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Resumo de endodontia

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ENDODONTIA 
Marcos Pinheiro 
São Luis - MA 
- janeiro de 2007 – 
http://daodonto.50webs.org 
id7591796 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
1. Cirurgia de acesso ............................................................................. 01 
2. Limite apical de trabalho e odontometria........................................... 03 
3. Preparo biomecânico dos canais radiculares...................................... 05 
4. Medicação intracanal......................................................................... 08 
5. Obturação dos canais radiculares....................................................... 11 
6. Semiotécnica endodôntica ................................................................... 13 
7. Diagnóstico e tratamento das doenças pulpares ................................. 14 
8. Diagnóstico e tratamento das doenças periapicais ............................. 16 
9. Técnicas de tratamento da polpa viva................................................ 19 
10. Técnicas de tratamento da polpa necrosada ........................................ 20 
11. Técnicas de retratamento ................................................................... 22 
12. Doença endoperio............................................................................. 23 
13. Traumatismo dentário ...................................................................... 24 
14. Acidentes e complicações na endodontia.......................................... 28 
15. Desobturação para retentor intra-radicular (remoção de pino) ................ 31 
 
Lista bibliográfica .................................................................................. 33 
 
 
1 
 
CIRURGIA DE ACESSO 
 
Todos as fases técnicas do tratamento endodôntico constituem uma seqüência lógica e 
interdependente. Se, por qualquer razão uma etapa for negligenciada, as subseqüentes poderão ficar de tal 
modo comprometidas que o caso poderá se transformar num fracasso indesejável. 
Sendo a abertura coronária a primeira etapa, inútil salientar sua importância. Dela 
dependerá o correto preparo do canal e a perfeita obturação. 
A abertura coronária será representada pela forma geométrica da câmara pulpar, 
determinada de dentro para fora e concluída com a total remoção do teto da câmara. No mais,, ocorrerá 
uma maior ou menor divergência de uma ou mais paredes circundantes e a determinação do desgaste 
compensatório específico de cada dente (a remoção da convexidade das paredes da câmara nos molares, 
mormente a mesial, e do ombro palatino interno nos incisivos e caninos superiores. 
A abertura coronária tem os seguintes objetivos: 
- remoção de todo conteúdo da câmara pulpar: essencial para se conseguir a desinfecção do canal 
radicular, evitando sua recontaminação e alteração cromática da coroa dental; 
- luminosidade e visão do assoalho e entrada dos canais radiculares: obtida com paredes circundantes 
lisas e divergentes para à superfície externa da coroa; 
- acesso direto à região apical: as paredes circundantes devem permitir a entrada e os movimentos dos 
instrumentos nos canis radiculares a fim de evitar limpeza insuficiente, mudança de forma e posição 
do forame apical, formação de degrau e desvio do canal, perfuração radicular, fratura do instrumento, 
etc; e 
- selamento cavitário: as paredes circundantes divergentes reterão a restauração provisória, evitando 
sua intrusão e conseqüente contaminação do canal. 
Já que a abertura coronária é a projeção da anatomia interna do dente sobre a superfície, é 
de fundamental importância a análise da forma e dimensões da coroa e, radiograficamente, a largura, 
altura e posição da câmara. Naturalmente que deve-se considerar toda modificação resultante de 
agressões fisiológica e patológica. A forma de contorno da cavidade, preconcebida, será proporcional ao 
volume da coroa e paralela às faces respectivas. Ou seja, nos anteriores obedecer-se-á a anatomia externa 
da coroa e, nos posteriores, mais a possível localização dos canais. 
São às seguintes formas geométricas da câmara pulpar dos grupos dentais: 
- incisivos superiores: triangular; 
- caninos superiores: losangular ou triangular; 
- pré-molares superiores: elíptica (achatamento mésio-distal da coroa); 
- molares superiores: triangular, independente do número de canais; 
- incisivos inferiores: oval ou triangular; 
- caninos inferiores: losangular ou triangular; 
- pré-molares inferiores: oval ou circular; e 
- molares inferiores: trapezoidal ( 2 ou 3 canais) ou quadrangular (4 canais). 
O princípio básico da abertura coronária é a definição da forma geométrica que terá a 
cavidade, sempre em dimensões menores, a fim de se evitar desgaste além da câmara. Essa cavidade 
deverá apresentar uma profundidade a mais próxima possível da câmara, facilitando assim a trepanação e 
a remoção do teto. 
A trepanação, que é o acesso à uma cavidade anatomicamente pré-existente, será realizada 
nos molares e pré-molares afastada do assoalho da câmara, em direção à área mais ampla vista na 
radiografia, e nos incisivos e caninos próximo ao cíngulo, onde certamente chegaremos na cavidade 
pulpar, considerando a presença de dentina reparadora fisiológica e o maior volume vestíbulo-lingual. 
O modus operandi da cirurgia de acesso seria assim: 
- radiografia periapical pela técnica do paralelismo: ampliação máxima de 10% quando do emprego do 
localizador curto (O’Grady e Reynolds, 1973) 
 curto; 
- anestesia; 
- exposição da cavidade cariosa: remoção de todo esmalte sem suporte dentinário, de restaurações com 
recidiva de cárie e ou com infiltração, e do tecido cariado, com cilíndrica de calibre proporcional ao 
volume da coroa, em alta velocidade e sob refrigeração; 
- espaço proximal: passagem do fio dental livre; 
- profilaxia da coroa dental; 
- remoção da cárie remanescente: sob isolamento relativo, com curetas e brocas esféricas de 28mm, de 
calibre proporcional ao volume da coroa; 
- isolamento absoluto; 
 
 
2 
 
- assepsia do campo operatório com álcool-iodado 0,3% e neutralizado com proporções iguais de éter-
álcool; 
- confecção da cavidade endodôntica: com broca cilíndrica (para deixar as paredes planas), em alta 
velocidade e de calibre proporcional ao volume da coroa. Essa cavidade, a mais profunda e pouco 
menor em extensão), tornará a operação de trepanação mais fácil e segura; 
- trepanação da câmara pulpar: com broca esférica de 28mm, em baixa velocidade e de menor diâmetro. - 
- ampliação do orifício de trepanação: de dentro para fora com a mesma broca esférica, 
- desabamento do teto: remoção com broca Endo Z ou da série 3080 da KG Sorensen, em alta velocidade 
e sob refrigeração, à expensa das paredes da câmara; 
- irrigação e aspiração da câmara: com solução de hipoclorito de sódio em qualquer concentração; 
- esvaziamento da câmara: curetagem da polpa viva ou necrosada. No caso de polpa viva, segue-se a 
hemostasia da polpa radicular com compressa de algodão; 
- teto remanescente: constatação com sonda angulada e remoção com brocas esféricas, LA axxess, Endo 
Z e ou Batt cônica, em baixa velocidade e sem refrigeração, o que facilita a visão; e 
- conveniência da cavidade: é o alisamento, planificação e divergência das paredes necessárias para a 
entrada dos canais sem acrobacias da lima e do profissional. 
 
