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Metodologia e Prática da Alfabetização e Letramento

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Metodologia e Prática da Alfabetização e Letramento
Aula 01: A Formação dos Leitores e Escritores no Brasil
Para início de conversa, pense no seu processo de formação como leitor e escritor e reflita sobre as questões a seguir.
Qual é a função social da leitura e da escrita?
Quais pessoas foram fundamentais no seu processo de formação como leitor e escritor?
Por que existem tantos analfabetos funcionais?
Essas são algumas das questões que discutiremos nesta aula.
Ao pesquisarmos a iconografia brasileira, concluímos que a representação de leitores e escritores passa a ser apresentada somente no período republicano. Fato que nos remete a uma elitização desses processos, pois as grandes camadas da população não tinham acesso à escolaridade.
Educação na Colônia:
A educação era representada pela ação dos jesuítas da Companhia de Jesus, liderada pelo Padre Manuel da Nóbrega. Não havia qualquer ação educativa sistemática para os negros que trabalhavam nas lavouras.
Educação no Império:
Em 1824, é outorgada a primeira Constituição brasileira que preconizava a "instrução primária e gratuita para todos os cidadãos”. Mas na prática, ainda não havia uma organização educativa por parte do Estado.
Educação na República:
José Ferraz de Almeida Jr (Brasil,1850-1899) Moça com livro, 1879, MASP.
O percentual de analfabetos no ano de 1900, segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 75%.
Brasil Atual:
Atualmente, temos vários programas de incentivo à leitura. Dentre eles, o PROLER que foi Instituído em 13 de maio de 1992 pelo Decreto nº. 519, e está vinculado à Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
Reflita, agora, sobre o panorama atual brasileiro. 
A partir do Censo Escolar da Educação Básica de 2009 – Anexo I, analise os números de alunos que estão estudando nas redes de ensino estaduais e municipais urbanas e rurais.
Tendo como base os dados do Censo, pense sobre as seguintes questões:
• são 14.346.603 alunos matriculados no ensino fundamental e 2.773.290 alunos matriculados no EJA da educação pública. Este parece um quantitativo representativo da democratização do ensino em nosso país?
• será que a quantidade de alunos matriculados na rede pública acompanhou a evolução das pesquisas sobre os métodos de alfabetização?
• como será o aproveitamento desses alunos no que se refere a sua formação como leitores e escritores?
E por falar em formação de leitores...
Vamos dialogar com Marlene Carvalho (2001).
Marlene Alves de Oliveira Carvalho lecionou durante mais de dez anos em escolas municipais. Formou-se em pedagogia pela UFRJ, onde também fez mestrado em Educação. Na Bélgica, concluiu o Doutorado, com uma tese sobre classes de alfabetização. Criou o Curso de Extensão em Alfabetização para Professores do Município do Rio de Janeiro. Atualmente, é professora do Mestrado da UCP e assessora pedagógica do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos organizado pela UFRJ.
Diante de sua vasta experiência na formação de professoras alfabetizadoras, Marlene afirma que: “Produzir bons leitores é um desafio para a escola em todas as partes do mundo. Da escola primária à universidade, professores se queixam de que a maioria dos alunos lê mal e não sabe usar os livros para estudar”. (pág. 09).
Essa afirmação da pesquisadora nos ajuda a refletir sobre os critérios de qualidade e eficiência nos métodos de alfabetização que são utilizados na educação básica.
Ler é uma atividade bastante complexa que vai exigir o trabalho de vários processos psicológicos (concentração, percepção, análise, síntese e interpretação) e mecanismos cerebrais.
Carvalho:
“Neste processo, o leitor constrói os significados do texto e os compreende. Reparem que se disse construir e não captar os significados. O leitor tem papel ativo, não é apenas receptor” (pág. 10). É um modelo dialógico de leitura e interpretação em que o leitor é um co-criador do texto lido e precisa experienciar essa atividade desde a primeira infância quando começa a interpretar os contos de fadas e as primeiras reportagens de jornal.
O leitor vai sofisticando as suas habilidades de ler, compreender e interpretar o texto, um exemplo bem contemporâneo são as leituras cada vez mais rápidas, baseadas em imagem e escritas pictográficas e abreviadas a partir da interação com as novas mídias digitais.
É no contexto da cibercultura, onde o texto se transformou em hipertexto e onde os links fazem a nossa leitura estabelecer diálogos em rede com conceitos que apresentam inúmeras estratégias de organização.
O que vem a ser a leitura?
Conheça alguns conceitos e pense sobre a resposta.
Modelo interativo:
É uma concepção fundamentada no diálogo, na troca, na interação que ocorre entre o leitor, o autor do texto e o próprio texto. Há uma espécie de co-autoria do texto pelo leitor, na medida em que ele inaugura os significados construídos no ato da leitura. Desta forma, a leitura é um processo perceptivo e cognitivo que só se torna possível dentro de um contexto sociocultural.
Modelo psicolinguístico :
É um processo de interação entre as estruturas cognitivas que o sujeito apresenta e as informações do texto. O objetivo principal da leitura é a compreensão e, para isso, no processo de leitura, o leitor utilizará seus pressupostos subjetivos que o auxiliarão na compreensão do texto.
Modelo de decodificação:
É um processo bem diferente da leitura, pois se limita a decodificação do sistema linguístico: letra, palavras e frases, sem, no entanto, ter maior atenção sobre o significado do que se está lendo. 
Esta concepção está fundamentada no ensino da leitura como se fosse uma lógica combinatória entre os fonemas, que memorizados mecanicamente pelo leitor, são sonorizados no ato da leitura.
Existe um segredo para uma boa leitura?
“O bom leitor não se faz por acaso. Quase sempre é formado na infância, antes mesmo de saber ler, através do contato com a literatura infantil e as experiências positivas no início da alfabetização.” (CARVALHO, 2001, pág. 11).
Com essas assertivas, Carvalho (2001) nos propõe uma leitura contextualizada, dialógica em que o leitor assume um papel ativo na construção dos significados do texto e na busca por informações.
Com essas assertivas, Carvalho (2001) nos propõe uma leitura contextualizada, dialógica em que o leitor assume um papel ativo na construção dos significados do texto e na busca por informações.
Assim fazemos mais algumas perguntas. 
• Porque são mantidas práticas ineficazes de alfabetização? Seria uma decisão política?
• Qual é o resultado imediato destas metodologias na formação dos leitores e escritores?
• Você já ouviu falar dos analfabetos funcionais?
Analfabetismo funcional – uma realidade que pode ser transformada:
O conceito de analfabeto funcional é utilizado para designar pessoas incapazes de utilizar a leitura, a escrita e a capacidade de calcular de forma pragmática no seu cotidiano, sendo que estas têm uma história de escolarização.
Conheça os três níveis distintos de alfabetização que foram revelados pelo Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) para avaliar as habilidades para numeração (matemática) e letramento (leitura/escrita) na população adulta:
Nivel pleno:
Localiza mais de um item de informação em textos mais longos, compara informação contida em diferentes textos, estabelece relações entre as informações (causa/efeito, regra geral/caso, opinião/fato). Reconhece a informação textual mesmo que contradiga o senso comum.
Nivel básico:
Localiza uma informação em textos curtos ou médios (uma carta ou notícia, por exemplo), mesmo que seja necessário realizar inferências simples.
Nivel redimentar:
Localiza uma informação simples em enunciados de uma só frase, um anúncio ou chamada de capa de revista, por exemplo.
O nível pleno é considerado satisfatório, pois, permite que a pessoa possa utilizar com autonomia a leitura como meio de informação e aprendizagem. 
A partir daí, perguntamos: 
Há um percentualsignificativo da população brasileira que apresenta as competências do letramento no nível pleno de alfabetização?
E por falar em escrita, existe alguma correlação entre a escrita e a civilização?
