Buscar

Desdobramentos do Contrato

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

CONTRATOS PARTE GERAL – 2ª PARTE
Material de apoio e referência
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS
Funda-se tal princípio na idéia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. Em outras palavras, o contrato vincula apenas as partes contratantes, só as partes ficam obrigadas a cumprir o objeto do contrato.
PRINCÍPIO DA BOA FÉ
DESDOBRAMENTOS
Como cediço esse princípio consiste no dever de transparência e lisura das partes contratantes. A boa-fé objetiva constitui um conjunto de padrões éticos de comportamento, modelo ideal de conduta que se espera de todos os integrantes de determinada sociedade, devendo ser observada em todas as fases do contrato (pré-contratual, conclusão do contrato e na pós-contratual-post factum finitum).
Acerca do assunto vide enunciados das Jornadas de Direito Civil (As Jornadas de Direito Civil são uma realização do Conselho da Justiça Federal - CJF e do Centro de Estudos Jurídicos do CJF. Nestas jornadas, compostas por especialistas e convidados do mais notório saber jurídico, são elaborados enunciados de Direito Civil, baseados sempre no Novo Código Civil e que buscam uma melhor interpretação de seus dispositivos.):
24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós -contratual.
26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes.
27 - Art. 422: na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos.
Importante esclarecer que os deveres principais são as obrigações principais, como as de fazer, de dar e não fazer. Já os deveres anexos (ou acessórios, laterais, satelitários), que não possuem uma lista certa, mas que podem ser exemplificados pela proteção, informação, cooperação, lealdade e confiança.
A boa-fé objetiva tem funções interpretativa (cânon interpretativo-integrativo) conforme previsto no artigo 113 do CC, controladora (norma de limitação ao exercício de direitos subjetivos – repressão a atos abusivos) regido pelo artigo 187 do CC, integrativa (norma de criação de deveres jurídicos, ou seja, na explicitação dos direitos e deveres satelitários), e por fim de limitação aos direitos subjetivos devendo estes ser exercidos de maneira razoável, e sem excessos, ou seja, não abusivos.
FIGURAS PARCELARES OU DESDOBRAMENTOS DA BOA-FÉ:
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM: Ou teoria dos atos próprios, é uma vedação decorrente do princípio da confiança. 
Esta vedação assegura a manutenção da situação de confiança legitimamente criada nas relações jurídicas contratuais, onde não se admite a adoção de condutas contraditórias. 
É uma regra de coerência por meio da qual se proíbe que se aja em determinado momento de uma certa maneira, e, posteriormente, adote-se comportamento que frustra, ou vai contra aquela conduta tomada em primeiro lugar. 
Em suma: O venire contra factum proprium significa a proibição de ir contra fatos próprios já praticados. 
Ex: Uma empresa durante determinado período de tempo, em geral longo (não necessariamente medido em dias ou anos, depende de cada caso) comporta-se de certa maneira, gerando expectativa justificada para outras pessoas que dependem desse comportamento. Em decorrência desse comportamento a outra parte realiza um investimento, não necessariamente econômico, visando a continuidade do comportamento outrora realizado, e em seguida, é afetado pelo comportamento contrário injustificado. 
Assim se um credor durante anos aceita o pagamento da obrigação em data posterior ao do vencimento estipulado no contrato, e posteriormente pleiteia rescisão contratual com fundamento na conduta anteriormente tolerada, configura-se o venire contra factum proprium.
Requisitos configuradores deste instituto:
Um comportamento;
A geração de uma expectativa;
O investimento na expectativa gerada ou causada;
O comportamento contraditório ao inicial, que gere um dano, ou, no mínimo um potencial de dano a partir da contradição.
O venire contra factum proprium NÃO PODE SER ALEGADA DIANTE DE MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA (erro material, prescrição, nulidade absoluta etc).
O aforismo “ninguém pode alegar a própria torpeza” (Nemo auditur turpidutinem allegans) é diferente do venire contra factum proprium, pois nesta tutela-se a confiança e as expectativas criadas, enquanto no Nemo auditur turpidutinem allegans busca-se reprimir a malícia.
