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Soldagem com Eletrodo Revestido (SMAW) Disciplina: Manufatura Mecânica: Soldagem Prof. Laerte Corrêa Aluno: Marcelo Bastos Fundamentos da Soldagem ER No final do século XIX foram empregados arames nus (utilizados em cercas) ligados diretamente a rede elétrica aos propósitos da soldagem. Esta prática resultava em soldas de baixa qualidade devido ao nitrogênio e oxigênio presente na atmosfera reagirem na poça de fusão formando óxidos e nitretos prejudiciais ao metal de solda. Foi observado que arames “enferrujados”, ou cobertos com cal, proporcionavam melhor estabilidade do arco. Revestindo os arames com asbestos o depósito era protegido da contaminação do ar enquanto que o algodão aumentava a penetração do arco. Estes fatos conduziram, no início do século XX, ao advento do eletrodo revestido celulósico. Desde então, a busca contínua pelo aumento da produtividade aliada a melhores propriedades da solda, culminaram no desenvolvimento de outros tipos de eletrodo revestido: Eletrodos Rutílicos na década de 30. Eletrodos Básicos na década de 40. Eletrodos com adição de pó de ferro na década de 50. A soldagem com eletrodos revestidos é definida como sendo um processo de soldagem, onde o arco é estabelecido entre a extremidade de um eletrodo metálico revestido e a peça de trabalho. Fonte: Modenesi O calor produzido pelo arco promove a fusão do metal de base e do eletrodo. A queima do revestimento produz gases cuja função é de proteger a poça de fusão e o metal de adição fundido contra a contaminação da proveniente do ar e sustentar o arco. A queima do revestimento também da origem a uma escória que uma vez solidificada protege o cordão de solda da atmosfera durante a solidificação. O revestimento possui ainda outras funções, tais como: Proporcionar a estabilidade do arco e controlar a forma do cordão de solda. Equipamentos O equipamento para a soldagem com eletrodo revestido constitui-se numa das mais simples configurações possíveis, em comparação com os outros processos de soldagem a arco. Porta-eletrodo: Promove o contato elétrico do circuito de corrente ao mesmo tempo em que funciona como elemento de fixação do eletrodo. O punho isolado é usado para conduzir o eletrodo sobre a junta de solda e alimentá-lo a medida em que é consumido. Grampo terra: Promove o contato elétrico do circuito de corrente à peça de trabalho. Fonte de energia: Responsável por fornecer a energia para o arco. Fonte: Universo da soldagem Fonte de energia A fonte utilizada na soldagem com eletrodo revestido deve ser do tipo corrente constante, do tipo tombante. A estabilidade do arco é obtida limitando-se a corrente de curto circuito em valores suficientemente altos para reabrir o arco, sem, entretanto, elevar os níveis de respingos. Na soldagem com eletrodo revestido pode ser empregada corrente alternada (CA) ou corrente contínua (CC). A corrente contínua proporciona arcos com melhor estabilidade, podendo ser utilizada a polaridade reversa (Eletrodo ligado ao polo positivo da fonte CC+) e polaridade direta (eletrodo ligado ao polo negativo da fonte CC-). A escolha da polaridade depende do tipo de eletrodo. Alguns eletrodos funcionam com CC+ e CC-, outros somente em CC+ ou somente em CC-. Com corrente alternada existe uma maior tendência a instabilidade do arco e menor perdas nos cabos. O emprego de uma corrente contínua (CC) ou alternada (CA), depende do tipo de eletrodo utilizado e das condições de soldagem. Os seguintes fatores devem ser considerados: Tipo do eletrodo: A corrente contínua permite o emprego de uma ampla gama de eletrodos. Verificar a indicação do fabricante. Metal de base: Na corrente contínua é mais fácil abrir e manter o arco. Por isso é mais indicada para baixas correntes e, consequentemente, chapas finas. Altura do arco: Corrente alternada é indicada uma vez que a queda de tensão nos cabos é menor que na soldagem em corrente constante. Posição de soldagem: Por operar melhor em menores correntes, CC é indicada para