Buscar

Penal I RESUMO P1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIG/Campus V		D. PENAL I		RESUMO P1
Introdução: A vida em sociedade requer um complexo de normas que estabeleçam regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõe. O conjunto destas regras que regulam o poder punitivo do Estado por meio da tipificação de crimes e cominação de penas, dá-se o nome de Direito Penal.
O direito penal, como ramo do direito público, visa à proteção dos bens jurídicos considerados fundamentais para a vida em sociedade, objetivando a manutenção da paz social, através da instituição de diversas garantias instituídas, limitando, assim, o poder punitivo do Estado. Essas garantias, denominadas PRINCÍPIOS, representam uma plataforma mínima que deve orientar a aplicação do direito penal, seja no plano abstrato ou no plano concreto, impondo limites ao poder estatal a fim de salvaguardar os indivíduos contra eventuais arbítrios.
Dentre os princípios orientadores do Direito Penal, destacam-se:
Princípio da legalidade ou da reserva legal (princípio da intervenção legalizada). Art. 5º, XXXIX da CF e art. 1º do CP:
Considerado a base de um sistema penal racional e justo, tal princípio tem origem na Carta Magna de 1215, estando positivado no art. 5º da CF, afirmando que: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal".
Ressurge com a Revolução Burguesa, sob inspiração dos ideais do Marquês de Beccaria, a fim de evitar os abusos do poder absolutista. Corresponde à previsibilidade da possibilidade da intervenção do poder punitivo estatal, impondo, entretanto, limites a esta intervenção.
Consequências do Princípio da legalidade:
1) Proibição da retroatividade da lei penal: é constitucionalmente inadmissível a retroatividade da lei, pois a possibilidade de punibilidade não estava determinada legalmente antes do fato, salvo quando a lei posterior beneficiar o acusado.
2)Proibição da criação de condutas típicas e penas pelos costumes: somente a lei pode criar/alterar os crimes e/ou as penas – lei em sentido estrito, (art. 59 do CF). Medida provisória – vedação expressa – art. 62, § 1º, I, “b" da CF.
3)Proibição do emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas. 
No nosso sistema penal somente é permitida a analogia “in bonam partem", ou seja, quando favorecer o acusado. 
4)Proibição de incriminações vagas e indeterminadas. Princípio da taxatividade – definição precisa da conduta incriminada – o preceito deve ser determinado e especificado de modo que o cidadão visualize, claramente, a conduta a seguir e os limites do próprio comportamento. 
Por fim, há de se destacar que a maior parte de doutrina brasileira entende pela submissão das medidas de segurança ao princípio da legalidade. 
Princípio da irretroatividade (art. 5º, XL da CF e art. 2º, parágrafo único, do CP)
Princípio constitucional que preceitua ser a lei penal irretroativa, salvo quando beneficiar o réu, objetivando, desta forma, conceder ao acusado a segurança de ser julgado de acordo com a norma vigente à época da prática do fato.
Quando a lei posterior deixa de considerar algum fato como criminoso, ocorrerá a abolitio criminis, que é uma causa extintiva de punibilidade, cessando os efeitos penais da Decisão condenatória. Os efeitos extrapenais, tais como a obrigação de reparar o dano, persistem.
As leis temporárias ou excepcionais, conforme previsto no art. 3º do CP, possuem ULTRATIVIDADE, aplicando-se, incondicionalmente, aos fatos praticados durante sua vigência.
Princípio da responsabilidade pessoal, pessoalidade ou intranscendência da pena. 
Por ser a pena medida exclusivamente pessoal, não pode tal reprimenda, por expressa vedação constitucional, passar da pessoa do condenado, respondendo os herdeiros, dentro dos limites da herança transferida, apenas pela obrigação de reparar o dano e decretação de perdimento de bens (vide. Art. 5º, XLV da CF).
A pena de multa, embora tenha natureza pecuniária, também se submete ao mencionado princípio, em virtude da natureza penal da mesma.
Princípio da individualização da pena: Art. 5º, XLVI da CF. A lei regulará a individualização da pena. Este artigo demonstra, ainda, as modalidades das penas que poderão ser aplicadas, sem prejuízo de outras que o legislador julgar conveniente, desde que respeitem as limitações constitucionais (privação ou restrição de liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou interdição de direitos).Tal princípio deverá ser observado tanto pelo legislador, quando da elaboração dos tipos penais, quanto pelo julgador, à luz dos ditames do art. 59 e 61 do CP.
Princípio da limitação das penas – humanidade – dignidade da pessoa humana. Objetiva impedir que o poder punitivo estatal aplique sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. No caso da pena de morte, nosso ordenamento jurídico permite sua aplicação apenas em caso de guerra declarada, sendo executada nos termos do art. 56 do Código Penal Militar. O Art. 5º, XLVII da CF proíbe, ainda, penas cruéis, de trabalhos forçados, de banimento. 
Princípio da intervenção mínima ou “ultima ratio":  Tem por objetivo limitar o poder incriminador do Estado, indicando que a criminalização de uma conduta só é legítima se constituir meio necessário e indispensável para a proteção de um determinado bem jurídico.
Princípio da insignificância. Segundo este princípio, não serão alcançadas pelo tipo penal, e consequentemente não serão passíveis de reprimendas jurídico-penais, as ações insignificantes, que lesem de forma mínima o bem protegido pela norma penal, afirmando que o direito penal não de preocupa com bagatelas, ou seja, condutas materialmente atípicas.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL		>> 		CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS: 
A análise da evolução histórica do direito penal adota uma tríplice divisão, embora não seja possível determinar, com precisão, o marco temporal de cada um dos períodos. De acordo com a divisão mais aceita a história do Direito Penal passa pelos períodos da vingança privada, vingança divina e vingança pública, todas marcadas por um forte sentimento religioso/espiritual. 
Vingança divina: típico das sociedades primitivas, os fenômenos naturais maléficos eram encarados como manifestações divinas (“totem"), posto que as divindades estavam revoltadas com algum ato que exigia reparação. A coletividade punia o infrator que desagradasse à divindade. A pena aplicada era o sacrifício da própria vida do delinquente.
Possui como características a extrema desproporcionalidade da pena, bem como a ausência de conteúdo de justiça.  Resultado da grande influência da religião na vida dos povos antigos. A repressão tinha como finalidade a satisfação da divindade, destacando-se pela grande crueldade dos castigos, os quais deviam ser proporcionais à grandeza da divindade. Objetiva a purificação da alma do delinquente por meio do sofrimento. Os sacerdotes, por delegação divina, aplicavam as penas.
Evoluiu-se, posteriormente, para:
Vingança privada: lei do talião, determinando a reação proporcional ao mal praticado – olho por olho, dente por dente.   Objetivava um tratamento igualitário entre infrator e vítima. 
Posteriormente, como o número de infratores era grande, as populações foram ficando deformadas, pela perda do membro, sentido ou função, assim, evolui-se para a autocomposição, sistema através do qual o infrator comprava sua liberdade, livrando-se do castigo.  A composição foi largamente aceita, e constitui um dos antecedentes da moderna reparação do direito civil e das penas pecuniárias. 
