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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE-CCBS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BACHARELADO IMUNIDADE ANTI-INFECCIOSA Equipe: Júlia Gomes Cardoso Kelly Christie dos Santos Natalice Barbosa de Jesus Profª. Drª. Janete Maria da Silva Alves Montes Claros- MG Março de 2017 IMUNIDADE ANTI-INFECCIOSA Resumo: As defesas do nosso organismo procuram impedir a entrada de patógenos nas nossas células através das barreiras como a pele, mucosas, saliva e proteínas do sangue. Quando o patógeno consegue superar as barreiras defensoras do nosso organismo, entra em ação a resposta primária, conhecida como imunidade inata e, posteriormente, imunidade adaptativa. A resposta Inata atua sem especificidade e memória imunológica e conta com mecanismos de resposta rápidas. Essa resposta primária é essencial para o controle de antígenos comuns. Em seguida, diante da necessidade de uma resposta mais vigorosa, começa a atuar a imunidade adaptativa. No entanto, alguns patógenos usam mecanismos para impedir que as defesas imunológicas atuem sobre eles. Palavras-chave: Imunidade. Linfócitos. Anticorpos. Antígenos. Infecção. INTRODUÇÃO A resposta imune é um processo dinâmico, e possui um importante papel da defesa do corpo contra agentes infecciosos e muitas outras substâncias nocivas, e sua natureza e intensidade mudam com o passar do tempo. O desenvolvimento de uma infecção envolve interações complexas entre o agente infeccioso e o hospedeiro, onde a invasão do patógeno induz a doença através da morte de células do indivíduo, ou liberando toxinas que podem causar danos teciduais e distúrbios funcionais em células vizinhas de tecidos distantes não infectados. Grande parte dessas infecções são controladas pela resposta imune inata, que fornece a primeira linha de defesa do indivíduo, a qual, está sempre apta a combater patógenos de forma eficiente, porém, não confere uma imunidade duradoura e específica contra um microrganismo em particular. No entanto, as ações do sistema imune inato, são um pré- requisito para o desenvolvimento de uma resposta imune adaptativa, que proporciona uma resposta mais forte e sustentada no combate de agentes infecciosos que escapam da imunidade inata. Geralmente, o equilíbrio entre uma resposta imune e a estratégia microbiana para resistir à esta imunidade, frequentemente, determina o resultado dessas infecções, uma vez que, os microrganismos estão sempre co-evoluindo e desenvolvendo uma variedade de mecanismos para burlar o sistema imune em uma luta constante pela sobrevivência em face das poderosas defesas imunológicas. DISCUSSÃO A resposta de imunidade inata é um pré-requisito essencial para a resposta imune secundária adaptativa, pois as moléculas co-estimuladoras induzidas nas células do sistema imune inato durante sua interação com os microrganismos são essenciais à ativação dos linfócitos antígeno-específicos A resposta imune adaptativa e a resposta inata são necessárias para a proteção efetiva do hospedeiro contra os microrganismos patogênicos. A resposta do sistema imune inato contra os patógenos auxilia a iniciar a resposta imune adaptativa. Os patógenos causam a ativação das células dendríticas ao status de células apresentadora de antígeno (APCs) completas, e as interações com outras células do sistema imune inato levam à produção de citocinas que direcionam a qualidade da resposta das células T CD4. Os antígenos do patógeno são transportados aos órgãos linfoides locais pelas células migratórias apresentadoras de antígeno e são apresentados às células T virgens antígeno-específicas, que recirculam continuamente pelos órgãos linfóides. A ativação e diferenciação de células T efetoras ocorrem nos órgãos linfóides, essas células deixam o órgão linfóide para efetuar imunidade mediada por células nos sítios de infecção, ou permanecem no órgão linfóide para participar da imunidade humoral pela ativação das células B ligadoras de