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ATUALIZAÇÃO CADERNO DE PENAL ESPECIAL dezembro de 2016

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1 
 
 
 
ATUALIZAÇÃO CADERNO DE PENAL ESPECIAL – DEZEMBRO 
20016 
4.15. ABORTO ATÉ O 3º MÊS DE GESTAÇÃO (STF) .......................................................... 2 
2. TRÁFICO DE PESSOAS ......................................................................................................... 4 
2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E PREVISÃO LEGAL ......................................................... 4 
2.2. CONDUTA PUNIDA.......................................................................................................... 5 
2.3. SUJEITO ATIVO ............................................................................................................... 5 
2.4. SUJEITO PASSIVO .......................................................................................................... 5 
2.5. ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................. 6 
2.6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ........................................................................................ 6 
2.7. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA .................................................................................. 6 
2.8. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA ................................................................................. 6 
2.9. AÇÃO PENAL ................................................................................................................... 7 
2.10. COMPETÊNCIA ............................................................................................................ 7 
2.11. PRESCRIÇÃO .............................................................................................................. 7 
2.12. LIVRAMENTO CONDICIONAL ..................................................................................... 7 
1.16. FURTO DE ANIMAL (ART. 155, §6º) ............................................................................ 8 
2.7.1. Roubo próprio .......................................................................................................... 11 
7. RECEPTAÇÃO DE ANIMAL .................................................................................................. 13 
7.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E PREVISÃO LEGAL ....................................................... 13 
7.2. CONDUTA ...................................................................................................................... 13 
7.3. ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
PÁGINA 74 
Incluímos, dentro do crime de aborto, o item 4.15 que trata acerca do aborto até o terceiro mês da 
gestação. 
 
4.15. ABORTO ATÉ O 3º MÊS DE GESTAÇÃO (STF) 
A primeira turma do STF, no HC 124306/RJ, entendeu que o aborto, até o terceiro mês da 
gestação, não é crime. 
Destaca-se que a matéria é da 1ª Turma do STF, não do Pleno. Assim, sua aplicação não é 
geral, mas específica ao caso concreto, até mesmo porque foi uma decisão proferida em HC. Ou 
seja, não se aplica a todo e qualquer caso análogo. Por óbvio, como toda decisão do STF, pode ser 
suscitada pela defesa em sede de precedente. 
Caso concreto: foi impetrado um HC para revogação preventiva de cinco pessoas, 
processadas pelo crime de abordo, praticado em uma clínica clandestina em Duque de Caxias. A 
defesa alegava a descriminalização do ato. Em 2014, o Min. Marco Aurélio, concedeu limitar para 
que cinco médicos e cinco funcionários da clínica fossem soltos, que estavam presos 
preventivamente. 
Novamente, o caso chegou ao STF, que decidiu, especificamente, para o caso concreto que 
não configurava a caracterização de crime, tendo em vista que os abortos foram realizados nas 
fases iniciais do desenvolvimento gestacional, no entender do Min. Barroso. 
Inclusive, o Min. Barroso, fez as seguintes ponderações: 
a) A autonomia da mulher, sua integridade física e psíquica, seus direitos sexuais e 
reprodutivos e a igualdade de gênero, imputa que a ela não seja obrigada a carregar o 
ônus integral de uma gravidez; 
b) Homem não engravida. Assim, somente haverá igualdade plena, quando for conferido à 
mulher o direito de decidir acerca da manutenção ou não do estado gestacional; 
c) A criminalização do aborto causa uma discriminação contra as mulheres pobres, as quais 
não podem recorrer a um procedimento médico e seguro. Enquanto as que possuem 
condições pagam clínicas particulares. 
d) O sistema nervoso central do feto, nos estágios iniciais da gestação, ainda não está 
formado. Portanto, não existe nenhum dano a prática do procedimento abortivo. 
Assim, como os abortos foram realizados no início da fase gestacional, até o terceiro mês, 
não há crime algum. 
Por fim, ressalta-se que para que a decisão seja válida erga omnes será necessário decisão 
do pleno. 
 