Evoluiu-se, posteriormente, para:
Vingança pública: Nesta fase o Estado afastou a vingança privada, assumindo o poder/dever de manter a ordem e a segurança social. Característica de uma sociedade mais organizada. 
Primeiramente, manteve absoluta identidade entre poder divino e político. O poder do soberano emanava de Deus.  Destacava-se pela crueldade e desumanidade das penas. Neste contexto, surgiram a contribuição de filósofoscomo Aristóteles e Platão, defendendo a necessidade do livre-arbítrio e a finalidade da pena como meio de defesa social. 
Finalmente,
Em nenhuma das fases em estudo, houve a liberação do caráter místico ou religioso da sanção penal, nem, tampouco, se conheceu a responsabilidade penal pessoal, a limitar a imposição da pena apenas ao autor do fato. O princípio da INTRANSCEDÊNCIA DA PENA  (pessoalidade) foi uma conquista do período iluminista.
Direito Penal Romano: Constitui-se, até hoje, a maior fonte originária de inúmeros ordenamentos jurídicos. 
No período de formação de Roma (753 a.C) a pena era utilizada com caráter sacral – Rei (sacerdote de Deus), tinha poderes ilimitados – verdadeira junção entre direito e religião.
- Lei das XII Tábuas (séc. V a.c) – primeiro código romano escrito – CARACTERISTICAS: inicia o período dos diplomas legais positivados; impõe limitação à vingança privada, adota a lei do talião e admite a composição.
- Posteriormente; desaparece a vingança privada, sendo substituída pelo ius puniendi estatal. O fundamento da pena era essencialmente retributivo, passando a existir, mesmo que de forma tímida, o postulado da reserva legal – os fatos incriminados e as sanções correspondentes deveriam estar previamente catalogadas. 
Principais características do direito romano: 
- Afirmação do caráter público e social do direito;
- Amplo desenvolvimento dos conceitos de imputabilidade e antijuridicidade, bem como suas excludentes; Pena constitui uma reação pública, correspondendo ao Estado sua aplicação;
-Consideração do concurso de pessoas, diferenciando co-autoria de participação;
-Existência, tímida, do conceito de tentativa;
Finalmente;
Os romanos conheceram o nexo causal, dolo, culpa, inimputabilidade, menoridade, penas e sua medição, no entanto não se preocuparam em conceituá-los, utilizando-os casuisticamente. Não criaram uma teoria geral do direito penal.
Direito Penal Germânico. Tinha por característica o Direito consuetudinário.
O direito era concebido como uma ordem de paz e a sua transgressão como ruptura da paz. A reação contra a perda da paz autorizava a qualquer pessoa matar o agressor. Posteriormente, por influência do direito romano, adotou a pena do talião.
Responsabilidade objetiva – apreciação meramente objetiva do comportamento humano, onde somente importa o resultado causado, sem questionar se o dano foi causado por dolo ou culpa ou consequência de caso fortuito ou de força maior. 
Direito Penal Canônico: Direito canônico: ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana -  496 d.c. Estendia-se a religiosos e leigos, face a crescente influência da Igreja Católica e o conseqüente enfraquecimento do Estado.
Principais contribuições: 
- Contribui para o surgimento da prisão moderna – primeiras idéias sobre a reforma do delinquente;
- As idéias de fraternidade, redenção e caridade da Igreja foram transplantadas para o direito punitivo, procurando-se corrigir e reabilitar o delinquente; 
- Individualização da pena, conforme o caráter e temperamento do réu;
Do vocábulo penitência, de estreita ligação com o direito canônico, surgiram os vocábulos “penitenciário" e “penitenciária".
PERÍODO HUMANITÁRIO: 
As características da legislação criminal na Europa em meados do séc. XVIII (século das luzes), vão justificar a reação de alguns pensadores agrupados em torno de um movimento que tem por fundamento a razão e a humanidade.  
Realidade: Procedimentos de excessiva crueldade – castigos corporais e penas capitais; Direito como um instrumento gerador de privilégios (permitia que os juízes julgassem, arbitrariamente, de acordo com a condição social do indivíduo;
Consequência: Pensadores, filósofos e juristas dedicavam suas obras a censurar abertamente a legislação penal vigente, defendendo as liberdades do indivíduo e enaltecendo os postulados da dignidade da pessoa humana.
Iluminismo – atingiu seu apogeu na Revolução Francesa – foi uma concepção filosófica que se caracterizou por ampliar o domínio da razão a todas as áreas do conhecimento humano.   No direito penal, influência de uma série de pessoas visando a reforma do sistema punitivo, defendendo: - a finalidade da pena não deve ser atormentar o indivíduo;  - a pena deve ser proporcional ao crime praticado, levando-se em consideração, quando da sua fixação, as condições pessoais do delinquente. 
Principais filósofos do Iluminismo: Montesquieu, Rousseau, Voltaire. Na esfera político-criminal: Beccaria, Howard e Benthan.
Cesare Beccaria 
Publicou, em 1764, o livro “Dos Delitos de das Penas" – Marco inicial do DP moderno, na Escola Clássica do DP, sua recomendação: “É melhor prevenir o crime do que castigar". Constrói um sistema penal que substituirá o desumano, impreciso, confuso e abusivo sistema criminal anterior. 
Fundamentos: 
Ao mencionar o “contrato social" de Rousseau, prega que os homens se reúnem e livremente e criam uma sociedade civil.  A função das penas impostas pela lei é precisamente assegurar a sobrevivência desta sociedade. Os homens dispõem de parcela de sua liberdade quando aderem a este contrato. Tinha uma visão utilitarista da pena – procurava um exemplo para o futuro, e não uma vingança para o passado e defendia a proporcionalidade da pena e sua humanização;-Segundo o autor, o objetivo preventivo geral da pena deveria ser alcançado não através do terror, mas sim com a eficácia e certeza da punição, não admitindo a vingança como fundamento do ius puniendi. 
John Howard. (1725/1790) Destaca-se pela preocupação com os problemas penitenciários, defendendo a construção de estabelecimentos adequados para cumprimento da pena privativa de liberdade. As prisões deveriam propiciar os apenados um regime higiênico, alimentar, assistência médica, capazes de suprirem as necessidades elementares dos indivíduos. Com este autor nasce o penitenciarismo. John Howard nunca aceitou as condições deploráveis das prisões inglesas, dividido os presos em três classes: processados (sujeitos a um regime especial), condenados e devedores. Insistiu na necessidade de que as mulheres ficassem separadas dos homens, e os criminosos jovens (recentes), dos criminosos maduros (habituais/reincidentes).   
ESCOLAS PENAIS
Generalidades: Durante do século XIX  inúmeras correntes de pensamentos estruturadas de forma sistemática foram formadas segundo determinados princípios fundamentais. Estas correntes de pensamentos ficaram conhecidas como Escolas Penais, cuja definição, segundo Aníbal Bruno: “corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre os fins das sanções".
Escola Clássica: 
1ª fase – período teórico-filosófico -  sobre a influência do iluminismo, de cunho utilitarista, pretendeu adotar um direito penal fundamentado na necessidade social. Iniciou-se com Beccaria. 