Para compreender essa questão, vamos fazer um diálogo com José Juvêncio Barbosa (1994).
É professor formado pela USP, colaborador de revistas em pesquisas e foi premiado pelo concurso Nacional de Monografias sobre “Alfabetização e Pobreza” (FLE e SBPC, 1986).
Se existe um marco da passagem da pré-história para a história é a escrita, pois ela tem “origem no momento em que o homem aprende a comunicar seus pensamentos e sentimentos por meio de signos. Signos que sejam compreensíveis por outros homens que possuem ideias sobre como funciona esse sistema de comunicação” (1994, pág. 34).
Evolução da escrita:
Conheça as fases da evolução cultural da escrita.
Pintura:
Antes utilizada como representação estética, a pintura e os desenhos começaram a ser utilizados como símbolos para identificar pessoas ou objetos. Foi uma etapa descritiva que não apresentava relação com os idiomas. Progressivamente, um mesmo desenho passou a ser utilizado para representar o mesmo objeto, sendo que este símbolo era compartilhado por um grupo social. Neste momento, foi inaugurada a etapa da escrita mnemônica.
Escrita ideográfica:
Representando ideias e não palavras, esta modalidade de representação foi encontrada na Sumária num templo que recebeu o nome do seu rei em 3150 a.C.
Escrita Cuineforme:
“Sinais gráficos em forma de cunha, traçados em tijolos de argila por meio de instrumentos de metal”. (Barbosa, 1994, pág. 35). Geralmente silábicos, representavam nomes pelo desenho dos sons desses nomes, os chamados hieróglifos.
Leitura e escrita contemporâneas – influência das mídias digitais:
Desde 1444, quando Johannes Gutenberg criou a imprensa tornando possível a disseminação e a conservação da cultura através da escrita, muitas transformações ocorreram nas práticas de leitura e escrita da humanidade.
Atualmente, temos o internetês que são neologismos que abreviam a palavra para tornar sua escrita mais rápida no ambiente digital.
Esse tema será aprofundado na aula teletransmitida.
Nesta aula, você:
• teve a oportunidade de refletir sobre os importantes fatores que interferem na formação de leitores e escritores em nosso país - as políticas públicas, os mediadores escolares e não escolares etc.;
• conheceu o processo de desenvolvimento da escrita ao longo da história da humanidade até os dias atuais;
• pôde refletir sobre pessoas que se constituíram como importantes mediadores em sua formação como leitor e escritor.
Aula 02: História da Alfabetização no Brasil
Para início de conversa, tente lembrar-se como ocorreu seu processo de alfabetização e, pensando nisso, reflita sobre as questões a seguir.
Qual foi a cartilha adotada e o método aplicado na época da sua alfabetização?
Como eles influenciaram na sua compreensão do que é aprender a ler e escrever?
Qual a relação das cartilhas com a história da alfabetização do Brasil?
Essas são algumas das questões que discutiremos nesta aula.
O que é alfabetização? 
Você conhecerá a alfabetização como um conceito que é produzido histórica e culturalmente. Então, prepare-se para iniciar seu contato com a história da alfabetização no Brasil. 
Para facilitar, o ponto de partida será no início da república até chegarmos aos dias atuais.
Desde o início da república a questão da leitura e da escrita foi considerado como um problema a ser resolvido. 
Com 75% da população analfabeta, a nova ordem vigente apontava para a necessidade de garantir à população o acesso a cultura “letrada”.
Também podemos olhar para a história da alfabetização do Brasil através das Cartilhas de Alfabetização. 
No início da república, também começa o processo de escolarização das práticas de leitura e escrita, onde o principal material é a Cartilha. Dentro dela, virá o método a ser proposto.
Foram muitas as cartilhas, mas você conhecerá algumas a partir de agora.
Esta é a primeira cartilha que você conhecerá: a Cartilha Maternal João de Deus.
Especificações da Cartilha que você vê ao lado:
Lisboa: Convergência, 1977.
Ilustrações: José Rui.
Conheça um pouco mais sobre as primeiras Cartilhas.
As primeiras cartilhas foram produzidas por autores estrangeiros. Em seguida, surgiram os professores brasileiros escritores de cartilhas.
As primeiras cartilhas foram produzidas por autores estrangeiros. Em seguida, surgiram os professores brasileiros escritores de cartilhas.
As primeiras cartilhas brasileiras foram produzidas com base nos métodos de marcha sintética, com base nos processos de soletração e silabação. 
Os professores, principalmente os fluminenses e paulistas, foram os principais responsáveis com sua experiência didática.
1930:
A partir dos anos de 1930, aproximadamente, as Cartilhas passaram a se basear em métodos mistos ou ecléticos. 
Isso ocorreu especialmente em decorrência da disseminação e da repercussão dos testes ABC, de Lourenço Filho.
A finalidade desses testes era medir o nível de maturidade necessário ao aprendizado da leitura e da escrita, visando a maior rapidez e eficiência na alfabetização
Podemos verificar, então, um processo de secundarização da importância do método, uma vez que o como ensinar encontra-se subordinado à maturidade da criança e as questões de ordem didática, às de ordem psicológica.
O uso da nomenclatura “Cartilha de Alfabetização” passa a ser considerado inadequado a partir dos anos 80. Veja abaixo, como ficaram as Cartilhas a partir dos anos 80.
Os livros de alfabetização usados passam a incorporar novas propostas introduzidas. Mas, os antigos livros baseados nos métodos de alfabetização também continuam presentes no meio educacional.
Agora, conheça e compare os métodos de alfabetização que foram empregados nas Cartilhas que conhecemos até aqui.
Metodos sintéticos:
O processo de análise da língua se dá das partes para o todo. São métodos que baseiam-se no conceito de que as unidades significativas da língua – sons e letras – é que devem ser o ponto de partida.
Métodos Analiticos:
O processo de análise da língua se dá do todo para as partes. São métodos que dão ênfase à compreensão da leitura desde a sua fase inicial, baseiam-se no conceito de que as unidades significativas da língua – palavras e sentenças – é que devem ser o ponto de partida.
Nesta aula, você:
• teve a oportunidade de refletir sobre a história da alfabetização no Brasil e a contribuição deste estudo para sua formação docente;
• compreendeu como a adoção das cartilhas e dos métodos de alfabetização influenciaram, de forma significativa, a compreensão do que é aprender a ler e escrever nos dias atuais;
• identificou as principais concepções e práticas de alfabetização. O Construtivismo o Sociointeracionismo (histórico-cultural) e o conceito letramento presentes atualmente nas práticas do professores alfabetizadores.
Aula 03: Teorias de Conhecimento/Formação de Leitores e Escritores
Há várias formas de ensinar uma criança a ler e a escrever.
Para começar seu estudo, pense em suas vivências de alfabetização na infância e reflita sobre as questões a seguir.
O que fazer com a escrita espelhada?
Como trabalhar com jornais para contribuir para o processo de letramento das crianças já na educação infantil?
Uma importante conquista da criança é a aprendizagem da leitura e da escrita. 
Ambos são processos complexos e que conduzirão a criança a um caminho de crescente autonomia e construção do conhecimento sobre a realidade que a cerca.
Podemos empregar várias formas, não aleatórias, para ensinar uma criança a ler e a escrever. Essas formas têm relação com as concepções de conhecimento que são apresentadas pelos professores, pelos autores do material didático e por fim, pelas secretarias de educação ou órgãos responsáveis pela alfabetização.
Você conhecerá a partir de agora três concepções de conhecimento:
Prepare-se para conhecer os teóricos quefundamentam essas concepções, assim como seus princípios epistemológicos e as práticas que são produzidas na sala de aula na formação de leitores e escritores.
Concepção Empirista:
Antes de qualquer coisa, veja aqui o relato sobre a representação da uma criança no seu primeiro dia de aula do primeiro ano do Ensino Fundamental. Ele nos trará algumas pistas sobre a concepção empirista na escola.