 
 
 
3 
 
PÁGINA 86 – A pergunta para o números de pessoas que caracteriza grupo de extermínio deve ser 
respondida da seguinte forma: 
Quantas pessoas devem, no mínimo, integrar esse “GRUPO”? O texto é totalmente 
silente. 
Duas são as conclusões possíveis e já presentes fomentando a discussão na doutrina. 
1ªC: o número de agentes deve coincidir com o de associação criminosa (art. 288 do CP), 
qual seja, três ou mais pessoas. 
2ªC: se alinha ao conceito de organização criminosa, definida e tipificada pela Lei 
12.850/2013, exigindo-se no mínimo quatro pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
PÁGINA 130 
Incluímos, dentro dos crimes contra a liberdade individual, o crime de tráfico de pessoas. 
2. TRÁFICO DE PESSOAS 
2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E PREVISÃO LEGAL 
Aqui, analisaremos apenas os aspectos penais do referido crime, o qual foi introduzido no 
CP pela Lei 13.344/2016. 
A Lei 13.344/2016 revoluciona o tratamento que o Brasil confere ao tráfico de pessoas, 
inclusive, conforta o ordenamento brasileiro as convenções internacionais. Havia um descompasso 
entre o nosso ordenamento e aquilo que o Brasil havia se comprometido perante os organismos 
internacionais. 
Até o advento da referida lei, o tráfico de pessoas, no Brasil, estava relacionado à exploração 
sexual, apenas e tão somente, previsto no art. 231 do CP (tráfico internacional de pessoal) e art. 
231-A do CP (tráfico interno de pessoas). 
Contudo os documentos internacionais não restringiam o tráfico de pessoas à exploração 
sexual, mas abrangem outras formas de exploração, a exemplo do tráfico de pessoas com a 
finalidade de retirada e comércio de órgãos, tecidos e partes do corpo; tráfico de pessoas visando 
adoção ilegal de crianças; tráfico de pessoas com a finalidade de exploração de trabalho escravo 
ou condição de servidão; e, claro, tráfico de pessoas com o intuito de exploração sexual. 
A Lei 13.344/2016 revogou os artigos 231 e 231-A do CP e criou o art. 149-A, sendo o tráfico 
de pessoas um crime contra a liberdade individual. 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar 
ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou 
abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de 
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344,de 2016) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.(Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções 
ou a pretexto de exercê-las; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com 
deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de 
coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou 
de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou 
função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. (Incluído 
pela Lei nº 13.344, de 2016) 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não 
integrar organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
 
 
5 
 
O referido artigo trata tanto do tráfico nacional como do tráfico internacional 
(transnacionalidade), o qual passou a ser uma causa de aumento, como já ocorre com o tráfico de 
drogas. 
2.2. CONDUTA PUNIDA 
Protege-se a liberdade individual, punindo-se as condutas de agenciar, aliciar, recrutar, 
transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, coação, fraude 
e abuso, com a finalidade de: 
a) Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo 
b) Submetê-la a trabalho em condições análogas a de escravo 
c) Submetê-la a qualquer tipo de servidão 
d) Adoção ilegal 
e) Exploração sexual 
A pena foi, sensivelmente, majorada. Agora, é de 4 a 8 anos. 
Como se percebe, o art. 149-A é um crime de conduta mista, formado por oito verbos 
nucleares, alguns, inclusive, são sinônimos (visto acima). 
Destaca-se que o crime só estará caracterizado quando o agente agir com grave ameaça, 
violência, coação, fraude ou abuso, com as finalidades constantes nos itens acima. 
Havendo consentimento válido da vítima, ou seja, o ofendido concorda em ser traficado 
com as finalidades descritas acimas, haverá a exclusão de tipicidade, conforme previsão constante 
nos documentos internacionais do qual o Brasil é signatário. 
ATENÇÃO!! Para que o consentimento exclua a tipicidade, deve ser um consentimento 
válido. Não será considerado quando for concedido mediante grave ameaça, uso de força, com 
abuso de autoridade, tratando-se de vítima vulnerável, bem como quando o consentimento for dado 
visando uma contraprestação (coloca-se na condição de traficância visando receber pagamento ou 
benefício). 
2.3. SUJEITO ATIVO 
O tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente. Assim, trata-se de crime 
comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Inclusive, dependendo de quem o pratica (funcionário público, parentes), estar-se-á diante 
de uma causa de aumento. 
2.4. SUJEITO PASSIVO 
Não se exige qualidade especial da vítima, trata-se de crime comum. Aliás, a depender da 
vítima (criança, adolescente, pessoa com deficiência, idoso), ter-se-á uma causa de aumento. 
 
