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O paradoxo do administrador público em tempos de crise

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Entre a lei e o facão: o paradoxo do administrador público em tempos de crise. 
“Quem casa com a viúva, assume os filhos.” 
Devido a situações de impasses, o gestor público, nestes tempos de crise, passa por dilemas que o faz viver situações embaraçosas. Não é nada fácil ser administrador público, por que as vezes, eles se veem num “beco sem saída”, tendo que “despir um santo para cobrir outro”. 
Atribuna noticiou o fato narrado pelo prefeito de Colatina em que um homem, cidadão de sua cidade, de posse de um facão, gritou para todos ouvirem que iria cortar as cabeças do prefeito e dos servidores da prefeitura municipal. Isso, depois de tentar, em vão, entrar no apartamento do prefeito, onde foi barrado por vizinhos. 
Segundo narrativas, trata-se de um vendedor ambulante, fato confirmado pelo prefeito, ainda um pouco assustado e abatido com o ocorrido. Dizendo “poucas e boas”, e “comendo o pão que o diabo amassou”, o pobre homem, depois de ver sua barraca ter ordem de retirada da calçada, devido uma decisão da prefeitura quis ir atrás de seus direitos, mas “bagunçou o coreto”.
Mais como “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, o prefeito estava cumprindo ordens do promotor de justiça da cidade, que solicitava a regularização de calçadas e avenidas com retiradas de ambulantes que ocupavam os espaços públicos, com isso, segundo a matéria, queria garantir a liberdade constitucional cidadã do direito de ir e vir. 
E como “a corda arrebenta sempre pelo lado mais fraco” o prefeito abriu queixa na delegacia da cidade e o vendedor ambulante além de perder seu posto de venda, garantia de sobrevivência da família, vai responder por tentativa de homicídio e atentado contra autoridade pública e invasão de propriedade etc. 
Mas como aplicar a lei, resolver a regularização das calçadas e avenidas e garantir aos cidadãos, que precisam ganhar o pão de cada dia, continuarem a vender seus produtos? Esta é uma verdadeira “sinuca de bico”. Se cumprir a exigência do promotor ao pé da letra e de imediato, terá que expulsar todos os ambulantes das calçadas e avenidas em plena crise do emprego, isso pode gerar insatisfações populares e até mesmo ataques pessoais como o que ocorrera. Por outro lado, se não atender a determinação do promotor certamente vai responder criminalmente por descumprimento do preceito legal e será processado por improbidade administrativa. 
Uma opção ruim e outra péssima para ser tomada tão bruscamente no inicio de um governo. Afinal não tenhamos dúvidas de que a lei tem que ser cumprida, mas é preciso bom senso e encontrar uma forma inteligência e criativa de adequar-se a realidade tão dura por que passamos nestes tempos inglórios de intermináveis crises.

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