a posição sobrecabeça e vertical. Nestas posições, CA pode ser empregada desde que com eletrodos adequados. Tipos de fontes Transformadores: É a configuração mais simples e barata. Fornece somente corrente alternada e o ajuste de corrente é realizado pelo acoplamento magnético do núcleo. Retificadores: Constitui-se basicamente num transformador de corrente com um circuito retificador. Apesar da corrente ser contínua não é constante. Fontes inversoras: Tem a capacidade de fornecer corrente contínua constante. Possui funções especificas como “hot start” e “arc force”. O Eletrodo Revestido Os eletrodos revestidos consistem numa vareta metálica (chamada de alma) e um revestimento. fonte: Cimm Alma metálica A alma metálica é produzida a partir de um fio laminado a quente na forma de bobinas, sendo posteriormente trefilado a frio até o diâmetro desejado para o eletrodo. Posteriormente, o mesmo é retificado e cortado no comprimento do eletrodo. Possui normalmente diâmetros entre 1 a 8mm e comprimento de 350 a 470mm. As principais funções da alma metálica são: Conduzir a corrente de soldagem e fornecer o metal de adição para a junta de solda. Revestimento O revestimento consiste basicamente numa mistura de compostos minerais ou orgânicos, no qual são adicionados outros compostos com finalidades específicas. Estes compostos são cuidadosamente pesados e misturados a seco (mistura seca) e adicionado o silicato de sódio e/ou potássio (mistura úmida) para, então, ser alimentado numa prensa extrusora. Na sequência o revestimento é extrudado sobre a alma metálica. Por fim, é removido o revestimento da ponta do eletrodo (ponta de pega) para permitir o contato elétrico. Fabricação do Eletrodo Revestido Fonte: Modenesi Funções do revestimento As funções do revestimento são: Proteção do metal de solda: A principal função do revestimento é proteger o metal de adição e a poça de fusão do oxigênio e nitrogênio proveniente do ar. Esta proteção se faz necessária para garantir que o metal de solda seja íntegro e livre de bolhas. Estabilização do arco: Os elementos estabilizantes se dissociam no arco, gerando gases com baixo potencial de ionização, que por sua vez irão favorecer a manutenção do arco. Adição de elementos de liga: Tem como intuito o de ajustar a composição da solda e obter propriedades mecânicas específicas. Isolante: O revestimento possui a característica de ser um isolante elétrico, de modo que evita o curto circuito entre a alma metálica e a peça na soldagem de chanfros profundos ou aberturas estreitas. Direcionamento do arco: A formação de uma cratera na ponta do eletrodo favorece o direcionamento do arco. Formação de escória e agente fluxante: A escória possui várias funções: Fornecer proteção adicional contra os agentes atmosféricos; absorver as impurezas segregadas na superfície do banho metálico; reduzir a velocidade de resfriamento do cordão de solda para permitir o escape dos gases; possibilitar a soldagem fora de posição devido as suas características de tensão superficial e temperatura de solidificação. Fonte: Esab Elementos formadores do revestimento Os revestimentos podem ser classificados em seis grupos quanto aos seus elementos formadores: Elementos de liga: Elementos presentes no revestimento como: cromo, molibdênio, níquel, manganês, entre outros. Aglomerantes:são empregados silicatos solúveis de sódio e potássio. Sua função é formar uma massa plástica de material do revestimento de modo que possa ser extrudado sobre a alma metálica. Formadores de gases: Os elementos que fornecem proteção gasosa são aqueles que geram gases como CO e CO2 a partir da sua queima. Materiais formadores de gases comuns são os carboidratos, hidratos e carbonatos, presentes na celulose e nos carbonatos de cálcio e de magnésio. Estabilizantes do arco: Materiais estabilizantes são os compostos de titânio, potássio e cálcio. Formadores de fluxo e escória: Materiais como a sílica e magnetita são empregados com o intuito de “encorpar” a escória e dar propriedades especificas