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Noções Preliminares Direito Internacional

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Direito Internacional
Grasielly de Oliveira Spinola Cardoso
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos 
ESTADO ABSOLUTISTA
Feudalismo
Características: Sociedade Estamental (rígida divisão de classes)
Centralização do Poder em uma única pessoa: O REI
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
Crise do ESTADO ABSOLUTISTA
Mercantilismo
Iluminismo
Articulação burguesa para tomar o poder
Revolução Francesa: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
ESTADO LIBERAL
Consolidação da Burguesia no Poder
Terreno fértil para expansão comercial
O Estado não interfere nas relações entre 
os particulares 
Protagonismo do Poder Legislativo
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
Crise do Estado Liberal
Migração da população do campo para a cidade
Revolução Industrial
Surgimentos dos movimentos sociais
Reivindicações Sociais
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
ESTADO SOCIAL
Welfare State ou Estado do Bem Estar Social
O Estado passa a ser o provedor dos direitos sociais como moradia, saúde, educação, segurança, trabalho.
Protagonismo do Poder Executivo
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
Ascensão de Regimes Totalitaristas 
1ª e 2ª Guerras Mundiais
Deflagração de armas de destruição em massa
Preocupação com a paz mundial (ONU- 1945)
Noção de Dignidade Humana
Preocupação com o meio ambiente
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
ESTADO DEMOCRÁTICO
Exercício Democrático do Poder: eleições livres e independentes
Igualdade de voto
Participação política do cidadão
Todo poder emana do povo (art. 1, parágrafo único, CF/88) 
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
ESTADO DE DIREITOS
Submissão do Estado ao Direito
Garantia e Proteção dos Direitos Fundamentais
Valorização da Dignidade Humana
Noção de Sustentabilidade
ESTADO DEMOCRÁTICO + 
ESTADO DE DIREITOS 
= 
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITOS
1. Noções Introdutórias: Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direitos
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITOS
Respeito à ordem jurídica
Respeito aos Direitos Fundamentais e à Dignidade Humana
Compromisso com a sustentabilidade
Construção de uma sociedade livre, justa e solidária
Protagonismo do Judiciário 
2. Gerações/Dimensões de Direitos Fundamentais
2.1 Direitos de Primeira Geração ou Dimensão
	São aqueles ligados às liberdades individuais clássicas, de caráter negativo por exigirem um dever de abstenção do Estado. (Estado Liberal)
	Ex: São os direitos civis e políticos. 
2. Gerações/Dimensões de Direitos Fundamentais
2.2 Direitos de Segunda Geração ou Dimensão 
	São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, que exigem atuações do Estado. (Estado Social) 
	Ex: São direitos sociais, econômicos e culturais
2. Gerações/Dimensões de Direitos Fundamentais
2.3 Direitos de Terceira Geração ou Dimensão
	São os direitos transindividuais ligados ao valor fraternidade ou solidariedade. (Estado Democrático de Direitos). 
 Ex: Direito ao progresso e ao desenvolvimento, ao meio ambiente sustentável, à autodeterminação dos povos, à paz mundial, etc. 
RESUMO
Primeira Geração ou Dimensão: LIBERDADE
(Estado Liberal)
Segunda Geração ou Dimensão: IGUALDADE
(Estado Social)
Terceira Geração ou Dimensão: FRATERNIDADE
(Estado Democrático de Direitos)
3 PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
CONCEITO: inexiste uma definição universalmente aceita para globalização.
Sob aspecto sócio/cultural: ocorre quando os atos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências significativas – interativas – para “terceiros distantes”; 
Como compreensão espaço temporal: a comunicação instantânea supera limitações da distância e do tempo na organização e na interação social;
Como interdependência acelerada: entrelaçamento entre economias e sociedades nacionais, pois os acontecimentos de um país têm impacto direto em outros; 
Como um mundo em processo de encolhimento: erosão das fronteiras e das barreiras geográficas a atividade socioeconômica;
Outros conceitos: reordenação das relações de poder inter-regionais, consciência da situação global e intensificação da interligação inter-regional.
3.1 CONCEITO
David Held e Anthony McGrew: “É o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto de mudanças é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação — telefones, computadores e televisão. As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da lnternet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e reflitam, em outras áreas como o Direito. 
3.2 CARACTERÍSTICAS
A globalização caracteriza-se por um processo de integração global que induz ao crescimento da interdependência entre as nações, segundo interações de ordem econômica, tecnológica, social e cultural. 
Aumento no fluxo de comércio internacional e de investimento estrangeiro direto (IED)
Acirramento da concorrência no mercado internacional
Aumento da interdependência entre os países 
Expansão de blocos regionais 
Redefinição do papel do Estado e da noção de soberania estatal
Ênfase na promoção de uma política global de segurança e combate ao terrorismo
3.3 CONSEQUÊNCIAS
impulso à transformação nos padrões de interligação mundial, que denota ampliação de relações e atividades sociais atravessando fronteiras.
intensidade crescente de fluxos globais, pois Estados e sociedades ficam cada vez mais enredados em sistemas mundiais e redes de interação. Em conseqüência, fenômenos distantes passam a ter impactos internos, e acontecimentos locais geram repercussões globais de peso.
mudança significativa no alcance espacial da ação e da organização social, que passa para uma escala inter-regional ou intercontinental.
visibilidade à política interna dos países em um cenário global, com maior velocidade na interação social, passando os acontecimentos a ter um impacto não apenas local, mas mundial em um efeito imediato.
4. Direito Internacional
4.1 Conceito: pode ser tratado, como o conjunto de princípios e normas, positivos e costumeiros, representativos dos direitos e deveres aplicáveis no âmbito da sociedade internacional.
4.2 Público x Privado: Será público, quando se referir aos direitos e deveres dos próprios Estados em suas relações; e privado, quando tratar da aplicação, a particulares sujeitos a um determinado Estado, de leis civis, comerciais ou penais emanadas de outro Estado.
 
4.3 Fundamentos do DI
VOLUNTARISMO (corrente positivista)
OBJETIVISMO
As normas de DIP são obrigatórias porque os Estados eOIsexpressaram livremente sua VONTADE livre.Aofazê-lo, de forma expressa (tratados) ou tácita (aceitação generalizada de um costume).
As normas de DIP são obrigatórias porque surgem da dinâmica da sociedade internacional, sendo irrelevante a vontade dos sujeitos de DIP, tendo sobre eles uma PRIMAZIA NATURAL
É criticada por condicionar toda a regulamentação internacional à mera vontade dos Estados.
É criticada por minimizar o papel da vontade dos sujeitos de DIP na criação das normas internacionais e, assim, facilitar o surgimento de normas que podem não corresponder aos anseios legítimos do povo.
4.4 FONTES DO DI
O Estatuto da Corte de
Haia, primeiro tribunal vocacionado para solucionar conflitos entre Estados, sem qualquer limitação de ordem geográfica ou temática, relacionou as fontes do Direito Internacional. 
Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.
Este artigo é considerado unanimemente o rol mais concentrado das fontes do Direito Internacional Público, não necessariamente exaustivo. 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 38 
A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 
As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 
Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 
A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes.