As propostas apresentadas por Beccaria, as quais sintetizavam os postulados consagrados pelo Iluminismo, serviram como fundamento básico para a denominada Escola Clássica, que representou humanização das ciências penais. 
2ª fase – período ético-jurídico – Conhecida como “Escola clássica de Carrara" – tinha como fundamento básico o direito natural, de onde emanam direitos e deveres, cujo o equilíbrio cabe ao Estado garantir". Para Carrara “ a pena não é mais do que a sanção do preceito ditado pela lei eterna: a qual sempre visa a conservação da humanidade e á tutela dos seus direitos, sempre precede a da norma do justo: sempre corresponde aos sentimentos da consciência universal". LIVRE ARBITRIO COMO FUNDAMENTO DA PUNIBILIDADE – vontade livre e consciente orientando a realização de uma conduta; PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. 
Finalmente,
Foram os clássicos que começaram a construir uma visão analítica do crime, separando seus vários componentes. Esta visão clássica foi o ponto de partida para a construção dogmática da teoria geral do delito. 
A pena era, para os clássicos, uma medida repressiva, aflitiva e pessoal, quese aplicava ao autor do um fato delituoso que tivesse agido com capacidade de querer e de entender. Os autores clássicos limitavam o DP entre os extremos da imputabilidade e da pena retributiva, cujo fundamento básico era a culpa. Preocupada em preservar a soberania da lei e de afastar qualquer tipo de arbítrio, limitava duramente os poderes do Juiz, quase o transformando em um mero executor legislativo. 
ESCOLA POSITIVA – positivismo.  
A Escola Positiva surgiu no fim do século XIX, em contraposição à Escola Clássica, e baseou-se nas idéias de Darwin. Lemarck e Haeckel, que introduziram uma concepção naturalística para o exame dos fatos da vida individual e social, procurando explicá-los cientificamente, segundo o princípio da causalidade, em abandono ao racionalismo que imperava no Iluminismo. 
Os postulados da Escola Positiva são:
- crime é um fenômeno natural e social, estando sujeito às influências do meio e aos múltiplos fatores que atuam sobre o comportamento;
- a responsabilidade penal é social, tendo por base a periculosidade do agente; - a pena é exclusivamente medida de defesa social;
- criminoso é sempre psicologicamente um anormal, podendo ser classificado em tipos.
Os expoentes desta Escola são: César Lombroso, Enrico Ferri e Rafaele Garofalo. 
DIREITO PENAL NO BRASIL.
Noções Gerais
Direito Penal Indígena – época do descobrimento. 
À época do descobrimento os índios que aqui se encontravam não possuíam um Direito Penal civilizado e nem organizado. As penas eram aplicadas aleatoriamente, inspiradas na vingança privada, aplicando-se, em alguns casos, a composição. Larga utilização de penalidades cruéis, tortura, morte, banimento. 
Ordenações do Reino
Ordenações Afonsinas – 1446 – Dom Afonso V.
Ordenações Manuelinas – 1521 – Dom Manuel I.
Ordenações Filipinas – 1603/1830 – penas cruéis e desproporcionais, sem qualquer sistematização. Predomínio da pena de morte. Ausência do princípio da legalidade, ficando ao arbítrio do Juiz a escolha da pena aplicada. 
Código Criminal do Império.
A Constituição Federal de 1824 (art. 179, § 18) – apontava a necessidade de elaboração de um Código Criminal fundado nas sólidas bases de justiça e eqüidade.    
1830 – Código Criminal do Império – D. Pedro I. Fundou-se nas ideias de Beccaria – Iluminismo – Criou o sistema de dias-multa (art. 55).
Código Penal Republicano
1890 – destacou-se por apresentar graves problemas técnicos, aparecendo atrasado em relação às ciências de seu tempo. Em virtude de suas deficiências foram editadas diversas legislações extravagantes, sendo substituído pelo diploma conhecido como Consolidação das Leis Penais, promulgado em 1932. 
Código Penal de 1940. 
Vigora até os dias atuais. No entanto, com várias reformas. 
A mais importante: Lei 7209/84 – reformulou toda a parte geral do CP, humanizou as penas e adotou as penas alternativas à prisão, as quais tiveram sua utilização ampliada com o advento da lei 9714/98.
Características do Direito Penal:
Primeiramente, o DP regula as relações entre os indivíduos e a sociedade. Os bens tutelados pelo DP não interessam apenas ao indivíduo, mas à coletividade como um todo. A relação entre autor de um crime e vítima é de natureza secundária, uma vez que a vitima não tem o direito de punir, mesmo nas ações penais privadas, ocasião em que o Estado detém o ius puniendi.
O direito penal é um ramo do direito público interno, pois: Atende de maneira imediata e prevalecente ao INTERESSE GERAL e estabelece as relações jurídicas entre o ESTADO E O INDIVÍDUO que deve obedecer aos comandos daquele. Destina-se a viger nos LIMITES TERRITORIAS DO PAÍS, embora possa alcançar fatos ocorridos no exterior e tem por finalidade defesa dos bens jurídicos fundamentais à sociedade. 
Questões
1)São características do Direito Penal Romano, exceto:
a)Afirmação do caráter público e social do direito
b)O Estado torna-se responsável pela aplicação da pena
c)Afirmação de conceitos de imputabilidade e antijuridicidade
d)Privatização do Direito Penal, excluindo-se o Estado da sua tutela.
GABARITO D – O Direito Romano tem como principal característica a afirmação do caráter público e social do Direito Penal, contrapondo-se a idéia da privatização do Direito repressivo.
2)Assinale a alternativa incorreta: 
a)Cesare Beccaria, autor do renomado livro “Dos Delitos e das Penas", defendia o enrijecimento do Direito Penal face ao aumento da criminalidade.
b)John Howard destacou-se pela preocupação com os problemas penitenciários, nascendo o chamado penitenciarismo.
c)O Código Criminal do Império de 1830 fundou-se nas idéias do iluminismo. 
d)As escolas penais trazem concepções sobre a legitimidade do direito de punir, natureza do delito, bem como as finalidades das sanções.
GABARITO A- Cesare Beccaria  publicou, em 1764, o livro “Dos Delitos de das Penas", obra que é considerada o marco inicial do DP moderno, na Escola Clássica do DP, sua recomendação: “É melhor prevenir o crime do que castigar". Constrói um sistema penal que substituirá o desumano, impreciso, confuso e abusivo sistema criminal anterior. 
Tinha uma visão utilitarista da pena – procurava um exemplo para o futuro, e não uma vingança para o passado e defendia a proporcionalidade da pena e sua humanização;
-Segundo o autor, o objetivo preventivo geral da pena deveria ser alcançado não através do terror, mas sim com a eficácia e certeza da punição, não admitindo a vingança como fundamento do ius puniendi. 
3)Qual a influência do iluminismo na evolução do Direito Penal.
Orientação de resposta:  O Iluminismo atingiu seu apogeu na Revolução Francesa, sendo uma concepção filosófica que se caracterizou por ampliar o domínio da razão a todas as áreas do conhecimento humano.   No direito penal, influência de uma série de pessoas visando a reforma do sistema punitivo, defendendo:
 - a finalidade da pena não deve ser atormentar o indivíduo;
 - a pena deve ser proporcional ao crime praticado, levando-se em consideração, quando da sua fixação, as condições pessoais do delinquente.
