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CIRCUITOS ELÉTRICOS I 1 Capítulo 8 CIRCUITOS DE PRIMEIRA ORDEM 1. INTRODUÇÃO Neste capítulo são estudados circuitos contendo resistores e ca- pacitores e, também, resistores e indutores. A aplicação das leis de Kirchhoff, nestes circuitos, resulta em equações diferenciais de pri- meira ordem. São estudados, também, alguns métodos de solução destas equações diferenciais. Considera-se, inicialmente, circuitos RC e RL sem fontes inde- pendentes, onde a energia presente no circuito é a própria energia armazenada nos indutores e nos capacitores. Para esses tipos de circuitos, a solução é chamada de resposta natural do circuito. Em seguida adiciona-se fontes de excitação e, com isso, obtém-se a resposta forçada do circuito. Então a solução com- pleta do circuito é fornecida pela resposta natural e pela resposta for- çada conjuntamente. 2. CIRCUITO RC SEM FONTES Considere o circuito da figura 8.1, Figura 8.1 – Circuito RC sem fontes CIRCUITOS ELÉTRICOS I 2 em t=0, tem-se uma tensão inicial V0. Assim, 2 0CV2 1)0(E = (8.1) A determinação de v(t) e i(t) para t=0 é obtida utilizando-se a lei de Kirchhoff das correntes (LKC), como mostrado a seguir, 0 R v dt dvC =+ ou 0v RC 1 dt dv =+ (8.2) que é uma equação diferencial de primeira ordem. A solução da equação (8.2) é pode ser obtida da seguinte forma, dt RC 1dv v 1 −= (8.3) integrando-se tem-se que, k RC t vln dt RC 1dv v 1 +−= −= ∫∫ onde k é a constante de integração. Para que a solução seja válida em t≥0, k deve ser escolhido tal que a condição inicial de v(0)=V0 seja satisfeita. Assim, em t=0 tem-se que, kVln)0(vln 0 == CIRCUITOS ELÉTRICOS I 3 assim, 0 0 V vln RC tVlnvln =−=− finalmente, tem-se que, RC t 0eV)t(v − = (8.4) Da figura 8.1, nota-se que esta é a tensão sobre a resistência; en- tão pela lei de Ohm tem-se que, RC t 0 e R V R )t(v)t(i −== (8.5) Outra forma de se obter a solução da equação (8.3) é mostrado como segue, ∫∫ −= t 0t v 0V dt RC 1dv v 1 (8.6) e então, RC t 00 eV)t(v RC tVlnvln − =⇒−=− (8.7) que fornece a mesma solução que a equação (8.4). Um gráfico representativo equação (8.7) é mostrado na figura 8.2. A velocidade pela qual a tensão decai é determinada somente pelo produto da resistência pela capacitância. Visto que a resposta é so- mente caracterizada pelos elementos de circuito e não pela aplicação de uma fonte externa, a resposta é chamada de "resposta natural" do circuito. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 4 Figura 8.2 – Curva de descarga da tensão no capacitor A potência instantânea absorvida (ou dissipada) pelo resistor é dada por, RC t220 2 R eR V R )t(v)t(P −== (8.8) nota-se que a função potência elétrica, também, é uma função expo- nencial decrescente. A energia absorvida pelo resistor quando t→∞ é calculada da se- guinte forma. CV 2 1 eCV 2 1 - dt e R Vdt )t(p)t(E 2 0 0 RC t22 0 0 RC t220 0 RR = == === ∞ − ∞ − ∞ ∫∫ (8.9) que é a energia inicialmente armazenada no circuito, isto é, no capa- citor. