Buscar

Teologia e Ciências Sociais e Humanas Aplicadas

Prévia do material em texto

UCG – Departame de Filsofia eTeologia
Professor João Oliveira Souza (João índio)
Teologia (do grego θεóς = theos = "Deus" + λóγος, logos = "palavra", por extensão, "estudo"), no sentido literal, é o estudo sobre Deus. Como toda ciência, tem um objeto de estudo: Deus. Como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação, ou, em termos seculares, conforme suas representações nas variadas culturas.
Evolução do termo: No cristianismo, isso se dá a partir da revelação de Deus na Bíblia. O teólogo suíço Karl Barth definiu a Teologia como um "falar a partir de Deus". O termo Teologia foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo A República, para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus conterrâneos. 
Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados: - Teologia como o ramo fundamental da ciência filosófica, também chamada filosofia primeira ou ciência dos primeiros princípios, mais tarde chamada de Metafísica por seus seguidores; 
 - Teologia como denominação do pensamento mitológico imediadamente anterior à Filosofia, com uma conotação pejorativa, e sobretudo utilizado para referir-se aos pensadores antigos não-filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro). 
Santo Agostinho tomou o conceito Teologia Natural como única teologia verdadeira dentre as três apresentadas pelo filosofo M. Terêncio Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a Teologia Sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, portanto, considerada superior. A Teologia Sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia, não estava subordinada, mas sim acima da filosofia, que ajudaria as outras correntes teológicas e filosofica a compreender sobre Deus. 
Teodicéia, termo empregado atualmente como sinônimo de Teologia Natural, foi criado no século XVIII por Leibniz (1646-1716) filósofo alemão, como título de uma de suas obras (chamada Ensaio de Teodicéia. Sobre a bondade de Deus, a liberdade do ser humano e a origem do mal), embora Leibniz utilize tal termo para referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a bondade de Deus.
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no que se conhece como Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática.
A Teologia é fortemente influenciada pelas mais diversas religiões e, portanto, existe a Teologia Budista, a Teologia Islâmica, a Teologia Católica, a Teologia Mórmon, a Teologia Evangélica ou Pentescostal, a Teologia Hindu e outras.
Teologia e religão não são identicas, mas se relacionam entre si. Se a teologia é a teoria a religião é a prática. Uma deve ser o complemento da outra. O conhecimento teológico deve fortalecer a fé e a prática religiosa. Por exemplo, os Mórmons apontam que a TEO compreende o plano do evangelho de Jesus Cristo em sua totalidade. Como ciência, compreende o conhecimento classificado e comparado que se refere à relação entre Deus e o ser humano, principalmente ao que se refere à inteligência (intelecto) humano. A TEO como religião inclui a aplicação do conhecimento ou a fé humana, ao longo da vida da pessoa. 
OUTRAS FORMAS DE TEOLOGIA (pesquisa feita na Wikipédia)
Teologia Moral é uma disciplina e um campo de conhecimento da Teologia que se dedica ao estudo e à pesquisa do comportamento humano em relação a princípios ético-religiosos.
Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento). Este movimento reivindicava a posse de conhecimentos secretos (a "gnose apócrifa", em grego) que, segundo eles, os tornava diferentes dos cristãos alheios a este conhecimento. Originou-se provavelmente na Ásia menor, e tem como base as filosofias pagãs, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. O gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas, mistérios de Elêusis, bem como os do Hermetismo, com as doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais abrangente, o Gnosticismo significa "a crença na Salvação pelo Conhecimento" (Joan O'Grady).