Esse relato remeteu a você alguma memória sobre as suas vivências de alfabetização na infância?
Compare-as com a concepção empirista, que você conhecerá a seguir.
A Concepção Empirista... 
... fundamenta uma prática de alfabetização que associa a aprendizagem da leitura e da escrita à experiência e ao treinamento de habilidades psicomotoras. 
A concepção filosófica empirista foi representada fortemente por John Locke (1632-1704) que defendia a experiência e os sentidos como elementos a serem valorizados para o alcance do conhecimento. 
Sendo assim, a alfabetização é concebida como um processo que deve estar apoiado em critérios de prontidão ou maturação neurológica, pois a criança deve ter estruturas nervosas e perceptivas prontas para interagir com o meio e extrair dele as experiências alfabetizadoras.
O princípio psicológico que fundamenta as práticas de treinamento empirista no processo de alfabetização está baseado na escola behaviorista e na concepção de aprendizagem como uma modelização de comportamento a partir de estratégias de reforço positivo. 
A criança aprenderá a ler e a escrever a língua portuguesa como um modelo, utilizando-se:
• do treinamento;
• da cópia;
• da repetição;
• da memorização. 
A criança, portanto, é vista como ser passivo e incompleto, que deve ser ensinado pelo meio, pois as suas experiências culturais (não escolares) com a leitura e a escrita não são valorizadas pela escola.
Com base na concepção empirista, veja como são considerados:
Escrita:
É compreendida como uma atividade motora que deriva da associação dos estímulos sonoro-auditivos e precisa estar de acordo com as regras da gramática normativa, fazendo com que a criança escreva a partir de um modelo, ou seja, de uma cópia apresentada pelo professor. 
Dessa forma, a escola ao ensinar a escrita não abre espaço para as práticas discursivas que fazem parte da cultura das crianças que estão no processo de alfabetização. (OSWALD, 1996).
Leitura:
É concebida como uma decodificação ou decifração dos sinais gráficos em fonemas, sendo assim, mais importante que o significado do texto lido é a composição dos fonemas que formam as palavras, pois através da repetição sonora a criança aprenderá a ler.
Material didático:
O material didático privilegiado pela escola são a cartilha e as palavras previamente definidas pelo professor para a apresentação das dificuldades ortográficas em uma ordem crescente para as crianças.
Ambiente alfabetizador:
É aquele em que as palavras, as lições, os textos já estão prontos, as crianças são concebidas como sujeitos passivos que deverão aprender de acordo com as apresentações feitas pelo professor. 
Cópias, ditados, caligrafia e vários instrumentos priorizam a forma em detrimento do conteúdo da escrita.
Muitos educadores se sentem mais seguros ao se fundamentarem na concepção empirista, pois foram alfabetizados com ela. Além disso, conseguiram alfabetizar centenas de crianças ao longo de suas vidas profissionais. 
Levantamos, então, o seguinte questionamento para esses educadores: 
Será que as competências exigidas aos leitores e escritores da atualidade são exercitadas neste paradigma empirista? 
Concepção Construtivista:
Antes de estudar a concepção construtivista, veja um relato de outra criança sobre o seu primeiro dia de aula. Ele mostrará algumas características da concepção construtivista no cotidiano da alfabetização. 
Conheça agora a concepção construtivista. 
Chegou ao Brasil nos anos 80 para fazer uma crítica às práticas mecanicistas de ensino da leitura e da escrita tão utilizadas na concepção empirista. 
Chegou juntamente com uma nova proposta de prática educativa conhecida como construtivismo. Nesta concepção, a criança era concebida como um sujeito ativo na construção e sistematização dos seus conhecimentos. 
A concepção Construtivista de ensino da leitura e da escrita está fundamentada na teoria de desenvolvimento psicológico de Jean Piaget.
Nesta teoria, a criança é concebida como um sujeito em permanente construção do seu conhecimento, a partir da sofisticação dos esquemas cognitivos utilizados para interagir com a realidade. 
Veja a seguir, a transformação que a Psicogênese da Língua Escrita ocasionou. 
Veja quais são as fases do desenvolvimento da escrita. 
Fase pre sibalica:
Nesta fase, a criança escreve da forma como sabe e tenta diferenciar letras, números e desenhos numa tentativa de definir o que pode ser lido. 
Não existe qualquer correspondência entre o som e as tentativas de representação gráfica das palavras, pois as crianças utilizam elementos gráficos icônicos que podem ter relação com o signo que está sendo representado. 
As crianças também utilizam as letras que compõem o seu nome, pois elas fazem parte do seu universo cultural. 
Fase sibalica:
A criança já percebe que a escrita é formada por um conjunto de símbolos que são convencionais e que ela pode representar a realidade. Mas, para isso, é necessário que algumas condições sejam satisfeitas como a quantidade e a qualidade mínima de caracteres escritos. 
Palavras monossilábicas e sílabas soltas se tornam um material de mais difícil leitura. A criança começa a escrever com uma lógica silábica, atribuindo uma letra para cada sílaba, compreendendo que o princípio que forma as palavras é o fonográfico, ou seja, um princípio que relaciona grafema e fonema. 
Fase sibalica alfabética:
Nesta fase, a criança sofistica um pouco mais a sua compreensão da formação da escrita ao trabalhar com a lógica silábica e com a alfabética. Nesta transição, ela percebe que cada letra pode representar um fonema ou uma sílaba. 
Fase alfabética:
Quando a criança compreende que a escrita é a representação da fala e que cada fonema representa uma letra, ela está alfabetizada. 
Quando utilizar as letras de acordo com o seu valor sonoro convencional, a criança estará na fase alfabética e ortográfica. 
Na medida em que o professor passou a perceber a aprendizagem da escrita como um processo cognitivo, a noção de erro foi ressignificada, pois este foi compreendido como constitutivo do desenvolvimento das hipóteses cada vez mais sofisticadas de escrita. 
Ao contrário das cópias realizadas na concepção empirista, a criança na concepção construtivista escreve refletindo sobre as suas hipóteses de construção da palavra. 
Agora, assista o vídeo e perceba como é o ambiente alfabetizador nesta concepção de ensino da leitura e da escrita. 
Concepção Sociointeracionista:
Vamos conhecer a seguir a concepção sociointeracionista. 
Esta concepção foi construída com base na psicologia sócio-histórica de Lev Vygotsky (1896-1934) e das pesquisas neuropsicológicas realizas por Alexander Luria (1902-1977) sobre a aprendizagem da leitura. 
O conhecimento é construído socialmente e as práticas de leitura, escrita e oralidade são importantes elementos simbólicos para o desenvolvimento das funções mentais superiores. 
Lev Vygotsky (1998) dividiu o desenvolvimento psicológico em funções mentais elementares e superiores. 
Para a concepção sócio-histórica a linguagem informa e constitui os sujeitos como membros de um grupo cultural. Na escola, a leitura e a escrita são trabalhadas como experiências histórico-culturais que emergem nos discursos, nas palavras, nos ditos e não-ditos dos textos utilizados. 
Sendo assim, não há uma única forma de escrever, pois a escrita revela dialetos e as variáveis linguísticas, tão comuns num país com amplitude continental como o nosso. 
Tampouco, há uma única forma de compreender os textos, pois eles são ricos em significados e dependem da subjetividade do leitor. Os sentidosde cada palavra são inaugurados no ato da leitura e interpretação do texto.
Leitor, escritor, leitura e escrita, criador e criatura se confundem num processo em que a singularidade faz parte do cotidiano educativo. Veja as palavras de Smolka:
“a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura; aprende a falar, a dizer o que quer pela escrita” (SMOLKA, 1988 p. 63)
Esse aprendizado acontece através do estabelecimento de várias Zonas de Desenvolvimento Proximais. Isso ocorre porque as práticas linguísticas são desenvolvidas socialmente na escola, em casa, com diferentes instrumentos culturais que tornam o indivíduo mais competente do que se estivesse aprendendo mecanicamente as regras da língua mãe. 