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 5 3. CONSTANTE DE TEMPO Considerando o circuito da figura 8.1 e que, RC t 0eV)t(v − = (8.10) onde V0 é a tensão inicialmente armazenada em t=0. A figura 8.3 mostra os gráficos de v para RC = k (cte), RC = 2k e RC = 3k. Figura 8.3 – Gráficos da tensão com constantes de tempo diferentes A corrente do circuito da figura 8.1 é dada por, RC t 0 e R V R )t(v)t(i −== (8.11) Nota-se que a corrente decresce da mesma forma que a tensão. Observa-se, também, que mudando resistência e capacitância tal que o produto de RC permaneça constante causa uma mudança na cor- rente inicial R V0 . O tempo necessário para que a resposta natural decaia de um fa- tor de e 1 é definido como a "constante de tempo" do circuito, deno- minada τ (tau). CIRCUITOS ELÉTRICOS I 6 Para um circuito de primeira ordem RC a constante de tempo do circuito é dada por, RC =τ (8.12) Em termos de τ a resposta de tensão pode ser escrita como, τ − = t 0eV)t(v (8.13) A resposta ao final de uma constante de tempo é reduzida para e-1=0,368 do valor inicial, e ao final de cinco constantes de tempo ela se torna e-5=0,0067 de seu valor inicial. Assim, depois de quatro ou cinco constantes de tempo a resposta é praticamente zero. Uma propriedade interessante das funções exponenciais é mos- trada na figura 8.4. Uma tangente à curva em t=0 intercepta o eixo do tempo em t=τ. Figura 8.4 – Gráfico da tensão O conhecimento da constante de tempo permite predizer a forma geral da resposta dada pela equação (8.7), mas para a solução natural deve-se encontrar a tensão inicial v(0+)=V0. Para um capacitor, v(0+)= v(0-), então pode-se freqüentemente calcular V0, do circuito para t=0. Isso, é fácil se em t=0- o circuito está na condição de regime perma- nente (RP), como é visto no exemplo a seguir. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 7 Exemplo 1 Calcular VC(t) no circuito da figura 8.5 (a). Figura 8.5 (a) – Exemplo 1 Sol. A resistência equivalente vista pelo capacitor é, Req = 10 Ω A tensão inicialmente armazenada no capacitor é, V40100. 1510 10 )V(0- = + = Portanto, V0= v(0+)= v(0-)=40V. Para t>0 o circuito torna-se o circuito da figura 8.5 (b). Figura 8.5 (b) – Exemplo 1 A constante de tempo é somente o produto da capacitância pela resistência equivalente, 10s10.1 CR eq ===τ CIRCUITOS ELÉTRICOS I 8 Portanto, pela equação (8.7) a tensão é: V e40)t(v 10 t − = e a tensão no resistor é, V e8e40 82 2)t(v 10 t 10 t 1 −− = + = 4. CIRCUITO RL SEM FONTES Considere o circuito da figura 8.6, Figura 8.6 – Circuito RL sem fontes O indutor possui uma energia inicialmente armazenada, então, existe uma corrente I0 em t=0. A energia armazenada em t=0- é dada por, LI 2 1 (0)E 20L = (8.14) Usando a lei de Kirchhoff das tensões, tem-se que, 0Ri dt diL =+ CIRCUITOS ELÉTRICOS I 9 ou 0i L R dt di =+ (8.15) Esta equação é da mesma forma que a equação (8.2) para o cir- cuito RC. Supondo que a única solução da equação (8.15) é dada por, stAe)t(i = (8.16) onde A e s são constantes a serem determinadas. Substituindo-se a solução em (8.15), obtém-se 0Ae L R s st = + para satisfazer a equação acima existe duas possibilidades ou A=0 ou L Rs −= . Se A=0 ⇒ i=0 para todo t e não pode satisfazer i(0) =I0. En- tão, L Rt Ae)t(i −= A constante A pode ser determinada pela condição inicial i(0)= I0. Esta condição requer que, AI i(0) 0 == Portanto, a solução torna-se, L Rt 0eI)t(i − = (8.17) CIRCUITOS ELÉTRICOS I 10 Visto que a solução é uma função exponencial (como no caso do circuito RC) ela, também, tem uma constante de tempo τ. Então a equação (8.11) torna-se , τ− = t 0eI)t(i(8.18) onde R L=τ é a constante de tempo do circuito RL. Aumentando-se a indutância aumenta-se a constante de tempo do circuito. Entretanto, um aumento na resistência, reduz somente o valor da constante de tempo. Um gráfico de uma resposta típica de corrente é mostrado na figura 8.7 Figura 8.7 – Curva de resposta de corrente de um circuito RL A potência instantânea entregue ao resistor da figura 8.7 é, L Rt22 0 2 R eRI)t(Ri)t(P − == (8.19) Portanto, a energia absorvida pelo resistor quando o tempo se torna infinito é dada por, LI 2 1 dt eRIdt )t(p)(E 2 0 0 L Rt22 00 RR = ===∞ ∫∫ ∞ − ∞ (8.20) comparando-se este resultado com (8.14), nota-se que EL → ER. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 11 Se a tensão no indutor fosse calculada ao invés da corrente, a equação diferencial que representa o circuito seria, 0i(0)dt )t(v L 1 R v t 0 =++ ∫ derivando-se esta equação em função do tempo tem-se que, 0v L 1 dt dv R 1 =+ ou 0v L R dt dv =+ que tem a mesma solução da corrente e, portanto, tem a mesma for- ma. É interessante observar que se a tensão v for substituída pela corrente i, na equação anterior, então tem-se que: 0i L R dt di =+ que é a própria equação (8.15), como visto anteriormente. Exemplo 2 Determinar a corrente i e a tensão v no circuito da figura 8.8,que está em RP em t=0-. Figura 8.8 – Exemplo 2 CIRCUITOS ELÉTRICOS I 12 Solução Considerando que o circuito está em regime permanente, a cor- rente no indutor em t=0- é, A2 50 100)0(i ==− visto que a corrente no indutor não pode variar instantaneamente tem-se que, A2)0(i)0(i == −+ A constante de tempo do circuito é calculada como, Ω= + += 100 10075 100 . 7550Req e então, s1,0 R L eq ==τ Considerando que A2)0(iI0 == + , tem-se que, Ae2eI)t(i t10t0 −τ − == e a tensão no resistor de 75 Ω pode ser obtida através de uma LKT, como segue, Ve100i50 dt di10)t(v t10−−=+= CIRCUITOS ELÉTRICOS I 13 Exemplo 3 Determinar a corrente i no circuito da figura 8.9, considerando que há uma fonte controlada no circuito. Figura 8.9 – Exemplo 3 Solução Utilizando-se uma LKT no circuito tem-se que, 0kiRi dt diL =++ ou 0i L kR dt di = ++ A solução para esta equação é, L t)kR( 0eI)t(i + − = e a constante de tempo é dada por, kR L + =τ CIRCUITOS ELÉTRICOS I 14 � EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Determinar a corrente i para t>0, se o circuito está em regime permanente em t=0-. 2. Considerando que o circuito está em regime permanente em t=0-, calcular i e v para t>0. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 15 5. RESPOSTA A UMA FUNÇÃO DE EXCITAÇÃO CONSTANTE Considere-se o circuito da figura 8.10, onde Vc(0-)=V0. Figura 8.10 – Circuito RC com fonte de excitação Para t>0, utilizando-se a lei de Kirchhoff das correntes tem-se que, 0IR v dt dvC =+ ou C I v RC 1 dt dv 0 =+ (8.21) Utilizando-se o método de separação de variáveis e integrando-se obtém-se, k RC t 0 eRIv +− =− onde k é uma constante de integração. Resolvendo para v, encontra-se a seguinte resposta: 0 RC t RIAe)t(v += − (8.22) CIRCUITOS ELÉTRICOS I 16 onde A=ek é uma constante a ser determinada pelas condição iniciais do circuito. A primeira parcela da equação (8.22) representa a resposta natu- ral do circuito (sem fontes). Nota-se que ela tende a zero conforme o tempo aumenta. A segunda parcela é devido à fonte de excitação do circuito e é chamada de "resposta forçada" do circuito. Pode-se dizer que: Resposta natural = resposta homogênea; Resposta forçada = resposta particular. � OBTENÇÃO DA CONSTANTE A Seu valor deve ser escolhido de forma que a condição inicial seja satisfeita. Em t=0+ tem-se que, 0 - V) v(0) v(0 ==+ Portanto, em t=0+, na equação (8.22) requer que, 00 I RAV += ou 00 I RVA −= na equação (8.22) fica, RC t 000 e)RIV(RI)t(v − −+= (8.23) Deve-se observar que a constante A é determinada pela