A teologia da libertação é uma corrente teológica que engloba diversas teologias cristãs desenvolvidas no Terceiro Mundo ou nas periferias pobres do Primeiro Mundo a partir dos anos 70 do século XX, baseadas na opção pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação. Desenvolveu-se inicialmente na América Latina. Estas teologias utilizam como ponto de partida de sua reflexão a situação de pobreza e exclusão social à luz da fé cristã. Esta situação é interpretada como produto de estruturas econômicas e sociais injustas, influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo a Teoria da Dependência na América Latina, que possui inspiração marxista. A situação de pobreza é denunciada como pecado estrutural e estas teologias propõem o engajamento político dos cristãos na construção de uma sociedade mais justa e solidária, cujo projeto identifica-se com ideais da esquerda. Uma característica da Teologia da Libertação é considerar o pobre, não um objeto de caridade, mas sujeito de sua própria libertação. Assim, seus teólogos propõem uma pastoral baseada nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nas quais os cristãos das classes populares se reúnem para articular fé e vida, e juntos se organizam em busca de melhorias de suas condições sociais, através da militância no movimento social ou através da política, tornando-se protagonistas do processo de libertação. Além disto, apresentam as CEBs como uma nova forma de ser igreja, com forte vivência comunitária, solidária e participativa. Por seu método e opções políticas, trata-se de uma teologia extremamente controversa, tanto pelas suas implicações nas igrejas quanto na sociedade. A partir dos anos 1980, com a redemocratização das sociedades latino-americanas e a queda do muro de Berlim com conseqüente crise das esquerdas e as transformações sociais e econômicas provocadas pela globalização e o avanço do neoliberalismo esta teologia perdeu parte de sua combatividade política e social.
A teologia sistemática, que engloba ramos como a teologia doutrinal, a teologia dogmática e a teologia filosófica, é o ramo da teologia cristã que reúne as informações extraídas da pesquisa teológica, organiza-as em áreas afins, explica as aparentes contradições e, com isso, fornece um grande sistema explicativo (diferentemente da teologia histórica ou da teologia bíblica). A teologia sistemática está também associado por vezes à apologética cristã, que serve para, no confronto teológico entre diferentes religiões e heresias, defender a doutrina da confissão cristã em causa.
Pentecostalismo é como se chama a doutrina de determinados grupos religiosos cristãos, originários no seio do protestantismo, que se baseia na crença do poder do Espírito Santo na vida do crente após o Batismo do Espírito Santo, através dos Dons do Espírito Santo, começando com o dom de línguas (glossolalia). O Pentecostalismo chegou ao Brasil em 1910, com a vinda do missionário Louis Francescon, que atuou em colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil em 1910, originando a Congregação Cristã no Brasil em Santo Antônio da Platina - Paraná. Em 1911 Daniel Berg e Gunnar Vingren, iniciaram suas missões no Pará e Nordeste, dando origem às Assembléias de Deus. Francescon, Berg e Vingren tiveram matriz pentecostal comum, ao receberem as novas doutrinas na Missão de Fé Apostólica conduzida pelo Pastor William H. Durham, ex-pastor batista, em Chicago. O pentecostalismo na vertente católica é a Renovação Carismática Católica (RCC).
Teologia da prosperidade, também conhecida como confissão positiva, palavra da fé, movimentoda fé e evangelho da saúde e da prosperidade, é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do Século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7 Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. O pioneiro desse movimento foi o americanoKenneth Hagin HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado-unidense" \o "Estado-unidense" �� Essek. M Kenyon, enquanto o maior divulgador foi , que influenciou a muitos pregadores nos Estados Unidos. A Partir dos anos 70 e 80, a teologia da prosperidade se estendeu a muitos paises, incluindo Portugal, onde se destacou Jorge Tadeu, fundador da Igreja Maná, e no Brasil, onde se destacam R.R. Soares e Valnice Milhomens, Igreja Internacional da Graça de Deus. Ao longo dos anos essa doutrina foi abraçada principalmente por igrejas neo-pentecostais. No Brasil, as maiores igrejas desse movimento são a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo Bispo Macedo, e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes.