Para saber mais sobre o cotidiano dessa concepção, leia aqui o relato de uma criança no seu primeiro dia de aula em uma escola com orientação sociointeracionista.
O trabalho com jornais contempla as premissas da concepção sociointeracionista, pois a leitura, a escrita e a pesquisa são realizadas de forma contextualizada e lúdica.
Nesta aula, você:
• teve a oportunidade de refletir sobre as diferentes concepções de conhecimento e como elas interferem no ensino da leitura e da escrita em nossa escola;
• conheceu a apropriação feita pelas teorias de Skinner, Jean Piaget e Lev Vygotsky para o processo de alfabetização e como diferentes perspectivas teóricas podem formar leitores e escritores com competências singulares.
Aula 04: Alfabetização em uma Perspectiva Construtivista
Para dar início ao estudo desta aula, pense no processo de construção da escrita de uma criança e reflita sobre as questões a seguir.
Piaget - Construtivismo
Emília Ferreiro desenvolveu a pesquisa denominada “A Psicogênese da Escrita”, que tem como pressuposto a Teoria Construtivista elaborada por Jean Piaget.
Confira os pressupostos da teoria construtivista do suíço Jean Piaget.
Um sujeito que cresce e se desenvolve na interação com o meio no qual está inserido. Um homem que é inteligente e construtor do seu conhecimento.
Desenvolvimento impulsionado pela aprendizagem. Os indivíduos crescem de forma semelhante, passando por estágios de desenvolvimento com características comuns aos diferentes homens. 
O homem na perspectiva piagetiana é um “sujeito universal”, é um sujeito inteligente que constrói o seu conhecimento na sua relação com o meio físico e social.
Agora, conheça a pesquisa feita por Emília Ferreiro.
Com base nos estudos de Piaget, Emília Ferreiro desenvolveu a pesquisa, em seu trabalho de doutorado, investigando como as crianças constroem o seu conhecimento sobre a língua escrita. 
Com a orientação do professor Piaget, Emília Ferreiro observou em seu estudo diferentes crianças em situações de escrita. Era uma pesquisa experimental, mas não em situações de sala de aula com crianças sendo alfabetizadas.
Emília Ferreiro – A Psicogênese da Escrita
Como acabamos de ver, diferentes crianças foram colocadas em situações de leitura e escrita. Com base nas observações, Emília Ferreiro formulou a “Psicogênese da Escrita”.
Emília Ferreiro – A Psicogênese da Escrita
A seguir, você conhecerá os níveis da psicogênese da língua escrita estudados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
Contribuições de Emília Ferreiro para o Processo de Alfabetização
O estudo de Emília Ferreiro pode nos ajudar com as seguintes questões: 
Com base nos estudos de Emília Ferreiro, como podemos olhar para a escrita das crianças?
Como pensar diferentes escolas e propostas de alfabetização que foram sendo organizadas tendo como base a pesquisa de Emília Ferreiro?
Reflita sobre essas questões, mas lembre-se que Emília Ferreiro não criou um método de alfabetização. Portanto, é um equívoco a indicação de que existe o método construtivista. Cabe ao professor organizar situações pedagógicas que considerem o ponto de vista construtivista.
Mudando o foco da alfabetização, Emília Ferreiro buscou identificar a lógica da criança no processo de construção da escrita.
Podemos identificar algumas contribuições do trabalho desenvolvido por Emília Ferreiro:
• olhar o processo de aprendizagem do ponto de vista da criança, mudando o foco do como se ensina para o como se aprende;
• o erro passa a ser visto como um momento construtivo do processo de aprendizagem;
• necessidade de organizar o trabalho pedagógico tendo como referência o conhecimento da criança.
Nesta aula, você:
• teve a oportunidade de refletir sobre a pesquisa desenvolvida por Emília Ferreiro, “A Psicogênese da Escrita”, que tem como pressuposto teórico a Teoria Construtivista de Jean Piaget;
• compreendeu que Emília Ferreiro, em seu trabalho, muda o foco do processo de alfabetização do “como se ensina” para o “como se aprende”, buscando identificar a lógica da criança no processo de construção da escrita. Neste percurso o erro é visto como elemento construtivo do processo de aprender;
• identificou as similaridades do processo de construção da escrita na criança, descrita na pesquisa de Ferreiro. Nos níveis da Psicogênese, são identificadas características que são comuns às crianças em seus percursos de construção da escrita.
Aula 05: Letramento e Alfabetização: Conceituação e Histórico
O tema desta aula tem como base os estudos da teoria Histórico-Cultural (Sociointeracionista) proposta por Lev Vygotsky. 
Com base nesta teoria, vamos investigar como podemos pensar a apropriação da leitura e da escrita dentro de um processo de interlocução, troca e compreensão de sentidos que se dão nas interações entre os diferentes sujeitos. 
Vygotsky – Teoria Histórico – Cultural:
Você lembra quais os pressupostos da teoria histórico-cultural produzida pelo russo Lev Vygotsky, seus colaboradores e outros que o sucederam? Confira abaixo.
Aprendizagem:
Por entender que os homens se constituem como pessoas no seu contexto de cultura, o sujeito na perspectiva vigotskiana é um sujeito da sua história e da sua cultura, um ser histórico-cultural. Assim, ele participa, constrói e, na relação com a sua cultura, se constitui como pessoa. 
Os homens não são determinados pela cultura, mas autores de sua história, portanto, os percursos de desenvolvimento da vida são singulares e peculiares para cada pessoa.
Desenvolvimento:
Vygotsky nos apresenta uma compreensão de que o desenvolvimento é impulsionado pela aprendizagem, que por sua vez depende do desenvolvimento para acontecer. 
Com base na lógica apresentada por Vygotsky, podemos perceber que a aprendizagem e o desenvolvimento são inter-relacionados. 
Para aprender, os sujeitos precisam se desenvolver e, para se desenvolver, os sujeitos precisam se aprender, ou seja, um processo está intrinsecamente ligado ao outro.  
Agora veja outro aspecto relevante na concepção vigotskiana.
A relação pensamento linguagem como elemento fundamental para a compreensão da aprendizagem da leitura e da escrita nos leva a perceber que, como sujeitos de linguagem, a organização do nosso pensamento é constituída socialmente. 
Fazer uso da leitura e da escrita é também organizar a nossa linguagem na oralidade, no pensamento, fazendo uso das letras. 
A Dimensão Discursiva no Processo de Alfabetização:
Tendo como referência a perspectiva Histórico-Cultural, alguns autores brasileiros vão investigar sobre o processo de alfabetização, considerando a possibilidade de encontrar os autores e os interlocutores dos discursos orais e escritos produzidos para se aprender a ler e escrever. 
Dentre os estudos encontrados, identificamos com destaque o trabalho inaugural de Smolka.
Neste trabalho, Smolka vai apontar a possibilidade de uma alfabetização numa dimensão discursiva. Uma alfabetização em que o ler e o escrever compreenda que as crianças são sujeitos de sua história e de sua cultura, autores dos discursos orais e escritos, produzidos para se apropriar da linguagem na sua forma escrita.
Para este estudo, é necessário levantar algumas questões: Qual é a concepção de alfabetização do professor alfabetizador? Qual é a sua concepção deaprendizagem?
Agora você conhecerá o ponto de vista de Smolka (1991), que buscava uma compreensão do processo de alfabetização diferente do proposto por Emília Ferreiro.
Smolka nos traz a discussão da escrita como um conhecimento que é socialmente construído. Sua aprendizagem passa, necessariamente, pela compreensão das diferentes relações que os sujeitos estabelecem nos contextos nos quais estão inseridos.