6 
 
2.5. ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, sendo imprescindível a finalidade especial animando o traficante, são elas: 
f) Remover órgãos, tecidos ou partes do corpo 
g) Submeter a trabalho em condições análogas a de escravo 
h) Submeter a qualquer tipo de servidão 
i) Adoção ilegal 
j) Exploração sexual 
2.6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
A consumação ocorre mediante a realização de qualquer um dos oito núcleos constantes no 
art. 149-A. 
Alguns núcleos são típicos de delitos permanentes, ou seja, a consumação se protraí no 
tempo. 
Admite-se tentativa. 
O crime se consuma, independentemente, de o agente efetivar a retirada de órgãos, de 
submeter a vítima a condição análoga de escravos, a servidão, a adoção ilegal ou a exploração 
sexual. 
2.7. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se o crime for cometido: 
a) Por funcionário público no exercício da função ou a pretexto de exercê-las; 
b) Contra criança, adolescente, pessoa com deficiência ou pessoa idosa; 
c) Quando o agente se prevalece de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, 
de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade 
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; 
d) Quando a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
Segundo Rogério Sanches, o legislador errou ao aumentar a pena apenas no caso de 
exportação da pessoa, pois deixou de aumentar a pena no caso de importação internacional de 
vítima. Trata-se de erro grasso, tratando de maneira desigual duas situações iguais. 
2.8. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
A pena será reduzida, de 1/3 a 2/3, quando o traficante de seres humanos for primário e não 
integrar organização criminosa. 
 
7 
 
Como não houve a fixação de patamar para a diminuição, Rogério Sanches afirma que o 
juiz deve considerar o grau de submissão da vítima ou a maior ou menor colaboração do agente na 
apuração do crime, com a efetiva libertação da vítima. 
2.9. AÇÃO PENAL 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
2.10. COMPETÊNCIA 
A competência é da justiça estadual, salvo no caso de transnacionalidade (importação e 
exportação de seres humanos) em que caberá à justiça federal. 
2.11. PRESCRIÇÃO 
Segundo Rogério Sanches (posição defendida em seu livro), tratando de tráfico de pessoas 
para exploração sexual, aplica-se o art. 111, V do CP, quando a vítima for criança ou adolescente. 
2.12. LIVRAMENTO CONDICIONAL 
O legislador mudou o livramento condicional do tráfico de pessoas. 
Houve a tentativa de colocá-lo como hediondo ou, pelo menos, equipará-lo a crime hediondo. 
Não foi admitido, tendo em vista a falta de proporcionalidade e razoabilidade (no entender do SF). 
Contudo, o livramento condicional, quando se tratar de tráfico de pessoas, deve seguir os 
requisitos dos crimes hediondos ou equiparados. Assim, para que o condenado obtenha o 
livramento condicional será necessário o cumprimento de mais de dois terços da pena, desde que 
não seja reincidente específico em crimes hediondos ou equiparados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
PÁGINA 162 
Antes do item 2.Roubo, incluímos o item 1.16. Furto de Animal, nova qualificadora do crime de furto. 
1.16. FURTO DE ANIMAL (ART. 155, §6º) 
A Lei nº 13.330/2016 acrescentou o § 6º ao art. 155 do Código Penal prevendo uma nova 
QUALIFICADORA para o crime de furto. Veja a redação do parágrafo inserido: 
Art. 155, § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração 
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido 
em partes no local da subtração. 
 