antígeno. Diferentes tipos de resposta das células T CD4 desenvolvem-se em resposta à infecção por diferentes tipos de patógenos. As respostas das células THl7 promovem a produção de inflamação aguda nos locais da infecção por um intenso recrutamento de neutrófilos. As respostas das células THl ativam a via fagocítica para proteger contra patógenos intracelulares. As respostas TH2 são direcionadas contra infecções por parasitas pela promoção de imunidade de mucosa e barreira, pela produção de IgE e pelo recrutamento de eosinófilos para os locais de infecção. As células T CD8 têm um papel importante na imunidade protetora, especialmente na proteção do hospedeiro contra infecções por vírus e infecções intracelulares e outros patógenos microbianos que que entra no citoplasma das células de forma especializada. As respostas primárias das células T CD8 aos patógenos normalmente requerem a ajuda das células T CD4, mas podem ocorrer em resposta a alguns patógenos sem essa ajuda. As respostas independentes de CD4 podem levar à geração e a expansão das células T citotóxicas antígeno-específicas ou à ativação inespecífica de células T CD8 virgens para secretar interferons, o qual, por sua vez, contribui para a proteção do hospedeiro. Idealmente, a resposta imune adaptativa elimina o agente infeccioso e fornece ao hospedeiro um estado de imunidade protetora contra a reinfecção pelo mesmo patógeno. 1. Resposta imune contra bactérias As bactérias extracelulares são capazes de replicar fora das células do hospedeiro. Inúmeras espécies de bactérias extracelulares são patogênicas, e a infecção é causada por dois mecanismo. Primeiro, essas bactérias induzem a inflamação que resulta na destruição tecidual no local da infecção. Segundo, essas bactérias produzem toxinas que apresentam diversos efeitos patológicos. Essas toxinas podem ser endotoxinas (presentes na parede bacterianas), ou exotoxinas (secretadas). Os mecanismo da imunidade inata contra bactérias extracelulares são o sistema do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. A imunidade adaptativa efetua a resposta humoral, que tem o objetivo de eliminar os microrganismo e neutralizar suas toxinas. Na figura 1 apresenta resposta imunológica adaptativa contra bactéria extracelular e suas toxinas, consiste na produção de anticorpos e na ativação de células TCD4+ auxiliares. Figura 1: Mecanismos de resposta adaptativa a bactérias extracelular. (A): Produção de anticorpos, (B): ativação de células T CD4+ auxiliares. As bactérias intracelulares possuem capacidade facultativa de sobreviver e se replicar dentro de fagócitos. Como esses microrganismo são capazes de encontrar um nicho no qual são inacessíveis aos anticorpos circulantes, sua eliminação requer a presença de mecanismo de imunidade mediada por células. A imunidade inata contra bactéria intracelulares é mediada principalmente por fagócitos e células NK (natural killer), já a adaptativa é mediada principalmente pelas células T. O mecanismo de evasão destes microrganismos é desenvolver várias estratégias para resistir à eliminação pelos fagócitos. Dentre estes, incluem inibição da fusão do fagolisossomo ou escape para o citosol. A figura 2 apresenta resposta inata contra bactérias intracelulares consistente nos fagócitos e nas células NK, interações que podem ser mediada por citocinas (IL-12 e IFN-γ). Apresenta também imunidade adaptativa que é mediada principalmente pelas células Tque ativam fagócitos para eliminação do microrganismo. Figura 2: Imunidade inata e adaptativa contra bactéria intracelular. 