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ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE

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ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE DE VACA: ESPECIFICIDADES, VARIAÇÕES, REAÇÕES NO ORGANISMO, POSSÍVEIS CAUSAS E INSTRUÇÕES PARA INFORMAR O PACIENTE
Hélio Henrique Moraes 1
Heloisy K. Silva 1
Natalya M. Santos 1
Tainara R. de Aguiar 1
Pâmela Nasser 2
Resumo 
A alergia a proteína do leite é um assunto muito abordado nos últimos anos, já que a incidência da mesma vem crescendo em altas proporções, porém a maior parte da população não identifica os atos que podem influenciar o desencadeamento da doença assim como os seus sintomas, que muitas vezes são confundidos a demais doenças. Comumente, a APLV apresenta seus primeiros sinais a partir do sexto mês de vida, onde a amamentação é interrompida e se é introduzida proteínas que não existem normalmente no leite materno, iniciando assim a alergia. O Diagnostico da alergia se torna extremamente difícil e requer muita atenção pelo profissional habilitado pelo fato de ocorrer em mais de um alimento e os sintomas serem os mais diversos. A base do tratamento é pela exclusão dos alimentos que contem os alérgenos responsáveis, porém a eliminação do leite e seus derivados pode acarretar em uma desnutrição no paciente, pois além de ser um fonte rica em cálcio, é rica em proteínas de alta qualidade, vitaminas e energia, por isso é necessário orientação dietética e monitoramento do estado nutricional adequado para não necessitar excluir alimentos que contenham leite, e sim substitui-lo usando leite de soja ou outras fórmulas enriquecidas para o consumo com o mesmo valor nutricional. Com uma dieta de exclusão e um acompanhamento nutricional ideal, a hipersensibilidade a proteína tende a minimizar seus sintomas ou até mesmo desaparecer entre os 3 e 5 anos de idade. Por falta de informação é comum confundir a alergia a proteína do leite com a intolerância a lactose, o que tende ao comum erro dos pacientes com APLV é continuarem a utilização do leite de vaca, porém sem lactose, neste caso além do tratamento nutricional ser errado, o paciente alérgico tende a continuar com os sintomas o que pode agravar ainda mais o caso, colocando em risco a vida do mesmo. O presente estudo tem como objetivo o esclarecimento de algumas informações importantes sobre o assunto e identificar os sintomas, causas e tratamento nutricional da alergia.
Palavras-chave: Leite, Proteína do leite, Alergia a proteína do leite, Leite de vaca, Hipersensibilidade.
1 Acadêmicos do Curso de Nutrição da Faculdade Integrado
2 Docentes do Curso de Nutrição da Faculdade Integrado de Campo Mourão
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................03
2 METODOLOGIA.....................................................................................................................05 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...........................................................................................08
 
4 CONCLUSÕES ........................................................................................................................10
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO
O leite é o único e exclusivo alimento dos mamíferos durante a fase inicial de sua vida. É um produto secretado pelas glândulas mamarias da mãe. As substâncias contidas no leite fornecem ao consumidor a energia e o material de construção de seu crescimento e desenvolvimento. O leite colostro contém anticorpos (as defesas) que o protegem contra as infecções. (Cooperativa Central Gaúcha de Leite LTDA, 1982).
De acordo com Moraes, Campos e Silvestrine (2005), alergia alimentar é uma das reações adversas ao alimento. Na prática pode se dizer que a alergia ou hipersensibilidade alimentar é uma reação desencadeada por antígenos presentes nas proteínas dos alimentos. 
A expressão da reação alérgica pode variar com a idade e os sintomas podem desaparecer ou amenizarem com o passar do tempo. Na infância os principais sintomas atópicos são vômitos, diarreia, refluxo, dermatite atópica, asma, rinite e rinoconjuntivite. Em crianças com sensibilidade ao leite de vaca as reações são distribuídas em: 50% das manifestações no trato gastrointestinal, 31% na pele e 19% no sistema respiratório (HALKEN, 2014).