tensão (ou energia) inicial no capacitor e pela função de excitação I0. Os gráficos de Vn (resposta natural), Vf (resposta forçada) e V (resposta completa) são mostrados nas figuras 8.11 (a) e (b). CIRCUITOS ELÉTRICOS I 17 (a) (b) Figura 8.11 – (a) Resposta Natural e Forçada – (b) Resposta Completa A corrente no capacitor para t>0 é, RC t 00 c eR RIV dt dvCi − − −== e a corrente no resistor é dada por, RC t 00 0C0R eR RIVIiIi − − +=−= CIRCUITOS ELÉTRICOS I 18 É interessante notar que a tensão no resistor muda abruptamen- te de RI0 em t=0- para V0 em t=0+. A tensão no capacitor, como visto anteriormente não se altera instantaneamente. Exemplo 4 Determinar a tensão v no circuito abaixo para t>0. Figura 8.12 – Exemplo 4 6. O CASO GERAL As equações que descrevem os circuitos das seções anteriores são casos especiais da expressão geral dada por, QPy dt dy =+ (8.23) onde y é a incógnita, como v ou i, e P e Q são constantes. Comparan- do-se as equações (8.23) com a equação (8.2) tem-se que y=v, P=1/RC e Q=0. As mesmas relações são válidas para o circuito excitado da se- ção 8.5, exceto que Q=I0/C. A solução da equação (8.15) pode ser obtida pelo método de sepa- ração de variáveis, mas pode ser obtida, também, pelo "método do fa- tor de integração", como visto a seguir. Considere que, CIRCUITOS ELÉTRICOS I 19 pt ptpt pt e Py dt dy e Pye dt dy dt )ye(d += += (8.24) Então, multiplicando-se a equação (8.22) por ept obtém-se: ptpt Qe)ye( dt d = Integrando-se e resolvendo para y, tem-se que, ptptpt e AdtQeey −−− += ∫ (8.25) No caso importante de tensão/corrente contínua onde Q é uma constante, a equação (8.25) torna-se, fn pt yy P QAey +=+= − (8.26) onde pt n Aey − = e P Qyf = são as respostas natural e forçada, res- pectivamente. Observa-se que yn tem a mesma forma matemática da resposta natural sem fontes e que yf é sempre uma constante que é proporcional a Q. Além disso, 1/P é a constante de tempo na resposta natural. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 20 Exercício 3 Calcular i2 para t>0 no circuito da figura abaixo, considerando que i2(0)=1A. Figura 8.13 – Exercício 3 Exercício 4 Calcular v para t>0, se i(0)=1A e Vg = 50V. Figura 8.14 – Exercício 4 CIRCUITOS ELÉTRICOS I 21 7. UM PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO Os circuitos podem ser analisados através de um procedimento simplificado que é muito útil para calcular os valores de tensão e cor- rente, por exemplo. Porém, este procedimento é utilizado para circui- tos que não possuem fontes controladas. O procedimento consiste na análise dos circuitos em duas etapas. 1ª Etapa: Analisar o circuito com suas fontes de excitação em repou- so, de modo que seja obtida a resposta natural do circuito. 2ª Etapa: Examinar o circuito considerando-o em regime permanente,ou seja, o capacitor em circuito aberto e o indutor como um curto-circuito, e, assim, obtém-se a resposta forçada do cir- cuito. A solução geral é obtida pela somatória algébrica da resposta na- tural e da resposta forçada do circuito. Como visto, a solução geral possui constante de integração e a resposta completa é, então, obtida mediante o cálculo dessa constan- te por meio das condições iniciais do circuito. Exemplo 5 Determinar a corrente i2 no circuito abaixo para t>0. Figura 8.15 – Exemplo 5 CIRCUITOS ELÉTRICOS I 22 Exemplo 6 Determinar a corrente i para t > 0, no circuito abaixo, conside- rando que a tensão inicial no capacitor é v(0) = 24 V. Figura 8.16 – Exemplo 6 