Teologia da esperança, fundada por Jürgen Moltmann, teólogo presbiteriano, alemão, publicou sua obra em 1964. Na Igreja Católica, o Concílio do Vaticano II (1962-1965) propôs a atualização de sua missão, da sua liturgia e dos fundamentos teológicos. Nos EUA, o movimento pelos direitos civis ganhavam força com a atuação de Martin Luther King, líder negro, político, religioso Batista, contra o aparteid. Em Cuba, jovens guerrilheirot tomavam o poder de Batista, para despertar a esperança dos pobres no continente latino americano. Foi nesse ambiente que nasceu a teologia da esperança. “Depois de Karl Barth, Jürgen Moltmann é considerado o mais conhecido e influente teólogo reformado do século XX” Jürgen Moltmann foi o fundador principal da Teologia da Esperança cujo pensamento assemelha-se com as Teologias Feminista, Negra, Política, de Missão e Libertação. Em sua teologia ele aborda a escatologia, onde a esperança tem seu objetivo cumprido não na especulação, mas na praxis em meio a ação política e a revolução. Segundo seu conceito, a esperança cristã é criativa: “Nós não somos só interpretes do futuro, mas já os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como na realização, é Deus”. Reverendo Giovani Pereira de Souza (www.bit-on.com.br/ipbbf/analises_teologiadaesperança)
Teologia da cruz - em abril de 1518, Martinho Lutero (1483-1546), em Heidelberg, contrapôs seus “Paradoxos” teológicos como “teologia da cruz” (theologia crucis) à “teologia da glória” (theologia gloriae), isto é, à teologia eclesial dominante. Em Heidelberg, distinguindo entre o cristianismo evangélico bíblico e as corrupções medievais, Lutero entendeu que a igreja medieval seguia o caminho da glória ao invés do caminho da cruz. Para Lutero a cruz é a marca de toda a teologia. “No Cristo crucificado é que estão a verdadeira teologia e o verdadeiro conhecimento de Deus”. (www.gilsonsantos.com.br/htm/post).
A Teologia Negra - é uma forma de teologia de libertação. Surge com o movimento norte-americano denominado Poder Negro, por volta da década de sessenta. Embora, a luta dos negros contra a opressão nas formas da escravidão e do racismo tenha história registrada desde alguns séculos, é na década de sessenta que o movimento se organiza no sentido da realização de conferências e debates, da redação de documentos, do estabelecimento de metas e estratégias, enfim, da busca de uma identificação própria. Não há um líder específico que possa ser considerado o "pai" do movimento. Martin Luther King Jr., é considerado um importante precursor e James H. Cone, o mais profícuo escritor dentro da Teologia Negra. (Marcelo L.Peixoto: www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/estudos/soc003htm)
****************
Princípio Pentecostal: Não materializem o espiritual, não espiritualizem o material
Postado por Gutierres Siqueira (www.teologiapentecostal.blogsport.com/-290k)
O teólogo pentecostal peruano Bernardo Campos criou o conceito de "princípio pentecostal". Dentre os pontos colocados por Campos desse "princípio pentecostal", destaco o terceiro: "O princípio pentecostal quer opor ‘espírito' ali onde o ser humano só que pôr matéria... e corporeidade ali ode o ser humano quer espiritualizar-se" [1]. Esse valor precisa fazer parte do pentecostalismo brasileiro, pois infelizmente há uma excessiva materialidade do espiritual e uma espiritualização do material.
A materialidade do espiritual - Nas denominações evangélicas, especialmente as pentecostais, acontece há muito tempo uma materialidade dos ministérios eclesiásticos. O ministério pastoral deixou de ser um "dom ministerial" para servir como manobra política. Pessoas que são ordenadas por questões meramente convencionais, e não por chamado divino. Assim como na política brasileira, muitos se tornam pastores por causa do apadrinhamento eclesiástico ou nepotismo mascarado. Muitos vivem de "bajulações" para conseguir seu espaço na fila dos ordenados. Infelizmente essa é uma realidade cruel, porém não deveria ser ignorada.
No meio pentecostal também existe uma materialização dos dons espirituais. Igrejas pós-pentecostais já não valorizam o exercício dos dons do Espírito e nem incentivam os seus membros na busca do Batismo no Espírito Santo. Por outro lado, existe uma "espiritualidade pentecostal mecânica", como o famoso reteté. A suposta liberdade do espírito não passa de movimentos repetidos por serem frutos de um modismo passageiro e até midiático (já que esses movimentos espalham-se por meio da internet e DVD`s).
A espiritualização do material - Para muitos, doenças como epilepsia, depressão e síndrome do pânico são logo identificadas como um demônio. Outros costumam repreender "em nome de Jesus" toda batida forte de uma porta ou ainda um tropeço na escada. Existem aqueles que se enganam, pensando que habitam numa "redoma de vidro divina" e logo estão livres de todo infortúnio. Muitos oram para que Deus ajude no vestibular, mas não estudam. Outros estão em busca de um casamento por meios de profecias. Em todos esses casos há uma espiritualização do material. Mediante a politicagem eclesiástica totalmente materializada, alguns ainda apelam para uma pseudo-espiritualidade, atribuindo suas vitórias a Deus ou suas derrotas a algum complô diabólico. Nesse ambiente “mundanizado” a tentativa de espiritualizar não passa de mera retórica vazia e sem sentido.