SUPRESSIO: Consiste na redução do conteúdo obrigacional pela inércia de uma das partes em exercer direitos ou faculdades, gerando na outra legítima expectativa. 
A faculdade ou direito consta efetivamente do contrato, porém a inércia qualificada de uma das partes gera na outra a expectativa legítima (diante das circunstâncias) de que a faculdade ou direito não será exercido. 
Exemplo: Uso de área comum por condôminos em regime de exclusividade por período de tempo considerável, que implica a supressão da pretensão de reintegração por parte do condomínio como um todo. O comportamento da parte gerou na outra a representação de que o direito não seria mais atuado. 
A aplicação da boa-fé sob a forma da supressio tem recebido respaldo da jurisprudência, exigindo-se, entretanto, para sua configuração o decurso de prazo sem exercício do direito com indícios objetivos de que o direito não mais seria exercido e desequilíbrio, pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor. 
Requisitos configuradores deste instituto:
Decurso de prazo sem exercício do direito com indícios objetivos de que o direito não mais será exercido;
Desequilíbrio, pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor.
 
SURRECTIO: Ocorre em casos em que o decurso do tempo permite concluir o surgimento de uma posição jurídica, pela regra da boa-fé. Representa uma ampliação do conteúdo obrigacional.
Uma parte gera na outra a expectativa de direito ou faculdade não pactuada. A surreição consiste no surgimento de uma posição jurídica pelo comportamento materialmente nela contido, sem a correlata titularidade.
Exemplo: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir a renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato conforme previsto no artigo 330 do CC. 
Em suma, surge o direito subjetivo a partir da cristalização de uma situação de repetida violação contratual ou legal, de modo que se presuma uma nova conformação jurídica, dadas as circunstâncias objetivas. 
TU QUOQUE: Aplica-se na hipótese em há que determinado comportamento dentro do contrato que viola seu conteúdo, e apesar disso, propicia que a parte exija um comportamento em circunstâncias tais que ele mesmo deixou de cumprir.
Tal figura objetiva a proibição de adoção de comportamentos contraditórios no interior das relações obrigacionais com referência a determinado direito subjetivo derivado do contrato. 
Diferencia-se do venire, porque não se objetiva no tu quoque a tutela da expectativa de continuidade do comportamento, mas apenas a sua manutenção para preservar o equilíbrio contratual, o caráter sinalagmático das trocas. 
Noutras palavras proíbe que uma pessoa faça contra a outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non adimpleti contractus (Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,pode exigir o implemento da do outro.).
Por isso significa literalmente “e tu também”, em alusão à frase de Júlio César dita a Brutus. 
Exemplo: Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Outro exemplo é o relativo às exemplares decisões que têm tratado questões referentes a descontos indevidos em contratos de conta-corrente bancários, em que alguns tribunais determinam a devolução com juros do cheque especial, visando a que a parte prejudicada receba igual tratamento ao dado à instituição bancária, quando atua na posição inversa, emprestando dinheiro. 
DUTY TO MITIGATE THE LOSS: Princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo (Enunciado nº 169 da III Jornada de Direito Civil).
A regra que inspira o enunciado supramencionado é o artigo 77 da Convenção de Viena de 1980 sobre venda internacional de mercadorias, no sentido de que “a parte que invoca a quebra de contrato deve tomar as medidas razoáveis, levando em consideração as circunstâncias, para limitar a perda, nela compreendido o prejuízo resultante da quebra. Se ela negligencia em tomar tais medidas, a parte faltosa pode pedir a redução das perdas e danos, em proporção igual ao montante da perda que poderia ter sido diminuída”. 
Exemplos: Decisão tomada no REsp 758518/PR, em que ponderou-se “... o fato de ter deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 (sete) anos, sem que este cumprisse com o seu dever contratual (pagamento das prestações relativas ao contrato de compra e venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o conseqüente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere dos atos de defesa possessória diminuiriam a extensão do dano”. Em decorrência da inércia do credor a Corte originária excluiu um ano de ressarcimento, com o que coadunou o STJ.
Outros exemplos: Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé.
§ 1o O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da agravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.