É necessário pensar que, ao aprender a ler e escrever, a criança aprende também a interagir com os outros usando uma nova forma de linguagem. 
Isto significa que a criança precisará refletir sobre o que escrever, para quem escrever, quando escrever e como escrever, uma vez que a escrita será mais instrumento de interação nas suas relações cotidianas.
Alfabetização como um Processo Discursivo:
Vamos falar agora sobre a importância da perspectiva da alfabetização como um processo discursivo. 
É necessário também compreender que a escrita é um importante instrumento para a aprendizagem de outros conhecimentos. Ao aprender a ler e a escrever, a criança aprende também a ler e a escrever o mundo no qual vive.
A compreensão da alfabetização como um processo discursivo pressupõe a organização de uma proposta pedagógica que favoreça:
Um trabalho com a oralidade:
Ao nascer, a criança está mergulhada em um contexto de interações constantes com os que estão a sua volta.
Além dos gestos, sinais, movimentos e formas de interação variadas, as crianças se comunicam por meio da oralidade. Através dela, a criança se constitui como pessoa e pensa o mundo em que vive. 
Neste sentido, é de fundamental importância trabalharmos conversas, leitura de textos, debates e brincadeiras, explorando de forma intensa os elementos da oralidade. 
Isso porque, além de ser referência de linguagem para a criança, a oralidade possibilita explorar a organização do pensamento para, em seguida, trabalhar com a linguagem na sua forma escrita.  
A leitura e a escrita com função social:
Ler e escrever é viver situações reais com produção de textos nas suas formas mais variadas. 
A escola precisa garantir um trabalho com  textos reais, materiais reais e situações adequadas às condições escolares. Assim, a leitura e a escrita funcionarão com sentido e significado para as diferentes crianças.
Trazer as experiências do contexto cultural das crianças é o ponto de partida para um trabalho com textos funcionais e significativos. Em seguida, é possível ampliar o universo de experiências oferecendo outros textos e situações relacionadas com as já vividas, mas que vão possibilitar ampliar o universo de interações pela via da linguagem oral e escrita.
Antes de fazer pressuposições, pesquisar com as crianças é um bom caminho para conhecer o seu universo cultural de leitura e escrita.
A criança como um sujeito de discurso:
A criança, ao chegar à escola, traz consigo sua história e sua cultura. Isto deve ser considerado como algo relevante no processo de alfabetização. 
A ação educativa só tem sentido se estiver adequada a este sujeito, sua idade e seu contexto de vida.
É através do discurso da própria criança que esses elementos entram na escola. Portanto, a proposta pedagógica deve estar organizada para dar voz e vez a esta criança. Dentro desta perspectiva, os discursos orais que poderão se organizar em discursos escritos das crianças serão os conteúdos de trabalho do professor alfabetizador.
Nesta aula, você:
• teve a oportunidade de refletir sobre o trabalho de alfabetização numa dimensão discursiva, com base nos estudos da teoria histórico-cultural (Sociointeracionista);
• conheceu como podemos pensar a apropriação da leitura e da escrita dentro de um processo de interlocução, troca e compreensão de sentidos que se dão nas interações entre os diferentes sujeitos;
• pode analisar a alfabetização como produção de discurso em que o ler e o escrever se inserem no processo de interação entre os sujeitos.
Aula 06: Letramento e Alfabetização: Conceituação e Histórico
O tema desta aula tem como base os estudos de Magda Soares a respeito da identificação do conceito de letramento e suas implicações para as práticas de alfabetização a partir dos anos 80.
Você sabe o que é letramento?
Temos convivido no meio educacional e nos últimos anos com o termo “letramento”, mas na maioria das vezes o uso do termo não é acompanhado de uma reflexão sobre o seu significado. 
Por isso,  a palavra letramento tem sido muitas vezes entendida e usada de forma ambígua e inadequada.
Vamos nos aprofundar sobre a conceituação e o histórico do tema letramento e alfabetização.
Conceito de letramento:
É uma noção construída historicamente.
É tão difundido no campo educacional, que vem sendo formulado e reformulado por vários autores.
Dentre os trabalhos realizados sobre este assunto, podemos citar com destaque o estudo de Magda Soares(2000), no livro “Letramento: um tema em três gêneros”.
Como a palavra letramento foi tendo vários sentidos e usos na sociedade brasileira, Magda Soares vai buscar na palavra de língua inglesa  literacy, o sentido do termo letramento para o seu estudo.
Em seu trabalho,  Magda Soares identifica a necessidade de distinção entre Letramento e Alfabetização. Vamos vê-las.
A  alfabetização está vinculada ao processo de aquisição do sistema da escrita.
O letramento está relacionado à participação ou ao envolvimento em práticas sociais de leitura e escrita.
Ao fazer a distinção entre alfabetização e letramento, Magda Soares nos apresenta algumas situações em que esta diferença pode ocorrer.
Explica ela que uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada, como também pode ser letrada e não ser alfabetizada. Vamos ver como isso acontece nos exemplos a seguir.
Uma criança pequena que ainda não sabe ler, mas folheia livros e “finge”  lê-los.
Um adulto que não aprendeu a ler,  mas pede para que alguém leia ou escreva para ele.
Comentários
Em ambos os casos, tanto a criança, como o adulto, podem ser considerados analfabetos do ponto de vista da aquisição do código, mas são letrados, pois participam de situações sociais em que a leitura e escrita estão presentes.
Como podemos identificar o letramento na escola?
Para explicar as aplicações de letramento nas práticas de alfabetização nas escolas, veja as situações pedagógicas que estão sendo usadas.
Nesta aula, você:
• estudou a história e o conceito de Letramento no Brasil, a partir dos estudos de Magda Soares;
• identificou o conceito de Letramento e suas implicações para as práticas de alfabetização no Brasil em fins dos anos 80;
• distinguiu Alfabetização de Letramento.
Aula 07: Letramento e Alfabetização: Como Alfabetizar Letrando
Após a compreensão sobre a categoria letramento e sua diferenciação do processo de alfabetização, é hora de refletirmos sobre como um educador pode trabalhar com práticas de letramento, que dotem as crianças de competências linguísticas para interagir com a diversidade de gêneros de leitura e demandas de escrita e oralidade na atualidade. 
Assim, entendemos que essas competências são desenvolvidas na medida em que as crianças possam refletir sobre os textos que:
Ouvem, falam, escrevem.
Para que esse desenvolvimento ocorra, é necessário que sejam utilizadas tanto as regras da gramática normativa quanto as características peculiares de cada gênero textual. 
Você já assistiu ao filme Os Filhos de Francisco (2005)? Este filme certamente irá auxiliá-lo a entender a complementariedade existente entre alfabetização e letramento.
Vamos aprofundar o estudo do nosso tema descobrindo mais sobre como promover a prática do letramento através de exercícios que envolvam as práticas de leitura, escrita e oralidade. 
No que se baseiam estas praticas:
Essas práticas estão fundamentadas numa compreensão da língua como um processo de interação social, na qual os interlocutores constroem sentidos e significados de acordo com o contexto em que ocorre a interlocução. Em outras palavras, de acordo com as práticas discursivasconstituídas socialmente.
Como é possível exercita-las:
É possível quando o desenvolvimento das competências, é feito através do conhecimento de que é possível trabalhar a leitura, a escrita e a oralidade, a partir da interação com o texto.
Um exemplo para o exercício do desenvolvimento das competências de letramento é indicado no texto A professora e a maleta, escrito por Lygia Bojunga Nunes em 1978, como parte integrante do livro A Casa da Madrinha. 
Um texto rico em realismo fantástico e metáforas que fizeram duras  críticas ao poder político da época.
Como você viu anteriormente, há uma relação entre o desenvolvimento das competências de letramento e a interação com o texto. 
