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1 LOGÍSTICA REVERSA DE PILHAS E BATERIAS: ENTENDENDO O PROCESSO. SILVA, Romulo de Assis Silva¹ SILVA, Thaiza Martins² MADEIRA, Laureanny 3 INTRODUÇÃO A cada ano que passa, o número de dispositivos eletrônicos aumenta, devido à sua praticidade, funcionalidade, e de certa forma, necessidade. Atualmente, a maioria das pessoas possui, pelo menos, um celular, e em alguns casos, uma mesma pessoa pode possuir dois ou mais celulares. Além de celulares, há também os notebooks, ultrabooks, filmadoras e telefones sem fio. Somado aos eletrônicos, temos também o aumento dos meios de transporte. Tanto os eletrônicos quanto os meios de transporte têm necessidade de energia para seu funcionamento, energia essa que deve ser armazenada e transportada, o que faz com que o aumento de pilhas e baterias surja de forma significativa, tanto por pequenas, quanto por grandes empresas. Pilhas são miniusinas portáteis que transformam energia química em energia elétrica. Atuam como uma bomba de elétrons, removendo-os de um polo negativo para um polo positivo. As baterias fazem a interconversão entre energia química e elétrica. Ambos, pilhas e baterias, contêm metais pesados, como o chumbo, cádmio, zinco e manganês. Em contato com a umidade, água e outras substâncias químicas, os componentes químicos vazam, contaminando solo, água e plantas, podendo chegar até a cadeia alimentar humana, através das chuvas. O grande problema do aumento do consumo de pilhas e baterias ocorre quando os mesmos não são descartados de forma correta e assim não recebem seu devido fim. Pilhas e baterias podem levar entre 100 e 500 anos para se decompor no meio ambiente (Somos Todos Um). Mesmo havendo legislação e políticas para que esses materiais sejam descartados de forma correta e recebam seu devido fim, _________________________________________________________________ 1 Graduando do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário São Camilo-ES, romulolazaro@hotmail.com; 2 Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário São Camilo-ES, thaizamartinss@gmail.com; 3 Professora orientadora do Centro Universitário São Camilo-ES, laureannymadeira@saocamilo-es.br 2 o número de descartes incorretos é grande, se comparado à quantidade de pilhas consumidas. A Logística Reversa ainda é algo desconhecido para a sociedade, se visto de uma forma geral. Não há propagandas, anúncios, ou algo explícito que informe a população o que é e como funciona a logística reversa para pilhas e baterias. Observando o problema da falta de informação e com o objetivo futuro de implantar um projeto que trate sobre o tema, será realizada nesse trabalho uma revisão sobre a implementação do sistema de logística reversa para pilhas e baterias no Brasil. DESENVOLVIMENTO De acordo com a Council of Supply Chain Management Professionals – CSCMP (2010), Logística Reversa é uma especialização da logística, cujo enfoque é na circulação de gerenciamento de produtos e recursos pós-venda ou pós-consumo. A Logística Reversa surge cada vez mais entre as medidas adotadas pelas pequenas e grandes empresas como forma de demonstrar a preocupação que as mesmas têm com o meio ambiente e o futuro da civilização. Com esse mecanismo, materiais nocivos, que seriam descartados no meio ambiente, podem ser retirados e aproveitados, de forma lucrativa, para a produção de outros materiais, o que resulta numa economia no que diz respeito aos gastos com matéria-prima e produção. É importante lembrar ainda que o perfil do consumidor mudou nos últimos anos, ou seja, ele tornou-se mais preocupado com o destino dos produtos por ele adquirido. Porém, mesmo com esse perfil, ainda falta informação a esse consumidor de como descartar tal produto de maneira correta, visto que muitos deles levam anos para se decompor na natureza, como o caso das pilhas que baterias, que levam séculos. A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) número 401, de 2008, estabelece os limites de chumbo e cádmio a serem usados na produção de pilhas e baterias, bem como a forma que as mesmas devem ser descartadas, não podendo ser descartadas em aterros de céu aberto, por exemplo. Assim, baseado nesta resolução e na logística reversa, é importante que programas de coletas de pilhas e baterias tenham uma implantação efetiva junto à sociedade. Estima-se que no Brasil sejam vendidas cerca de 1,4 bilhões de baterias por ano, sendo que desse total, apenas 1% é coletada apropriadamente e reciclada no país (Santander). O problema no baixo volume de reciclagem se dá pelo alto custo empregado no processo, por exemplo, o custo para reciclar uma tonelada de pilhas é de R$ 1.000,00, enquanto a tonelada de papel custa R$ 420,00 para reciclagem. Além de alta venda e baixa reciclagem, ainda