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Licenciatura em História ESTUDOS DISCIPLINARES VI ESTUDOS DISCIPLINARES VI Trabalho apresentado à Universidade Paulista – UNIP, do curso de História, como um dos requisitos para a obtenção da nota nos Estudos Disciplinares VI coordenado pela Prof.ª: Ana Lúcia Machado. Sumário Introdução............................................................... ..........4 Desenvolvimento...............................................................5 Referências Bibliográficas................................................7 Introdução Neste trabalho, dissertaremos a respeito do poema de Ana Cristina Cesar, extraído do livro “Inéditos e Dispersos”, para assim atender às enunciadas questões. Sobre o jogo de palavras, intertextualidade, neologismos e metalinguagem segundo a ideia expressa pela escritora. Desenvolvimento A autora faz jogo de palavras, recorre à intertextualidade explícita, cria neologismos, faz da metalinguagem um tema. Diante disso, vamos aprofundar um pouco mais nossa leitura: a) Destaque exemplos de neologismo (invenção de palavras) e discorra sobre sua importância no poema. Antes de tratarmos das invenções de palavras existentes no poema, convém atentar- nos exatamente sobre o que significa, gramaticalmente, um neologismo. Segundo Houaiss neologismo é o “emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes; atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua”; utilizando também da “unidade léxica criada por esses processos”.1 Querer atribuir novo sentido a algo é realmente uma arte poética que requer um estro singular. Sobretudo, quando o neologismo que vem à luz, refere-se a algo na qualidade de metalinguagem, que demanda do leitor, uma compreensão do texto muito acurada e subtil. Todavia é essa linguagem que confere ao poema uma beleza que eleva o leitor, e lhe descortina uma nova compreensão da sua própria língua e, é claro, do tema que está em pauta. De modo particular, destacamos do texto alguns neologismos para melhor exemplificar: ‘Gatografia’: escrita de gato. Segundo o que a escritora diz “Não sei desenhar gato. Não sei escrever gato. Não sei gatografia. Nem a linguagem felina das suas artimanhas. Nem as artimanhas felinas da sua não-linguagem”. Significa que o felino também possui uma grafia própria, um modo de expressar-se particular próprio a sua espécie, a felina, marcada por artimanhas, por enganos. Peculiaridade desses animaizinhos. Ora, tão dóceis, mimosos e inofensivos, para demonstrar a arte de sua ‘manha’. Basta ser-lhes desagradável para receber impresso na face os sinais de suas garras, símbolo de natureza feroz e de suas artimanhas. 1 Dicionário HOUAISS, 2009. Substantivo ‘Neologismo’. Tudo isso, pode-se deduzir de um trocadilho de palavras tão simples. Que apesar de tão simples oculta uma imensidão de significado e compreensão. ‘Hopogato’, ‘Hiponímico’: Esses neologismos surgem da relação entre o gato e o hipopótamo. Aqui, a escritora faz menção ao poema de Eliot, criando assim uma intertextualidade jocosa entre os textos, pois o hipopótamo realmente ameaça o felino sob certo ponto de vista. São eles visivelmente distintos quanto ao peso e forma. O gato é bem inferior na sua forma e peso, por isso é ‘hiponímico’, ou seja, ‘menor na abundância’. Sem embargo do que, haja uma vantagem em assim ser. O gato possui, artimanhas, artes e manhas. Essas intertextualidades sugerem ao leitor uma profundidade de leitura que enriquecem o seu arcabouço cultural e linguístico, conferindo assim, maior substância ao poema. b) A autora fala da linguagem (do gato, mas também da linguagem do poeta) e, em especial, o papel do ser humano em nomear os seres. Que verbo sintetiza a opinião da autora sobre o ato de nomear? O verbo ‘Fingir’. A autora diz não acreditar no fato de que os homens conferem aos seus animais nomes, como podemos observar no trecho ‘... fingindo nomear...’. Ela faz assim um paralelo, uma intertextualidade entre o poeta e o nomear. O poeta ‘finge’ aquilo que escreve assim como podemos ver no trecho desse poema: “O poeta é um fingidor... Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente...”.2 Do mesmo modo que os homens fingem nomear seus animais os poetas fingem o que escrevem, embora por vezes realmente sintam o que parecem fingir. c) Ela questiona sobre o nome gato nos versos “e o nome do gato? / J. Alfred Prufrock? J. Pinto Fernandes? ” Sabendo que J. Pinto Fernandes é um nome que aparece no poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, nomear, escrever, desenhar são ações de que tipo: reais ou ficcionais? Afinal, o que é literatura na concepção dada pela poetisa? Podemos compreender melhor o que quis dizer a poetisa quando analisamos o trecho da mesma Ana Cristina Cesar: 2 ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. 1988 Os textos mais densos de literatura, os que nos satisfazem mais se referem a muitos outros textos. Cada texto poético está entremeado com outros textos poéticos. Ele não está sozinho. É uma rede sem fim. É o que a gente chama de intertextualidade.3 A literatura, sobretudo no âmbito da poesia, é impulsionada pela alusão, pela menção a algo que transcende do texto propriamente escrito. É algo que ‘voa’ do papel. Por suas inter-relações textuais que se completam; porque também servem de ‘base’ para outras menções; porque apresentam os mesmos sujeitos ou objetos sob outros aspectos. Ou seja, como mesmo se expressa a renomada autora é uma ‘ladroagem’. Ora serve para referir-se a algo real. Ora para uma ficção. Tudo depende do interesse do escritor por isso o título apresentado é ‘...um gasto gato’. Logicamente as referências não aparecem totalmente ocultas; elas surgem nomeadas, citadas, referidas, descritas; de acordo com seu objetivo. Contudo, real ou de ficção, ficam gastas de sempre serem por alguém referidas. 3 CESAR, Ana Cristina. 1999, p. 267 Referências Bibliográficas ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. 1988. CESAR, Ana Cristina. 1999, p. 267 HOUAISS, Dicionário eletrônico. 2001-2009.
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