Conheça, agora, alguns tipos de leituras que são capazes de contribuir para o desenvolvimento das competências de letramento escolar.
Pre leitura:
Quanto mais o leitor souber sobre o gênero e o autor do texto lido, mais informações ele terá para interpretar a obra. Antes  de iniciar a leitura propriamente do texto, os professores podem resgatar os conhecimentos prévios que as crianças têm sobre o gênero, o autor e o texto. Podem também trabalhar os objetivos da leitura, pois há uma grande variedade de textos que oferecem informações diferenciadas. 
Leitura oral:
A maior parte dos textos lidos em nossa cultura são realizados de forma silenciosa e individual, entretanto, a leitura oral tem a sua importância quando tratamos de contação de histórias, declamação de poesias, acentuação da expressividade do texto, literatura de cordel, textos teatrais entre outras modalidades que necessitam diferenciar o ritmo e a sonoridade da leitura.
Leitura silenciosa:
Na leitura silenciosa a criança pode desenvolver a capacidade de interpretação e síntese do texto. É uma leitura que exige maior concentração do leitor e abre maior possibilidade para diálogo como autor do texto.      
Interpretação oral:
Todo o texto pode apresentar uma multiplicidade de sentidos e interpretações que são inerentes a cada leitor, pois são elaboradas a partir da subjetividade ou dos pressupostos que o leitor apresenta no ato da leitura. A criança deve saber que a leitura é um diálogo com o autor do texto e que dessa forma, ao dialogar, o leitor constrói significados singulares. Com a interpretação oral, a criança pode confrontar pontos de vista e perceber que diferentes leituras podem ser feitas sobre um mesmo texto.
Interpretação escrita:
Se na interpretação oral o objetivo era confrontar pontos de vistas diferentes, na interpretação escrita, a ideia é  aprofundar a compreensão individual do leitor sobre os aspectos apresentados no texto. Esta modalidade de atividade possibilita a  emergência dos sentidos criados pelo leitor, inferências e posicionamentos em relação aos temas abordados. O mais importante é refletir em busca da resposta e não dar uma resposta correta padrão.
Interpretação pelo desenho:
Qual é o objetivo das ilustrações que compõem o texto: enriquecer, complementar ou apenas ilustrar as informações? No trabalho da leitura como prática de letramento, levamos as crianças a perceberem nas ilustrações uma complementação das informações contidas no texto, desta forma, elas podem ser interpretadas tanto nos desenhos, como nas fotografias e demais ilustrações que se apresentam como signos repletos de significados.
Agora, você aprenderá um pouco mais sobre os aspectos que envolvem uma produção textual.
Quem escreve o faz para alguém, com um objetivo e com um tema definido. Por isso, escrever não é uma atividade cognitiva tão simples.
A escrita está presente no cotidiano e as crianças precisam descobrir a sua função social e as formas de produção que devem estar relacionadas a cada gênero do texto. 
Além disso, a criança pode aprender a diferenciar a sintaxe da oralidade com a da escrita e dotar seu texto de organização, coerência, coesão, unidade, informatividade, clareza e concisão.
As atividades de oralidade fazem parte do cotidiano das crianças, mas devem ser planejadas e realizadas na escola de forma sistemática para promover as habilidades indicadas a seguir.
Alguns exemplos de atividades em que estas habilidades são usadas são: os debates, a argumentação, seminário, relato de experiências, notícias, informações, apresentação de regras e instruções, entrevistas e depoimentos.
A consciência fonológica pode ser compreendida como percepção da estrutura sonora da linguagem, como os fonemas que constituem a língua e os sons que constituem as palavra
Para compreender o impacto das atividades de alfabetização que objetivam também o letramento da criança, leia os seguintes textos: A audácia, de Luiz Fernando Veríssimo (perceba a apropriação equivocada que muitos leitores tiveram do texto irônico do autor); O colunista só queria ironizar (veja as competências que faltaram nos leitores de Veríssimo na ocasião em que escreveu sobre o presidente Lula).
E agora que já compreendemos os objetivos de trabalhar a leitura, a escrita e a oralidade como práticas de letramento, vamos realizar uma atividade interativa? É uma proposta de trabalho com o livro A casa da Madrinha (1978) de Lygia Bojunga Nunes. O capítulo selecionado foi: A professora e a maleta. Leia o texto e depois faça a atividade a seguir.
Nesta aula, você:
•  aprendeu sobre as práticas de alfabetização e letramento que podem ser desenvolvidas na escola, com o objetivo de dotar os alunos com as habilidades de leitura, escrita e oralidade que são exigidas em nosso contexto sociocultural.
Aula 08: Planejamento de um Ambiente Alfabetizador
Para alfabetizar com o texto, é de fundamental importância que ocorra o planejamento de um ambiente alfabetizador. 
Por isso, é preciso que haja uma reflexão sobre a forma de organizar o espaço de alfabetização, e que este seja capaz de propiciar a forma adequada de apropriação da leitura e da escrita, e por diferentes alunos.
Baseado nos princípios desta reflexão, você irá conhecer dois aspectos, que funcionam como elementos fundamentais para o professor alfabetizador.  Veja quais são eles.
Além destes elementos fundamentais, o professor deve ainda considerar quatro eixos fundamentais para seu trabalho com o texto:
• a leitura
• a oralidade
• a escrita
• a análise linguística
Ambiente alfabetizador:
A organização do ambiente alfabetizador exige que o professor considere os alguns aspectos. Veja a seguir.
Analisando textos, podemos descobrir como trabalhar de forma significativa na alfabetização.
Organizar o espaço da sala é garantir a presença de materiais adequados para o trabalho com a leitura e a escrita, como também organizar uma proposta de trabalho que atenda a todos na sua singularidade e na sua diversidade. Veja algumas dicas para esta organização
Cantinhos: Organizar diferentes espaços na sala para as crianças circularem e terem uma boa oferta de materiais para a sua aprendizagem da leitura e da escrita.
(leitura/escrita/jogos/dramatização/desafios/artes/etc.)
Alfabetário: O alfabeto deve estar na sala de forma visível, agradável e de acesso para os alunos fazerem uso quando necessário.
Organização da sala: Distribuir as mesas em grupo/duplas para favorecer a troca e a cooperação.
Materiais adequados: Preparar diferentes materiais para ler ou escrever e colocar à disposição dos alunos.
Material de trabalho diversificado: Produzir com as crianças ou trazer materiais que possibilitem o uso pelas crianças sem o auxílio do professor.
Murais: Organizar com regularidade murais que sistematizem os conhecimentos aprendidos.
O objetivo do ambiente alfabetizador trata de garantir que a sala de aula esteja preparada para funcionar colaborando com as aprendizagens de leitura e escrita que os alunos irão realizar. Busca-se favorecer a autonomia e a colaboração entre os alunos e pensar que todos são capazes de aprender.
Trabalho com o texto:
Para saber como alfabetizar com o texto, vamos descobrir como elaborar uma proposta de trabalho cercando-se da leitura e da escrita, e considerando aspectos como “o que se escreve”,“o que se lê” e “os interlocutores do discurso.” 
É através da análise destes aspectos que podemos descobrir como aplicar esse conhecimento de forma significativa para a alfabetização com o texto. Veja exemplos de perguntas que você poderá fazer para ajudá-lo nesta proposta.
Como uma contribuição para a ação pedagógica, veja um exemplo de trabalho com o texto contendo alguns elementos que fazem parte do processo de estudo com a turma. 
 
Agora você conhecerá um exemplo de texto que poderá trabalhar na sala de aula com grupos de alunos. Lembre-se que este trabalho deve contemplar os elementos de ação pedagógica: oralidade, leitura, escrita e análise da língua.
Jogo de bola.
CONCLUINDO:
As noções que foram apresentadas aqui representam o que há de mais importante para uma pessoa poder dizer, por exemplo, que sabe como se faz para ler uma palavra simples como pote. 