como viscosidade, tensão superficial e ponto de fusão. Plasticizantes: Os carbonatos de cálcio e de sódio são os mais utilizados como materiais lubrificantes e plasticizantes para fazer com que o revestimento flua adequadamente durante o processo de extrusão. Isto se faz necessário uma vez que os revestimentos são, na maioria dos casos, granulados. Fonte: Esab Existem quatro principais grupos de revestimento de eletrodos para a soldagem de aços ligados Celulósico São eletrodos constituídos basicamente de material orgânico (celulose) que, sob ação do arco, se decompõem e geram grandes quantidades de gases (CO2, CO, H2) e pouca escória. A escória formada é fina e de rápida solidificação, o que o torna adequado para a soldagem fora de posição, especialmente na soldagem circunferencial de tubulações. Celulósico Resulta num arco violento com grandes quantidades de respingos e elevada penetração, por isso não é adequado para o enchimento de chanfros. Seu uso é normalmente restrito a soldagem com corrente contínua e polaridade reversa, devido à baixa estabilidade do arco. O alto nível de hidrogênio obtido na reação de queima do revestimento impede o uso em materiais sensíveis a trincas por solidificação. A taxa de deposição é baixa e a tensão do arco mais elevada em comparação com os outros tipos de eletrodo. Rutílico Este tipo de revestimento é constituído basicamente de óxido de titânio (TiO2), conferindo alta estabilidade do arco. São eletrodos de fácil soldabilidade, podendo ser utilizados tanto em CC quanto em CA, em qualquer posição de soldagem. A escória produzida é abundante, densa e de fácil destacabilidade. Produz cordões de solda com bom aspecto visual e média ou baixa penetração. Todas estas características fazem deste o eletrodo de uso geral!!! Básico Este tipo de revestimento contém quantidades significativas de carbonato de cálcio (CaCO3) e possui a característica marcante de fornecer depósitos com mais baixos teores de hidrogênio e de inclusões que qualquer outro tipo. A proteção gasosa é baseada em CO e CO2, conforme reação do tipo: CaCO3 + calor CaO + CO2 Muito empregado na soldagem de materiais de difícil soldabilidade ou quando não se conhece a composição do metal de base. Básico Apresenta média penetração e resulta em cordões de solda com boas propriedades mecânicas e aspecto visual. São altamente higroscópicos, ou seja, absorvedores de água. Por isso devem ser secados e cuidados especiais devem ser tomados para assegurar baixo teor de hidrogênio no metal de solda. Apesar de todas estas características, é necessário considerável prática do soldador para evitar defeitos como porosidade e inclusão de escória. Ácidos São revestimentos baseados em óxidos de ferro e de manganês em silicatos. A escória produzida é abundante, de fácil destacabilidade. O volume de gás gerado é pequeno em relação aos eletrodos rutílicos e celulósicos. Ambas as correntes (CC e CA) podem ser utilizadas. Apresenta altas taxas de deposição e penetração, não sendo indicado para a soldagem fora de posição. Comparativo: Celulósico Geram muitos gases H2 Pouca escória (fina e de rápida solidificação) Arco violento (respingos e elevada penetração) Rutílico Alta estabilidade do arco Ti Escória abundante Básico O mais baixo teor de H2 Média penetração Higroscópicos secados H2 Ácido Escória abundante Pouco gás gerado Alta taxa de deposição e penetração Classificação dos eletrodos A especificação AWS A5.1 classifica os eletrodos de aço carbono com base nas propriedades mecânicas do metal de solda, tipo de revestimento, posição de soldagem e tipo de corrente. Fonte: Portal São Francisco Fonte: Esab Técnicas operacionais As variáveis inerentes a soldagem com eletrodo revestido, são: Tensão e comprimento do arco; Corrente de soldagem; Velocidade de soldagem; Tipo e diâmetro do eletrodo; Tensão e comprimento do arco O controle do comprimento do arco é realizado manualmente pelo soldador e depende da habilidade desde. A transferência dos glóbulos no arco causa variações consideráveis no