Desse modo, se o agente subtrai semovente domesticável de produção (ex: um boi, uma 
galinha, um porco, uma cabra etc.), ele não mais responderá pela pena do caput do art. 155 do CP 
e sim por este § 6º. 
Abigeato 
O § 6º do art. 155 pune mais gravosamente o abigeato, que é o nome dado pela doutrina 
para o furto de gado. 
Importante destacar que o abigeato abrange não apenas o furto de bovinos, mas também 
de outros animais domesticáveis, como caprinos, suínos etc. 
O agente que pratica abigeato é chamado de abigeator. 
Não se pode confundir o abigeato com o abacto, que consiste no roubo de bovinos, ou seja, 
na subtração mediante violência. 
Animal abatido ou dividido em partes no local da subtração: 
Vale ressaltar que haverá a incidência da referida qualificadora ainda que o larápio mateo 
semovente ou venha a dividi-lo em partes no local da subtração. Destarte, pouco importa seja 
subtraído o animal vivo ou morto, integralmente ou somente uma das suas partes. Em qualquer 
situação terá incidência a figura qualificada prevista no art. 155, § 6º, do CP. 
# Se o agente subtrai uma peça de picanha de uma residência, de um supermercado 
ou mesmo de um açougue, ela responderá pela nova qualificadora do § 6º do art. 155? 
Não. O § 6º aplica-se para o caso de furto de semovente “dividido em partes no local da 
subtração”. Essa divisão deve ser efetuada pelo agente no local em que furto é praticado. 
Caso o animal tenha sido legitimamente dividido pelo seu proprietário e suas diversas partes 
tenham seguido destinos diferentes, não se pode dizer que ainda exista aí um semovente. Uma 
peça de picanha, de costela, de maminha etc., isoladamente considerada, não pode ser equiparada 
a um semovente. 
Suspensão condicional do processo 
Uma das consequências mais gravosas decorrentes da Lei nº 13.330/2016 é que agora o 
agente que subtrair um boi, uma cabra, um bode ou mesmo uma galinha, desde que o animal seja 
dotado de relevante valor econômico, não terá mais direito ao benefício da suspensão condicional 
 
9 
 
do processo, previsto no art. 89 da Lei nº 9.099/95, pois a pena mínima cominada é de 2 anos. 
Cuida-se de crime de elevado potencial ofensivo. 
O § 1º do art. 155 do CP prevê que a pena do furto deve ser aumentada em um terço, 
se o crime é praticado durante o repouso noturno. Essa causa de aumento de pena do § 1º, 
além de se aplicar para os casos de furto simples (caput), pode também incidir no caso de 
furto qualificado de semoventes (§ 5º)? Se o agente, durante o repouso noturno, furta um 
semovente domesticável de produção, deverá ter sua pena aumentada em um terço? 
Para o STJ, a resposta é positiva, pois a causa de aumento de pena prevista no § 1º pode 
ser aplicada tanto para os casos de furto simples (caput) como para as hipóteses de furto 
qualificado. 
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras. 
São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. 
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§§ 4º ou 6º do art. 155) 
e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em um terço se a subtração ocorreu durante 
o repouso noturno. Nesse sentido: STJ - 5ª Turma. AgRg no AREsp 741.482/MG, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/09/2015; STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
O § 2º do art. 155 do CP prevê a diminuição da pena de um a dois terços para os casos 
de furto de pequeno valor. É o chamado “furto privilegiado”. É possível aplicar a redução do 
§ 2º do art. 155 para o condenado pelo furto qualificado de semoventes (§ 6º)? 
SIM. É possível desde que estejam preenchidos os requisitos do § 2º (primariedade e 
pequeno valor da coisa). Isso porque a qualificadora do § 6º é de natureza objetiva. Logo, não há 
incompatibilidade em se reconhecer, neste caso, o chamado “furto privilegiado-qualificado”, também 
conhecido como “furto híbrido”. 
Aplica-se à presente situação o seguinte enunciado do STJ: 
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º 
do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem 
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a 
qualificadora for de ordem objetiva. 
 
O que acontece se o agente subtrai semovente domesticável de produção praticando, 
ainda, alguma das condutas previstas no § 4º do art. 155 do CP? É possível a cumulação dos 
§§ 4º e 6º do art. 155? 
SIM. É o que acontece, por exemplo, no caso do agente que, mediante o rompimento cerca 
do curral, furta uma vaca (art. 155, § 4º, I c/c § 6º). 
Nesta hipótese teremos um furto duplamente qualificado. 
A pena em abstrato será a prevista no § 4º do art. 155 (de dois a oito anos) e a qualificadora 
descrita no § 6º será utilizada pelo magistrado como circunstância judicial desfavorável na primeira 
fase da dosimetria da pena (art. 59 do CP). 
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de semovente 
domesticável de produção mesmo agora esta conduta sendo considerada como furto 
qualificado (§ 6º do art. 155)? 
 