 
 
3 
 
LIMITE APICAL DE TRABALHO E ODONTOMETRIA 
 
Naturalmente que a manipulação do canal deverá acontecer com a menor agressividade e 
segurança operatória, a fim de se evitar maiores injúrias aos tecidos pulpar e periapicais e iatrogenias. 
Faz-se, portanto, necessário o conhecimento dosacidentes anatômicos e biológicos da área apical da raiz 
dental para que o pós-operatório e a cicatrização ocorram dentro dos padrões normais da reparação. 
- rizogênese: o desenvolvimento da raiz inicia-se pela proliferação apical da bainha epitelial de 
Hertwig. O epitélio dentário interno em contato com a papila dentária induz a diferenciação das 
células periféricas em odontoblastos. Ao iniciar a deposição da matriz dentinária, a bainha se rompe 
deixando resíduos conhecidos como restos epiteliais de Malassez no ligamento periodontal. Por sua 
vez, a matriz induz a diferenciação das células mesenquimais do saco dentário em cementoblastos. 
Então, a medida que a parede dentinária é formada, ocorre também a formação do cemento. 
- fundamentos anatômicos: a polpa dental se comunica com o periodonto através de múltiplas 
aberturas em conseqüência do natural mecanismo de formação da raiz. Quando a erupção se inicia, o 
forame é bastante aberto e tem a forma de “boca de sino”, por onde penetra o tecido conjuntivo A 
deposição de cemento recobre toda dentina, respeitando, todavia, o feixe vásculo-nervoso que 
penetra no canal como se fora um leque, configurando assim o delta apical, ou seja, uma abertura 
maior (forame principal) aberturas menores (foraminas). 
A união cemento-dentina está situada, segundo Kutler, de 0,5 a 1mm do ápice radicular e 
é formada por 2 cones truncados que se tocam pelos vértices. O cone cementário não segue, em 68% dos 
dentes jovens e 80% dos dentes idosos, a mesma direção do cone dentinário, mas sim para distal. A 
abertura do cone cementário torna-se maior com o correr da idade pela deposição cementária fisiológica 
no ápice. 
O forame principal está situado a 0,3mm e a 0,6mm do ápice radicular, segundo, 
respectivamente, Burch & Hullen e Vande Voorde. 
Por esses acidentes anatômicos, deve-se remover a polpa antes da união cemento-dentina, 
criando melhor condição de reparação tecidual já que uma única ferida teria que cicatrizar. Além do mais, 
ofereceria um melhor travamento da obturação pois o batente apical confeccionado estaria num tecido 
resiliente como a dentina e tendo suas paredes convergentes para o ápice. 
- fundamento biológico: respalda-se no respeito a integridade da membrana periodontal que é um 
envoltório fibroso do feixe vásculo-nervoso, que penetra de 0,5 a 1mm pelo forame principal e que 
tem as funções de defesa e de reparação tecidual. 
O respeito a esses fundamentos, implicará na calcificação hialina dos forames e canais 
acessórios. Nos casos de polpa mortificada, ocorrerá uma invaginação de tecido conjuntivo do ligamento 
periodontal apical e do osso alveolar, em média 1mm, para o canal, que posteriormente se calcificará. 
Para se estabelecer o comprimento real de trabalho é preciso que se saiba primeiramente o 
tamanho do dente. Ou seja, a odontometria, que vai de um ponto referencial oclusal ou incisal até o 
vértice radiográfico da raiz. 
São vários os métodos de odontometria, do mais simples ao mais sofisticado. Porém, os 
comumente utilizados baseam-se na radiografia. Dentre esses, o de Ingle é o mais aceito pela precisão no 
registro dos pontos referenciais e por apresentar menor distorção de imagem já que a área de medida é 
mínima, da ponta do instrumento ao vértice da raiz. O método sofreu algumas modificações e ficou assim 
praticado: 
1. meça o dente na radiografia de diagnóstico tomada pela técnica do paralelismo; 
2. deduza 3mm do comprimento aparente do dente (ampliação máxima de 10% na imagem tomada 
pela técnica do paralelismo com o localizador curto – O’Grady e Reynolds, 1973) 
3. transfira esse valor para o instrumento endodôntico; 
4. introduza o instrumento no canal até que o cursor ou stop tope no ponto referencial oclusal ou 
incisal. É necessário que o instrumento esteja justo no canal; 
5. realize uma tomada radiográfica pela técnica da bissetriz ou incida perpendicularmente ao plano 
do filme; 
6. meça, na radiografia, a distância da ponta do instrumento ao vértice da raiz. Distância superior a 
4mm não são confiáveis e devem ser desprezadas. Avance o instrumento na canal e realize outra 
tomada radiográfica; e 
7. some esse valor ao comprimento real do instrumento para a obtenção do comprimento real do 
dente. 
O comprimento real de trabalho será definido segundo às condições patológicas da polpa, 
como segue pela maioria dos autores: 
- polpa viva: de 1 a 2mm; e 
- polpa necrosada: 1mm. 
 
 
4 
 
Naturalmente que a odontometria será calculada, em canais curvos, após a retificação dos 
terços médio e cervical para que não ocorra o trespasse do limite durante a instrumentação. 
Outros métodos: 
- de Bregman: basea-se na relação e proporção dos comprimentos aparentes do dente e do instrumento e 
o comprimento real do instrumento. Impreciso na tomada das imagens referenciais oclusais ou incisais e 
alto grau de distorção devido à maior área de medida na radiografia; 
- elétrico (de Sunada, 1962): basea-se na resistência a passagem de corrente elétrica da membrana 
periodontal e da mucosa bucal serem constantes e iguais. O localizador eletrônico apical tem as 
vantagens de: uso em gestante, em paciente com ânsia de vômito, na localização de perfuração, fratura e 
reabsorção, e nos casos de indefinição do ápice radicular na radiografia. São calibrados na altura da 
constrição/forame apical. Os novos aparelhos, de impedância com alta freqüência, têm uma relativa 
precisão na presença de eletrólitos no canal. A partir de 1989. Yamaoka et al, empregaram 2 
frequências de corrente alternada e obtiveram maior precisão de medida. Ex. NovApex, Apit, Endex, 
Root ZX, Just II, Bingo, Apex Finder e ProApex 
- audiométrico (de Inoue, 1973): a gengiva e o ligamento periodontal são tecidos contínuos e capazes de 
produzirem, por indução elétrica, vibrações iguais de baixa freqüência. Ex. sono explorer. 
- radiografia digital: tem alto custo, incômodo do tamanho e espessura do sensor, requer bastante 
treinamento e sua imagem é somente satisfatória. Há menor radiação ao paciente, a imagem é 
instantânea, pode-se manipular a imagem, o arquivamento da documentação é mais segura e compacta, 
além de dispensar filme e o processo de revelação. 
 