2. Resposta imune contra parasitas Em casos de infecções causadas por parasitas, o sistema imune também apresenta diferentes mecanismos de reação para o combate eficaz ao corpo estranho, em detrimento da capacidades desses de se reproduzir tanto dentro quanto fora da célula. A resposta imunológica provocada devido a uma infecção por protozoários como a Leishmaniose e a malária dependem da localização do parasita no hospedeiro, são normalmente limitadas a uma área focal e resposta imunológica representada principalmente por anticorpos da classe IgG. Outro exemplo seriam as infecções provocadas por helmintos (nematelmintos, platelmintos e vermes em geral) como Ascaris ou Schistosoma mansoni apresentam a promoção de grandes estímulos à produção de IgE, IgM e IgG, onde a queda das concentrações dessas imunoglobulinas ocorre lentamente mesmo após a eliminação dos parasitas. Em detrimento disso, os indivíduos uma vez expostos a esses organismos apresentam normalmente hipersensibilidade cutânea e celular além de uma potente memória imunológica limitando futuras infecções. 3. Resposta imune contra fungos O principal mecanismo de defesa contra fungos é desenvolvido pelos fagócitos, que os destroem por meio da produção de NO e de outros componentes secretados por essas células. Adicionalmente, há participação de IFN-γ, aumentando a função de neutrófilos e macrófagos, não havendo evidências de atividade citotóxica por células T CD8+. Os fagócitos e as células dendríticas reconhecem os fungos através dos TLR e dos receptores do tipo lectina chamados de dectinas. Os neutrófilos presumivelmente liberam substâncias fungicidas de oxigênio e enzimas lisossômicas, e fagocitam os fungos para a morte celular. 4. Resposta imune contra vírus Em respostas imunes mediadas por vírus, as células infectadas começam a expressar antígenos virais em sua membrana plasmática, por exemplo o vírus Epstei- barr, responsável pela mononucleose, sendo reconhecidos por anticorpos (ação extracelular) e linfócitos (pode ter ação intracelular) que agem para controlar a proliferação viral através de ligações entre receptores específicos. Na figura 3 apresenta células NK reconhecendo células infectadas por vírus, seguida, do reconhecimento por células B. Os vírus desenvolveram numerosos mecanismos para escapar da imunidade do hospedeiro, como alterar seus antígenos e não ser mais os alvos das respostas imunológicas, inibem a apresentação de antígenos proteicos citosólicos associados ao MHC de classe I, produzem moléculas que inibem a resposta imunológicas entre outros mecanismos de evasão efetuados pelos vírus. Figura 3: Respostas imunes a vírus CONCLUSÃO A propagação de um patógeno depende muito da sua capacidade de se replicar e se disseminar para novos hospedeiros. No curso normal de uma infecção, ao ocorrer um contato do agente infeccioso com as células do hospedeiro, é desencadeada uma resposta imune inata, a qual, aciona leucócitos fagocíticos, tais como os macrófagos. Essas células podem reconhecer e responder a antígenos individuais por meio de receptores de antígenos altamente especializados na superfície dos linfócitos. Os antígenos estranhos do agente infeccioso, reforçados com sinais da resposta imune inata, induzem uma resposta imune adaptativa que elimina a infecção e estabelece um estado de imunidade protetora. Contudo, nem sempre isso acontece, pois existem falhas na defesa do hospedeiro contra muitas infecções. Esses patógenos bem sucedidos persistem no organismo, por não induzirem uma resposta imune ou por escapar dessa resposta, uma vez que ela já tenha ocorrido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. pag. 345-363. ANTUNES, Lucyr J.. Imunologia básica, Rio de Janeiro: Atheneu, 1985. JANEWAY, Charles A. Jr., Paul Travers, Mark Walport, Mark J. Imunobiologia. Sexta Edição. 2006. pag. 430-447. MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. Porto Alegre: ArtMed, 7ª edição. 2010. ROITT, Ivan Maurice. BROSTOFF, Jonathan. MALE, David. Imunologia. 5ª ed. 1999 Figura 1: ABBAS, Abul K et al. Imunologia celular e molecular. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Pag. 348 Figura 2: ABBAS, Abul K et al. Imunologia celular e molecular. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Pag. 350 Figura 3: https://pt.slideshare.net/rwportela1/resposta-a-infeces-pdf UFBA (28/03/2017- 22:00)
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