§ 2o A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.
Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as conseqüências.
Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as despesas de salvamento conseqüente ao sinistro.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL: Refere-se ao adimplemento próximo ao resultado final almejado no contrato, e considerando a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se apenas o pedido de indenização. 
Parte-se da premissa de ser injusta a resolução (desfazimento) do contrato no caso de inadimplemento mínimo, pois haveria violação da função social e da boa-fé objetiva, sendo que em suma, deve-se rejeitar a resolução do vínculo obrigacional sempre que a desconformidade entre a conduta do devedor e a prestação estabelecida seja de pouca relevância.
Veja o que diz o Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil:
361 – Arts. 421, 422 e 475. O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475. 
Exemplo: Numa ação de reintegração de posse ajuizada por uma instituição financeira por inadimplemento e contrato de arrendamento mercantil (leasing) o órgão julgador entendeu que diante do substancial adimplemento do contrato com o pagamento de 31 de 36 parcelas do arrendamento, mostrava-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e resolução do contrato, sendo mais equilibrada a execução do título do que outra medida mais gravosa. (REsp 272.739/MG).
______________________
EFEITOS DOS CONTRATOS EM RELAÇÃO A TERCEIROS:
A princípio, via de regra, os contratos só produzem efeitos perante as partes, não aproveitando ou prejudicando a terceiros (princípio da relatividade dos efeitos do contrato).
Como exceção à regra do princípio da relatividade nos temos as seguintes hipóteses:
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS (arts. 436/438 CC)
Pactum in favo reiri tertii
CONCEITO: É o ajuste que determina no contrato o benefício/direito para uma terceira pessoa que não faça parte da relação contratual, ou seja, totalmente estranho ao negócio jurídico. Ex.: Contrato de seguro de vida em que um ou mais terceiros beneficiários serão agraciados com o resultado almejado com o contrato de seguro, qual seja a indenização decorrente da morte do contratante.
Partes:
Estipulante: Quem faz a estipulação em favor de alguém, ou seja a quem caberá o proveito da contratação.
Promitente (devedor): Quem se compromete a entregar ou transmitir o bem ou vantagem ao terceiro na época estipulada.
Terceiro/beneficiário: Quem é favorecido na negociação, o destinatário da vantagem.
Requisitos essenciais:
Estipulante capaz, principalmente podendo vender os seus bens, e agindo em seu próprio nome.
Promitente capaz inclusive de cumprir a obrigação de entregar o bem para terceiro
Terceiro (beneficiário): determinado ou determinável, capaz ou incapaz. (não se obriga daí poder ser incapaz)
A estipulação deve ser inequívoca, não sendo direito absoluto até a aceitação da estipulação, pelo terceiro. (se for benefício gratuito não necessita de aceite) 
É um pacto principal, a validade do ato não está adstrita a nenhuma outra entre estipulante e promitente.
Não possui forma específica para sua validade, portanto, é não solene, porém, deverá ser de forma escrita.
Natureza jurídica
Há 04 teorias a respeito:
Teoria da oferta: O contrato só se aperfeiçoa depois que o 3º aceitar a estipulação. Antes seria apenas uma oferta (proposta) que obriga o estipulante e o promitente. A aceitação do terceiro é apenas uma concordância com os efeitos do contrato já perfeito.
Teoria da gestão de negócios: Pothier e Labbé entendem ser uma gestão de negócios, ou seja, uma pessoa gere os negócios alheios sem que seu dono saiba. Ou seja, a semelhança é que tanto o estipulante quando o terceiro são estranhos ao vínculo obrigacional.
Teoria da obrigação unilateral: Seria uma declaração unilateral de vontade em favor de um terceiro, ou seja, o terceiro só é credor em função dessa declaração unilateral. A oposição a essa teoria é que há um acordo de vontades o que não ocorre nos atos unilaterais, ou seja, a estipulação é feita diretamente para uma pessoa independente de sua vontade.
Teoria da natureza sui generis (único em seu gênero de seu próprio gênero): É única no direito não há mistura não há nada parecido, sem precedentes.