 
5 
 
PREPARO BIOMECÂNICO DOS CANAIS RADICULARES 
 
 
O preparo do canal envolve o esvaziamento e a limpeza (remoção do conteúdo e 
desinfecção por meio químico e mecânico), a modelagem (as limas devem deixar as paredes lisas e 
cônicas e o batente apical), a permeabilização dentinária (irrigação e inundação do canal com substâncias 
químicas) e o aumento e retificação da curvatura médio-cervical (com limas e brocas a fim de facilitar a 
limagem ,irrigação e obturação, em especial a curvatura apical). 
Para que ocorra a limpeza, a substância deve apresentar a propriedade detergente. Para a 
desinfecção, as propriedades bactericida e umectação a fim de alcançar toda intimidade dos canalículos 
dentinários, canais laterais (1,6% no terço cervical e 8,8% no terço médio), canais acessórios (17% no 
terço apical) e delta apical. 
As substâncias sanificadoras do canal radicular devem ser selecionadas e usadas com 
parcimônia para se evitar agressão ao remanescente pulpar e aos tecidos periapicais. 
Por consagração (desde 1928) e devido as propriedades bactericida, solvente da matéria 
orgânica, baixa tensão superficial e neutralizante de ácidos, indica-se o hipoclorito de sódio para a 
irrigação e inundação do canal, durante toda a instrumentação. Na câmara pulpar, quando da abertura 
coronária, vale-se de qualquer concentração, porém, devido a excelente estabilidade química, preferimos 
a água sanitária (2 ou 2,5%). Quando do preparo do canal e em casos de polpa viva e necrose sem lesão, 
preferimos a solução de Milton (concentração de 1%) e em casos de polpa necrosada com lesão, a água 
sanitáriatambém. 
 
1 – Estandardização dos Instrumentos (ISSO/FDI de Ingle e Levine, 1958): 
 
- material de confecção: aço inoxidável. 
- secção transversal: circular, triangular, quadrangular e losangular. 
- séries: especial de 10 (cabo roxo) e 1ª , 2ª e 3ª (com 6 instrumentos de cabo branco, amarelo, 
vermelho, verde e preto). Após vieram os diâmetros 06 e 08 (cabos rosa e cinza, 
respectivamente). 
- comprimento do instrumento: 21, 25 e 31mm. 
- comprimento da parte ativa: 16mm (tamanho médio das raízes de todos os grupos dentais). 
- diâmetro da ponta (Do): é o número da lima expresso em décimos de milímetro. 
- aumento de diâmetro da ponta a base da parte ativa: 0,32mm 
- diâmetro da base (D16): é Do acrescido de 0,32mm. 
- taper ou conicidade é o aumento de diâmetro em cada mm da parte ativa. Ou seja, 0,02mm 
(0.32mm16), que representa a conicidade média dos canais de todos os grupos dentais 
- ponta guia: cortante e que forma com a lâmina de corte, um ângulo de transição, responsável 
pelo desvio no canal. 
- ângulo de corte: negativo, alargando o canal mais por raspagem. 
- memória: negativa para às que, uma vez deformada intencionalmente, mantém-se assim. 
- tipos: - Alargadores: parte ativa espiral de passos longos constituída a partir de haste 
triangular..Pouca flexibilidade e de ponta cortante. Servem para a dilatação do canal em 
movimentos simultâneos de introdução e rotação de 1/2 a 1 volta em sentido horário e 
após tração; 
- Limas: parte ativa espiral de passos curtos constituída a partir de haste triangular ou 
quadrangular. A secção triangular oferece mais flexibilidade (K-file, Flexofile, Flex-R) 
devido a menor massa da haste e maior poder de corte devido ao ângulo mais agudo de 
60 graus em comparação com a massa e o ângulo de 90 graus da haste quadrangular. A 
lima K-flex tem secção losangular (2 ângulos maiores de 60° e 2 menores de 60°), 
bastante flexível e de grande corte. As limas tipo Kerr ou K têm a ponta cortante. 
Servem para o alargamento com alisamento e retificação de curvatura, em movimentos 
simultâneos de introdução passiva ou rotação de ¼ a ½ volta em sentido horário e anti-
horário e após tração contra as paredes. Com haste triangular, de forma usinada e de 
níquel-titânio têm-se as limas 3 vezes mais flexíveis que às de aço (até o diâmetro 60), 
de memória de forma, ponta inativa e corte mais duradouro. De tão mole e uma vez 
presa a sua extremidade, não se deve executar tração por causa da inevitável fratura da 
ponta. Existe ainda a lima Hedströem com parte ativa sob a forma de cones superpostos 
e inclinados a 60 graus, constituídas a partir de haste cônica. De pouca flexibilidade 
(fratura fácil) e de ponta inativa (não abrem espaço), servem para o corte acentuado de 
dentina, remoção de resíduos das paredes do canal e retificação de curvatura, em 
 
 
6 
 
movimentos de introdução e tração contra as paredes. Para prover essas limas de 
flexibilidade, modificou-se a secção transversal para cilíndrica e cones de mesmo 
tamanho e espaço de passos iguais, resultando as limas Set-File. 
 
2 - Princípios da Instrumentação: 
 
– apoio por inteiro na parede do canal; 
– manutenção da forma geométrica do canal; 
– maior calibre, menor flexibilidade; 
– tração sem torção; e 
– na curvatura apical: pré-curvamento (Weine em 1970), diâmetros intermediários 
(Weine em 1970 - Golden Mediums), instrumentação não-convencional ( 
escalonamento regressivo – Weine em 1972 e retificação/aumento da conicidade 
coronária – Schilder em 1974), técnicas crown-down, limagem anticurvatura – 
Abou-Rass em 1980, limas flexíveis (K-flex em 1982) de ponta inativa e com 
amplitude máxima de 2mm. Walia et al, em 1988, introduziu na endodontia as 
limas manuais de níquel (55%) e titânio (45%). São usinadas, de alta 
dureza(fratura fácil por torção), de secção triangular, sem ângulo de transição, de 
ponta inativa, com memória elástica e com alta flexibilidade. 
 
3 – Formas geométricas das raízes e dos canais – Fígun e Garino, 2003: 
 
- raiz cônica: canal circular/oval nos incisivos e caninos superiores, pré-molares superiores com 2 
raízes, pré-molares inferiores com raiz única e raiz palatina dos molares superiores. A 
instrumentação deve ser perimetral; 
- raiz achatada mésio-distalmente: canal elíptico nos incisivos e caninos inferiores, pré-molares 
superiores com raiz única, pré-molares inferiores com 2 canais, raízes vestibulares dos molares 
superiores e raízes mesial e distal dos molares inferiores. A instrumentação deve ser pendular. 
 
4 - Primeiro Instrumento Apical: é aquele que se ajusta no comprimento real de trabalho e que 
iniciará a confecção do batente apical. 
 
5 - Último Instrumento Apical: como regra é de 1 mais 3 nos casos de polpa viva e de 1 mais 4 nos 
casos de polpa mortificada. Ou melhor, após a remoção de todo conteúdo pulpar, definição do 
batente e alisamento das paredes. 
 
6 - Técnicas de Instrumentação Manuais: 
 
- convencional ou clássica: consiste no aumento progressivo de diâmetro de limas Kerr em canal 
amplo e reto e de limas flexíveis em canais atresiados e curvos, no mesmo limite de trabalho.; e 
- não-convencional: empregada em canais curvos e que consiste na feitura do escalonamento 
regressivo após a confecção do batente apical (step-back) ou da penetração progressiva em ordem 
decrescente de diâmetro (crown-down) e da dilatação/retificação dos terços coronários com limas 
e ou brocas especiais, antes da confecção do batente apical. 
 