Principais filósofos do Iluminismo: Montesquieu, Rousseau, Voltaire. 
Na esfera político-criminal: Beccaria, Howard e Benthan.
*******
Princípios limitadores do poder punitivo estatal
Introdução: A vida em sociedade requer um complexo de normas que estabeleçam regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõe.  O conjunto destas regras que regulam o poder punitivo do Estado por meio da tipificação de crimes e cominação de penas, dá-se o nome de Direito Penal. 
O direito penal, como ramo do direito público, visa à proteção dos bens jurídicos considerados fundamentais para a vida em sociedade, objetivando a manutenção da paz social, através da instituição de diversas garantias instituídas, limitando, assim, o poder punitivo do Estado. Essas garantias, denominadas PRINCÍPIOS, representam uma plataforma mínima que deve orientar a aplicação do direito penal, seja no plano abstrato ou no plano concreto, impondo limites ao poder estatal a fim de salvaguardar os indivíduos contra eventuais arbítrios.
Dentre os princípios orientadores do Direito Penal, destacam-se:
Princípio da legalidade ou da reserva legal (princípio da intervenção legalizada). Art. 5º, XXXIX da CF e art. 1º do CP: 
Considerado a base de um sistema penal racional e justo, tal princípio tem origem na Carta Magna de 1215, estando positivado no art. 5º da CF, afirmando que: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal".  
Ressurge com a Revolução Burguesa, sob inspiração dos ideais do Marquês de Beccaria, a fim de evitar os abusos do poder absolutista. Corresponde à previsibilidade da possibilidade da intervenção do poder punitivo estatal, impondo, entretanto, limites a esta intervenção.
Conseqüências do Princípio da legalidade:
1)proibição da retroatividade da lei penal: é constitucionalmente inadmissível a retroatividade da lei, pois a possibilidade depunibilidade não estava determinada legalmente antes do fato, salvo quando a lei posterior beneficiar o acusado.
2)Proibição da criação de condutas típicas e penas pelos costumes: somente a lei pode criar/alterar os crimes e/ou as penas – lei em sentido estrito, (art. 59 do CF). Medida provisória – vedação expressa – art. 62, § 1º, I, “b" da CF.
3)Proibição do emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas.
No nosso sistema penal somente é permitida a analogia “in bonam partem", ou seja, quando favorecer o acusado. 
4)Proibição de incriminações vagas e indeterminadas.
Princípio da taxatividade – definição precisa da conduta incriminada – o preceito deve ser determinado e especificado de modo que o cidadão visualize, claramente, a conduta a seguir e os limites do próprio comportamento. 
Por fim, há de se destacar que a maior parte de doutrina brasileira entende pela submissão das medidas de segurança ao princípio da legalidade. 
Princípio da irretroatividade  (art. 5º, XL da CF e art. 2º, parágrafo único, do CP)
Princípio constitucional que preceitua ser a lei penal irretroativa, salvo quando beneficiar o réu, objetivando, desta forma, conceder ao acusado a segurança de ser julgado de acordo com a norma vigente à época da prática do fato. 
Quando a lei posterior deixa de considerar algum fato como criminoso, ocorrerá a abolitio criminis, que é uma causa extintiva de punibilidade, cessando os efeitos penais da Decisão condenatória. Os efeitos extrapenais, tais como a obrigação de reparar o dano, persistem.
As leis temporárias ou excepcionais, conforme previsto no art. 3º do CP, possuem ULTRATIVIDADE, aplicando-se, incondicionalmente, aos fatos praticados durante sua vigência. 
Princípio da responsabilidade pessoal, pessoalidade ou intranscendência da pena. 
Por ser a pena medida exclusivamente pessoal, não pode tal reprimenda, por expressa vedação constitucional, passar da pessoa do condenado, respondendo os herdeiros, dentro dos limites da herança transferida, apenas pela obrigação de reparar o dano e decretação de perdimento de bens (vide. Art. 5º, XLV da CF). 
A pena de multa, embora tenha natureza pecuniária, também se submete ao mencionado princípio, em virtude da natureza penal da mesma.
Princípio da individualização da pena: 
Art. 5º, XLVI da CF. A lei regulará a individualização da pena.
Este artigo demonstra, ainda, as modalidades das penas que poderão ser aplicadas, sem prejuízo de outras que o legislador julgar conveniente, desde que respeitem as limitações constitucionais (privação ou restrição de liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou interdição de direitos).Tal princípio deverá ser observado tanto pelo legislador, quando da elaboração dos tipos penais, quanto pelo julgador, à luz dos ditames do art. 59 e 61 do CP.
Princípio da limitação das penas – humanidade – dignidade da pessoa humana. 
Objetiva impedir que o poder punitivo estatal aplique sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. No caso da pena de morte, nosso ordenamento jurídico permite sua aplicação apenas em caso de guerra declarada, sendo executada nos termos do art. 56 do Código Penal Militar. O Art. 5º, XLVII da CF proíbe, ainda, penas cruéis, de trabalhos forçados, de banimento. 
Princípio da intervenção mínima ou “ultima ratio":  
Tem por objetivo limitar o poder incriminador do Estado, indicando que a criminalização de uma conduta só é legítima se constituir meio necessário e indispensável para a proteção de um determinado bem jurídico.
      Princípio da insignificância.  
Segundo este princípio, não serão alcançadas pelo tipo penal, e conseqüentemente não serão passíveis de reprimendas jurídico-penais, as ações insignificantes, que lesem de forma mínima o bem protegido pela norma penal, afirmando que o direito penal não de preocupa com bagatelas, ou seja, condutas materialmente atípicas.
*******
Fontes do Direito Penal
Fonte é a forma através da qual a norma jurídica é criada e exteriorizada, podendo ser MATERIAL (de produção ou substancial) ou FORMAL (de cognição). 
No Brasil, a fonte material do Direito Penal é a União, através do Poder Legislativo, sendo esta competência privativa (art. 22, I da CF).Tal competência poderá ser conferida aos Estados Membros, desde que haja expressa autorização através de Lei Complementar (art. 22, parágrafo único). 
A fonte formal refere-se à maneira através da qual se exterioriza o direito penal e pode ser IMEDIATA (LEI) E MEDIATA (COSTUMES, PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO E O ATO ADMINISTRATIVO).
Interpretação em Direito Penal 
Interpretar é descobrir o real sentido e verdadeiro alcance da norma jurídica, descobrindo a vontade da lei.
Quanto ao sujeito que a realiza, a interpretação pode ser autêntica (quando a norma é interpretada pelo próprio órgão da qual emanou, ou seja, o Poder Legislativo), doutrinária ou cientifica (quando a interpretação é feita pela doutrina, pelos estudiosos do direito) e jurisprudencial (quanto feita pelos órgãos do judiciário de forma reiterada).
Quanto aos meios, pode ser literal ou gramatical (o intérprete busca o literal sentido de cada palavra), sistemática (analisa a norma dentro da totalidade do ordenamento jurídico), teleológica ou lógica (leva em consideração o valor e finalidade da norma) e histórica (observa o contexto histórico e social através do qual a norma foi elaborada).