Conclusão: Eventos da vida comum (e muito menos os erros ou equívocos) podem ser espiritualizados. A naturalização não pode ser aceita para tudo, com se tudo pudesse ser explicado sociologicamente. Esses extremos devemos evitar, aliás, como todos os extremos.
Referência Bibliográfica:CAMPOS, Bernardo. Da Reforma Protestante à Pentecostalidade da Igreja. São Leopoldo: Sinodal, 2002. p 88.
Universidade Católica de Goiás
Departamento de Filosofia e Teologia
Disciplina: Teologia e Ciências Sociais e C.Aplicada
Prof. João índio. 
AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES MISTICAS
Desde os primeiros tempos, o ser humano vem buscando explicações para os fenômenos da natureza, para o funcionamento do universo e para a sua própria razão de existir. deus-sol; deus da água, do fogo, deus-trovão... Progressivamente, o pensamento místico, que sempre acompanhou os homens, foi tornando-se mais complexo e diversificado: seitas, religiões, crenças, superstições, rituais mágicos, vidência, búzios, mapas astrológicos, igrejas virtuais; igrejas que controlam redes de televisão, bancos, terras, estados etc...
Questões existenciais: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? Como foi que o mundo passou a existir? Que forças governam a história?Deus existe? > Cada um de nós tem uma visão da vida. A questão é: até que ponto fomos nós mesmos que a escolhemos, até que ponto ela é nossa própria visão? Até que ponto estamos conscientes de nossa visão?
O que diferencia o ser humano do restante dos animais? A inteligência? A alma? Os golfinhos por ex., possuem cérebros de proporções semelhantes às do ser humano. Entretanto, o único animal capaz de criar é o ser humano; agir sobre o nosso meio, transformando-o, criando novas situações. Utilizando-nos de instrumentos, de conhecimentos acumulados ao longo do tempo, interferimos na ordem natural das coisas, gerando a cultura, em conseqüência de ação e pela forma de interação dentro do grupo social. 
Pelo conhecimento acumulado ao longo de milênios de atividade humana, podemos responder a muitas questões que a natureza nos coloca. Antigamente o ser humano não imaginava que a terra fosse tão grande. Pela grande dependência que tinha em relação aos ciclos e fenômenos naturais, desde os primeiros tempos, o ser humano buscou explicações místicas e desenvolveu rituais mágicos para proteger-se e entender o mundo que o cercava. 
Acompanhando as necessidades místicas dos seres humanos, a complexidade religiosa cresceu com a complexidade social.
A religião nas sociedades antigas desempenhava importante papel. Não se tratava mais de cultos e ritos esparsos, mas de conjuntos elaborados de conduta ética, moral e sistemas cosmogônicos, que procuravam explicar o funcionamento do universo. 
Politeísmo > com personalidade e funções diferentes, respondiam pela ordem natural das coisas e pelo destino dos seres humanos. 
O antigo Egito. A região em que se desenvolveu a civilização do antigo Egito apresenta características particulares: é essencialmente desértica, cortada por um dos maiores rios do mundo, o Nilo.
A grande dependência do antigo Egito para com a natureza, em especial para com o rio Nilo, produzia uma aproximação definitiva entre a organização política e a religião. 
O governante egípcio era o faraó: representava a encarnação do deus maior de sua religião: o sol, ou seja, era um ser divino, um deus vivo.
Religião na Mesopotâmia: situava-se entre o rio Tigre e o rio Eufrates, atualmente é o território do Iraque e Golfo Pérsico. Surgiu a Babilônia (cidade-estado)
Os reis na Babilônia tinham ligação com a religião mas não eram considerados divindades como no Egito. Era uma religião politeísta. Acreditavam que os astros estavam a serviço dos deuses e por isso influenciavam a vida na terra. 