7 – Camada residual (smear layer): é o conjunto das raspas de dentina, restos orgânicos pulpar e 
bacteriano e traços da substância química auxiliar. A fim de expor os canalículos dentinários para 
melhor ação da medicação intracanal e vedamento do canal pelo material obturador, aplica-se 3 
minutos de EDTA 17%, agitado com lima ou ultra-som. 
 
 
8 - Técnicas de Instrumentação Automatizadas: com o objetivo de tornar a instrumentação menos 
estressante e evitar desvio e entulhamento do canal, existem motores e contra-ângulos que reduzem a 
velocidade para emprego de limas de níquel-titânio. Têm-se ainda a peça de mão para movimento 
oscilatório com limas de aço. 
São essas as modificações dos instrumentos rotatórios, segundo McSpadden, em 1994: 
- ângulo de corte: ângulo excessivamente positivo corta demais, o ideal seria o levemente positivo; 
- área de escape: espaço nos sulcos atrás da superfície cortante que permite a deposição das raspas de 
dentina fiquem acumuladas, evitando sua compressão nas paredes; 
 
 
7 
 
- ângulo helicoidal: disposição de 30º das espirais que evita que raspas de dentina excisada e todo 
conteúdo do canal e permite um corte eficiente; 
- suporte laminar (radial lands): não há uma lâmina de corte mas sim uma superfície plana com 2 
lâminas com ângulos menos agudo e assim, devido a maior massa aumenta a resistência a fratura, 
evita o entravamento na dentina e permite a centralização em canal curvo; 
- resistência ao atrito: guia marginal cortante menor e uma superfície periférica reduzida diminuem a 
resistência friccional; 
- superfície de trabalho: diversos e maiores conicidades pela redução de contato, concentram pressão 
numa pequena área; 
- força balanceada: mais que flexibilidade, é necessário, para se manter o eixo central do canal, que o 
instrumento tenha assimetria de corte. Ou seja, pressão igual em toda as paredes enquanto gira a 
360º; e 
- com ponta ativa para canais atresiados e ou calcificados e, com ponta inativa, para canais curvos e 
alargamento dos terços coronários. 
São esses os princípios da instrumentação rotatória: 
- realizar previamente o preparo cervical do canal; 
- utilizar 3 conicidades decrescentes conforme o terço do canal; 
- maior a curvatura menor o diâmetro do instrumento, o torque e a velocidade do motor;- maior diâmetro mais resistente a fratura em canal reto e menor em canal curvo; 
- maior corte maior a possibilidade de fratura e menor torque e velocidade; 
- avançar no canal com instrumentos de igual diâmetro e menor conicidade ou menor diâmetro e igual 
conicidade; 
- não utilizar lima folgada em canal curvo (efeito do arame); 
- desprender movimento de “bicada”, ou seja, avançar com um instrumento 1 mm, com recuo, por vez 
 até 3mm. 
Pode-se emprega-se para a instrumentação rotatória, contra-ângulo redutor em motor 
pneumático( 12 000 a 30 000 rpm dividido pela redução) e em motor elétrico, com as vantagens do 
silêncio de trabalho, a velocidade constante, a parada automática para reversão e a aceitação de 
várias reduções. 
Existem o aparelho de ultra-som magnetostrictivos que requer água para sua refrigeração e 
há entre os polos életricos uma bateria que provoca a vibração para a haste da lima e o 
piezoelétrico, que tem um cristal. O magnético pode produzir um canal mais bem modelado devido 
a ação da ponta da lima ficar restrita pela paredes do canal. O piezoelétrico, por ser mais potente, 
pode produzir alargamento apical do canal e formação de degrau em canais curvos devido a maior 
dificuldade na restrição da ação da ponta da lima. 
A lima tipo K do aparelho não abre espaço, só alarga o canal o canal quando solta. Daí a 
necessidade do uso prévio de lima manual. Se a lima sônica ficar presa no canal, ocorrerá sua fratura. 
Deve-se usar o hipoclorito de sódio como solução irrigadora. A instrumentação se dá pela ativação da 
solução irrigadora (cavitação) e a ação energizante da lima na parede do canal. Restringe-se ao 
diâmetro 15 por provocar estrias e mudanças na conformação do canal. Como extrui o material o 
conteúdo pulpar, deve-se realizar a neutralização prévia do canal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
MEDICAÇÃO INTRACANAL 
 
Após o preparo químico-cirúrgico do canal radicular, ocorrem repercussões no periodonto 
apical que são influenciadas pelo estado patológico da polpa e do periápice, pelo potencial irritativo das 
substâncias químicas utilizadas e pelo trauma cirúrgico. Essas repercussões são traduzidas por uma 
inflamação aguda considerada normal quando apresenta sintomatologia dolorosa em nível moderado e se 
estende por, no máximo, 48 horas. 
A reação inflamatória, precursora da reparação, não deve ser prolongada ou atingir níveis 
elevados para não perturbar a evolução normal da ferida para a cura. 
Devido ao avanço técnico-científico e a possibilidade de contaminação do canal entre 
sessões, muitos autores estão indicando o tratamento endodôntico em sessão única, nos casos de: polpa 
viva sem sintomatologia e de polpa necrosada sem lesão. Fica contra-indicado nos casos de: 
sintomatologia dolorosa, sensibilidade e edema apical, exsudado persistente, paciente ansioso, não 
cooperativo e com disfunção temporo-mandibular, anatomia radicular complexa e lesão periapical. 
A finalidade da medicação intracanal nos casos de polpa viva é a de minimizar o processo 
inflamatório. Nos casos de polpa necrosada, é o de evitar a proliferação de microrganismos residuais na 
luz do canal, nos canalículos e nas erosões apicais. 
Nas condições de polpa viva utiliza-se os corticosteróides que tornam a parede do 
lisossoma mais resistente, impedindo o extravasamento das enzimas proteolíticas responsáveis pela 
destruição celular, ou induzem a formação pelo macrófagos ou outras células da proteína lipo-cortina, que 
inibe a fosfolipase. Assim não ocorrerá a produção do ácido aracdônico, substrato das prostoglandinas. . 
Agem topicamente por 24 a 48 horas, numa concentração não superior a 2,5% para não inibir o processo 
inflamatório. Os corticosteróides mais utilizados são: 
- mistura de Rifocort pomada ...............10g (contém prednisolona, ativa e isenta de efeitos colaterais e a 
rifamicina que é um antibiótico). 
Rinosoro .............................. 10ml (para diluir a mistura). 
Depo-medrol ..........................2ml (prednisolona intramuscular). 
- Otosporin que contém hidrocortisona, com alto poder de penetração e os antibióticos neomicina e 
polimixina B). 
A razão da associação de antibiótico e corticosteróide é óbvia para canais contaminados e, 
quando não, seu emprego constitui medida profilática contra eventual contaminação. 
Ainda para polpa viva, podemos empregar o hidróxido de cálcio, sob várias formas como o 
Calen, de 2 a 7 dias, que contém como veículo o polietilenoglicol. E ainda o NDP que tem a seguinte 
fórmula: 
- fosfato de dexametasona .................................... 0,32g 
- paramonoclorofenol ........................................... 2g 
- rinosoro .............................................................. partes iguais 
- polietilenoglicol 400 .............qsp........................100ml 
 Esses medicamentos são injetados no canal radicular com a ajuda de seringa. 
A microbiota predominante quando da instalação da necrose pulpar é a de aeróbios gram-
positivos (tensão de oxigênio no sistema de canais). Quando do aparecimento de lesão periapical (mais de 
1 ano da necrose), a microbiota predominante passa (shift microbiano) a ser de anaeróbios gram-
negativos (ausência de tensão de oxigênio no sistema de canais). 
As bactérias de 1 a 1,5µm de diâmetro (os canalículos dentinários têm de 1 a 4µm) 
promovem dano tecidual por ação direta (enzimas e produtos do metabolismo) e por ação indireta ( 
estimulantes da liberação de mediadores químicos bioativos pelas células de defesa do hospedeiro). 
Segundo, Siqueira Jr.,1997, as bactérias gram-positivas têm sua parede celular formada por 
40 lâminas de peptidoglicano (dando-lhe rigidez), que ativam macrófagos a liberarem as citocinas IL-1â, 
IL-6, GM-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos) e M-CSF (fator estimulador 
de colônias de macrófagos), além de ativarem o sistema complemento. Algumas têm ainda, na sua parede 
celular, os ácido teicóico e todas têm o ácido lipoteicóico, que ativam tanto macrófagos a liberarem as 
citocinas IL-1â, IL-18 e o TNF-á (fator de necrose tumoral) como o sistema complemento. 
As bactérias gram-negativas têm sua parde celular formada por somente 1 a 2 lâminas de 
peptidoglicano. Têm ainda, lipoproteínas e lipopolissacarídeos (na camada periférica da parede celular – 
a membrana externa). As primeiras estabilizam e ancoram a membrana externa à camada de 
peptidoglicano e podem estimular a liberação de TNF-á. As segundas, quando liberadas por lise ou 
divisão celular (formação de vesículas), são conhecidas como endotoxinas. Promovem a ativação de 
macrófagos e, conseqüentemente, a liberação de citocinas IL-1â, IL-6, IL-8 e TNF-á, de lipídeos ácidos 
(prostaglandinas) e radicais oxigenados e nitrogenados, que são mediadores químicos da inflamação e da 
 