Quanto ao resultado, pode ser: declaratória  (quanto a correspondência entre a lei e a sua vontade), restritiva (quando a lei diz mais do que pretendia, cabendo ao intérprete limitar o âmbito de seu alcance), extensiva (amplia-se o texto da lei a fim de adaptá-la à sua real vontade).
A interpretação analógica: o legislador não pode prever todas as hipóteses que podem ocorrer na vida em sociedade, logo ele permite expressamente a utilização de um recurso que amplia o alcance da norma penal, conhecido como interpretação analógica. Estamos frente a esse caso, quando o legislador detalha, num primeiro momento, as situações que a lei quer regular e, posteriormente, permite que tudo aquilo que seja semelhante seja tratado do mesmo modo, isto é, seja abrangido pelo artigo. 
Ex: “se o homicídio é cometido com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum".  
A analogia não se confunde com a interpretação analógica. A ANALOGIA é forma de auto-integração da norma, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante.
Espécies: 
1)      Legal (LEGIS): quando o caso não previsto é regulado por um preceito legal que rege caso semelhante;
2)      Jurídica (IURIS): quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico considerado em seu conjunto.
3)      IN BONAM PARTEM: quando o sujeito é beneficiado por sua aplicação.
4)      IN MALAM PARTEM: quando o sujeito é prejudicado pela sua aplicação, sendo incabível no DP, em virtude do princípio da legalidade.
Norma Penal.
A lei penal incriminadora, que é a regra escrita que descreve as condutas criminosas, é composta por dois elementos:
-Preceito primário: descrição da conduta proibida pelo ordenamento jurídico.
- Preceito secundário: descrição da sanção penal estipulada pela infringência do preceito primário. 
Ex: art. 121. Matar alguém: (preceito primário)
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos (preceito secundário).
Há situações em que o preceito primário encontra-se incompleto (LEI PENAL EM BRANCO), necessitando de complementação, a qual se dará por outra LEI (lei penal em branco homogênea) ou por um ATO ADMINISTRATIVO (lei penal em branco heterogênea). 
Um típico exemplo de uma lei penal em branco heterogênea é o art. 33 da lei 11343/06, o qual tem seu conteúdo complementado pelo Ministério da Saúde, através de uma Portaria da ANVISA. Observa-se que, neste caso,a complementação é fruto do Poder Executivo (fonte diferente da norma que necessita de complementação), sendo assim uma lei penal em branco HETEROGENEA. 
Como exemplo de lei penal em branco HOMOGENEA (a complementação é fruto da mesma fonte que elaborou a norma que se quer complementar, Poder Legislativo, portanto), é o art. 237 do CP. 
As leis penais não incriminadoras se subdividem em EXPLICATIVAS E PERMISSIVAS. As explicativas não descrevem crimes nem cominam penas, limitando-se a esclarecer o conteúdo de outra norma. Ex: art. 150, §4º do CPP (conceituação de casa para fins de configuração do crime de violação de domicilio). As leis penais permissivas tornam lícitas as condutas delituosas. Ex: arts. 23,24 e 25 do CP.
*******
Lei penal no tempo
De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei rege, em geral, os fatos praticados durante a sua vigência. Entretanto, por expressa disposição constitucional e também do Código Penal, é possível a ocorrência da retroatividade e da ultratividade da lei penal (art. 5º, XL da CF). A esta capacidade da lei penal de movimentar-se no tempo dá-se o nome de extratividade.  Denomina-se retroatividade o fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência e ultratividade à aplicação dela após a sua revogação, que é o que pode vir a acontecer com leis temporárias, por exemplo. Assim, em resumo, a lei penal incriminadora, em regra, não retroage. Excepcionalmente, porém, nas hipóteses previstas em lei, poderá a lei alcançar fatos passados, ou seja, retroatividade.
Passaremos as analisar a seguintes situações:
Abolitio criminis: lei nova que revoga um tipo penal. Previsto no art. 2º do CP é causa extintiva de punibilidade, evidenciando que “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime".  Esta Lei nova, que tornou atípica a conduta, retroage para alcançar fatos pretéritos. Conforme postula o art. 2º, parte final do CP, a ocorrência da abolitio criminis faz cessar a execução da pena, bem como todos os efeitos penais da sentença condenatória. No entanto, cessam somente os efeitos penais da sentença condenatória (execução da pena, inserção do nome do réu no rol dos culpados, reincidência ou antecedentes criminais), permanecendo os efeitos de natureza civil (obrigação de reparar o dano). Obs: a sentença condenatória constitui na esfera cível um título executivo judicial, não sendo necessário que a vítima ingresse com uma ação de conhecimento. Este efeito civil da sentença condenatória irá persistir mesmo que ocorra a abolitio criminis. 
Assim, temos que a lei abolicionista é uma exceção ao respeito à coisa julgada, previsto na CF, já que impede que o Estado faça uma ingerência sobre a liberdade, podendo, inclusive, desconstituir a sentença já proferida. A garantia fundamental não impede que o Estado beneficie o cidadão, desse modo, a lei abolicionista não tem que respeitar a coisa julgada.
Posicionamento majoritário, inclusive corroborado pelo STF, entende não ser possível a aplicação da lei nova favorável ao acusado durante o período da vacatio legis, ante à inexistência de eficácia jurídica e social. Assim, enquanto uma lei não entrar em vigor ela não tem efeito jurídico, pois nada revoga e, não tem efeito social, pois não existe, por ora, o dever de obediência. A corrente majoritária, com propriedade, ensina que as leis se submetem a regra prevista no art. 1º da LICC: “salvo disposição em contrário a lei começará a vigorar em todo o País 45 dias após sua publicação", sendo que nada impede que o legislador preveja um tempo inferior de vacatio legis, ou, até mesmo, a imediata entrada em vigor da norma. 
Importante: Nos casos dos crimes continuados e permanentes aplica-se a Súmula 711 do STF.
Abolitio criminis temporalis:  é um caso de suspensão da tipicidade da conduta, ocorrendo uma situação que impede a punição do agente que pratica um determinado fato típico pelo prazo em que durar a suspensão. Recentemente, ocorreu na lei 10826/03 (Estatuto do Desarmamento), visto que a mencionada lei concedia aos possuidores de arma de fogo sem registro o prazo de 30 dias, após a publicação da lei, para regularizarem a situação. Assim, o art. 30 deste Diploma legal regulou uma forma de exclusão de tipicidade temporária, posto que ninguém poderia ser punido pela infração prevista no art.12, antes do transcurso do mencionado prazo. Frise-se que medidas provisórias subseqüentes prorrogaram o prazo para registro da arma de fogo.
Novatio legis incriminadora: Quando da prática da conduta o fato era atípico. A nova lei incrimina uma conduta considerada anteriormente irrelevante.  Neste caso, aplicar-se-á a irretroatividade conforme nos ensina o art. 1º do CP, não podendo a lei nova retroagir para alcançar fatos ocorridos antes do inicio de sua vigência. 
Novatio legis in pejus: Lei posterior, ainda prevendo o fato como delituoso, agravou a disposição contida no seu preceito secundário. Neste caso, aplicar-se-á a irretroatividade conforme nos ensina o art. 1º do CP. Poderá ocorrer, também, quando a lei nova acrescentar elementos ao tipo penal que o torne mais abrangente, ampliando as possibilidades de punição. 