comprimento do arco tensão do arco. As tensões variam entre 15 e 35V e dependem não só do comprimento do arco, mas também, do tipo e do diâmetro do eletrodo. Grandes comprimento de arco resulta em baixa direcionalidade do mesmo, acarretando em respingos e proteção gasosa deficiente. Pequenos comprimentos de arco, resulta em cordões estreitos com arcos instáveis podendo ocorrer até a sua extinção. Corrente de soldagem A corrente de soldagem controla de forma predominante todas as características operacionais do processo, como os aspectos dimensionais do cordão (largura, penetração e reforço), as propriedades da junta soldada e a taxa de deposição para dadas condições fixas de soldagem. Fonte: Modenesi A corrente de soldagem a ser empregada é definida essencialmente pelas dimensões da peça de trabalho, tipo de junta e posição de soldagem. Velocidade de soldagem A velocidade de soldagem é a segunda variável mais importante, apesar do seu controle ser consideravelmente impreciso. A velocidade de soldagem deve ser escolhida de modo que o arco fique ligeiramente a frente da poça de fusão. Altas velocidade de soldagem cordões mais estreitos e com baixa penetração. Baixas velocidade de soldagem cordões mais largos, com elevada penetração e reforço. Tipo e diâmetro do eletrodo As características do eletrodo (diâmetro e tipo do revestimento) é que determina a faixa de corrente em que este pode ser utilizado. A seleção do diâmetro do eletrodo é baseada na espessura da peça de trabalho, tipo de junta e posição de soldagem.. Quanto maior a espessura da peça maior o diâmetro do eletrodo. Quando a soldagem for realizada em chanfro, o diâmetro do eletrodo também deve ser considerado. Na soldagem fora de posição, são utilizados preferencialmente eletrodos de diâmetro menor a fim de obter menores poças de fusão maior sustentabilidade da poça. A correta manipulação do eletrodo é fundamental em todas as etapas do processo. Para a abertura do arco, o eletrodo deve ser encostado rapidamente na peça de trabalho e afastado a uma distância correspondente ao comprimento de arco desejado. Este procedimento deve ser realizado preferencialmente numa região próxima ao início do cordão no qual será fundida. Evita marcas na superfície da peça e possíveis pontos de iniciação de trincas, por exemplo, em aços temperáveis. Durante a soldagem, são realizados três movimentos principais, são eles: Mergulho do eletrodo: A alimentação do material de adição não é automática, por isso, o soldador deve avançar o eletrodo em direção à poça de fusão a medida em que este é consumido, com o intuito de manter constante o comprimento do arco. Movimento de translação: O eletrodo deve ser deslocado (com velocidade constante)com o intuito de promover a correta condução do arco ao longo da junta a ser soldada. Oscilação do eletrodo: A oscilação transversal do eletrodo é necessária para a obtenção de formatos satisfatórios de cordão, fazer flutuar a escória, garantir a fusão das paredes do chanfro e, principalmente, controlar a poça de fusão. Tipos de tecimento Fonte: Plasmac Vantagens e desvantagens Equipamento simples e de baixo custo Grande versatilidade de ligas soldáveis Possibilidade de atuar nas propriedades mecânica e metalúrgicas do metal de solda Possibilidade de uso em locais abertos (sujeitos à ação de ventos) e de difícil acesso. Baixa produtividade Cuidados especiais com os eletrodos (secagem) Grande volume de gases e fumos gerados durante a soldagem Baixo fator de ocupação do soldador Necessidade de um treinamento oneroso. Aplicações industriais O campo de atuação do processo com eletrodo revestido é muito amplo e vasto, sendo empregado em praticamente todos os tipos de indústria. É largamente utilizado na área de manutenção e reparos, operações de campo, manutenção e montagem de estruturas submersas (soldagem molhada), soldagem de tubulações. De um modo mais abrangente é empregado na soldagem de chapas de espessuras variando entre 3 a 40mm.
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