10 
 
SIM. Em regra, o STJ não aplica o princípio da insignificância para o furto qualificado. É o 
caso, por exemplo, do art. 155, § 4º, I do CP (furto com rompimento de obstáculo). Afirma-se que o 
rompimento de obstáculo para a prática do crime de furto denota a maior reprovabilidade da conduta 
do agente e afasta, por conseguinte, a incidência do princípio da insignificância (STJ. 6ª Turma. 
AgRg no AREsp 746.011/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/11/2015). 
Esta justificativa do STJ, contudo, não se aplica para a nova qualificadora do § 6º do art. 
155. 
A qualificadora do § 6º não existe porque o modo de execução do crime seja mais grave 
nestes casos. A nova previsão foi inserida unicamente com o objetivo de conferir “maior proteção” 
penal para um determinado bem jurídico (animais destinados à produção), não havendo, porém, 
maior reprovabilidade nesta conduta. 
Assim, o simples fato de se furtar um semovente domesticável de produção não traz 
nenhuma circunstância especial ou mais gravosa que determine, por si só, a proibição de se aplicar 
o princípio da insignificância. 
Para que incida o princípio da insignificância, é necessário que estejam presentes os 
seguintes requisitos construídos pela jurisprudência do STF/STJ: 
a) mínima ofensividade da conduta; 
b) nenhuma periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e 
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
A conduta descrita no § 6º do art. 155, a depender do caso concreto, pode ser compatível 
com os requisitos acima listados, não havendo proibição, em abstrato, para a aplicação do referido 
princípio. 
Desse modo, se um agente, primário, com bons antecedentes, furta, com o objetivo de 
alimentar-se, uma galinha de uma enorme granja, por exemplo, não vemos dúvidas em se aplicar 
o princípio da insignificância. Inúmeros outros exemplos podem ser imaginados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
PÁGINA 166 
O item 2.7.1. Roubo próprio deve ser substituído pelo seguinte: 
2.7.1. Roubo próprio 
Consuma-se com o apoderamento da coisa mediante violência ou grave ameaça, 
dispensando posse mansa e pacífica (teoria da ‘amotio’). Basta a simples retirada do bem da esfera 
de disponibilidade da vítima. 
Admite-se tentativa. 
Informativo 572 STJ: 
 
O STJ editou a súmula 582 acerca da consumação do crime de roubo. Vejamos: 
Súmula 582 STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do 
bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve 
tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da 
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
Importante, relembrar, as quatro teorias acerca da consumação do delito de roubo, são elas: 
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o 
agente e a coisa alheia. Se tocou, já consumou. 
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída 
passa para o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja 
logo perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do 
agente, isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria 
da inversão da posse. Vale ressaltar que, para estacorrente, o crime se consuma mesmo que o 
agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de disponibilidade da 
vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de vigilância da vítima (não 
se exige que o agente tenha posse desvigiada do bem). 
3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de 
um lugar para outro. 
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão 
para tê-la a salvo. 
Resumo. Para cada uma das quatros teorias, quando se consuma? 
 
 
12 
 
# Qual foi a teoria adotada pelo STF e STJ? 
A teoria da APPREHENSIO (AMOTIO). Nos países cujos Códigos Penais utilizam 
expressões como “subtrair” ou “tomar” para caracterizar o furto e o roubo (Alemanha e Espanha, 
por exemplo), predomina, na doutrina e na jurisprudência, a utilização da teoria da apprehensio (ou 
amotio). Foi a corrente também adotada no Brasil. 
O STJ, ao apreciar o tema sob a sistemática do recurso especial repetitivo, fixou a seguinte 
tese: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao 
agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou 
desvigiada. 
O tema agora se encontra sumulado. 
Exemplo concreto: 
João apontou a arma de fogo para a vítima e disse: “perdeu, passa a bolsa”. A vítima 
entregou o aparelho e o assaltante subiu em cima de uma moto e fugiu. Duas ruas depois, João foi 
parado em uma blitz da polícia e, como não conseguiu explicar o motivo de estar com uma bolsa 
feminina e uma arma de fogo, acabou confessando a prática do delito. 
Assim, por ter havido a inversão, ainda que breve, da posse do bem subtraído, o fato em 
tela configura roubo consumado. 
Este é também o entendimento do STF: 
Para a consumação do crime de roubo, basta a inversão da posse da coisa subtraída, sendo 
desnecessária que ela se dê de forma mansa e pacífica, como argumenta a impetrante. STF. 2ª 
Turma. HC 100.189/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 16/4/2010. 
É prescindível, para a consumação do roubo, que o agente consiga a posse tranquila da 
coisa subtraída, mesmo que perseguido e preso por policiais logo após o fato. STF. 2ª Turma. HC 
91.154/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 19/12/2008. 
Esta Corte tem entendimento firmado no sentido de que a prisão do agente, ocorrida logo 
após a subtração da coisa furtada, ainda sob a vigilância da vítima ou de terceira pessoa, não 
descaracteriza a consumação do crime de roubo. STF. 1ª Turma. HC 94.406/SP, Rel. Min. Menezes 
Direito, DJe 05/09/2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PÁGINA 214 
Incluímos, dentro do item crimes contra o patrimônio, o crime de receptação de animal (enumerando 
como subitem 7). 
7. RECEPTAÇÃO DE ANIMAL 
7.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E PREVISÃO LEGAL 
O delito de receptação de animal foi introduzido pela Lei 13.330/2016 ao CP, que passa a 
contar com o art. 180-A. 
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito 
ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente 
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve 
saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei 
nº 13.330, de 2016) 
 
