contaminado; -Injeção intra-arterial que não foi percebida durante o refluxo; (raro de acontecer) *OBS: Problemas, prevenção e tratamento são os mesmos de dor à injeção ! Parestesia • Causas: -Anestésico contaminado ou anestésico vencido; (A solução anestésica perde a capacidade de fazer o bloqueio transitório e irreversível do axônio); • Problemas: - O dano pode ser irreversível; • Prevenção: - Cuidado no acondicionamento da solução anestésica e não utilizar anestésicos vencidos; • Tratamento: -É extremamente difícil e pouco previsível; Trismo • Causas: -Solução anestésica contaminada ou vencida; -Múltiplas inserções de agulha; (Ex: Isso acontece muito com o bloqueio do nervo alveolar inferior, que após múltiplas inserções, fazemos várias pulsões no músculo pterigoideo medial, gerando uma contração muscular;) • Problemas: -Dificuldade de abertura de boca; • Prevenção: - Evitar múltiplas inserções da agulha; -Evitar uso de anestésico contaminado; • Tratamento: - Utilizar relaxante muscular ou um anti-inflamatório p/ aliviar os sintomas; Hematoma • Causas: - Ocorre frequentemente, quando durante a injeção da agulha, vc romper algum vaso sanguíneo importante; - Principalmente se vc infundir a solução anestésica, sem fazer o refluxo adequado e tiver veias na região, vc pode “estourar” essa veia; Isso ocorre muito frequentemente no bloqueio do nervo alveolar superior posterior, pois vc pode chegar perto do plexo venoso pterigóideo. • Problemas: -O hematoma faz um aumento de volume na hora, por isso precisamos parar de infundir, fazer uma compressão p/ parar o sangramento; Dois dias depois vai ficar rocho ; • Prevenção: -Utilizar a técnica adequada; -Evitar infundir a droga no interior do vaso, utilizando técnicas com refluxo; • Tratamento: - Parar o procedimento na hora que o hematoma acontecer e faz uma compressão e orienta o paciente que vai ficar rocho/marrom/amarelo e depois vai sair;
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