4.4.1 Tratados e Convenções Internacionais
1ª – Tratados e Convenções Internacionais – são as principais fontes do Direito Internacional, por trazerem maior estabilidade, segurança e certeza às relações internacionais, quer gerais, quer especiais estabelecem regras expressamente reconhecidas pelos Estados. 
Conceito fixado pela CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS de 1969 (artigo 2o): “Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica
Podemos conceituar tratado como “todo acordo formal concluído entre sujeitos de direito internacional público e destinado a produzir efeitos jurídicos”. (REZEK, Francisco, pg. 14)
As partes serão Estados soberanos ou Organizações Internacionais. Portanto, não têm personalidade jurídica de direito e carecem de capacidade para celebrar tratados as empresas privadas, pouco importando sua dimensão econômica e sua eventual multinacionalidade. 
Aplicabilidade dos Tratados
Aplicabilidade do princípio pacta sunt servanda: o tratado é, acima de tudo, um pacto. Por isso mesmo, a todo e qualquer tratado aplica-se o princípio pacta sunt servanda (“o que foi pactuado deverá ser cumprido”). O tratado compreende, dessa forma, a combinação de normas jurídicas concretas (direitos e obrigações das partes signatárias) com valores éticos abstratos (boa-fé e expectativa de realização do acordo).
Aplicabilidade do princípio do consentimento: a noção de consentimento (anuência, aprovação, permissão) é essencial a todo e qualquer tratado. É absolutamente nulo, por exemplo, o tratado no qual um dos Estados pactuantes tenha sofrido coação por ameaça ou por emprego da força.
Regência do Direito Internacional Público: sendo ao mesmo tempo ato jurídico e norma jurídica, o tratado deverá estar amparado por alguma ordem jurídica. Sabendo-se que a jurisdição da sociedade internacional é facultativa, e tendo em vista a inaplicabilidade do princípio da subordinação na esfera desta mesma sociedade internacional, o tratado será sempre regido, por conseqüência, pelo Direito Internacional Público. 
4.4.2 Costumes
Nota explicativa: o costume é a fonte mais antiga do Direito Internacional Público, fenômeno jurídico anterior a qualquer noção de acordo internacional celebrado por escrito: trata-se de verdadeira fonte do Direito Internacional Público. O costume, a depender do grau de sua aceitação pelos membros da comunidade internacional, é muitas vezes consolidado nos textos dos tratados bilaterais e multilaterais.
“Prática geral aceita como direito” (Estatuto da CIJ: art. 38, 1, “b” O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como direito).
4.4.2 Costumes
Costumes internacionais – são a prova de uma prática geral aceita como sendo o direito. O costume tem dois elementos:
- elemento material – prática generalizada e constante de atos num mesmo sentido;
- elemento subjetivo, espiritual ou psicológico – “opinio iuris” – crença de que aquilo é direito. Aceitação como direito. É a crença que os atores da sociedade internacional têm em relação à obrigatoriedade jurídica da reiteração desses atos.
O elemento material é o hábito, o espiritual é a crença.
Comprovação do Costume
Generalidade do Costume: A prática generalizada pode ser dar em um contexto universal, regional ou até mesmo local. 
Prova de Existência: O ônus é da parte que alega. Pode ser buscada em atos estatais, textos legais (Tratatados) e na Jurisprudência Internacional. 
Interpretação: Questão mais complexa. Cada Estado interpreta à sua maneira, levando em conta pesos e valorações distintas. 
4.4.3 Princípio Geral de Direito Internacional 
Art. 38 “princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas”. 
CRÍTICA À EXPRESSÃO: NAÇÕES CIVILIZADAS.
Princípio Geral é uma norma, mas uma norma geral e importante que comanda outras. “Os princípios de direito são as normas essenciais sobre as quais se fundam as normas secundárias de aplicação e de técnica. (Hildebrando Accioly). 
4.4.3 Princípio Geral de Direito Internacional 
Nota explicativa: os princípios gerais de direito representam a fonte mais “universal” do Direito Internacional Público. Para efeito de classificação, podemos posicionar os princípios gerais de direito em três grandes categorias: (1) princípios gerais de direito específicos do Direito Internacional Público; (2) princípios gerais de direito comuns ao Direito Internacional Público e aos ordenamentos jurídicos internos; e (3) princípios gerais de direito consagrados pela jurisprudência internacional.
Conceito: princípios que traduzem regras jurídicas universalmente aceitas pelos sujeitos de Direito Internacional Público.
Noção Pós-Positivista de Princípio: Força normativa dos Princípios 
4.4.3 Princípio Geral de Direito Internacional 
1ª Corrente: Defende que são aqueles aceitos pelo Direito Interno da maioria dos Estados como: Princípio da Boa-fé, Coisa Julgada, Legalidade, Igualdade, Direito Adquirido, etc. 
2ª Corrente: Abrange não só os princípios de foro doméstico, mas aqueles internacionalmente aceitos como: Não agressão, solução pacífica de litígios entre Estados, autodeterminação dos povos, a coexistência pacífica, prevalência dos direitos humanos, desarmamento, proibição da propaganda de guerra, repúdio ao terrorismo, ao racismo, etc. 
Princípios gerais de direito específicos do Direito Internacional Público
Conceito: princípios que traduzem regras jurídicas universalmente aceitas pelos sujeitos de Direito Internacional Público.
 	▪ princípio da não-agressão;
	▪ princípio da autodeterminação dos povos; (constante na CF, art 4º., III)
	▪ princípio do desarmamento;
	▪ princípio da solução pacífica dos litígios entre Estados; (constante na CF, art 4º., VII)
	▪ princípio da coexistência pacífica.
4.4.4 DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
Art. 38. “ as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sob ressalva da disposição do art. 59. “ * 
* Artigo 59 A decisão do Tribunal só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão.
Não se trata tecnicamente de fontes do Direito, pois nenhum direito nasce ou ganha forma originária por meio delas. Entretanto, serão importantes para: 
A: Determinar o teor das normas internacionais não escritas (principalmente as costumeiras)
B: sanar eventuais inconsistências, obscuridades, ambiguidades e outros “defeitos” apresentados pelas normas internacionais. 
Jurisprudência Internacional
“Conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais resultante da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma
geral aplicável a todas as hipóteses similares ou idênticas” (Maria Helena Diniz).
E no âmbito Internacional???
Decisões da Corte Internacional de Justiça
Decisões dos demais Tribunais Internacionais (Corte Interamericana de Direitos Humanos, Tribunal Penal Internacional, Corte Europeia de Direitos do Homem)
Decisões dos Tribunais Arbitrais Internacionais 
Decisões dos Tribunais Nacionais
Pareceres da Corte de Haia (no exercício de sua competência consultiva) 
Doutrina Internacional
As proposições doutrinárias não têm o condão de obrigar, por isso a doutrina não gera modelos jurídicos, mas apenas modelos dogmáticos ou hermenêuticos (e isso ajuda a esclarecer os modelos jurídicos).
A expressão “juristas mais qualificados das diferentes nações” abrange juristas internacionalmente renomados, entidades que também “doutrinam” como associações científicas (Comissão de Direito Internacional da ONU). 