 
9 
 
reabsorção óssea. Promovem ainda a ativação do sistema complemento, independente de anticorpos e da 
bradicinina. São também mitogênicos para linfócitos B e células epiteliais. 
Nas condições de polpa necrosada, pode-se utilizar: 
- mistura de 5g de Paramonoclorofenol e 28ml de Furacin oto-solução (diminui a irritação e aumenta 
a difusão). O paramonoclorofenol é um enérgico agente antimicrobiano não específico e que possui 
propriedades fungicida e bactericida. O cloro é volátil e o fenol age por contato. Para atenuar a 
agressividade desses anti-sépticos, adiciona-se a cânfora que é outro anti-séptico, porém suave. Reage 
neutralizando a ação ácida, ficando só a anti-séptica. Holland recomenda deixar, em toda extensão e em 
contato, um cone de papel absorvente embebido na mistura. O nível do PMCF decai 50% em 48 horas, 
ficando inalterado até 14 dias. Efetivo para anaeróbios e anaeróbios facultativos. 
- Callen PMCC é a mistura do hidróxido de cálcio e o paramonoclorofenol,resultando no 
paramonoclorofenolato de cálcio, com consistência de cimento e ação bactericida mais prolongada. Ela 
é injetada no canal por meio de uma seringa especial rosqueada, permanecendo por, no mínimo, 7 dias 
para os casos de necrose sem lesão e por, no mínimo, 14 dias para os casos de necrose com lesão. A 
alcalinidade da dentina radicular é evidente após 30 dias, podendo permanecer com o pH 10 por até 120 
dias (Esberard, 2000). 
- a fórmula NDP. 
- PRP que está indicado para canais não totalmente preparados ou na dúvida da desinfecção. É 
igualmente injetado no canal e tem a seguinte fórmula: 
paramonoclorofenol .................................. 2g 
rinosoro ..................................................... partes iguais 
polietilenoglicol 400 ............... qsp........... 100ml 
Os efeitos antimicrobianos dos anti-sépticos podem ser inibidos pela presença de sangue , 
soros e outros resíduos orgânicos. Entretanto, os anti-sépticos voláteis podem penetrar por esses resíduos. 
Daí o procedimento da penetração desinfetante ou neutralização mediata, empregando-se o Tricresol 
formalina que age, segundo Buckley,1904, da seguinte maneira: 
- os vapores de formol mais os gases de amoníaco, sulfidríco, sulfeto e carbônico formam 
álcool metálico e enxôfre sólido, de fáceis remoção; e 
- o tricresol mais a gordura formam o lisol que é um potente anti-séptico. 
O tricresol é carcinógeno e teratogênico, portanto, contra-indicado em gestante. Faz 
desaparecer lesões periapicais no período de 2 a 7 meses, mesmo sem o esvaziamento do 
canal (Esberard, 1993). 
Nos casos de curativos para debelarem secreção e fistula persistentes, deve-se obturar o 
canal com a mistura de hidróxido de cálcio P.A. e veículo aquoso como o soro fisiológico, a água 
destilada ou o anestésico (estéril), devido a liberação mais rápida e intensa dos íons hidroxila. Devido a 
rápida diluição e contaminação do curativo, deve ser trocado até o 7º dia por outro com veículo 
hidrossolúvel. A pasta terá as seguintes ações: 
- barreira física: impedirá a penetração dos exsudatos para o canal (sintomatologia?); 
- antinflamatória: por ser higroscópica e inibir a fosfolipase e, consequentemente, a liberação da 
prostoglandina; 
- biológica: o pH alcalino ativa a fosfatase que liberará íons fosfatos na circulação, que unem-se ao 
cálcio do cimento, formando o fosfato de cálcio da hidroxiapatita ou diferencia as células 
mesenquimais em odontoblastos; 
- bacteriológica: os íons hidroxila inibem o metabolismo enzimático das bactérias, destruindo-as 
(não é efetivo para os anaeróbios facultativos Estreptococos faecalis., Pseudomonas aeruginosa e 
Escherichia coli) e degradam o LPS. Os íons cálcio removem o gás carbônico do meio, necessário 
para os anaeróbios ; e 
- neutralização: reagem e anulam os produtos ácidos e as endotoxinas. 
 O hidróxido de cálcio necessita de, pelo menos, 1 semana para desinfectar o canal com 
polpa necrosada (Sjögren). 
 Somente com 7 dias, os íons hidroxilas chegam na superfície externa da raiz e o pH da 
dentina passa de 6 para 9. O pH máximo só é alcançado entre 2 e 3 semanas (Nerwich). 
Nos casos de rizogênese incompleta e reabsorções interna e externa, deve-se obturar o 
canal com a mistura do hidróxido de cálcio P.A e veículo hidrosolúvel (polietilenoglicol) ou oleoso (óleo 
de oliva), devido a liberação de íons hidroxila mais lenta e uniforme. No caso de polpa viva e ápice 
aberto, o tratamento é de apicigênese (pulpotomia); no caso de polpa necrosada e ápice aberto, a 
apicificação. Nos 2 casos, espera-se o fechamento do ápice radicular, porém, devido a diluição mais 
rápida da pasta, há a necessidade de trocas mensais. A confirmação do fechamento do ápice é feita 
radiograficamente, sem a pasta no canal e mecanicamente com limas. A alcalinização da dentina, pela 
difusão dos íons hidroxila, pode favorecer a neutralização das áreas de reabsorções pois os osteoclastos só 
 