Novatio legis in mellius: Lei posterior, sem efetuar a descriminalização, passa a prever para o tipo uma pena menos severa. A lei nova, por beneficiar o agente, seguirá a regra do art. 2º do CP, retroagindo para beneficiar o acusado, mesmo que haja coisa julgada, conforme determina o art. 5º, XL da CF.
Em resumo, para os casos de conflitos de Leis Penais no Tempo, dois princípios regem a matéria, que é o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais severa e o Princípio da Retroatividade da Lei Penal mais benéfica.
Leis Excepcionais e Leis Temporárias
Aparente exceção à regra da extratividade da lei penal mais benigna ocorre com as leis excepcionais ou temporárias. Diz o art. 3º do CP que “A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência". Isso quer dizer que a lei excepcional ou temporária ultra-agirá, mesmo que a lei nova seja mais benéfica ao acusado. Tal ultratividade não se revela inconstitucional porque, em verdade, o problema é de tipicidade, pois as condições e o tempo são elementares do tipo penal. Desta forma, tal exceção se justifica ente a necessidade de se evitar o emprego de expedientes tendentes a impedir a imposição de suas sanções a fatos praticados nas proximidades do termo final de sua vigência ou a cessação das circunstâncias excepcionais que justificaram a edição da lei.  
Explica-se tal disposição porque a lei temporária ou a lei excepcional são editadas para atender a circunstâncias incomuns, que exigem, por vezes, um maior endurecimento do sistema penal. Dessa forma, os fatos ocorridos durante o período de excepcionalidade são, em si mesmos, considerados mais graves. 
Leis excepcionais são aquelas que vigem enquanto perdurarem situações especiais como guerras, calamidades públicas. Quando a situação voltar ao normal, revogada estará tal lei. Assim, sua duração depende da continuidade do estado excepcional. Estas leis têm termo inicial, mas não tem termo final. 
Leis Temporárias são aquelas também regulam situações transitórias, mas delimitadas no tempo. Estas trazem em seu texto ou em lei esparsa a sua duração. Sendo leis de urgência, elas têm termo inicial e final.
É dominante a corrente que sustenta a constitucionalidade da previsão contida no art. 3° do CP.
Observações importantes: 
I) A competência para aferição e conseqüente aplicação da lei penal mais benéfica cabe ao juiz da causa, ao Tribunal ou do Juiz das Execuções Criminais. No entanto, a competência do juízo das execuções refere-se à aplicação meramente matemática da lei nova, não lhe sendo facultado adentrar no mérito da causa. Nesta hipótese, a aplicação da nova lei ser feita pelo Tribunal através da revisão criminal. 
II) A doutrinamajoritária entende não ser possível a combinação de leis, entendendo que  em caso de conflito de leis penais no tempo não poderá o juiz mesclar as duas leis quando da sua aplicação, aproveitando de ambas apenas os aspectos favoráveis ao acusado, posto que neste caso estaria o Juiz criando uma 3º lei.
Tempo do crime
Para aplicação da lei penal é preciso verificar o tempo do crime, ou seja, o momento em que a conduta foi efetivamente praticada, existindo, acerca desta matéria três teorias.  
a)teoria da atividade ou ação: adotada pelo art. 4º do CP – o crime é praticado no cometimento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado.
b)teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado;
c)teoria mista ou da ubiqüidade: considera-se cometido o crime no momento da pratica da ação ou omissão ou no momento da produção do resultado. 
Como dito, o CPB adotou a teoria da ATIVIDADE, posto que é no momento da ação ou da omissão que o indivíduo exterioriza a sua vontade, violando o preceito proibitivo. 
Questões
1)Considera-se lei penal excepcional:
a)A que possui vigência previamente determinada pelo legislador.
b)Promulgada em casos de calamidade pública, guerras, revoluções etc.
c)Outorgada pela Carta Magna para a vigência por prazo determinado pelo Congresso Nacional
d)Promulgada pelo Presidente da República, após determinação do Congresso Nacional, com prazo de vigência até certa e determinada data.
Gabarito B – Conforme previsto no art. 3º do CP as leis excepcionais possuem vigência durante determinada situação emergencial, perdurando enquanto permanecer o fato que gerou sua criação (guerra, calamidades públicas etc). As leis temporárias, por sua vez, possuem vigência previamente fixada pelo legislador, o qual institui seu termo inicial e final. 
Ademais, cumpre ressaltar que as leis penais temporárias e excepcionais aplicam-se incondicionalmente aos fatos praticados durante a sua vigência, não se aplicando, neste caso, o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica.
2)(Juiz de Direito – ES – 2003) Com relação ao conflito de leis penais no tempo, pode-se afirmar que:
a)Quanto às leis penais aplica-se o princípio da retroatividade da lei, em qualquer hipótese.
b)Quanto às leis processuais propriamente ditas, aplica-se o princípio da aplicação imediata das normas processuais, com efeito retroativo somente nas hipóteses em que for mais benéfica. 
c)As leis excepcionais possuem a característica da ultratividade, pois regulam fatos ocorridos durante sua vigência mesmo após revogadas, e a lei posterior mais benéfica, vigente à época do julgamento do fato, não retroagirá, salvo se fizer expressa menção ao período anormal da lei auto-revogável. 
d)A lei posterior passará a regular o fato praticado sob a égide da lei excepcional quando for mais benéfica, ainda que não faça expressa menção ao período anormal da lei auto-revogável.
GABARITO C - VIDE ART. 3º DO CP. 
3)Com relação ao tempo  do crime ou seja, o momento em que se considera cometido o delito, pode-se afirmar que a teoria adotada pelo Código Penal  Brasileiro é a: 
a) Atividade
b) Resultado
c) Mista
d) Ubiqüidade
e) Extraterritorialidade
GABARITO: A- Vide art. 4º do CP.
*******
Conflito entre normas aparentes
Ocorre quando duas leis penais em vigor, aparentemente, aplicam-se ao mesmo caso, trazendo dúvidas ao aplicador de qual norma serve ao caso concreto. Para solução do conflito, utilizam-se os seguintes princípios:
I)Princípio da especialidade: lei especial prevalece sobre a regra geral.
II)Princípio da consunção: prevê que o crime mais grave absorve o menos grave quando este integrar a descrição típica daquele ou for crime meio para a consumação do delito fim. 
Ex: o resultado morte absorve do delito de lesões corporais, porte ilegal de arma de fogo e homicídio (apenas em alguns casos concretos), furto em casa habitada e violação de domicilio.
III)Princípio da subsidiariedade: Por meio do princípio da subsidiariedade, depreende-se que alguns dispositivos penais prevêem o seu emprego apenas no caso de outra norma, de caráter primário, não poder ser aplicada ao mesmo fato.
A subsidiariedade tácita e subsidiariedade expressa.
Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a própria norma reconhecer seu caráter subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar caracterizado o fato de maior gravidade.