Para Mazzouli, toda tese que obtenha o consenso doutrinário internacional deve ser vista como segura, seja no domínio da interpretação de uma regra convencional, seja na dedução de uma norma costumeira ou de um princípio geral de Direito. 
4.4.5 Equidade
Art. 38 “A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes assim convierem.
Embora não seja tecnicamente uma fonte, é uma método de raciocínio jurídico (ou de adequação) que ajudará a encontrar soluções eficientes para o problema em casos de falta ou insuficiência de norma regulamentadora. 
A aplicação da Equidade dependerá sempre da aquiescência dos Estados. 
Resumo 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O ART. 38 é considerado apenas um rol exemplificativo, já que atualmente prevalece o entendimento de que existem outras FONTES de Direito Internacional. A saber:
Atos Unilaterais dos Estados;
Decisões das Organizações Internacionais;
Jus Cogens;
Soft Law;
NÃO HÁ HIERARQUIA entre as fontes, mas na prática os tribunais têm dado preferência aos tratados, salvo se houver contrariedade ao JUS COGENS. 
4.4.6 Atos Unilaterais dos Estados
Ato normativo unilateral é um ato inequívoco que advém da vontade de uma única soberania, formulado com a intenção de produzir efeitos jurídicos nas suas relações com outros estados ou Organizações Internacionais, com o conhecimento expresso destes. 
CRÍTICA: Não são normas (generalidade e abstração), mas meramente atos jurídicos, como uma notificação ou um protesto. 
Contestação à crítica: O Estado pode, por meio de ato unilateral, editar uma norma que seja geral e abstrata. 
Será fonte de DIP quando puder ser invocado por outro Estado para referendar um pleito qualquer ou para servir de modelo para determinado procedimento (REZEK) 
Poderá ser autonormativo (criam deveres e obrigações para os Estados que o manifestam) ou heteronormativo (atribuem direitos e prerrogativas a outros sujeitos de DI) 
Atos Unilaterais: SÍNTESE
Ato Inequívoco (expresso ou tácito)
Emanado de uma única soberania (Estado ou Organização Internacional)
Destinado a produzir Efeitos Jurídicos no âmbito internacional
De caráter normativo (generalidade e abstração)
Invocáveis por outros Estados ou Organizações para referendar ou servir de parâmetro de licitude. 
Ex: O Estado regula internamente a extensão de seu mar territorial ou de sua zona econômica exclusiva, e seu regime de portos, a forma de navegação de embarcações estrangeiras, etc. 
4.4.7 Decisões da Organizações Internacionais
De longa data reconhece-se que as resoluções das Organizações Internacionais podem ser invocadas como eventual manifestação dos costumes internacionais. 
São atos institucionais 
São decisões emanadas de Sujeitos de Direito Internacional
As decisões precisam ser internacionais (produção e efeitos fora do âmbito da organização)
É necessária repercussão internacional (Resolução do Conselho de Segurança da ONU, da OIT, da OMC, etc
Não exprimem a vontade dos Estados diretamente, mas a vontade da Organização (não são assinadas, são votadas) 
4.4.7 Decisões da Organizações Internacionais
A legitimidade e obrigatoriedade de tais decisões repousam no CONSENTIMENTO dos Estados
Os limites dos poderes decisórios de determinada organização internacional devem ser verificados no seu instrumento constitutivo. 
Têm servido de fonte indireta do DIP notadamente facilitando a demonstração de um costume e fomentando a criação de normas convencionais. 
OBS: O Conselho de Segurança da ONU é o único órgão com poder de tomar decisões mandatárias, as quais os membros das Nações Unidas têm que acatar e fielmente executar, conforme preceitua o art. 25 da Carta da ONU. 
4.4.8 Jus Cogens
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados: 
Art. 53. (é nulo) Tratado em conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (Jus Cogens)
Para os fins da presente convenção, uma norma imperativa de DI geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de DI geral da mesma natureza. 
JUS COGENS significa, portanto, norma imperativa de Direito Internacional ou ainda “direito rígido”, “direito que obriga”, “direito imperativo”. 
4.4.8 Jus Cogens
Jus Cogens traz a noção de um conjunto de normas no plano internacional que se impõe objetivamente aos Estados (à exemplo das normas de ordem pública do direito interno)
Características: Imperativas e Inderrogáveis
Se sobrepõem à autonomia da vontade dos Estados e não podem ser derrogadas por tratados, costumes ou princípios gerais de Direito. 
Ex: Autodeterminação dos povos, proibição da agressão, do genocídio, da discriminação racial, do tráfico de entorpecentes e de pessoas, normas de direito humanitário, etc. 
Críticas ao Jus Cogens
A Convenção de Viena apenas descreveu o que são normas imperativas de DI mas não explicou o seu conteúdo jurídico; 
Não se elucidou se ele precisa contar como aval da totalidade dos Estados ou apenas de parte substancial deles;
O seu fundamento de validade não está no consentimento, como ocorre nas demais fontes, mas na sua INDERROBABILIDADE. 
Guardam correlação com as normas de ordem pública de direito interno, que são editadas por um autoridade central eleita pelo povo. Ocorre que no plano internacional não existe uma autoridade central. (Há Legitimidade imperativa????) 
4.4.9 Soft Law
A expressão surgiu em 1983, quando o Instituo de Direito Internacional da França distinguiu: a) textos internacionais de caráter jurídico e b) textos internacionais desprovidos de caráter jurídico. 
Desta forma, atores internacionais começaram a utilizar textos desprovidos de caráter jurídico que geram obrigações, mas no sentido de “recomendações”. 
A esta natureza jurídica têm-se chamado “soft law”, ou “agrements“, gentlemen’s, códigos de conduta, declarações de princípios, etc. 
Significa: “direito plástico”, “direito flexível”, maleável. 
4.4.9 Soft Law
Conceito: todas aquelas regras cujo valor normativo é menos constringente que o das normas jurídicas tradicionais, pelos seguintes motivos: 
A) Os instrumentos que as abrigam não detém o status de normas jurídicas;
B) Os seus dispositivos, ainda que insertos dentro do quadro de instrumentos obrigatórios, não criam obrigações de direito positivo aos Estados, ou criam obrigações pouco constringentes. 
Características Soft Law
Conjunto de regras sem valor jurídico ou com valor jurídico reduzido;
O seu cumprimento é mais uma recomendação do que uma obrigação;
Falta de elementos que garantam sua execução (enforcement)
Visam regulamentar futuros comportamentos dos Estados, norteando a sua conduta e de seus agentes.
Estabelecem programa de ação conjunta dos Estados (normas programáticas)
A sanção decorrente de seu descumprimento é moral ou extrajurídica. Intencionalidade do cumprimento mas sem vinculação jurídica. 