 
10 
 
atuam em locais de pH baixo, seguido pela estimulação do reparo (Tronstad, 1981). Quando a reabsorção 
for interna, o hidróxido de cálcio deve permanecer por 30 dias e, quando for externa, 90 dias. 
Nos casos de lesões refratárias (presença de microrganismos, mormente anaeróbios 
estritos, em lesões crônicas de longa duração, com conseqüente estabelecimento de uma microbiota – 
número e virulência – e defesas do organismo menos eficazes, que não reagem ao tratamento endodôntico 
convencional – Siqueira Jr.): uma indicação é o preenchimento do canal com PRP até a câmara, onde se 
coloca pó do CFC com calcadores ou limas. A mistura é feita dentro do canal. A fórmula é a seguinte: 
ciprofloxacina 500mg (1comprimido triturado) ......................... 25% 
metronidazol 400mg (1comprimido triturado) ........................... 25% 
hidróxido de cálcio P.A ............................................................... 50% 
 Nos casos de lesões refratárias com secreção esverdeada, que denuncia a presença de 
pseudomonas, Machado indica o preenchimento do canal, com extravasamento para a lesão periapical, da 
pasta de iodofórmio e polietilenoglicol 400. 
Nas lesões refratárias, os microrganismos encontram-se no tecido necrosado adjacente ao 
forame, na superfície radicular, em crateras e no corpo da lesão. Talvez o único tratamento seja o 
cirúrgico. 
Como em 20% das lesões refratárias, o microganismo é o fungo, pode-se tentar a 
medicação intracanal de clorexidina 2% por 2 dias, seguida do Calen PMCC por 14 dias ou a mistura do 
Calen com a clorexidina gel. 
A clorexidina (Heling et al em 1992) está indicada para gram-positivos e negativos, 
anaeróbios facultativos, aeróbios, leveduras e fungos (anaeróbios estritos?). Tem a propriedade de 
substantividade que é a absorção dentinária e bacteriana para a ação residual antimicrobiana por 72 horas. 
Sua toxicidade é relativa, exceto na concentração de 2%, não dissolve a matéria orgânica, não inativa o 
LPS e sem ação de limpeza. 
 Após a colocação de qualquer curativo ou medicação intracanal, deve-se colocar uma 
bolinha de algodão estéril na entrada do canal, o recobrimento desta com uma lâmina de guta percha em 
bastão e o selamento da cavidade com cimento provisório. O ideal para se evitar a contaminação dos 
canais, entre sessões, seria o selamento cavitário com resina composta. 
É aconselhável, após o preparo do canal e entre trocas de curativos, a inundação do canal 
com solução de EDTA 17%, agitada com lima ou ultra-som, a fim de se remover tanto a camada residual 
(smear layer) como o carbonato de cálcio (reação com o C02 dos tecidos) deixado pela pasta de hidróxido 
de cálcio e assim prover a maior permeabilidade da dentina para que os medicamentos possam agir 
eficazmente. 
 
 
11 
 
OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES 
 
Uma vez o canal esvaziado, sanificado e modelado, deve-se preenchê-lo hermético e 
tridimensionalmente para se evitar a penetração de fluidos teciduais (estagnação, decomposição e 
produção de substância s tóxicas) e impedir a contaminação por microrganismos que tenham 
permanecidos nos canalículos e ou no sistema de canais.. Assim, dando condições biológicas favoráveis 
ao selamento biológico apical e periapical. 
Segundo Goldberg, são esses os requisitos dos materiais obturadores: 
- tempo de trabalho: para que se possa concluir a obturação com o material ainda plástico. Entretanto, 
é bom lembrar que quanto maior esse tempo, maior será a contração de presa; 
- estabilidade dimensional: para promover o vedamento, principalmente do terço apical. Lembra-se 
também que quanto maior a quantidade do material, maior será a contração de presa. A guta-percha 
contínua sólida com temperatura superior à do corpo; 
- impermeabilidade: todos os materiais plásticos são permeáveis, daí a massa obturadora ter 85% ou 
mais de cones de gutapercha; 
- radiopacidade: para se verificar a qualidade do preenchimento, sabendo-se que, em exagero, mascara 
falhas e vazios; 
- compatibilidade biológica: tem de ser inerte ou anti-séptico suave para não irritar o coto pulpar e os 
tecidos periapicais e estimular à reparação; 
- inalterador de cor: alguns componentes dos cimentos escurecem a cor da coroa dental como a prata, 
os fenóis, iodo, etc. Portanto, devem se restringir ao canal radicular; 
- fácil remoção: pela necessidade do retratamento. A guta-percha é amolecida pela temperatura e 
solventes; 
- adesividade: nenhum material apresenta esta propriedade já que existe a umidade natural do canal. 
Os materiais obturadores são classificados assim: 
- sólidos: cones de prata (99,98%) de difícil ajuste nas paredes do canal por ser rígido, ótima 
estandardização e flexibilidade, difícil remoção e radiopacidade excessiva. Cones de guta-percha 
(polímero isômero da borracha com 20% de guta-percha e 70% de óxido de zinco) que sofre 
compressão às paredes do canal, tem estabilidade físico-química, tolerância tecidual, radiopacidade 
adequada e é de fácil remoção. Oxida-se quando exposto à luz e ao ar; e 
- plásticos: de difícil introdução no canal (diâmetro maior que a altura). Os cimentos (a união de seus 
componentes levam ao endurecimento) servem para o preenchimento das interfaces cone/parede e 
cone/cone. Existem os à base de hidróxido de cálcio (estimulam a reparação apical), resinas plásticas 
(relativa adesão), ionômero de vidro (incompatibilidade tecidual) e óxido de zinco e eugenol 
(irritantes). 
Como saber a oportunidade de se realizar a obturação do canal? 
- ausência de sintomatologia dolorosa; 
- ausência de sensibilidade apical e de edema; e 
- ausência de qualquer tipo de exsudatos no canal. 
São inúmeras as técnicas de obturação, na dependência da anatomia radicular, maturação 
do ápice dental e da preferência e domínio do operador. A técnica da condensação lateral ativa 
(Callahan, 1914) é a mais popular e é assim descrita: 
- remoção do medicação intracanal e da camada residual (barreira física intermediária que poderá 
interferir na adesão e penetração dos cimentos nos túbulos dentinários. Sendo uma estrutura não 
homogênea, orgânica e inorgânica, e fracamente aderida, poderá desintegrar-se e assim criar um espaço 
vazio; 
- neutralização do EDTA com hipoclorito de sódio e ou soro; 
- secagem dos canais com pontas no diâmetro e comprimento do instrumento apical final; 
- descontaminação do cone-mestre ou principal em solução de álcool-iodado 0,3% por 3 minutos e 
após neutralizado em éter-álcool 1:1. O hipoclorito de sódio a 5% por 5 minutos resseca os cones de 
guta-percha; 
- escolha do cone-mestre: que deverá assentar e travar no batente apical (testes visual, tátil e 
radiográfico). Preferencialmente, devido a feitura dos cones ser manual, utiliza-se a régua calibradora 
e ter em mente que a capacidade de corte depende de cada profissional e que a convergência apical 
na rizogênese não se dá na mesma forma nos planos M-D e V-L.; 
- introdução do cone-mestre no canal, envolto de cimento com exceção da ponta (técnica 
biologicamente controlada), com movimento de vai-e-vem até o comprimento de trabalho. Deve-se 
levar o cimento em todas as paredes, com movimento circular, e não mais retirá-lo para evitar 
extravasamento; 
 