Portanto, um professor que não souber lidar com esses conhecimentos, por consequência, não terá condições de controlar o processo de ensino-aprendizagem na alfabetização.
Nesta aula, você:
•  estudou o planejamento de um ambiente alfabetizador e a alfabetização com o texto como atividades de importância  fundamental para o processo de
alfabetização;
• aprendeu como utilizar o texto na alfabetização, considerando quatro eixos fundamentais para o trabalho com o texto: a oralidade, a leitura, a escrita e a análise linguística.
Aula 09: Alfabetizando com todos os sentidos
Esse contexto pode ser avaliado sob diferentes pressupostos teórico-metodológicos. Alguns educadores vão considerá-lo a classe de alfabetização perfeita. 
Já outros, sob o olhar da psicomotricidade, não perceberão vida e nem desenvolvimento das habilidades que são essenciais para a construção da escrita.
Vamos pensar como o corpo de crianças e adultos é compreendido na escola? É ele alvo de expressividade ou de disciplina? A problematização acerca destas questões, você verá clicando nos lembretes abaixo.
Escrita: Qual é a importância do movimento do desenvolvimento humano?
A primeira forma de linguagem e expressividade que os humanos apresentam é a corporal. O diálogo é tônico e vai ganhando significação a partir do momento que vai sendo interpretado pelos outros com quem o bebê interage (WALLON, 1995). 
Do desenvolvimento sensório-motor (percepção e movimentos que buscam cada vez melhor coordenação) o bebê vai sofisticando a sua atividade intelectual (concentração, memória, raciocínio) e passando para níveis cognitivos simbólicos (representativos, ricos em imaginação, capazes de planejamento). Todo esse processo é atravessado pela afetividade (sentimentos e emoções). 
Movimento: Se a criança não treinar os exercícios que levam à prontidão para a escrita, conseguirá escrever com eficiência e letra legível?
Na intenção de desenvolver as habilidades viso-motoras e dar prontidão às crianças, muitos educadores estruturam o seu planejamento de alfabetização reproduzindo as mesmas práticas compensatórias e mecanicistas que realizaram enquanto alunos, quando aprenderam a ler e a escrever: folhas mimeografadas, cópias no caderno, picar, amassar e cortar papéis. 
Esses exercícios não englobam a movimentação, expressão e desejo de todo o corpo, pois estão fundamentados numa concepção de linguagem estática, com treinamento mecânico da escrita a partir dos modelos que o meio (escola) oferece.
“...  a escrita é considerada um ato essencialmente motor que não impõe ao aprendiz grandes esforços cognitivos, a preocupação dos educadores limita-se ao treinamento de habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita (coordenação motora, discriminação visual e organização espacial)” (COLELLO, 1993, p. 59).
Brincadeira: Qual é a importância da brincadeira no processo de alfabetização?
Brincar é constitutivo do desenvolvimento integral da criança na medida em que ela inaugura a lógica da representação, da utilização de símbolos que percorrem uma trajetória do corpo à letra, passando pelo grafismo. Na brincadeira há desenvolvimento de praxias globais e finas. E, sobretudo, há a compreensão do contexto sociocultural que a criança vive, pois ao brincar, ela imita episódios e falas, compreende regras entre outras atividades do mundo adulto.
Vygotsky (1998) assinalou a existência de uma pré-história da escrita que é caracterizada pelas fases da linguagem oral e do grafismo.
Habilidades psicomotoras: Quais são as habilidades psicomotoras que podem ser desenvolvidas na educação infantil a fim de facilitar a alfabetização da criança?
A psicomotricidade na escola contribui para o exercício intencional e planejado de exercitar o esquema corporal, o equilíbrio, a coordenação motora grossa e fina, a estruturação espaço-temporal e a lateralidade.
Para Fonseca (1996), a criança precisa conhecer e compreender seu corpo para controlar melhor os seus movimentos. Ao ter domínio corporal, terá controle do corpo e da percepção espacial – habilidades fundamentais para o desenvolvimento da escrita.
Na alfabetização aspectos linguísticos, comunicativos e corporais estão envolvidos. A Psicomotricidade contribui como a ciência que torna a alfabetização mais lúdica, dinâmica e significativa.
Giancaterino (s/d), cita Molinari e Sens (2002) que compreendem a educação psicomotora nas séries iniciais como estratégia de prevenção, pois ela previne problemas de falta de concentração, confusão no reconhecimento das palavras, com letras e sílabas e outras relacionadas à alfabetização. Eles explicam que:
“uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, a leitura perde harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo da leitura não é mantido, ou então, é paralisado nomeio de uma palavra.”
Vamos agora compreender a relação entre o desenvolvimento psicomotor e a alfabetização. Para isso vamos começar descobrindo o que é psicomotrocidade.                           
A psicomotricidade é uma ciência que tem como objeto o homem, seu corpo em movimento e em relação com o mundo e seus sentimentos. Ciência que estuda o desenvolvimento das habilidades motoras e psicológicas.
O que Elesbão (2009) tem para nos falar sobre essa ciência?
“Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. A educação psicomotora é uma educação global que, associando os potenciais intelectuais, afetivos, sociais e motores da criança, dá-lhe segurança, equilíbrio e permite o seu desenvolvimento, organizando as suas relações com os diferentes meios nos quais deve evoluir” .  
A alfabetização é um processo complexo que pode utilizar diferentes tipos de linguagem. Pode ser lúdica, vivenciada de acordo com as demandas de leitura e escrita da contemporaneidade. Entretanto, o processo se torna especialmente difícil para algumas crianças que não conhecem o funcionamento da língua e não possuem as habilidades psicomotoras bem desenvolvidas.
Para a autora:
“O trabalho com a psicomotricidade contempla a multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade e movimento das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a alfabetização dos educandos”.
Gomes (1998) complementa explicando que, algumasdificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita que são apresentadas por alunos, decorrem de dificuldades relacionadas ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor, desta forma, a atividade psicomotora é um importante trabalho pedagógico para as séries iniciais.
Para Freire (1989), a brincadeira livre e, nela, a livre expressão dos movimentos corporais ajudam a criança a transformar em símbolos o que ela experimenta com o corpo. Em suas palavras: 
“Assusta-me ver crianças sentadas durantehoras em um banco escolar, falando de côas como ‘dois mais dois’, ‘o menino viu a vaca’, que podem não passar de sinais gráficos ou sonoros, desvinculados da atual realidade delas. O mundo da escola em primeiro grau deveria ser transformado em significado para a criança. Isso no entanto, só pode ser feito com indivíduos conscientes, ativos, dinâmicos, realizadores e transformadores” (p. 81).
Na proposta de letramento, você conheceu uma atividade de brincar livremente com os pés e com os desenhos. Agora, veja como pode aplicar esta mesma atividade, dividindo-a em dias de oficina.
Reconhecendo o meu corpo a partir do corpo do outro, é a primeira lição de lateralidade:
- Dar os pés de borracha para as crianças brincarem e reconhecerem a forma, o tamanho, o e os desenhos feitos;
- Pedir que contem a quantidade existente dos pés e chamar a atenção para as cores que formam cada par;
- Dividir os pés em conjunto de acordo com as cores e colocá-los embaixo de um cartaz onde estarão escritos os nomes das cores de caneta preta (para que as crianças leiam os nomes das cores);
- Ajudar as crianças a ordenar os números de 1 a 10, presentes nos pés;
- Fazer uma brincadeira para arrumar os pés da mesma cor, um ao lado do outro, formando um par. Mostrar que o número ímpar está sempre escrito no pé esquerdo e o número par, no pé direito;
- Trabalhar a lateralidade com o corpo (mãos, pés, lado do corpo).
Um pouco de matemática: forma, sentido, ordenação, classificação e aritmética.