Resumo
5. Sujeitos de DI
5.1 ESTADOS
“Estado sujeito de DI é aquele é aquele que reúne três elementos indispensáveis para a sua formação: POPULAÇÃO (composta por nacionais e estrangeiros), TERRITÓRIO (ele não precisa ser completamente definido, sendo que ONU tem admitido Estados com questões de fronteira, como por exemplo, Israel) e GOVERNO (deve ser efetivo e estável). Todavia, o Estado pessoa internacional plena é aquele que possui soberania.” (MELO, Celso de Albuquerque) 
“O Estado, sujeito originário de direito internacional público, ostenta três elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana estabelecida sobre essa área e uma forma de governo não subordinada a qualquer autoridade superior”. (REZEK, Francisco)
População + Território + Governo Soberano = Estado
Estado x Nação
Para que haja uma NAÇÃO é necessário que a massa humana apresente elementos que unam os seus membros tais como: identidade de origem, de tradições e costumes, de raça, de idioma, de cultura, de história, de religião, além de manifestar a vontade de viver em conjunto. 
Para que haja um ESTADO não é necessário que a massa humana apresente qualquer unicidade de cultura, língua, costumes, etc. Basta haver uma população estabelecida em um território definido, organizada por um governo soberano, capaz de manter relações internacionais. 
Por isso, uma mesmo ESTADO pode suportar uma, duas, ou mais NAÇÕES. 
Classificação dos Estados
Estados Simples Unitários: são aqueles com soberania plena nas questões externas e que não possuem nenhuma divisão de sua autonomia no plano interno, embora seu aparelho administrativo possa ser descentralizado: Ex.: Portugal, Espanha, França, Uruguai.
Estados Compostos por Coordenação: são compostos pela associação de Estados Soberanos (união pessoal, união real, confederação) ou pela associação de unidades estatais que possuem apenas autonomia interna, existindo um órgão central de investido de poder soberano, o qual representa o grupo nas suas relações internacionais e assegura a sua defesa externa. Ex.: União entre Dinamarca e Islândia (1918-1944)
OBS: Federação de Estados: agrupamento permanente de estados que renunciam à Soberania (plano interno) e mantêm a Autonomia (plano interno) Ex: EUA e Brasil. 
Estados Compostos por Subordinação: Alguns tipos de Estado que não possuíam soberania plena, como estados vassalos, protetorados ou Estados clientes. Ex: Marrocos e Tunísia estiveram sob a proteção da França, Polônia, Romênia e Bulgária em relação à União Soviética. 
RECONHECIMENTO DO ESTADO
Para que o Estado seja considerado Sujeito de Direito Internacional, com capacidade para exercer direitos e prerrogativas e contrair obrigações inerentes a essa condição, é necessário o seu reconhecimento por parte dos demais membros da sociedade internacional. 
O Reconhecimento de Estado é o ato jurídico pelo qual o governo de um Estado preexistente aceita outro ente como tal. 
Como se trata de um direito, o não reconhecimento apenas acontecerá caso o novo Estado tenha sido criado de forma irregular, em desconformidade com as normas de DI, principalmente se violada uma norma JUS COGENS. 
RECONHECIMENTO DE ESTADO
Dupla função: A) Demonstra a existência de um Estado enquanto Sujeito de Direito Internacional. B) Comprova que o Estado detêm as condições necessárias para participar das relações internacionais, sem que a sua existência contraste com os interesses dos Estados que o reconhecem. 
A doutrina diverge sobre sua natureza jurídica: CONSTITUTIVO ou DECLARATÓRIO??? 
Posição majoritária: art. 13 da Carta da Organização dos Estados Americanos. (declaratória)
O reconhecimento pode ser EXPRESSO (declaração unilateral ou tratado) ou TÁCITO (estabelecimento de relações diplomáticas ou celebração de tratado).
OBS: Quando um país é admitido como membro da ONU, todos os membros reconheceram aquele Estado, mesmo que tenham votado contra. 
RECONHECIMENTO DE GOVERNO
Não se faz necessário quando a mudança de governo ocorre dentro dos moldes constitucionais. 
Em situações anormais (guerra civil, revolução, golpe de estado) é preciso que o novo governo seja reconhecido pelos membros da sociedade internacional. 
Importância: identificação de quem representará o Estado nas suas relações internacionais. 
Natureza jurídica: Ato discricionário. 
Requisitos: a) existência de governo aceito e obedecido pelo povo; b) estabilidade do governo; c) aceitação, por parte do Estado, da responsabilidade pelas obrigações internacionais 
OBS: O reconhecimento não precisa ser expresso. 
Extinção dos Estados
Total: quando um dos elementos constitutivos do Estado desaparece, ocasionando a perda de sua personalidade jurídica internacional. 
Parcial: quando o Estado sofre alguma transformação, mas insuficiente para lhe retirar sua personalidade jurídica. 
Formas de Extinção/Transformação dos Estados:
a) Anexação total: quando um Estado é inteiramente absorvido por outro com perda da personalidade jurídica. 
b) Desmembramento: o território de um Estado é repartido entre 2 ou mais Estados OU quando 1 Estado origina 2 ou mais Estados. O Estado originário é extinto. 
c) Fusão: união de 2 ou mais Estados. O Estado anterior é extinto e surge uma nova personalidade jurídica. 
Sucessão de Estados
Objetivo: proteger as relações jurídicas dos Estados quando houver alguma alteração da personalidade jurídica internacional. 
Validade: A Teoria da Tábula Rasa defende que os Tratados internacionais devem ser extintos por força da sucessão, a menos de que determinadas circunstâncias, fortes o suficiente, estabeleçam o contrário. 
Nacionalidade: Em regra, o novo Estado instala sua nacionalidade sobre o povo do território ocupado. 
Legislação: O Estado predecessor passa a ser regido pelas leis do Estado sucessor, pois este exerce soberania plena sobre seu território. 
Intervenção de Estado
“É a ingerência de um Estado nos assuntos peculiares internos ou externos de outro Estado soberano, com o objetivo de impor à este sua vontade.” (ACCIOLLY, 2014, p. 314)
A Intervenção pode ser: 
a) Diplomática: praticada por meios de representações verbais ou escritas;
b) Armada: Quando apoiada por forças armadas;
c) Individual ou coletiva: quando praticada por um ou mais Estados. 
d) Direita ou Indireta: Ingerência efetiva ou para repelir a intervenção de outro Estado(s). 
Intervenção de Estado
O dever de Não-Intervenção NÃO é absoluto. 
Admite-se a INTERVENÇÃO nos seguintes casos: 
a) em nome do direito de defesa e conservação do Estado; 
b) para proteção dos Direitos Humanos 
c) para proteção dos interesses de nacionais no exterior
OBS: A INTERVENÇÃO deverá sempre obedecer a RAZOABILIDADE e PROPORCIONALIDADE. 
Em matéria de Intervenção destacam-se duas importantes doutrinas: DOUTRINA MONROE e DOUTRINA DRAGO. 
Intervenção de Estado
Doutrina Monroe: Mensagem enviada pelo então presidente James Monroe ao Congresso em 1823 criando uma série de princípios relativos à política externa do EUA: 
(i) o continente americano não pode ser sujeito à ocupação por parte de nenhum Estado europeu.
(ii) é inadmissível a intervenção por parte de uma potência europeia nos negócios internos ou externos de qualquer Estado americano.
(iii) Os EUA não intervirão nos negócios de qualquer Estado europeu. 
Dupla face: era não-intervencionista quando convinha aos EUA, mas diversas vezes interviu em Estado latino-americanos (Cuba, México, Panamá e países caribenhos) 
Intervenção de Estado
Doutrina Drago: Foi formulada pelo então Ministro das Relações Exteriores da Argentina, Luíz Maria Drago. 