 
12 
 
- introdução do espaçador digital de aço inox, procurando- ir até o comprimento de trabalho, à expensa 
de uma única parede do canal. Como regra e a fim de facilitar a introdução de cones acessórios, 
inicia-se com o espaçador C, com movimento de cateterismo. Caso fique mais de 1mm, tente descer 
mais com espaçadores de menor calibre. Uma vez, no comprimento de trabalho ou bem próximo, 
fique utilizando o mesmo espaçador. É aconselhável, ficar retirando e avançando até a folga do 
espaçador. Em canais curvos, o espaçador de níquel-titânio penetra mais (Berry et al em 1998) e com 
menor estresse para as paredes do canal (Joyce et al em 1998); 
- preparação do cone acessório ou secundário com a mesma medida de penetração e envolto de 
cimento. Existem os cones acessórios na conicidades XF (extra-fino), FF (fino-fino), MF (médio-
fino), F (fino), FM (fino-médio), M (médio), L (largo), ML (médio-largo) e XL (extra-largo); 
- remoção do espaçador, com movimento anti-horário, e introdução imediata do cone acessório que, de 
preferência, deve ficar justo; e 
- após o preenchimento completo do terço apical, realiza-se uma radiografia para se observar a 
qualidade da obturação. Se tiver extravasamento de cimento, não se procede a condensação vertical. 
Se tiver extravasamento de cones, deve-se entrelaçá-los e tracioná-los com pinça hemostática; 
- caso esteja tudo correto, procede-se o corte com calcadores quentes e a condensação vertical com 
calcadores frios e umedecidos em álcool; 
- toalete da câmara pulpar com éter-álcool; 
- lâmina de guta percha em bastão no assoalho da câmara 
- selamento cavitário com cimentos restauradores provisórios; e 
- remoção do isolamento absoluto e tomada da radiografia de controle e trabalho. 
 Quando há o risco, nessa técnica, de ocorrer o extravasamento do cimento obturador, dá-se 
preferência ao de hidróxido de cálcio não resinoso (Sealapex), que são mais tolerados quimicamente pelos 
tecidos e podem, até, serem fagocitados. A presa desse cimento de 1 hora é acelerada em contato com a 
umidade do canal. Do contrário, recomenda-se o cimento AH plus por ser bastante biocompatível, ter bo 
escoamento, baixa contração e solubilidade, tempo de presa de 8 horas e de fácil mistura. 
Quando, ainda na técnica de condensação lateral ativa, encontra-se dificuldade de se 
corrigir a condensação, devido ao endurecimento do cimento e morfologia ou irregularidades do canal, 
aconselha-se o emprego de técnica de termocompactação da guta-percha, a Híbrida de Tagger 
modificada (1983), que é a associação da técnica da condensação lateral ativa (Callaham em 1914) e a de 
McSpadden (1980), como segue: 
- realização da condensação lateral do terço apical com, no mínimo, 2 cones acessórios; 
- introdução do espaçador digital até 2mm aquém do comprimento real de trabalho; 
- escolha do diâmetro do compactador (modificada a forma de lima Kerr com espirais invertidas – 
engine plugger - para a de lima Hedstroem com cones invertidos): 2 diâmetros acima do instrumento 
apical final ou memória; 
- acionamento do contra-ângulo pneumático (12 a 30 000 rpm); 
- introdução do compactador no espaço deixado pelo espaçador, de encosto aos cones e retirada de 
encosto à parede do canal. Repetir várias vezes, sem parar. Devido ao aquecimento, é preferível 
acionar o motor para uma rotação mais baixa ou usar motor de redução. O instrumento irá plastificar 
a guta percha, por fricção. Devido a forma de parafuso invertido, condensará o material para dentro 
do canal, enquanto sairá do canal; e 
- após análise da radiografia, corta-se os cones e procede-se a condensação vertical a frio. 
 Nesta técnica não se deve empregar cimento resinosos, tipo Sealer 26 (tempo de presa de 
12 horas) devido a possibilidade de extravasamento. 
Com o intuito de simplificar e preencher corretamente o canal existem técnicas de 
termoplastificação da guta percha, na forma alfa, dentro do canal ou levada por meio de seringa e 
carregadores. Ex. Tagger, Obtura, Ultrafil, Termafil, etc. A forma alfa tem a mesma composição da beta, 
porém a cadeia é linear, que, juntamente com a menor quantidade de óxido de zinco, propiciam maior 
flexibilidade. Tem o ponto de fusão baixo de mais ou menos 45º C, que não agride os tecidos e se aderem 
mais às paredes do canal. O emprego de cimento é indispensável, porém, em pequena quantidade devido 
a facilidade de extravasamento. 
Existem ainda, as técnicas de obturação que utilizam as resinas na forma de cimentoe 
cones, tipo Endo-Rez, Epiphany e Real Seal. Devido ao sistema adesivo, promovem um monobloco 
obturação/paredes do canal. 
A invasão da área periapical por material obturador (sobreobturação), segundo Seltzer e 
al, pode levar ao retardo da reparação, persistência da inflamação e proliferação conjuntiva e epitelial a 
fim de isolar o corpo estranho. Na dependência da quantidade, natureza e consistência, o material pode 
ser dispersado, solubilizado e fagocitado. Em algumas situações, pode ser expulso por meio de um 
abscesso. 
 