O direito do 3º nasce imediatamente com o advento do termo, ou, com o implemento da obrigação. Ex.: se A compra um veículo para B, o direito de B nasce imediatamente.
Nascendo o direito o beneficiário aceita ou não. Aceitando; torna-se credor do promitente que deverá efetuar o pagamento, sob pena de execução forçada. 
Antes do nascimento da obrigação o beneficiário nada poderá pleitear em seu favor.
Situação do promitente: Sua obrigação se inicia com o contrato regulando-se normalmente pelas regras do direito contratual. Poderá ser acionado para realizar a obrigação pelo estipulante como pelo beneficiário a não ser que o estipulante não deixe esse direito ao beneficiário (art. 437 CC). 
EFEITOS:
Obrigatoriedade da estipulação: pode o estipulante exigir que o promitente efetue o cumprimentoda obrigação (art. 436 CC);
Substituição do beneficiário (terceiro): pode o estipulante substituir o terceiro designado, dese que se reserve a esse direito (art. 438 CC);
Irrevogabilidade da estipulação: pode o estipulante exonerar o devedor; exceto se concedeu o direito ao BENEFICIÁRIO de exigir o adimplemento da obrigação (art. 437 CC);
Exigibilidade pelo terceiro (beneficiário): se estiver previsto no contrato, o beneficiário pode reclamar a execução da promessa e manter-se insubstituível;
Alteração na estipulação: se a estipulação for graciosa pode o estipulante revogá-la ou inová-la a qualquer tempo. Entretanto, se a estipulação derivar de causa onerosa, ou seja, obrigação assumida para obter a quitação do beneficiário, não é possível a exoneração da obrigação ou substituição por terceiro. 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIROS (arts 439/440 CC)
CONCEITO: Contrato por outrem. É a contratação pela qual uma das partes contratantes promete fato de terceiro (ato ou negócio jurídico), assumindo obrigação de fazer de resultado, que em caso de inadimplemento se resolverá em perdas e danos, devidas pelo promitente, pois não há como vincular terceiro estranho a relação obrigacional, ou seja alguém se responsabiliza por terceiro que esse cumpra alguma obrigação. 
Sujeitos:
Promitente – aquele que promete fato de terceiro e assume obrigação de resultado;
Contratante promissário – aquele que aceita a promessa de fato de terceiro e assume o risco da resolução da obrigação em perdas e danos (caso não seja cumprida a obrigação);
Terceiro – aquele de quem se promete o fato a ser executado e que poderá anuir ou não à promessa feita pelo promitente.
Ex.: João (contratante promissário) contrata Antônio (promitente) para que Maria (terceiro) realize um show artístico, ou seja, Antônio promete para João que Maria realizará um serviço. Nessa espécie de contrato quem se obriga é Antônio e não Maria, logo se esta não aceitar a execução Antônio deverá pagar por perdas e danos, porém, se Maria aceitar ela responderá pela inexecução do acordo desonerando Antônio da responsabilidade contratual.
OBS: contratante promissário, promitente e terceiro devem ser capazes, pois todos deverão ter aptidão legal civil para contratar.
Esse contrato se divide em duas etapas:
1ª etapa: Formação – contratante e promitente estipulam uma obrigação para o promitente para que o 3º, não participante da avença, faça alguma coisa. Antes da anuência do 3º, restringindo a relação ao contratante promissário e o promitente.
2ª etapa: Em seguida ao expressar o seu consentimento o 3º se obriga a fazer o que foi prometido pelo promitente. Para que essa etapa exista é necessário à aceitação do promitente em relação ao que foi prometido pelo promitente. Inaugura-se uma relação direta entre o promissário e o 3º, ficando, nesse estágio, o promitente exonerado, uma vez que adimpliu sua obrigação que consistia em fazer com que o 3º se obrigasse, SALVO se o promitente se obrigar pelo seu cumprimento. 
Essa espécie de contrato é principal, sendo que é um contrato de resultado e não de meio. Ou seja, se a parte promitente não cumprir o que esse se comprometeu deverá pagar perdas e danos à outra parte, porém, essas perdas e danos devem ser provadas em processo judicial.