A finalidade do legislador foi punir mais severamente o furto e a receptação de animal 
semovente. 
7.2. CONDUTA 
O art. 180-A pune aquele que adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, tem em depósito 
ou vende semovente domesticável de produção, mesmo que não tenha sido abatido ou divido em 
partes. 
Destaca-se que o art. 180-A abrange dois setores: 
a) Setor primário: produção (agropecuarista). Aqui, realmente, houve agravamento de 
pena. 
b) Setor terciário: comercialização. Aqui, a lei acabou sendo mais benéfica. Por isso, irá 
retroagir para alcançar os fatos pretéritos. 
7.3. ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo (direito ou eventual), com a finalidade específica de comercialização ou de 
produção, que deve saber produto de crime. 
 
 
 
 
 
 
 
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PÁGIMA 219 
Antes do item crimes contra a liberdade sexual, incluímos explicação sobre a Súmula 574 do STJ. 
Atenção para a Súmula 574 do STJ 
Súmula 574 STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral 
e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por 
amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é 
desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou 
daqueles que os representem. 
 
Para melhor compreensão da súmula, imagine o seguinte caso hipotético: 
João foi preso em casa com dezenas de DVD’s piratas que ele estava comercializando. Qual 
crime, em tese, ele praticou? Essa conduta amolda-se ao § 2º do art. 184 do CP. 
O processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial é disciplinado pelos arts. 
524 a 530-I do CPP. 
Estes artigos preveem dois tipos de procedimento: um para o delito do art. 184, caput, do 
CP e outro para as infrações dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP. 
Delito do art. 184, caput, do CP: aplicam-se as regras dos arts. 524 a 530 do CPP. 
Delitos dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP: 
 a autoridade policial fará a apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos 
(ex.: CDs e DVDs piratas), em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e 
materiais que possibilitaram a sua existência (ex.: computador onde eram feitas as cópias das 
mídias), desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito; 
 na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemunhas, 
com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deverá 
integrar o inquérito policial ou o processo; 
 depois da apreensão, será realizada, por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa 
tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que deverá 
integrar o inquérito policial ou o processo; Este exame técnico tem o objetivo de atestar a ocorrência 
ou não de reprodução (cópia) feita com violação de direitos autorais. Segundo o STJ, no caso do § 
2º do art. 184 do CP, comprovada a materialidade delitiva por meio da perícia, é totalmente 
desnecessária a identificação e inquirição das supostas vítimas, até mesmo porque este ilícito é 
apurado mediante ação penal pública incondicionada, dispensando qualquer provocação por parte 
da vítima; 
 caso sejam identificadas as vítimas do delito, os titulares de direito de autor e os que lhe 
são conexos serão os fiéis depositários de todos os bens apreendidos, devendo colocá-los à 
disposição do juiz quando do ajuizamento da ação; 
 o juiz poderá determinar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou 
reprodução apreendida, salvo se estiver sendo discutido se o material encontrado é ou não ilícito; 
 o juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens 
ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que 
precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que 
 