Mitologia Greco-romana – acreditavam que os deuses habitavam a terra. Praticamente todas as sociedades humanas apresentam essas histórias as quais chamamos de MITOS: “um relato verdadeiro ocorrido nos tempos primordiais, quando, com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou tão-somente um fragmento: um monte, uma pedra, uma ilha, um animal, ou um comportamento humano.” (Murilo Cisalpino)
Mito – é, pois, a narrativa de uma criação. Conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser (Mircea Eliade)
Os mitos de influencia grega e romana, são fundamentais, pois se criaram tradições, costumes, conhecimentos e línguas usadas até hoje. Ex. línguas neolatinas (português, francês, italiano, espanhol, romeno)
Mito da maçã:
 A expressão maçã da discórdia é usada em referência à Bíblia, porém os relatos bíblicos não falam de maçã e sim do fruto proibido (Gn 3,1-6). Então, de onde surgiu a maçã? Na mitologia grega, durante uma festa de casamento no Olimpo, a morada dos deuses e deusas, Érida, a deusa da discórdia, enviou às convidadas uma maçã de ouro, na qual estava escrito: “para a mais bela”. Foi o começo da rivalidade entre as deusas. Na Escandinávia, a deusa Idun possuía a maçã da imortalidade. Quem a comesse se tornaria um deus. Loki, o pai da mentira, que tinha o poder de assumir a figura de uma serpente, atraiu a deusa Idun para o meio das árvores, na floresta, e lhe roubou a maçã, o que privou os deuses do dom da imortalidade e trouxe o sofrimento e a velhice. Entre os Celtas, da Bretanha, a ilha de Avalon era o jardim das maçãs. Quem nele entrasse e provasse do fruto se tornaria imortal.
A influência da mitologia Greco-romana é tão grande na nossa cultura que ainda hoje é referência comportamental, constituindo exemplos clássicos das atitudes humanas: o mito de Eros e Psique ou o de Narciso.
O Caos e o Cosmos – da mitologia grega. Contam os mitos que existia uma entidade inicial, chamada CRONOS era o senhor do tempo (daí cronômetro, cronologia) e teve vários filhos com Réia, sua esposa: Zeus(céu e o firmamento), Hera (a terra), Poseidon (as águas) e Hades(o mundo subterrâneo).
No caos predominavam o desequilíbrio, a falta de harmonia, as coisas morriam e havia a guerra – era o reinos dos homens. 
No cosmos predominavam a paz, a harmonia a eternidade. Tudo perfeito, é o reino dos deuses.
O momento religioso mais importante da antiga Grécia acontecia de 4 em 4 anos na cidade de Olímpia, onde havia um oráculo de Zeus.
Realizavam-se jogos olímpicos – a Olimpíada – em homenagem ao senhor de todos os deuses. Durante os jogos, interrompiam-se todas as disputas, todas as guerras entre as várias cidades gregas, que eram independentes. A Olimpíada representava o momento de unidade cultural e religiosa dos gregos. 
Fenomenologia religiosa (FR):
A FR consiste no estudo do fato religioso nas suas manifestações e expressões sensíveis, com a finalidade de apreender o seu significado último. Para alcançar seu objetivo, ela necessita do auxílio de outras ciências, com história, sociologia, psicologia, filosofia e, num horizonte mais amplo, relaciona-se com a arte, a etnologia, a paleontologia, a numismática e a moral. 
Ao trabalhar subsidiada com essas ciências a FR visa a uma melhor compreensão do fato religioso e à mais profunda apreensão do seu significado último. É por meio dessa interação que cada ciência se perfaz a si mesma no seu objeto e no seu método. Isso se verifica não somente no campo das ciências humanas, mas também no das ciências biológicas, físicas, matemáticas, tecnológicas etc.
A FR distingue da:
Filosofia, porque enquanto esta “procede abstratamente e com finalidade puramente especulativa”, a religião “é uma tomada de posição pessoal que vai além do simples conhecimento da verdade: é uma postura na qual todo o seu eu se recolhe na sua singularidade com um compromisso supremo”
Sociologia, já que esta identifica a religião com as estruturas criadas pela sociedade, “considera a religião como fenômeno social, condicionado pela sociedade, com relevância social”. 