Exoneração do promitente das perdas e danos:
Se exime da obrigação por:
1 – Impossibilidade de cumprimento do avençado. 
É oriundo da própria validade do contrato, ou seja, se comprometer que o 3º faça alguma coisa impossível pelas forças humanas, lembrando que essa impossibilidade é relativa ao próprio gênero humano e não a uma simples dificuldade de comprimento do contrato.
2 – Ilicitude do objeto. O promitente não pode prometer que uma pessoa faça alguma coisa ilícita. Jogar, matar outra pessoa etc...
3 – Cônjuge recusar o cumprimento de uma obrigação prometida pelo outro cônjuge. (art. 439, § único do CC). Se o 3º for o cônjuge do promitente e o ato depender de sua anuência e, pelo regime de bens do casamento, a indenização venha cair sobre seus bens, não haverá qualquer responsabilidade por parte do promitente. 
4 – Quanto terceiro expressamente aceitar a incumbência do que foi prometido passando a compor a relação obrigacional. Portanto, a partir desse momento o 3º responderá por essa obrigação. (art. 440 do CC)
Ex.: O marido promete que a esposa assinará escritura de venda da sua casa. Nesse caso estará eximido de responder pelas perdas e danos, somente nos casos em que houver comunicação patrimonial do promitente com a esposa que negou a fazer o que foi prometido pelo marido. Portanto, só será eximido por essa regra, caso sejam casados em comunhão universal ou parcial de bens e não de separação de bens. Mas, se o cônjuge promitente tiver bens particulares, cuja execução de perdas e danos não vá atingir o patrimônio do outro cônjuge esse responderá com seu patrimônio particular. Destaca-se que se o promitente cônjuge recebeu algum sinal terá que devolver esse sinal.
 
Modalidades:
O devedor promete que o terceiro ratificará o contrato, mas não garante o cuprimento do contrato pelo terceiro, ou seja não assume obrigação de resultado;
O devedor promete que o terceiro somente ratificará o contrato como irá cumpri-lo (afiança a obrigação de resultado);
O devedor promete envidar os melhores esforços para obter a ratificação por parte do terceiro (assume apenas a obrigação de meio).
CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (arts. 467/471 CC)
CONCEITO: Fica nesse contrato consignado que um dos contratantes reserva-se a faculdade de indicar pessoa que adquirirá, em momento futuro, os direitos e obrigações respectivas do contrato. Ou seja, a outra pessoa assumirá a posição daquele que a indica na relação contratual, como se fora celebrado com a pessoa indicada.
Figura utilizada para evitar despesas com a nova alienação quando o bem for adquirido com a finalidade de revenda. Consiste na reserva de direito do contratante de fazer figurar outra pessoa em sua posição contratual. 
Exemplo: Promessa de compra e venda com outorga da escritura definitiva para outra pessoa. É o chamado contrato de confiança (pro amico eligendo) configurando uma cláusula especial de nomeação de terceiro (contraente in eligendo).
O 3º deve aceitar expressamente a sua entrada nesse contrato, pois, vai adquirir direitos e deveres, e ASSUMIR o lugar do contratante, devendo todos os envolvidos ser capazes legalmente para contrair direitos e obrigações.
Os contratantes são conhecidos no momento da celebração do acordo, e o 3º só após a formalização. Portanto, o contrato já existe no momento em que o 3º é chamado ao acordo já formalizado, caso esse não consinta, o contrato continua válido entre os contratantes originários.
Prazo para declarar a pessoa: Pode ser feita por avença, e, caso não haja estipulação do tempo esse deverá ser apresentado em 05 dias.
Apresenta 02 (duas) fases:
1ª fase: Estipulante comparece em caráter provisório (até que o 3º aceite);
2ª fase: O nomeado passa a ser dono do negócio e responde por todas as obrigações como se tivesse avençado no contrato desde o primeiro dia, como se fosse o estipulante primário (art. 469 CC) – efeito ex tunc.
OBS: Forma estipulada pelo art. 468 do CC é obrigatória, sob pena de ineficácia.