Alves e Mendes (2013) as manifestações da alergia a proteína do leite de vaca iniciam-se nos primeiros seis meses de vida, e afetam cerca de 2 a 5% das crianças com até um ano de idade, mas 85% das crianças adquirem a tolerância entre os três e cinco anos de idade.
Pode se dizer que o risco de desenvolvimento da APLV ocorre com a introdução precoce de alimentos, adequando-os ao consumo habitual da família (Alves e Mendes, 2013)
Segundo Alves e Mendes (2013), a base do tratamento nutricional da APLV, as dietas de eliminação dos alimentos que contém leite de vaca em sua composição são fundamentais e, por isso, é importante que haja um diagnóstico preciso, já que a dieta de exclusão pode desencadear problemas no estado nutricional da criança a longo prazo, podendo favorecer o déficit energético e proteico, de cálcio e vitamina D, caso uma dieta de substituição adequada – que atenda as recomendações segundo o sexo e a idade, não seja implementada.
Devido à essa importancia da fonte proteica do leite de vaca, os pacientes com alergia a esse alimento devem ter a sua eliminação da dieta de forma adequada, para que através de outros alimentos possam ser supridos os nutrientes e não prejudique o crescimento e desenvolvimento normal (MEDEIROS et al., 2004).
O presente trabalho tem como objetivo estudar as reações alérgicas, suas causas e necesidades nutricionais do paciente. O leite de vaca, pode ser substituido pelo leite de soja e alimentos fortificados a base de soja, visando qualidadade de vida dos portadores da hipersensibilidade à proteína do leite de vaca.
2 METODOLOGIA (OU MATERIAL E MÉTODO)
2.1 CARACTERIZAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO
O presente estudo foi de natureza experimental e foi desenvolvido no laboratório técnica dietética e gastronomia da Faculdade Integrado de Campo Mourão no período de 08/03/2016 a 31/05/2016.
2.2 OBJETO DE ESTUDO
O objeto do presente experimento foi o desenvolvimento de receitas modificadas para atender pacientes com patologias a proteína do leite de vaca, seguindo do cálculo de custo da receita e da porcentagem de distribuição de macronutrientes. 
2.3 DESENVOLVIMENTO DA RECEITA 
As receitas foram selecionadas aleatoriamente a partir de sites culinário e manuais de receitas, conforme o esquema de divisão dos grupos proposto em sala de aula. A receita testada está apresentada no quadro abaixo:
Quadro 1: Bolo nutritivo com goiabada
	INGREDIENTE
	UNIDADE DE MEDIDA (g ou mL)
	MEDIDAS CASEIRAS
	Ovos
	150g
	3 unidades
	Banana
	160g
	2 unidades médias
	Óleo 
	240ml
	1 xícara 
	Farinha de trigo
	180g
	12 colheres de sopa
	Cacau
	30g
	2 colheres de sopa
	Pó Royal
	15g
	1 colher
	Castanha do Pará
	45g
	3 unidades
Fonte: Laboratório de Técnica Dietética e Gastronomia da Faculdade Integrado de Campo Mourão, 2016.
2.4 PROCEDIMENTOS PARA O CÁLCULO DE CUSTO
Para o cálculo de custo, realizou-se uma pesquisa em mercados para verificar o preço atual dos ingredientes utilizados na receita. Após o levantamento de preços, procedeu-se o cálculo utilizando regra de três simples para determinar somente o preço da quantidade que foi utilizada na receita. Para o custo total, realizou-se o somatório do custo de cada ingrediente utilizado e, após, dividiu-se pelo rendimento da receita para determinar o custo unitário. 