É igualmente contrária à INTERVENÇÃO.
Pregava que a dívida pública de um Estado não poderia motivar uma intervenção armada, sobretudo, uma ocupação dos Estados americanos por um Estado europeu. 
O mérito da doutrina Drago reflete-se na regra ainda em vigor segundo o qual é proibida a cobrança coercitiva de dívidas mediante a INTERVENÇÃO individual de um Estado. 
5.2 Organizações
Internacionais
São entidades jurídicas constituídas por acordo firmado entre Estados, com personalidade jurídica própria, distintas dos Estados-membros. 
Possuem capacidade para celebrar Tratados com Estados, assim como com outras Organizações Internacionais. 
Exemplos: Organização da Nações Unidas, Organização Internacional do Trabalho, Organizações dos Estados Americanos, Organização Mundial da Propriedade Intelectual, etc. 
São essenciais para a sociedade internacional e representam a quebra do paradigma do Estado enquanto único sujeito da sociedade internacional. 
5.2 Organizações Internacionais
Características: 
(i) Associação de sujeito de Direito Internacional;
(ii) Criadas, ordinariamente, por tratado multilateral;
(iii) Têm finalidades internacionalmente relevantes;
(iv) Duração indeterminada ou, pelo menos, longa;
(v) possui órgãos próprios;
(vi) dotadas de personalidade jurídica internacional;
(vii) têm capacidade correspondente aos seus objetivos. 
5.2 Organizações Internacionais
São considerados SUJEITOS SECUNDÁRIOS do DI, uma vez que a sua criação, em regra, depende da vontade dos sujeitos originários (Estados).
O Tratado constitutivo de uma OI se assemelha às constituições dos Estados, porque define os objetivos da organização e estabelece o ordenamento próprio para a consecução desses objetivos. 
Autonomia diversa da autonomia de seus membros (ordem jurídica própria, autonomia financeira). 
Embora os Estados-membros participem em conjunto da formação da vontade da OI, uma vez manifestada essa decisão, ela é autônoma em relação à vontade dos Estados-membros. 
Classificação das OIs
GERAIS: podem ter finalidades gerais, desempenhando funções nos mais diversos assuntos internacionalmente relevantes. Ex: ONU, Organização dos Estados Americanos, União Africana. 
ESPECÍFICAS: são aquelas constituídas para cooperar em matérias razoavelmente delimitadas. Ex: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Organização Internacional do Trabalho, Organização da Aviação Civil Internacional. 
Alcance Universal: admitem o ingresso de qualquer Estado
Alcance Regional: critérios geográficos, políticos ou culturais para o ingresso
UNIÃO EUROPEIA
Organização Internacional sui generis.
Plano externo: sua personalidade jurídica se projeta para celebrar acordos internacionais e de participar de outras OIs. 
Plano interno: Pessoa Jurídica de Direito Público, capaz de realizar negócios jurídicos. 
Principal característica: natureza de organização supranacional, uma vez que é composta por instituições supranacionais: Parlamento Europeu, Conselho da União Europeia, Comissão Europeia e Tribunal de Justiça Europeu. 
Componentes: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido*, República Tcheca, Romênia e Suécia. 
* Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. 
MERCOSUL
Tem inspiração na atual União Europeia. 
Foi criado no Tratado de Assunção (1991) e no seu protocolo adicional celebrado em Ouro Preto em 1994.
Do Tratado de Assunção participaram: BRASIL, ARGENTINA, PARAGUAI e URUGUAI. Em 2006 a VENEZUELA aderiu ao Mercosul. 
Objetivo principal: Art. 1º do Tratado de Assunção: “constituir um mercado comum que implica: al livre circulação de bens, serviços e fatores de produção, o estabelecimento de uma tarifa externa comum, a coordenação de políticas macroeconômicas entre os Estados-membros e o compromisso de harmonização das legislações.” 
Diferença: O Tratado de Assunção descarta a possibilidade de criação de um órgão supranacional. Os órgãos criados possuem natureza intergovernamental. 
5.3 Indivíduo
Com as inúmeras violações de direitos humanos durante a 2ª Guerra Mundial, cometidos pelos próprios Estados, a sociedade internacional percebeu que seria necessário arquitetar mecanismos internacionais para proteção da pessoa humana. 
O indivíduo passou a ser destinatário de várias normas cujo objetivo é proteger os mais elementares direitos da pessoa humana. 
Além disso, o indivíduo passou a ter o direito de queixa relativamente a violações de Direitos Humanos perante os sistemas internacionais (vide Convenção Europeia dos Direitos do Homem e Convenção Americana dos Direitos Humanos). 
5.3 Indivíduo
O Estatuto de Roma (1988) que instituiu o Tribunal Penal Internacional consagrou a responsabilidade criminal internacional dos indivíduos que pratiquem os crimes de sua competência. 
O resultado disso é que o indivíduo possui direitos e obrigações no plano internacional. Ou seja, pode atuar nos polos ativo e passivo das relações internacionais. 
Em que pese entendimento em sentido diverso, o INDIVÍDUO foi alçado à condição de SUJEITO DE DIREITO INTERNACIONAL, dotado de personalidade jurídica internacional. 
5.4 Santa Sé
A Santa Sé é a expressão jurídico-internacional da Igreja Católica.
Em1929, através do Tratado de Latrão, a Itália reconheceu a Soberania da Santa Sé no domínio internacional com os atributos inerentes à sua natureza. (art.2º) 
O art.12 do referido Tratado também reconheceu à Santa Sé o Direito de representação diplomática ativo e passivo, segundo as regras gerais de D.I. 
Portanto, a Santa Sé detém tanto a capacidade de celebrar Tratados como de enviar e receber representações diplomáticas.
5.4 Santa Sé
Restando incontroversa a SOBERANIA da Santa Sé, a cidade do VATICANO passou a ser considerada um ESTADO. 
O Papa é, ao mesmo tempo, CHEFE DE ESTADO do Vaticano e Chefe da Igreja Católica (Santa Sé). 
OBS: O Estado do Vaticano não é membro de nenhuma OI, mas mantém uma missão permanente de observação na Organização das Nações Unidas.
A figura do Papa é exemplo de diplomacia na resolução pacífica de conflitos, sobretudo pelo diálogo que entabula com os Estados no sentido deque seja evitado o uso da força. 
* Organizações Não-governamentais
São entidades jurídicas privadas com finalidades geralmente políticas, sociais e técnicas que, apesar de terem personalidade jurídica de direito interno, participam e se manifestam ativamente na sociedade internacional. 
São atores da sociedade internacional, mas não sujeitos de direito Internacional. 
Atuam geralmente como “forças de pressão” em defesa de determinado objeto e também oferecem auxílio técnico aos Estados e OI.
Exemplos: Greenpeace; World Wide Fund for Nature (WWF); Human Rights Watch e a Anistia Internacional.
* Empresas Transnacionais
São empresas que possuem filiais em diversos Estados mesmo que um único Estado ou uma única pessoa detenha exclusivamente o seu capital. 
Não possuem personalidade jurídica de Direito Internacional e, portanto, não são sujeitos de Direito Internacional. 