RESSALVA DE LEGISLAÇÃO
O CONTRATO SERÁ EFICAZ EM RELAÇÃO AOS CONTRATANTES ORIGINÁRIOS NOS SEGUINTES CASOS:
1 – Se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
2 – Se a pessoa nomeada era insolvente no momento da aceitação;
3 – Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação;
DIFERENÇAS ENTRE :
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO - EFT, 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO – PFT
CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR – CPD
	
Estipulação em favor e 3º
	
Promessa de fato de 3º
	
Contrato pessoa a Declarar
	Não precisa anuir a menos que esse queira executar a obrigação
	Pessoa paraque o contrato exista deve anuir
	Deve anuir à obrigação
	Conhecido no momento do contrato
	Conhecido no momento do contrato
	Não é conhecido no momento do contrato
	Aceite só é necessário para execução
	O 3º Aceitando responsabiliza-se por perdas e danos.
	Aceitando, o 3º figura como principal contratante, sendo que, se assume os deveres e obrigações do contrato. /
	
	O 3º não aceitando, o promitente se responsabiliza pelas perdas e danos.
	Não aceitando, o contrato permanece em relação aos contratantes primitivos, após a aceitação esse não será substituído
CONTRATOS ALEATÓRIOS
Etimologia da palavra: Alea = risco, sorte, incerteza.
Conceito: É um contrato em que ambas às prestações, das partes, são dependentes de risco, incerteza no futuro, mas, que continua a possuir valor.
Nessa classificação contratual é obrigatório que o risco corra para as duas partes, pois, se for avençado que o risco corra apenas para uma das partes o contrato será nulo.
Porém, a assunção do risco poderá ser:
Total ou absoluto, quando só uma das partes cumpre sua prestação, sem nada receber em troca (Emptio spei);
Parcial ou relativo, quando, apesar de serem desproporcionados os montantes, cada um dos contraentes fornece alguma prestação. (Emptio rei speratae)
Espécies de contratos aleatórios:
 Alea de coisa inexistente
Emptio spei (venda de esperança - art. 458 CC) - É o contrato em que as partes avençam que uma coisa possa vir a existir ou não. Sendo que o adquirente pagará integralmente o valor do contrato, mesmo que a coisa não venha a existir, desde que, a inexistência dessa coisa, não seja por culpa ou dolo do alienante. 
Exemplo: Uma empresa compra toda a colheita de uma fazenda em determinado período e a fazenda nada produz, devendo o adquirente pagar o valor contratado mesmo nada recebendo.
Emptio rei speratae ( venda de coisa esperada – art. 459 do CC) – O adquirente assume comprar a coisa futura na quantidade que vier a existir. Deverá pagar ao alienante o preço fixado, mesmo que a coisa venha a existir a menor. Esse contrato trata da qualidade e não da existência da coisa. Se o alienante agir com culpa e dolo não terá direito ao preço. Se a coisa não vier a existir, o contrato será nulo. O adquirente somente assume a risco apenas em relação à quantidade e não da inexistência.
Exemplo: Uma empresa compra de pescador todos os peixes que porventura venha a pescar em determinado dia, combinam o preço fixo, assumindo a comprador o risco de o pescador trazer poucos peixes, ou muitos peixes, situações em que o pescador receberá o mesmo valor. Risco para ambos
Coisa existente mas exposta a risco (art. 460 do CC)
Há contratos aleatórios em que a coisa existe, mas, está exposta a risco assumido pelo adquirente. O adquirente deverá pagar o preço ao alienante, ainda que tais coisas venham a existir em menor quantidade ou deixem de existir no momento da execução do contrato.
Exemplo: Uma empresa compra de um agricultor a safra de tomates já nascidos, mas ainda por colher. Assumindo os riscos do negócio, o comerciante deverá pagar o preço ajustado ainda que os tomates pereçam, no todo ou em parte. 
Exceção (art. 461 do CC) - Nada pagará, todavia, se conseguir provar que o agricultor sabia previamente que os tomates estavam condenados e, ainda assim, deixou que o comprador assumisse os riscos e celebrasse o contrato. No caso, fala-se em dolo, vício leve que torna o contrato defeituoso, portanto, anulável.

Outros materiais