2.5 PROCEDIMENTOS PARA O CÁLCULO DE MACRONUTRIENTES 
Para calcular a porcentagem de macronutrientes da receita, utilizou-se o quadro abaixo:
TABELA 1:
	Ingrediente
	Quantidade utilizada em g ou ml
	Quantidade de CHO em 100g
	Quantidade de CHO da receita
	Quantidade
de PTN em 100g
	Quantidade de PTN da receita
	Quantidade de LIP em 100g
	Quantidade de LIP da receita
	Ovo
	150g
	1,6g
	2,4g
	13g
	19,5g
	8,9g
	13.35g
	Banana
	160g
	23,8g
	47,6g
	1,4g
	2,8g
	0,1g
	0,2g
	Óleo 
	240ml
	n/a
	n/a
	n/a
	n/a
	100g
	240g
	Farinha
	180g
	75,1g
	135,18g
	9,8g
	17,64g
	1,4g
	2,52g
	Cacau
	30g
	19,4g
	6,4g
	1g
	0,33g
	0,1g
	0,033g
	Pó Royal
	15g
	43,9g
	3,41g
	0,5g
	0,33g
	0,1g
	0,0066g
	Castanha
	45g
	15,1g
	3,355g
	14,5g
	3,22g
	63,50g
	14.11g
	Uva passa
	20g
	14,5g
	2,9g
	n/a
	n/a
	n/a
	n/a
	Castanha
	45g
	15,1g
	3,355g
	14,5g
	3,22g
	63,50
	2,22g
	Aveia flocos
	50g
	66g
	33g
	12,8g
	6,4g
	7,6g
	3,8g
	Linhaça 
	50g
	43,3g
	21,6g
	14,1g
	7,5g
	32,3g
	16,15g
	Goiabada
	300g
	78,7g
	236.1g
	0,4g
	1,2g
	0,1g
	0,3g
	Total
	1235g
	396,5g
	495.3g
	82g
	62,14g
	277,6g
	292.6896g
	Total em kcal
	 -
	-
	1981,2 kcal
	-
	248.56 kcal
	-
	2634,2064 kcal
Fonte: Laboratório de Técnica Dietética e Gastronomia da Faculdade Integrado de Campo Mourão, 2016.
CHO= carboidratos / PTN= proteínas/ LIP= lipídeos
Consultou-se a Tabela de Brasileira de Composição de Alimentos – (TACO, 2006) para determinar a quantidade de carboidratos, proteínas e lipídeos encontrados em 100 gramas de cada ingrediente e, através da regra de três simples, calculou-se a quantidade dos macronutrientes encontrados apenas na quantidade utilizada na receita. 
Para o cálculo das calorias totais, somou-se os valores em gramas/mililitros encontrados para carboidratos e multiplicou-se por 4 Kcal/g, para proteínas e multiplicou-se por 4 Kcal/g e para lipídios, multiplicando por 9 Kcal/ e somou-se os três valores.
2.6 ANÁLISE DE DADOS
As variáveis obtidas acerca do custo e porcentagem de macronutrientes foram comparadas com dados de receitas padrões (com ingredientes convencionais), para verificar se há aumento do custo utilizando ingredientes específicos para determinadas patologias e se há mudanças na distribuição de macronutrientes da receita. 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO	
	Ingrediente
	Quantidade utilizada na receita
	Embalagem
	Custo da embalagem
	Custo da quantidade utilizada na receita
	Ovos
	3 unidades
	12
	R$ 4,50
	1,12
	Banana
	2 unidades
	n/a
	2,50
	0,50
	Óleo soja
	1 xícara 
	1L
	3,50
	1,45
	Farinha trigo
	12 colheres sopa
	1kg
	2,00
	0,36
	Cacau
	3 colheres de sopa
	n/a
	20,00
	1,00
	Pó Royal
	3 colheres sopa
	100g
	4,00
	2,00
	Castanha Pará 
	3 unidades
	n/a
	30,00
	0,66
	Uva passa
	3 colheres sopa
	n/a
	15,00
	0,33
	Castanha Brasil
	3 unidades
	n/a
	30,00
	0,66
	Aveia flocos
	3 colheres sopa
	200g
	3,00
	0,60
	Linhaça 
	3 colheres sopa
	n/a
	12,00
	0,26
	Goiabada
	1 fatia 300g
	500g
	4,50
	2.70
	
O custo total que foi gasto para a preparação da receita foi de 11,64 reais, que renderam oito porções, comparado a receita de um bolo nutritivo com mel e leite que custa em média 20,00 reais e rende seis porções. Pode se concluir que o bolo nutritivo sem a presença de leite além de mais barato ainda apresenta qualidades nutricionais que suprem o individuo portador da alergia a proteína do leite de vaca.