Não se nega a importância que elas têm sobre o comportamento dos Estados, em função de seu considerável poder econômico, mas elas participam das relações internacionais na qualidade de ATORES.
Não podem celebrar Tratados nem postular perante Tribunais Internacionais.
* Cruz Vermelha
Foi oficialmente criada em 1863 por Henri Durant, em função das crueldades praticadas na Batalha de Solferino, em 1859. 
Seu objetivo é prestar assistência imparcial às vítimas de guerra e de conflitos armados. 
Não foi instituída por Tratado, atua na sociedade internacional com personalidade jurídica de direito interno e, em última análise pode ser entendida como uma Organização Não-Governamental. 
A Convenção de Genebra de1949 sobre a Proteção das Vítimas de Guerra, confia à Cruz Vermelha tarefas protetoras que, a princípio caberiam aos Estados. Por isso, alguns doutrinadores a classificam como Sujeito Internacional limitado (sui generis) – corrente minoritária
Pessoas e locais protegidos com o símbolo da Cruz Vermelha gozam de proteção contra qualquer tipo de violência.
* Grupos Insurgentes
É considerado INSURGENTE o grupo
que confronta o Estado com a finalidade de alterar o sistema político mediante a tomada de poder, mas cujo conflito armado não atinge grandes proporções, não podendo ser considerado uma guerra civil. 
Geralmente não controlam territórios e não demonstram capacidade de eventualmente governar o Estado. 
Não são considerados Sujeitos de Direito Internacional, mas nem por isso a doutrina despreza a figura ou os considera como vândalos ou terroristas.
* Beligerantes
A beligerância decorre de um conflito interno no Estado desencadeado por um movimento armado suficientemente organizado por parte da população com o objetivo de destituir o governo ou criar um novo Estado.
Se assemelha à Insurgência mas dela se difere a medida em que os beligerantes devem apresentar capacidade suficiente para exercer poder semelhante ao do Estado que confrontam. 
Geralmente possuem estrutura paramilitar, algum território dominado e seus conflitos podem ser considerados como guerra civil.
* Movimento de Libertação Nacional
O movimento deve exercer algum controle sobre um conjunto de indivíduos que, em sua plenitude, gozem de direito à auto-determinação. (consagrado pela Carta das Nações Unidas e desencadeou a descolonização na segunda metade do século XX).
Caso reconhecido o status de Movimento de Libertação Nacional ao grupo são atribuídos direitos de representação do povo em causa, o que lhe permite celebrar atos.
Assim, o movimento passa a ter legitimidade para o uso da força contra o governo o Estado do qual pretende se libertar, podendo receber apoio de Estados terceiros, ressalvado o Princípio da Não-Intervenção. Ex.: Organização para a Libertação da Palestina. 
6 DIREITO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
* Constituem a Fonte mais importante de DI. 
* As matérias mais importantes de DI estão por eles resguardadas.
* Fonte mais democrática, porque os Estados e OI participam diretamente de sua formação.
* A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 reconhece, desde o Preâmbulo a importância dos Tratados e os seus princípios norteadores: 
Pacta Sunt Servanda
Princípio do Livre Consentimento
Princípio da Boa Fé
6.1Conceito Antigo de Tratado
A Convenção de Viena de 1969 define tratado como sendo “um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, que esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular.” 
Crítica a este conceito: Em 1986 foi concluída a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e OI ou entre OI, que também permite às OI concluir Tratados. 
OBS: As Organizações Internacionais têm personalidade jurídica internacional independente da vontade individual de seus membros.
6.2 Conceito Atual de Tratado
Na ótica atual, é possível definir Tratado como: “acordo formal de vontades de dois ou mais sujeitos de DI com capacidade específica para tratar, regulado pelo DI e concluído por escrito entre as partes com a finalidade de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.” 
As terminologias para se referir aos Tratados são variadas: Tratado (solenes); Convenção(em regra multilateral); Declaração (quando criam princípios jurídicos comum); Pacto (solenes); Protocolo (complemento de um acordo já existente); Acordo (de natureza econômica); Carta (solenes que estabelecem direitos e deveres). 
6.3 Classificação
Quanto ao número de partes: 
Bilateral: somente duas partes o concluem 
Multilateral ou Coletivo: três ou mais partes o concluem. Em regra contêm cláusulas de adesão. 
Quanto ao procedimento adotado para sua conclusão:
Unifásico: o processo de conclusão do Tratado comporta apenas uma fase de expressão do consentimento, qual seja a assinatura. São chamados Tratados em forma simplificada ou Acordos Executivos. Seu cumprimento fica à cargo do Chefe de Governo ou do Ministro das Relações Exteriores.
Bifásico: o processo de conclusão do Tratado comporta duas fases de expressão do consentimento, quais sejam, assinatura e ratificação. São chamados Tratados STRICTU SENSO e são os mais comuns. 
6.3 Classificação
Quanto à Natureza Jurídica das Normas: 
Contratuais (Tratados-contratos): procuram regular interesses recíprocos das partes. 
Normativos (Tratados-leis): são aqueles celebrados entre várias partes com objetivo de fixar normas de DI. Ex: Convenção de Viena. 
Quanto à execução no tempo: 
Transitório ou de efeitos limitados: deve ser executado de pronto e, uma vez executado, regula a matéria de forma definitiva. Ex: Cessão de Territórios.
Permanente ou de efeitos sucessivos: são aqueles cuja execução é de natureza sucessiva, prolongando-se no tempo, na medida necessária. Ex. Tratados de Extradição 
6.3 Classificação
Quanto à Execução no Espaço:
Aplicação Ampla: se estende a todo o território do Estado
Aplicação Restrita: aplica-se apenas a determinada parcela do território
Art. 29 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969: “salvo se o contrário resultar do tratado ou tenha sido de outro modo estabelecido, a aplicação de um tratado estende-se à totalidade do território de cada estado”. 
6.4 Condições de Validade
Por se tratar de um Acordo de Vontades, sua validade é condicionada ao cumprimento de alguns requisitos:
 
1 Capacidade das partes contratantes
2 Habilitação dos agentes signatários
3 Licitude e possibilidade de seu objeto
4 Existência de mútuo consentimento
6.4.1Capacidade das Partes 
Art. 6º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados: “todo Estado tem capacidade para concluir tratados”. 
OBS: Somente o Estado Soberano e não os estados-membros da federação. 
Esta capacidade é estendida também a outros sujeitos de DI: Organizações Internacionais, Santa Sé e Beligerantes. 
As OI somente podem concluir tratados sobre assuntos relacionados à sua finalidade (pertinência temática)
Os beligerantes tem capacidade controvertida. Alguns entendem que só podem concluir tratados relacionados a operações de guerra, outros entendem que podem concluir sobre qualquer matéria uma vez que adquirem personalidade jurídica após o reconhecimento. 