Exemplo 7 Determinar a tensão v e a corrente i no circuito abaixo para t>0. Figura 8.17 – Exemplo 7 CIRCUITOS ELÉTRICOS I 23 8. A FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO Na análise de circuitos são encontradas frequentemente funções que apresentam descontinuidades na origem. Ao se analisar o com- portamento transitório, por exemplo, nota-se que as operações de co- mutação (chaveamento) podem provocar mudanças abruptas nas cor- rentes e tensões. Essas descontinuidades são representadas matema- ticamente por funções singulares tais como as funções degrau, rampa e impulso. A figura 8.18 mostra a função degrau, uma função que é nula pa- ra t<0 e apresenta um valor constante, diferente de zero, para t>0. Figura 8.18 – Função Degrau A função degrau não é definida em t = 0. O símbolo da função de- grau é Ku(t). Matematicamente, ela é definida da seguinte forma: 0. t ,K)t(Ku 0; t ,0)t(Ku >= <= (8.27) Quando K = 1, a função definida pela equação (8.27) é chamada de função degrau unitário. Também, podem ocorrer descontinuidades em instantes de tempo t ≠ 0. Um degrau que começa em t = t1 é expresso matematicamente como Ku(t - t1), como mostra a figura 8.19. E assim, .t t ,K)tt(Ku ;t t ,0)tt(Ku 11 11 >=− <=− (8.28) CIRCUITOS ELÉTRICOS I 24 Figura 8.19 – Função Degrau em Atraso Nesse caso diz-se que a função Ku(t –t1) é a função Ku(t) atrasada por t1 segundos. Observe que o valor da função degrau é 0 quando o argumento t - t1 é negativo e K quando o argumento t - t1 é positivo. Uma função degrau igual a K para t < t1 pode ser escrita na forma Ku(t1 - t). Assim, .t t ,0)tt(Ku ;t t ,K)tt(Ku 11 11 >=− <=− (8.e3) Quando t1 < 0, a descontinuidade esta à esquerda da origem. A fi- gura 8.20 mostra a função definida pela equação (8.e4). Figura 8.20 – Função Degrau K u(t1 – t) CIRCUITOS ELÉTRICOS I 25 Os pulsos de largura finita, também, podem ser expressos em termos de funções degrau. Por exemplo, a função K[u(t-1)- u(t-3)] tem o valor de K para 1 < t < 3 e 0 para t < 1 e t > 3, de modo que repre- senta um pulso de amplitude K que começa em t = 1 e termina em t = 3. Ao definir esse pulso através de funções degrau, é conveniente imaginar que a função degrau u(t-1) "liga" o pulso em t = 1 e a função degrau –u(t-3) "desliga" o pulso em t = 3. Figura 8.21 – Função Pulso 9. RESPOSTA AO DEGRAU UNITÁRIO A resposta ao degrau unitário de um circuito é o seu comporta- mento quando a excitação é uma função degrau, a qual pode ser uma fonte de tensão ou de corrente. A resposta ao degrau é devida somente ao degrau de entrada visto que não existem energias iniciais presentes nos elementos do circuito. Este é o caso, porque todas as correntes e tensões no circuito são zero em t = 0- devido ao fato de que a função degrau é zero para -∞ < t < 0. Então, determinar a resposta ao degrau é encontrar a resposta de um circuito devido um degrau de entrada, sem energia inicial arma- zenada no circuito. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 26 EXEMPLO 8 Encontrar a resposta ao degrau v no circuito RC simplificado da figura 8.22(a), tendo como entrada Vg = u(t). Figura 8.22 – (a) Circuito RC simplificado – (b) Circuito equivalente EXEMPLO 9 Determinar a tensão v(t) no circuito abaixo, considerando que i(0-) = 0 e a função de excitação ig = 10[u(t)-u(t-1)] A. 9.1 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RC AO DEGRAU Quando uma fonte cc em um circuito RC é ligada subitamente, a fonte de tensão (ou corrente) pode