Uma vez estabelecida o diagnóstico de alergia alimentar, a única terapia comprovadamente eficaz é a exclusão do alérgeno da dieta. Tal procedimento deve proporcionar a total remissão dos sintomas. A base do tratamento da alergia alimentar é essencialmente nutricional e consiste, além da dieta de exclusão, na utilização de fórmulas ou dietas hipoalergênicas que atendam a todas as necessidades nutricionais (Silva e Araújo, 2011).
Um individuo que desenvolve a alergia a proteína do leite de vaca, tem muitas dificuldades em manter o organismo em homeostase nutricional, por isso, a dieta deve ser elaborada de acordo com o nível da alergia de cada paciente, porém, é necessário a total exclusão do leite de vaca, que muitas vezes não ocorre de maneira sucinta. 
Além da inadequação nutricional que uma dieta de exclusão mal planejada pode proporcionar, alguns fatores presentes na APLV, como má absorção intestinal, perda de nutrientes nas regurgitações e nos vômitos, anorexia, perda sanguínea na coliti alérgica e perda proteica na gastroenteropatia e osinofílica podem contribuir para ocorrência de desnutrição energético-proteico, além de prejuízo no crescimento (SILVA E ARAÚJO, 2010).
Estudos realizados com pais de crianças em dieta de exclusão do leite de vaca concluiu que, apesar de orientados, eles não estão plenamente preparados para o reconhecimento de expressões e alimentos que contenham ou não proteínas do leite de vaca e que existe necessidades de aprimoramento das orientações para essa dieta de exclusão ( SILVA E ARAÚJO, 2010).
4 CONCLUSÕES
O presente trabalho aponta as necessidades de um paciente portador de alergia a proteína do leite de vaca, mais comum em crianças que por sua vez não estão com o sistema digestório completo que seja capaz de digerir a proteína. Normalmente os sintomas da hipersensibilidade são vômito, diarreia, alergia cutânea, entre outros, que com o passar do tempo e o devido cuidado com uma dieta correta de exclusão do leite de vaca, pode minimizar e até desaparecer, proporcionando ao individuo em um longo prazo ao estabelecimento de uma dieta comum.
Atualmente o portador da hipersensibilidade a proteína do leite de vaca não precisa deixar de consumir leite e alguns derivados, já que existem substitutos que proporcionam a mesma qualidade nutritiva que o leite comum. Também deve-se levar em conta que existem no mercado fórmulas que são enriquecidas para a homeostase do organismo. 
Com base nos estudos, conclui-se que não é fácil diagnosticar um paciente portador da alergia, já que os sintomas podem ser confundidos com outras doenças, por isso o acompanhamento nutricional da mãe e do bebe é de extrema importância, pois é a introdução de alimentos inadequados em tempo inoportuno que são as principais causas da APLV.
REFERÊNCIAS
COOPERATIVA CENTRAL GAUCHA DE LEITE LTDA, 1982.
 ALVES, J. Q. N.; MENDES, J. F. R.; Consumo dietético e estado nutricional em crianças com alergia à proteína do leite de vaca. Disponível em: http://www.escs.edu.br> Acesso em 30 set. 2013.
REVISTA NUTRIÇÃO PROFISSIONAL, 19, ano IV- Maio/junho de 2008
VASCOCELOS, M,J. BARBOSA, M,J. PINTO, I,C. LIMA, T, M. ARAÚJO,A,F. Nutrição Clínica, Obstetrícia e Pediatria, Rio de Janeiro, 2011.

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