Como exemplo, o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132, CP):
No caso da subsidiariedade tácita, a norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se seu caráter secundário. Exemplo claro é o do crime de roubo, em que a vítima, mediante emprego de violência, é constrangida a entregar a sua bolsa ao agente. Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primária) e o do constrangimento ilegal (norma subsidiária), sendo que o constrangimento ilegal, no caso, foi apenas uma fase do roubo, além do fato de este ser mais grave.
O princípio da subsidiariedade não possui muita utilização visto que qualquer conflito da natureza dos delitos apresentados tende a ser solucionado com base no princípio da especialidade.
IV)Princípio da alternatividade: o tipo penal prevê várias formas de conduta, sendo que a prática de qualquer uma delas é suficiente para a configuração do delito. Ex: art. 33 da lei 11343/06.
*******
Lei penal no espaço
A Lei é a expressão da soberania de um Estado, devendo ser aplicada dentro do limite territorial do País, sendo esta a materialização do princípio da territorialidade. Existem casos, entretanto, que os efeitos da lei penal ultrapassam os limites territoriais de um Estado. 
De acordo com o art. 5º, “caput" do CP, o Brasil adotou o princípio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA, ou seja, aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos no território nacional, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional que o Brasil se obriga a cumprir, que podem determinar a aplicação de lei penal brasileira aos crimes cometidos fora do território nacional. EXTRATERRITORIALIDADE são as hipóteses em que a lei penal brasileira é aplicada a delitos praticados fora do limite do Estado soberano (art. 7º do CP).
A conceituação de território para fins de aplicação do princípio da territorialidade encontra-se previsto no art. 5º, § 1º e 2º do CP, evidenciando que o Brasil o conceito de território por ficção. Assim: 
Consideram-se como extensão do território nacional:  embarcações e aeronaves brasileiras, DE NATUREZA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO GOVERNO BRASILEIRO, onde quer que se encontrem.  Aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, NO ESPAÇO AEREO CORRESPONDENTE OU EM ALTO MAR. (art. 5º, § 1º do CP).
Aplica-se a lei penal – crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras – de propriedade privada – desde que: aeronaves – em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo nacional/ embarcações – nos portos ou mar territorial brasileiros. (art. 5º, § 2º do CP).
Extraterritorialidade (art. 7º, CP). Reza o art. 7º do CP as hipóteses em que a lei penal brasileira deverá ser aplicada a crimes cometidos fora do território nacional. A extraterritorialidade pode ser condicionada ou incondicionada, de acordo com os requisitos exigidos para a aplicação da lei nacional. 
I)EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: inexistem condições para aplicação da legislação brasileira, sendo que o agente será punido segundo a lei brasileira ainda que condenado ou absolvido no estrangeiro. Hipóteses:  
a)Crimes cometidos contra a vida ou liberdade do Presidente da República (art. 7º, I, “a" do CP) – Princípio da defesa ou da proteção.
b)Crimes cometidos contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de Estado , Município, Empresa Pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder público. (arts.. 155 a 180 e 289 a 311 do CP) – art. 7º, I, “b" do CP – Princípio da defesaou proteção. 
c)Crimes cometidos contra a administração pública, por quem está a seu serviço (arts. 312 a 326, em combinação com o art. 327 do CP) – art. 7º, I, “c" do CP – Princípio da defesa ou proteção.
d)Crime de genocídio – (art. 1º da lei 2889/56) – art. 7º, I, “d" do CP Princípio Real ou de Proteção (art. 7º, I, CP);- Princípio da justiça universal.
e)Crime de tortura, Lei 9455/97, possibilidade de aplicação da lei brasileira ao torturador, onde quer que o delito tenha sido cometido, desde que a vitima seja brasileira ou esteja o autor do fato sujeito à legislação brasileira – Princípio da justiça universal.  
Conseqüências da extraterritorialidade incondicionada: 1)Incondicionalmente aplica-se a lei brasileira; 2) O poder jurisdicional brasileiro é exercido mesmo sem a concordância do País onde ocorreu o crime; 3)É desnecessária a entrada do agente no território brasileiro; 4) O fato não precisa ser considerado ilícito no local onde ocorreu; 5 ) O agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
II)EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: a aplicação da lei penal brasileira está condicionada à satisfação de alguns requisitos legais. Hipóteses: 
a)art. 7º, II, “a", do CP – crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Exs: trafico de mulheres, trafico de drogas etc – Princípio da justiça universal. 
b)Art. 7º, II, “c", do CP – crimes praticados por brasileiros. Fundamento: é vedada a extradição de brasileiros – assim se alguém que praticou um delito adentrar no território nacional, não poderá ser extraditado. Princípio da nacionalidade ou da personalidade. 
c)Art. 7º, II, “c" do CP – crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privadas, quando em território estrangeiro não sejam julgados. Exs: crime praticado no exterior, no entanto, inexiste previsão de responsabilizar o agente no exterior. Princípio da bandeira ou da representação. 
d)Art. 7º, § 3º, do CP – crimes cometidos por estrangeiros contra brasileiros, fora do Brasil, desde que não tenha sido pedida ou negada a extradição e quando houver requisição do Ministro da Justiça – Princípio da defesa ou da proteção. 
Os requisitos para aplicação da lei brasileira nos casos de extraterritorialidade condicionada estão elencados no art. 7º, §2º do CP. De acordo com o §3º do art. 7º do CP, a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil se presentes os requisitos do §2º do aludido artigo somados aos seguintes: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
O art. 8º do CP determina que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idênticas. 
Lugar do Crime:  
Em relação ao lugar do crime o Brasil adotou a teoria da ubiqüidade Art. 6º -“Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado". 
Lei Penal em relação às pessoas: O princípio da territorialidade, faz ressalva aos tratados, convenções e regras de Direito Internacional, dando origem às imunidades diplomáticas. As exceções decorrentes de normas de Direito público interno, dão origem às imunidades parlamentares.  (art. 5º do CP). 
As imunidades não estão vinculadas ao agente da infração penal, e sim às funções que exercem. Desta forma, não violam o preceito constitucional da igualdade. 
Disposições finais sobre a aplicação da Lei Penal.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas. 
A atenuação, em caso de diversidade qualitativa da pena imposta, é obrigatória, ficando a quantidade da redução a critério do magistrado. Já na hipótese da pena a ser cumprida no estrangeiro ser da mesma quantidade, ela é, simplesmente, abatida da reprimenda a ser executada no Brasil.  
Homologação da sentença estrangeira.
A sentença judicial é um ato de soberania do Estado, assim como a execução da pena também é um ato de soberania. Desta forma, não se aplicam em nosso território as leis estrangeiras, não podendo seus julgados serem aqui executados, como se nacionais fossem. Somente para as duas finalidades previstas no artigo 9º do CP. 
O mencionado artigo dispõe que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, poderá ser homologada no Brasil a fim de obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis, bem como sujeitá-lo a medida de segurança. 
São requisitos para a homologação: 
Na hipótese do art. 9º, I do CP, de pedido da parte interessada; no caso do inciso II do mesmo artigo da existência de tratado de extradição com o País de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
A homologação da sentença estrangeira, após a EC 45/04, é de competência STJ, nos termos do art. 105, I, “i" da CF.
A sentença penal condenatória estrangeira gera reincidência. Art. 63, do CP.