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deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de 
ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse 
público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio; 
 as associações de titulares de direitosde autor e dos que lhes são conexos poderão, em 
seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação, quando praticado o delito em detrimento 
de qualquer de seus associados. 
Voltando ao nosso exemplo hipotético: 
Os peritos fizeram a perícia em apenas alguns DVD’s, por amostragem, e esse exame se 
limitou a analisar os elementos externos dos DVD's apreendidos, como a impressão da capa, o 
código de barras, o nome do fabricante etc. A Defensoria Pública questionou a validade dessa 
perícia, afirmando que: 
1) o art. 530-D do CPP exige que a perícia seja feita sobre TODOS os bens apreendidos, 
não podendo ser realizada por amostragem; 
2) a perícia deveria ter examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s (e não apenas os 
aspectos exteriores); 
3) para a configuração do delito em questão, é necessária a identificação dos titulares dos 
direitos autorais violados. 
As teses suscitadas pela defesa são aceitas pela jurisprudência do STJ? NÃO. 
1) É válida a perícia por amostragem 
Realmente, a redação literal do art. 530-D do CPP afirma que a perícia deve ser realizada 
"sobre todos os bens apreendidos". Apesar disso, o STJ relativiza essa exigência e admite que a 
perícia seja feita por amostragem. Assim, basta que haja a apreensão de um único objeto e se a 
perícia realizada sobre ele constatar a falsidade, estará configurado o delito do art. 184, § 2º do CP. 
Entender de forma diversa apenas dificultaria a apuração do delito e retardaria o término do 
processo judicial, em inobservância ao princípio constitucional da razoável duração do processo. 
Assim, a exigência do legislador de que a perícia seja realizada sobre todos os bens apreendidos 
se presta, na verdade, não para fins de comprovação da materialidade delitiva, mas para fins de 
dosimetria da pena, mais especificamente para a exasperação da reprimenda-base, uma vez que 
se mostra mais acentuada a reprovabilidade do agente que reproduz, por exemplo, com intuito de 
lucro, 500 obras intelectuais do que aquele que, nas mesmas condições reproduz apenas 20. 
2) É suficiente a análise das características externas do material apreendido 
É dispensável excesso de formalismo para a constatação da materialidade do crime de 
violação de direito autoral. Desse modo, a simples análise de características externas dos objetos 
apreendidos é suficiente para a aferição da falsidade necessária à configuração do delito descrito 
no art. 184, § 2º, do CP. Não é razoável exigir minúcias exageradas no laudo pericial, como a 
catalogação de centenas ou milhares de CD's e DVD's, indicação de cada título e autor da obra 
apreendida e contrafeita. Assim, é válida a perícia realizada nas características externas do material 
apreendido. 
3) É dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais violados 
 
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Para a configuração do crime em questão, é dispensável a identificação individualizada dos 
titulares dos direitos autorais violados ou de quem os represente. Isso porque a violação de direito 
autoral extrapola a individualidade do titular do direito, devendo ser tratada como ofensa ao Estado 
e a toda a coletividade, visto que acarreta a diminuição na arrecadação de impostos, reduz a oferta 
de empregos formais, causa prejuízo aos consumidores e aos proprietários legítimos e fortalece o 
poder paralelo e a prática de atividades criminosas conexas à venda desses bens, aparentemente 
inofensiva. 
Além disso, o tipo penal do art. 184, § 2º, do CP, é crime de ação penal pública 
incondicionada, de modo que não é exigida nenhuma manifestação do detentor do direito autoral 
violado para que se dê início à ação penal. Consequentemente, não é coerente se exigir a sua 
individualização para a configuração do delito em questão. 
Ademais, o delito previsto no art. 184, § 2º, do CP é de natureza formal. Portanto, não é 
necessária, para a sua consumação, a ocorrência de resultado naturalístico, o que reforça a 
prescindibilidade (desnecessidade) de identificação dos titulares dos direitos autorais violados para 
a configuração do crime. 
Em sede de recurso especial repetitivo, o STJ firmou a seguinte tese que resume essas três 
conclusões: É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, § 2º, 
do CP, a perícia realizada, por amostragem, sobre os aspectos externos do material apreendido, 
sendo desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou de quem os 
represente. STJ. 3ª Seção. REsp 1.456.239-MG e REsp 1.485.832-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 12/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 567)

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