- Propor às crianças que brinquem colocando seus pés sobre os pés de borracha e comparem o tamanho;
- Fazer uma linha de fita crepe no chão e colocar os pés em ordem crescente, os esquerdos de um lado e os direitos de outro. Pedir às crianças que andem sobre os pés, seguindo a ordem de um a dez e falando os números em voz alta;
- Pedir que façam uma coluna só com os números ímpares, e outra só com os números pares;
- Pedir que contem os pés de cada coluna;
- Brincar de fazer pequenas contas de somar e subtrair com os números;
- Caminhar por um caminho com pezinhos de EVA andando de frente e de costas.
Domínio corporal, equilíbrio e brincadeira:
- Pedir que as crianças empilhem os pés direitos e os esquerdos em montes separados. Nessa oportunidade, ajudá-las a reconhecer muitas partes dos membros inferiores: pés, dedos dos pés, calcanhar, tornozelos, joelho, coxa, barriga da perna;
- Ensinar a pular com um pé só, chutar bola, ficar de joelho, agachar, subir em cadeira para alcançar objetos, pular degraus;
- Colocar os pezinhos no chão organizados e desafiar as participantes a andarem sem pisarem no chão, usando apenas os pés de EVA como suporte;
- Fazer duas colunas e pedir para as crianças andarem por entre as linhas fazendo zigue-zague com os pés;
- Brincadeira de amarelinha utilizando os pés de EVA;
- Fazer um caracol com os pés e caminhar sobre ele.
Exercitando as funções intelectuais na brincadeira:
- Jogo da memória: virar os pés para encontrar os números iguais;
- Juntando as cores: separar os pés da mesma cor e contar quantos pés há de cada cor. Registrar a quantidade fazendo bolinhas de papel crepom numa folha e escrevendo o número correspondente;
- Tirando uma cor: juntar todos os pés, subtrair todos os pés de uma cor e questionar quantos pés foram tirados, registrar a quantidade desenhando os pés em uma folha.
Encerramento: avaliando as habilidades que foram construídas:
- Disponibilizar os pezinhos de EVA no chão aleatoriamente e pedir para as crianças caminharem ou pularem sobre os pés obedecendo às regras:
• pé direito nos pés de EVA de cor vermelha;
• pé esquerdo nos pés de cor verde;
• os dois pés nos pezinhos de outras cores exceto vermelho e verde;
- Ler e repetir a parlenda;
- Desenhar o que compreendeu da parlenda;
- Pesquisar as lendas do Saci-pererê e do Curupira, representando no papel a forma dos pés de cada um;
- Levar os pés de EVA para casa.
Alfabetização para além do papel e do lápis:
A alfabetização concebida nesta oficina concorda com a posição defendida por Freire (1990) ao afirmar que é uma atividade emancipadora do sujeito, pois inaugura “uma relação dialética dos seres humanos com o mundo, por um lado, e com a linguagem e com a ação transformadora por outro” (1990, p. 7). 
A alfabetização é mais que uma técnica, é uma ação política, cultural que liberta o homem por possibilitar a interpretação dos textos, a compreensão do mundo.
A alfabetização pode ser lúdica. Pode contemplar o desenvolvimento da criança como um sujeito completo, integrando as esferas cognitivas, afetivas e motoras. Para isso, a ação educativa deve trabalhá-la como uma prática de letramento, concernente ao contexto cultural em que vivemos e conferindo ao corpo a importância que merece.
Colello (1993), confirma o objetivo de nossa aula ao afirmar que:
“entendemos que os benefícios conquistados pela educação de corpo inteiro interferem positivamente nesse processo, incluídas aí as dimensões figurativas ( caligrafia, posição das letras e disposição do traçado no papel) e construtiva da escrita (compreensão o seu significado e funcionamento). Sem dúvida alguma, podemos afirmar que a vivência corpórea significativa amplia as possibilidades de expressão autêntica, na medida em que garante à criança uma  posição no mundo mais consciente.” (1993, p. 61)
Nesta aula, você aprendeu a :
• conheceu um pouco sobre o desenvolvimento psicomotor na infância e a importância da psicomotricidade no processo educativo;
• conheceu também uma possibilidade de trabalhar a leitura, escrita e o cálculo de forma lúdica, utilizando o corpo e as experiências das crianças.
Aula 10: O Professor e o Desenvolvimento do Gosto pela Leitura
Quando questionado sobre o desenvolvimento de seu gosto pela leitura, provavelmente, o que lhe vem a mente são lembranças de sua vivência como leitor. Recordações dos momentos de leitura na infância, leitura na escola, até que se depare com a leitura em nossa vida atual. Vamos aprofundar este assunto refletindo algumas questões.
Ler é uma atividade cognitiva complexa, pessoal e intransferível que acontece na interação com os mais diversos textos que conhecemos. Há variadas intenções na leitura e elas exigem estratégias adequadas para a melhor compreensão do texto. Ler poeticamente é diferente de ler para se informar. Ler é, antes de tudo, compreender, como diz Ezequiel Silva.
Como a atividade de leitura acontece principalmente no ambiente escolar, sabemos que os professores exercem uma forte influência na formação desta habilidade e desse gosto.
Professores são mediadores por excelência da formação do gosto pela leitura nas séries iniciais do ensino fundamental.
Entretanto, essa mediação nem sempre acontece da forma mais produtiva possível, segundo Cagliari,  “pois encontramos frequentemente entre as crianças na classe de alfabetização, uma prática de decifrar os sons das letras, de pronunciá-los em forma de palavras, conferindo maior atenção aos aspectos fonéticos que semânticos do texto”.
Interpretação de Texto:
A leitura é um ato de dialogismo e interpretação. Envolve aspectos semânticos e fonéticos, segundo CAGLIARI, possibilita “ao leitor apropriar-se das ideias que descobriu, ao decifrar o texto, e acrescentar suas próprias ideias às do autor”.
Muitos alunos não gostam de fazer exercícios de interpretação de textos. 
Aliás, algumas dificuldades acadêmicas em diferentes disciplinas residem nas falhas da interpretação dos enunciados, postulados, fórmulas, exercícios e avaliações.  
As falhas na interpretação dos textos podem ter como explicação:
1) dificuldades no processo de decifração do texto;
2) dificuldades no processo de compreensão do texto.
Também existem críticas à utilização da interpretação de texto como estratégia de verificação da aprendizagem. Nesta concepção, tal atividade impossibilita a criatividade e reflexão do aluno, o diálogo com o autor, a ressignificação dos seus presumidos e de sua subjetividade.  O mesmo autor afirma que o uso desta estratégiaimpossibilita, sobretudo, “a imaginação dedutiva que o leva a propor para si coisas novas, a partir de coisas velhas que aprendeu”.
Há elementos que facilitam a leitura e interpretação do texto em seus diferentes gêneros. Veja alguns exemplos.
A leitura como arma e leitura como sonho:
Agora, vamos conhecer algumas formas de interpretação?
Assim chegamos ao final de nossa disciplina...
Esperamos que as reflexões aqui suscitadas possam colaborar para a elaboração de práticas mais lúdicas e libertadoras de leitura e escrita nas escolas brasileiras, pois todas as atividades com a linguagem são formadoras de nossa consciência. 
A linguagem tem o poder de formar e informar os alunos. As práticas de leitura têm um papel político que pode ser evidenciado na vida das pessoas que leem e escrevem de forma letrada e eficiente.
Nesta aula, você:
  conheceu importantes elementos humanos e didáticos que facilitam o processo de formação do leitor e do gosto pela leitura na escola. 
  refletiu sobre as críticas feitas às propostas de interpretação de texto que apenas aferem a capacidade do leitor localizar as respostas no texto;
 experimentou algumas possibilidades de interpretação do romance Vidas Secas de Graciliano Ramos.

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