*******
Legítima Defesa
Prevista no art. 25 do CP trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
Requisitos Objetivos
I)Agressão: ataque humano. É um comportamento humano, que pode ser uma ação ou omissão, contrário ao direito. Como classificar a conduta daquele que repele o ataque de uma animal? Dependerá se o animal foi ou não provocado por seu dono. Se for um ataque espontâneo, é caso de perigo atual e haverá, então, o estado de necessidade. Já se for o caso de um ataque provocado pelo dono do animal, haverá legítima defesa. Isto, porque a reação se dará contra um ataque humano, onde o animal é mero instrumento do dono.
II)Injusta: no sentido de ilícita, contrária ao ordenamento jurídico, inexistindo qualquer norma que a fomente ou justifique. Assim, por exemplo, não é admissível legítima defesa real contra legítima defesa real, posto que o agente que primeiramente agiu em legítima defesa estava realizando uma conduta lícita. 
A injustiça da agressão deve ser analisada sob a ótica do agredido e não do agressor. É o caso de uma doente mental que agride uma outra pessoa. O doente não tem consciência de que a agressão é injusta. Entretanto, tal fato não impede o agredido de repelir com violência tal agressão.
III)Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura nem quando há promessa de agressão.
IV)Direito próprio ou de terceiro: há legítima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando defende terceiro. 
V)Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposição do agente no momento da agressão, que seja capaz porém de repelir a injusta agressão. Assim, de todos os meios que estão à sua disposição, você escolhe o menos lesivo. 
Importante: O meio necessário deve ser usado moderadamente. O excesso será punido a título de dolo ou culpa.
VI)Moderação na utilização dos meios: verifica-se a intensidade dada pelo agente na utilização dos meios necessários à defesa. A necessidade dos meios, bem como a moderação de sua utilização serão avaliados no caso concreto, não sendo possível exigir escolhas de meios e moderação milimetricamente calculadas.  
Da conjugação do meio necessário com o uso moderado, extrai-se o excesso. Comprovamos tal afirmação com o art. 23, parágrafo único, CP.
Excesso é a intensificação desnecessária de uma ação inicialmente justificada, ou seja, ocorre quando se utiliza um meio que não é necessário ou quando se utiliza meio necessário sem moderação. Se o excesso for doloso não há legítima defesa. Se o excesso for culposo o agente responde pelo crime culposo.Neste caso, os jurados desclassificam o crime doloso contra a vida para um crime culposo (é a chamada desclassificação imprópria). Caso não se caracterize nem dolo nem culpa no excesso ocorrerá a denominada legítima defesa subjetiva.
- Espécies de legítima defesa
-REAL: é a que realmente ocorreu, estando presentes todos os pressupostos de existência da causa justificante.
-PUTATIVA: é a legítima defesa imaginária. É a errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo ou erro de proibição (art. 20,§1º e 21 do CP).
-SUCESSIVA:hipótese de excesso, que permite a defesa legítima do agressor inicial. O agressor inicial, contra o qual se realiza a legítima defesa, tem o direito de defender-se do excesso, uma vez que o agredido, pelo excesso, transforma-se em agressor injusto.
-RECÍPROCA: é inadmissível legítima defesa de legítima defesa, ante à impossibilidade de defesa licita em relação a ambos os agente.No entanto, torna-se possível na modalidade putativa, caso em que será caracterizada a legítima defesa recíproca. Ex: dois inimigos armados se encontram. Ambos levam a mão na cintura à procura de um objeto. Ambos, supondo a iminência da agressão sacam as armas e acionam os gatilhos, ferindo-se. Nenhum queria agredir o outro. As duas tentativas foram praticadas em legítima defesa putativa.
*******
TIPICIDADE
É a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.
São assim, elementos do crime culposo:
a) conduta;
b) inobservância do dever de cuidado objetivo;
c) resultado lesivo involuntário;
d) nexo causal;
e)previsibilidade;
f) tipicidade.
a)Conduta: vontade livre e consciente de realizar uma ação ou omissão que resulte, em virtude da ausência de um dever objetivo de cuidado, um resultado ilícito, porém não querido.
No crime culposo o que importa não é o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma imprópria com que atua. O elemento decisivo da ilicitude do fato culposo é o desvalor do resultado e não o desvalor da ação, como nos crimes dolosos.
b)Inobservância de um dever objetivo de cuidado: Nos delitos culposos, a inobservância do dever objetivo de cuidado, exigível na vida em sociedade, torna a conduta antijurídica. A quebra do dever objetivo de cuidado poderá materializar-se através da imprudência, negligência ou imperícia.
c)Resultado: Somente haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo. Assim, percebe-se que não é cabível a TENTATIVA nos crimes culposos.
Não existindo resultado, não se responsabilizará por crime culposo o agente que inobservou o cuidado necessário, ressalvada a hipótese em que a conduta constituir, por si mesma, um ilícito penal.
d)Nexo causal: elo que liga a conduta do agente ao resultado, obedecendo-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 do CP
e)Previsibilidade: é a capacidade objetiva que o homem possui de prever a possibilidade da ocorrência do resultado não querido, nas condições em que o agente se encontrava no momento da conduta. A previsibilidade objetiva é orientada pelo homem médio, pelos conhecimentos normais da vida em geral. É a previsibilidade exigida para a configuração do tipo culposo. A previsibilidade subjetiva é a existência, no caso concreto, da previsão da ocorrência do resultado ilícito. 
	FODA-SE = DOLO EVENTUAL
	FODEU = CULPA CONSCIENTE
A existência no caso concreto apenas da previsibilidade objetiva gera a CULPA INSCONSCIENTE (culpa sem previsão de um resultado previsível objetivamente).
A CULPA CONSCIENTE, por sua vez, caracteriza-se pela existência de previsibilidade subjetiva (culpa com previsão de um resultado previsível objetivamente).
f)Tipicidade: Nos crimes culposos a ação não está descrita como nos crimes dolosos. São normalmente tipos abertos que necessitam de complementação de uma norma de caráter geral, que se encontra fora do tipo (art. 18, II do CP), e mesmo de elementos do tipo doloso correspondente.
g)Modalidades de culpa As modalidades de culpa, ou formas de manifestação da falta do cuidado objetivo estão discriminadas no art. 18, inc. II: imprudência, negligência ou imperícia.
A imprudência caracteriza-se por um comportamento positivo, pela precipitação, ausência de consideração ou afoiteza.
A negligência é inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental, caracterizando-se, portanto, por uma inação do agente (comportamento negativo).
A imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deve saber.
h)Compensação e concorrência de culpas As culpas não se compensam na área penal. Havendo culpa do agente e da vítima, aquele não se escusa da responsabilidade pelo resultado lesivo causado a esta.
Há concorrência de culpas quando dois ou mais agentes causam resultado lesivo por imprudência, negligência ou imperícia. Todos respondem pelos eventos lesivos.
i)Excepcionalidade do crime culposo Nos termos do art. 18, parágrafo único, os crimes são, regra geral, dolosos. Ocorrerá, entretanto, crime culposo quando o fato for expressamente previsto na lei, na forma culposa.
*******
24/03/2017	02º Período	Página 20 de 20

Outros materiais