6.4.2 Habilitação dos Agentes Signatários
Para habilitação dos agentes signatários, exige-se deles a apresentação de CARTA DE PLENOS PODERES, firmada pelo CHEFE DE ESTADO ou pelo MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, com a finalidade de conferir-lhes o poder de negociar e de concluir o tratado. (plenipotenciários)
De acordo com a Convenção de Viena, plenos poderes significa: “um documento emanado de autoridade competente de um Estado que indica uma ou mais pessoas para representar o Estado numa negociação, na adoção ou na autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em ficar vinculado por um tratado ou para praticar qualquer ato respeitante ao tratado” (art. 2º, c) 
6.4.2 Habilitação dos Agentes Signatários
Com intuito de simplificar as formalidades, alguns agentes são dispensados da apresentação da Carta de Plenos Poderes (Vide art. 7º, n.2 da Convenção de Viena 1969) 
A Convenção de Viena, em seu art.8, também permite a confirmação posterior (ratificação) de um ato relativo à conclusão de um tratado praticado por pessoa que não esteja autorizada a representar o Estado para este fim. 
No caso das OI, por falta de disposição legal, reconhece-se o poder de negociar e concluir tratados aos seus órgãos plenários.
6.4.3 Licitude e possibilidade de seu objeto
A formação do vínculo legal pressupõe a licitude e a possibilidade do objeto consenso de vontades, ou seja, só se deve visar a coisa materialmente possível e permitida pelo Direito e pela moral. (Aciolly Hildebrando)
Nos termos do art. 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969), é NULO o tratado que viole uma norma imperativa de Direito Internacional, ou seja, as normas JUS COGENS.
6.4.4 Consentimento mútuo
De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, o consentimento pode
se manifestar pela ASSINATURA, pela ACEITAÇÃO, pela RATIFICAÇÃO, pela ADESÃO, pela APROVAÇÃO ou outra forma estipulada. (art. 11)
O ERRO, o DOLO, a COAÇÃO e CORRUPÇÃO DO REPRESENTANTE de um Estado são cláusulas de NULIDADE dos tratados. 
O ERRO só pode ser invocado para anulação do Tratado se incidir sobre a base essencial do consentimento e se a parte que argui não tenha contribuído para o mesmo. 
6.4.4 Consentimento mútuo
O DOLO é raramente alegado mas pode implicar a responsabilidade internacional da parte que o praticou.
Os casos em que a manifestação de vontade se deu através de COAÇÃO, ela é totalmente desprovida de efeitos jurídicos. 
Em casos de CORRUPÇÃO, efetuada direta ou indiretamente por outra parte na negociação, a vítima (Estado ou Organização) pode invocar o vício de consentimento para não se vincular ao referido Tratado.
 
É ainda considerado NULO todo Tratado cuja conclusão tenha sido obtida pela ameaça ou emprego de força, violação aos princípios do DI. (art. 52 da Carta das Nações Unidas). 
6.5 Negociação dos Tratados 
Via de regra é a Carta de Plenos Poderes que confere à determinada pessoa a habilitação para a conclusão de um Tratado Internacional. 
Os Chefes de Estado e de Governo e os Ministros das Relações Exteriores são dispensados da apresentação de tal documento pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. 
Também podem conduzir as negociações sem a apresentação da Carta de Plenos Poderes os chefes de missões diplomáticas e os representantes dos Estados em uma conferência internacional. 
6.5 Negociação dos Tratados
Art. 84, VIII da CF estabelece que compete privativamente ao Presidente da República “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. 
Este poder, embora privativo, pode ser delegado, e esta delegação se materializa na Carta de Plenos Poderes. 
Em razão da pluralidade de idiomas que se verifica nas conferências internacionais, cabe às partes escolher qual idioma será utilizado no curso das negociações e qual será empregado na redação do texto convencional. 
6.6 Autenticação 
Uma vez concluída a negociação e finalizado o texto do Tratado, é preciso que o documento seja autenticado. 
A AUTENTICAÇÃO dá-se pela ASSINATURA dos negociadores, pela ASSINATURA AD REFERENDUM (que simples rubrica no instrumento do tratado) ou segundo procedimento estabelecido pelas partes no próprio tratado. 
OBS: Poderá haver um Estado descontente com o texto final de um Tratado e que por este motivo não o assine. Entretanto, a ausência de assinatura não produz efeitos jurídicos, mas apenas políticos. Sua intenção é dar efeito publicitário à sua insatisfação e indicar que este Tratado provavelmente não será ratificado. 
6.7 Assinatura e Ratificação
A assinatura é importante porque:
a) autentica o texto do tratado
b) atesta que os negociadores concordam com o texto produzido
c) dá início ao prazo para a troca ou depósito dos instrumentos de ratificação
d) pode ter valor político
e) pode significar que o signatário reconhece as normas costumeiras tornadas convencionais.
OBS: é possível que a assinatura seja suficiente para vincular as partes quando assim se tenha convencionado, embora isso não seja o habitual. 
6.7 Assinatura e Ratificação
A Assinatura Ad Referendum mencionada na Convenção de Viena 1969 é a assinatura que depende de confirmação posterior pelo Estado cujo representante a firmou. Depois de confirmada vale como assinatura definitiva do Tratado. 
Uma vez assinado o Tratado pode depender de RATIFICAÇÃO para que vincule as partes contratantes. A assinatura constituirá apenas um ACEITE PRECÁRIO. 
RATIFICAÇÃO: ato internacional pelo qual o Chefe de Estado confirma tratado firmado em seu nome ou em nome do Estado e declara a aceitação do que foi convencionado pelo agente signatário, manifestando seu consentimento definitivo em ficar vinculado por um Tratado. 
6.8 Ratificação
Geralmente, a RATIFICAÇÃO ocorre depois que o Tratado por aprovado pelo Parlamento.
No caso do Brasil, essa competência é do Congresso Nacional. 
Atenção: A RATIFICAÇÃO não é um ato do Poder Legislativo. É um ato de Estado que pode ou não ser precedido de aprovação legislativa, a depender da regulamentação constitucional de cada Estado. 
Trata-se de um ATO JURÍDICO EXTERNO DO ESTADO, de cunho político e discricionário, que deve ser manifestado de forma expressa, geralmente irretroativo, irretratável e não submetido a prazos gerais. 
6.8 Ratificação
A ratificação é importante para a segurança jurídica das relações internacionais porque:
a) com a ratificação as matérias que são objeto do tratado devem ser apreciadas pelo Chefe de Estado;
b) evitam-se problemas posteriores sobre a questão do excesso de poderes ou violação das instruções dadas aos negociadores quando da assinatura do Tratado. 
c) Promove-se o desenvolvimento do Estado Democrático ao permitir a participação do legislativo na formação da vontade do Estado no plano internacional. 
d) possibilita-se adaptar o direito interno aos termos do Tratado.
e) permite-se que os órgãos internos decidam com calma e ponderação sobre o texto já redigido. 
6.9 Promulgação
A Promulgação é o ato jurídico INTERNO mediante o qual o governo de um Estado afirma a existência de um Tratado e o preenchimento do requisitos formais necessários à sua conclusão, além de ordenar a sua execução. 
Não surte efeitos na esfera internacional, mas tão somente no ordenamento interno. 
Efeitos: conferir executoriedade ao tratado no plano interno e declarar a regularidade do processo legislativo.
No Brasil: É feito mediante Decreto do Presidente da República e o texto é transcrito e publicado no Diário Oficial. 