Importante considerar que a maneira de encarar a realidade sociológica da religião depende da ideologia do investigador. Assim, tempos concepções científicas da religião como as de August Comte, Karl Marx, H.Spencer; ou concepções dos Fenômenos Sociais como leis fixas como Hegel, como se as formas concretas da realidade fossem a exteriorização de uma substância espiritual imanente; já investigadores como Hegel, Marx, Weber com predileção pela filosofia da história preferem considerar também genética e historicamente o desenvolvimento da vida social.
Psicologia religiosa, porque enquanto esta estuda as reações do indivíduo diante do fato religioso “psicologicamente, a religião é uma atitude do ser humano em frente da contingência e da relatividade do mundo que o leva a refugiar-se em um absoluto de tipo sacral”.
Moral, porque, “na religião se dá encontro com Deus, contato pessoal com ele, reconhecimento humilde e devoto do seu valor absoluto e da sua santidade. Já à moral cabe o cuidado e a realização dos valores humanos; ela aspira a dar vida e forma a um sentir e a um fazer que correspondam à essência do ser humano”.
Arte, esta tem “por objeto o ideal, e a religião o real”.
Ciências físicas, porque estas versam sobre um objeto físico, e a essência da religião “não é umobjeto, mas uma relação. (...) A linguagem científica pretende descrever o mundo. A linguagem religiosa exprime como o homem vive, em relação ao mundo (...)” As ciências físicas abordam sobre o objeto. A religião pela experiência/paixão subjetiva. 
A FR se identifica com o culto prestado ao Sagrado, quer este seja concebido como um Ser transcendente e Absoluto, que seja concebido como um Deus antropomórfico ou com um Absoluto impessoal. 
(fonte: J.Simões Jorge. Cultura religiosa. O homem e o fenômeno religioso. São Paulo. Edições Loyola, 1994 p.18-22).
O que é religião:
Não temos uma definição única de religião. As definições da religião é quase infinita: filosóficas, sociais, políticas, culturais, morais, artísticas, teológicas etc., conforme o ponto de vista dos investigadores. 
É fundamental observar, todos estudiosos do assunto, atribui ao fenômeno religioso: um aspecto subjetivo e um outro objetivo. O subjetivo é o do sentimento de total dependência do ser humano diante do Sagrado. O objetivo se constitui das estruturas e ações, isto é, do conjunto de dogmas e mitos, cultos e ritos, oferendas e preces, por meio dos quais o ser humano entra em contato com o Sagrado e que exprimem atitude de dependência. 
Essa atitude de dependência pode ser positiva/negativa, benéfica/prejudicial. Por essa razão, todas as religiões possuem ritos e cultos para obter as boas graças do Sagrado ou afastarem tudo aquilo que possa ser prejudicial.
A palavra religião vem do latim: religio, formada pelo prefixo re (outra vez, de novo) e o verbo ligare (ligar, unir, vincular). Quais as partes vinculadas? O mundo profano e o mundo sagrado.
 Nas várias culturas, essa ligação é simbolizada no momento de fundação de uma aldeia, vila ou cidade. Nesse novo espaço ergue-se o santuário (em latim, templum) e à sua volta os edifícios da nova comunidade.
Essa mesma cerimônia da ligação fundadora aparece na religião judaica, quando Javé indica ao povo o lugar onde deve habitar – a Terra Prometida – e o espaço onde o templo deverá ser edificado, para nele ser colocada a Arca da Aliança, símbolo do vínculo que une o povo e seu Deus, recordando a primeira ligação: o arco-íris, anunciado por Deus a Noé como prova de seu laço com ele e sua descendência.
Também no cristianismo a religio é explicitada por um gesto de união. No Novo Testamento, Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as Chaves do Reino: o que ligares na Terra será ligado no Céu; o que desligares na Terra será desligado no Céu” (Mateus 16,18-19).
Através da sacralização e consagração, a religião cria a idéia de espaço sagrado. Os céus, o monte Olimpo (na Grécia), as montanhas do deserto (em Israel), templos e igrejas são santuários ou moradas dos deuses. O espaço da vida comum separa-se do espaço sagrado: neste, vivem os deuses, são feitas as cerimônias de culto, são trazidas oferendas e feitas preces com pedidos às divindades (colheita, paz, vitória na guerra, bom parto, fim de uma peste); no primeiro transcorre a vida profana dos humanos. A religião organiza o espaço e lhe dá qualidades culturais, diversas das simples qualidades naturais.

Outros materiais