ser modelada por uma função de- grau, sendo a resposta do circuito denominada resposta ao degrau. CIRCUITOS ELÉTRICOS I 27 Considere o circuito RC abaixo à esquerda, o qual se equivale ao da direita, onde se pretende determinar a tensão no capacitor. Consi- dere uma tensão inicial v (0-) = V0 no capacitor Aplicando-se a LKC tem-se: � ���� + � − �� (�) � = 0 Considerando que u(t) = 1 para t > 0, pode ser reescrita como: �� �� + � �� = �� �� Solucionado por separação de variáveis: �� �� = − � − �� �� Integrando-se ambos os membros e introduzindo as condições iniciais, ln(� − ��)| �(�)�� = − � ��� � 0 ln(�(�) − ��) − ln(�� − ��) = − ��� + 0 ou CIRCUITOS ELÉTRICOS I 28 ln �(�) − ���� − �� = − � �� Usando a propriedade inversa de logaritmos. �(�) − �� �� − �� = � �� �� ���� � = �� �(�) − �� = (�� − ��)��� �� Ou, �(�) = ! + ( " − !)#�� $� %&'& � > 0 Esta solução é chamada a resposta completa do circuito RC a aplicação súbita de uma fonte de tensão cc, quando o capacitor esti- ver incialmente carregado. METODOLOGIA SISTEMÁTICA A resposta completa = resposta natural + resposta forçada v(t) = vn + vf vn – resposta transitória que desaparecerá com o tempo vf – resposta forçada devido a uma fonte externa; a que permanecerá decorri- dos 5τ. �) = *�−� �⁄ ���� � = �� � �, = �- Logo a solução geral é �(�) = *�−� �⁄ + �- CIRCUITOS ELÉTRICOS I 29 A constante de integração K é obtida por meio das condições ini- ciais do circuito em t = 0+. No caso em questão v(0-) = Vo. Portanto, face a inércia de tensão do capacitor v(0+) = v(0-) = Vo. Substituindo na solução geral, �(0.) = �� = * + �� � -�/&, * = �� − �� Assim, a resposta completa é �(�) = ! + ( " − !)#�� $� %&'& � > 0 Que pode ser reescrita como �(�) = �(∞) + 2�(0) − �(∞)3#�� $� %&'& � > 0 Onde, v(0) – tensão inicial no capacitor, analisada para t<0. v(∞) – tensão final no capacitor, analisada para t>0. * – constante de tempo RC, para t>0. Sendo assim, para encontrar a resposta ao degrau de um circuito RC, deve-se determinar esses três itens e substituí-los na equação. Essa metodologia também é aplicável ao circuito RL, conforme a seguir, 9.2 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RL AO DEGRAU Considere o circuito RL abaixo à esquerda, o qual se equivale ao da direita, onde se pretende determinar a corrente do indutor. Consi- dere uma corrente inicial i (0-) = I0 no indutor CIRCUITOS ELÉTRICOS I 30 A resposta completa = resposta natural + resposta forçada i(t) = in + if in – resposta transitória que é sempre um decaimento exponencial if – resposta forçada devido a uma fonte externa; a que permanecerá decorri- dos 5τ. 4) = *�−� �⁄ ���� � = 5 �� � 4, = �-� Logo a solução geral é 4(�) = *�−� �⁄ + �-� A constante de integração K é obtida por meio das condições ini- ciaisdo circuito em t = 0+. No caso em questão i(0-) = Io. Portanto, face a inércia de corrente do indutor i(0+) = i(0-) = Io. Substituindo na solução geral, 4(0.) = 6� = * + ��� � -�/&, * = 6� − �� � Assim, a resposta completa é CIRCUITOS ELÉTRICOS I 31 7(�) = !8 + 9:" − ! 8 ; # �� $� %&'& � > 0 Que pode ser reescrita como 7(�) = 7(∞) + 27(0) − 7(∞)3#�� $� %&'& � > 0 Onde, i(0) – corrente inicial no indutor, analisada para t<0. i(∞) – corrente final no indutor, analisada para t>0. * – constante de tempo L/R, para t>0. Portanto, para encontrar a resposta ao degrau de um circuito RL, deve-se determinar esses três itens e substituí-los na equação.
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