6.9 Publicação
A PUBLICAÇÃO é adotada por todos os Estados e é condição indispensável à aplicação do Tratado no âmbito interno. 
No Brasil, será publicado no Diário Oficial: 
a) O Decreto Legislativo no qual o Congresso Nacional aprova o Tratado
b) O Decreto Executivo em que é promulgado o Tratado
OBS: O texto integral o Tratado acompanha o Decreto Executivo de promulgação. 
6.10 Registro
O art. 102 da Carta das Nações Unidas estipula que “todos os Tratados e todos os acordos internacionais concluídos por qualquer membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrado e publicados pelo Secretariado.” 
Tem por objetivo tornar a diplomacia e as relações internacionais os mais transparente possível. 
É reflexo das proibição da diplomacia secreta e permite a qualquer Estado invocar em seu favor os benefícios de um Tratado perante as Nações Unidas. 
 
OS: Os não-membros também podem registrar seus Tratados perante as Nações Unidas. 
6.11 Troca e Depósito de Instrumentos de Ratificação
No plano internacional, a manifestação definitiva da vontade em se vincular aos Tratados ocorre com a Troca ou o Depósito dos Instrumento de Ratificação, geralmente assinada pelo Chefe de Estado. 
A troca de instrumentos ocorre em Tratados bilaterais, quando as partes manifestam expressa e reciprocamente, suas vontades de cumprir o pactuado.
O depósito ocorre em Tratados multilaterais quando um Estado signatário ou Organização Internacional figuram como depositários. 
Após a troca ou depósito do instrumento de ratificação a parte fica internacionalmente vinculada aos termos do respectivo Tratado, dele só podendo se desvincular através de denúncia. 
6.12 ADESÃO
É o instituto que permite a um sujeito de direito internacional tornar-se parte de um tratado de cuja negociação não tenha participado. 
É muito comum nos Tratados multilaterais a inclusão da cláusula de adesão.
Normalmente a adesão não depende de ratificação pois, como o texto do tratado já se encontra finalizado, pressupõe-se que o Estado teve tempo suficiente para analisá-lo com cautela e, por conseguinte, concordar com os seus termos, manifestando por meio
de adesão, o seu consentimento em caráter definitivo. 
6.13 AS RESERVAS
Segundo a Convenção de Viena 1969, art. 2º, alínea d, a reserva consiste em um declaração unilateral, qualquer que seja o seu conteúdo ou a sua denominação, feita por um Estado quando assina, ratifica, aceita ou aprova um Tratado ou a ele adere, pela qual visa excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado na sua aplicação. 
OBS: As reservas só podem ocorrer em Tratados Multilaterais, já que num tratado bilateral não seria reserva e sim recusa.
Geralmente os tratados têm contêm previsão a respeito do regime de reservas, admitindo-as, proibindo-as ou limitando-as. 
6.13.1 Formulação de Reservas
Art. 19 da Convenção de Viena 1969 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: 
a)a reserva seja proibida pelo tratado; 
b)o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou 
c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
6.13.1 Formulação de Reservas
Há alguns Tratados que em razão de sua natureza não comportam reservas, independentemente de conterem cláusulas proibitivas. (Ex. Tratado Constitutivo da ONU) 
Parte da doutrina entende que o instituto da reserva também é incompatível com o objeto e a finalidade dos Tratados que versem sobre direitos humanos. 
A possibilidade de formulação de reservas é vista pelo doutrina como um “mal necessário”, ante a impossibilidade de se chegar a um consenso absoluto quanto ao texto de tratados multilaterais. 
A reserva pode ser retirada a qualquer tempo sem a necessidade de consentimento do Estado que a aceitou. 
6.14 Denúncia
A denúncia é ato unilateral de efeito jurídico inverso ao que produzem a ratificação e a adesão. O Estado manifesta sua vontade de deixar de ser parte de um Tratado Internacional. 
Os Tratados podem disciplinar a Denúncia, estabelecendo procedimento e prazo de validade, mas diversos tratados são omissos sobre essa questão – art. 56 da Convenção de Viena
Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que: 
a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada; ou 
b)um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado. 
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.
7 O processo de incorporação ao Direito Brasileiro 
Para que um Tratado Internacional celebrado por representantes habilitados seja incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro é preciso que o Congresso aprove seu texto (art. 49, I, CF/88). 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
7.1Procedimento
I – O Presidente da República envia ao Congresso Nacional a mensagem com o inteiro teor do Tratado, acompanhada da exposição de motivos do Ministro das Relações Exteriores;
II – O debate começa na Câmara dos Deputados. Pelo regimento interno, o tratado passa pela Comissão de Relações Exteriores e depois pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. 
III – Aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados o tratado segue para o Senado Federal, onde será discutido na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. A decisão da Comissão é comunicada ao Presidente da casa. Somente se ele não concordar com a decisão é que o projeto será levado ao plenário para aprovação por maioria relativa. 
7.1 Procedimento
Uma vez aprovado o Decreto Legislativo pelo Congresso Nacional, caberá ao Presidente do Senado, providenciar a sua publicação no Diário Oficial da União. 
A partir de então, poderá o Presidente da República ratificar o tratado mediante a troca ou depósito de instrumento de ratificação. 
Após a ratificação (ato internacional), o Presidente da República promove a promulgação do Tratado Internacional (ato interno), através de Decreto Presidencial.
 
7.2 Validade no Ordenamento Jurídico Brasileiro
Via de regra, os Tratados Internacionais incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro possuem status de LEI ORDINÁRIA.
Entretanto, o art. 5º, parágrafo 3º da CF/88 estabelece que “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, são equivalentes às emendas constitucionais.” 
Para fins do art. 5º, parágrafo 3º, CF/88, são considerados Tratados de Direitos Humanos aqueles instrumentos que declaram, asseguram ou ampliam direitos fundamentais ou que ofereçam mecanismos de proteção e garantia à direitos fundamentais já consagrados. 
7.3 Hierarquia das Normas
O art. 5º, parágrafo 3º, é fruto do Decreto Legislativo 186, de 09/07/2008, e posteriormente promulgada pelo Decreto 6949 de 25/08/009 do Presidente da República.
 
A dúvida é: e os Tratados de Direitos Humanos aprovados pelo Congresso Nacional antes da entrada em vigor da norma acima????
No fim de 2008, o STF ao apreciar a constitucionalidade da prisão civil do depositário infiel, posicionou-se sobre o tema, analisando a posição hierárquica do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica, ratificado em 1992. 
7.3 Hierarquia das Normas
Em que pese o Pacto de San José da Costa Rica ter adentrado no ordenamento jurídico brasileiro antes do art. 5º, parágrafo 3º da CF/88, em razão de seu caráter especial (normas de proteção internacional de direitos humanos), o referido diploma tem lugar privilegiado na legislação: abaixo da Constituição, mas acima das leis ordinárias. 
Desse julgamento infere-se a SUPRALEGALIDADE dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos provados de forma distinta do procedimento previsto no art. 5º, parágrafo 3º da CF/88) 
Em decorrência dessa inovação jurisprudencial do STF, atualmente a única possibilidade de PRISÃO CIVIL é a do devedor de alimentos. 
Súmula Vinculante 25 do STF: “é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.”

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