há o problema do mercado clandestino. Cerca de 40% das pilhas vendidas no Brasil têm origem ilegal, o que faz 3 com que esses produtos sejam mais “pesados” no que tange à sua composição, e consequentemente, mais prejudiciais (Santander). Atualmente, no Brasil, somente uma empresa, localizada no estado de São Paulo, realiza o processo de reciclagem de pilhas e baterias de níquel e cádmio, reciclando cerca de seis milhões de baterias por ano (BEIRIZ, 2005). A reciclagem de celulares e demais baterias, que possuem outros componentes, é realizada por uma empresa Belga, uma vez que esta empresa possui tecnologia diferenciada para esse tipo de material, não existente no Brasil, essencial no processo logístico reverso, visto que tais materiais, se destinados incorretamente, podem gerar prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. Um dos maiores programas de coleta de pilhas e baterias existente no Brasil é oriundo de uma instituição bancária, que está presente no Brasil desde a década de cinquenta. A instituição executa o projeto de coleta de rejeitos eletrônicos com foco nas práticas de gestão que desenvolve, com a finalidade de engajar o público acerca da temática da sustentabilidade. O projeto teve início em dezembro de 2006 e atualmente possui aproximadamente três mil postos de coletas instalados em agências espalhadas pelo país e também locais públicos, pois a organização possui parcerias com administrações públicas. Para que a logística reversa aconteça de fato, entre a instituição que coleta as pilhas e baterias e a empresa que as recicla, existe a operadora logística, que é a empresa especializada no transporte, manuseio, armazenamento, tratamento e destinação final dos rejeitos eletrônicos com o objetivo de gerenciar toda a cadeia da logística reversa dos clientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observa-se que a Logística Reversa para pilhas e baterias é uma ação de grande ganho para empresas, visto que, além de melhorar a imagem corporativa das mesmas, gera um ganho financeiro grande, pois a maioria desses materiais reciclados voltam para a cadeia produtiva, gerando economia na compra de matéria- prima. Para o consumidor, o ganho também se dá no âmbito financeiro, pois muitas empresas oferecem descontos na compra de novos produtos quando o consumidor leva outro obsoleto. Ademais, o cidadão conserva sua saúde, pois quando o mesmo descarta os materiais de forma correta, ele contribui para a preservação do meio ambiente. Além disso, pilhas e baterias recicladas se tornam pigmentos para a origem da cor de fogos de artifício, pisos de cerâmica, vidros e tintas. 4 Apesar das vantagens que a Logística Reversa de pilhas e baterias oferece a todos os envolvidos na cadeia, ainda faltam fiscalização em relação ao descarte deresíduos no meio ambiente, incentivo de órgãos governamentais em campanhas de conscientização e apoio da população no que diz respeito a reciclagem do lixo, para que programas de coleta desses materiais tenham resultados satisfatórios. Uma boa alternativa para diminuir o número de pilhas descartadas em lixo doméstico é o uso desses materiais recarregáveis, já que quando a carga acaba basta recarregá-la com um aparelho adequado e desta maneira a pilha pode ser utilizada novamente. Visando levar a informação a um número maior de pessoas e aprimorar o programa, este trabalho é o início de um projeto que visa coletar pilhas e baterias em algumas cidades do sul do Espírito Santo, para que os mesmos possam ser encaminhados de forma correta para o descarte e posteriormente para a reciclagem. Serão dispostas urnas de coleta em alguns pontos das cidades que receberão o projeto, e um cartaz informativo, para que a população tenha conhecimento da ação, e se sinta interessada em participar, contribuindo assim para uma sociedade mais sustentável. REFERÊNCIAS BEIRIZ, F. A. S. Gestão ecológica de resíduos eletrônicos: proposta de modelo conceitual de gestão. 2005, 129 p. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão). Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_o bra=40642>. Acesso em 05 de abril de 2017. BRASIL, CONAMA. Resolução n° 401, de 4 de novembro de 2008. BOCCHI, N.;FERRACIN, L.C.; BIAGGIO, S.R. . Pilhas e Baterias: funcionamento e impacto ambiental. Química Nova na Escola. 2000;11:3-9. SANTANDER. Entenda o mercado das pilhas e baterias. Disponível em: <http://sustentabilidade.santander.com.br/pt/Praticas-de 5 Gestao/Documents/Papa%20Pilhas_Mercadodaspilhasebaterias.pdf> . Acesso em 04 de abril de 2017. SOMOS TODOS UM. Pilhas e baterias de celulares. Disponível em: <http://somostodosum.ig.com.br/blog-autoconhecimento/pilhas-e-baterias-de- celulares-9042.html>. Acesso em 04 de abril de 2017.
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