 
13 
 
SEMIOTÉCNICA ENDODÔNTICA 
 
Desnecessário argumentar que o sucesso do tratamento está ancorado sobre os pilares do 
Diagnóstico e Prognóstico. Para isso, deve-se se valer dos conhecimentos técnico-científicos, da 
casuística e do senso clínico. 
Na verdade, existe um sinergismo de recursos semiotécnicos entre a anamnese, os exames 
físicos e os exames complementares. 
Na anamnese deve-se, principalmente, interrogar o paciente sobre sua história médica 
pregressa, atual e familiar e mais a queixa odontológica pregressa e atual. 
Os exames físicos compreendem a inspeção (integridade e coloração da coroa dental, tipo 
de restauração, exposição ou não da câmara pulpar, tumefação, fístula, edema, retraço gengival, etc), o 
teste de mobilidade dental, a sondagem do sulco gengival, a verificação da oclusão, o teste de palpação 
apical e o teste de percussão apical. 
Os testes de percussão e palpação apical servem para constatar a presença ou não de 
exsudato inflamatório no pericemento. 
O teste de mobilidade dental traduz o comprometimento ou não das fibras periodontais e a 
presença ou não de secreção no ligamento. 
A sondagem verifica a instalação ou não de bolsa periodontal. 
A oclusão é verificada em lateralidade, protusão e relação cêntrica a fim de constatar 
contatos prematuros e interferências 
Os exames complementares compreendem o térmico, o elétrico, o da cavidade, com laser, 
o da anestesia e as de imagem. 
Durante a constatação da vitalidade pulpar por meio térmico, aplicado no colo dental seco, 
o frio deve ser o preferido já que a resposta pulpar é mais rápida do que com o calor devido a existência 
de um movimento mais pronto do líquido canalicular para estímulos contratéis do que para expansivos. 
Recorre-se ao gás refrigerante (dicloro diflúor metano) e a neve carbônica que têm confiabilidade de 97% 
contra 30% do gelo. O gelo também não é eficiente em dentes recém-traumatizados, com o ápice aberto, 
com a câmara pulpar reduzida ou ausente, com grande volume dentinário (canino e pré-molar) e com 
coroas protéticas. 
O exame elétrico pode dá resposta positiva-falsa em razão de necrose pulpar com vitalidade 
nervosa e vitalidade do ligamento com polpa necrosada. 
O exame da cavidade é realizado sem anestesia. Deve-se remover, com cureta ou broca de 
baixa velocidade, a cárie até a exposição da dentina. Nesta, fricciona-se a ponta do explorador ou uma 
broca ou até a aplicação do gás refrigerante. 
O exame da anestesia serve para se identificar o dente álgico dentre vários suspeitos, no 
caso de dor irradiada. Vale-se da anestesia infiltrativa no ápice radicular. 
O emprego do laser é para quantificar tanto a profundidade da cárie como o grau de 
envolvimento da circulação sangüinea da polpa. Ex: Doppler flowmter. 
O exame por imagem abrange as radiografias periapicais (bissetriz e paralelismo), 
periapicais alternativas (de Clark, dicotomografia de Heckel de Alemeida, LeMaster e triangular de 
rastreamento), interproximal, oclusal e panorâmica que servem para auxiliar no diagnóstico das doenças 
endodônticas e periodontais, nas etapas operatórias, para documentação legal e para a proservação do 
caso clínico. 
A radiografia digital direta (radiovisiografia) oferece mínima radiação, imagem instatânea 
no monitor, manipulação da imagem (troca de radiolucidez por radiopacidade, alto relevo, etc) 
arquivamento compactado e seguro, além de dispensar filme radiográfico, processo de revelaçào e de 
escaneamento. Entretanto, tem custo altíssimo, o sensor ainda provoca desconforto, a imagem não é 
perfeita e requer bastante treinamento. 
A endodontia dispõe ainda de um excelente exame de imagem que é a tomografia 
computadorizada helicoidal. É elucidativa para evidência de lesão, reabsorções radiculares, fraturas 
radiculares, perfurações radiculares, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS PULPARES 
 
A polpa dental responde a qualquer agressão, ficando essa resposta na dependência da 
intensidade e freqüência do irritante e de fatores circunstanciais, tais como: condições anatomo-clínica do 
ápice e da coroa, sistêmicas, idade e seqüelas dos procedimentos operatórios. São essas as respostas da 
polpa: 
- INFLAMATÓRIAS: de origem microbiana, química e física. Embora idêntica aos 
demais tecidos conjuntivos, a inflamação pulpar tem características próprias em razão do arcabouço 
mineralizado que limita a sua capacidade de acumular fluidos, impedindo o aumento de volume da polpa 
e aumentando a pressão hidrostática da cavidade pulpar, e, do tipo terminal de irrigação sangüínea e 
linfática, traduzido por um número limitado de forames. 
A dor na inflamação pulpar é atribuída à pressão e irritação dos mediadores químicos sobre 
as terminações nervosas sensitivas, à pressão hidraúlica do edema e exsudatos nas fibras sensitivas, à 
alteração do equilíbrio osmótico (a saída de colóides sangüíneos e a decomposição de células lesadas 
tornam hipertônico o fluido pulpar) e a maior formação de fibras C pela citocina NGF dos macrófagos. 
Os nervos sensitivos da polpa são representados pelas fibras delta-A (1 a 6 µm) de condução 
relativamente rápida e as fibras beta-A (6 a 12 µm) de condução rápida, mielinizados que provocam dor 
rápida, aguda e localizada. As fibras C (0,4 a 1,2 µm) amielinizadas provocam dor lenta, prolongada e 
difusa e são de condução lenta. 
A dor pulpar é classificada quanto ao aparecimento (provocada ou espontânea), a duração 
(curta ou prolongada), a sede (localizada ou difusa) e a freqüência (intermitente ou contínua). 
O diagnóstico de uma polpa indene, não alterada, é de dente assintomático, dor leve no 
momento do estímulo e ausência de sensibilidade apical. Caso exposta, apresentaria hemorragia profusa 
e rutilante e resistência ao corte. 
A polpa alterada recebe os diagnósticos clínicos de pulpite reversível, pulpite de transição, 
pulpite irreversível e necrose. 
O quadro clínico de pulpite reversível é de dor localizada, provocada e de curta duração. 
Ausência de sensibilidade apical. A polpa se mostraria com sangramento e consistência normais. A 
profundidade da cárie é de até a ½ da parede dentinária. Os mecanismos de defesa da polpa são a 
formação de dentina esclerosada reacional e de dentina terciária reacional. O tratamento consiste na 
remoção da cárie, proteção indireta da polpa e restauração definitiva. 
O quadro de pulpite de transição é de dor localizada, provocada ou espontânea e de 
prolongada duração. Pode haver sensibilidade e espessamento apical. A polpa se mostraria com 
sangramento e consistência normais. A profundidade da cárie é de até ¾ da parede dentinária. O 
mecanismo de defesa da polpa é a formação de dentina terciária reacional. O tratamento consiste na 
remoção da cárie, proteção indireta da polpa e restauração provisória. 
O quadro clínico de pulpite irreversível é de dor irradiada (microabscesso), espontânea 
súbita e de prolongada duração. É também contínua latejante que não passa com o uso de analgésico, 
exarcebada pelo calor e mitigada pelo frio. Pode haver sensibilidade e espessamento apical. A polpa se 
mostraria com sangramento discreto, escuro ou claro e com consistência pastosa. A profundidade da cárie 
vai além de ¾ da parede dentinária, sem contudo comprometer à câmara. O mecanismode defesa da 
polpa é a formação de dentina terciária reparadora. O tratamento é a pulpectomia. 
O tratamento de urgência para a pulpite irreversível consiste na realização rápida de uma 
pulpotomia, com a medicação tópica de Otosporin. Caso persista o sangramento da polpa radicular, os 
canais devem ser esvaziados parcialmente, com limas soltas, e preenchidos com a mesma medicação. 
Finaliza-se com o selamento cavitário provisório. 
O quadro de pulpite crônica é de dor localizada, leve, provocada, pulsátil ao deitar e de 
curta duração. Há sensibilidade e espessamento apical. A profundidade da cárie já atingiu à câmara 
pulpar. Os mecanismos de defesa da polpa são a formação de dentina terciária reparadora ou a barreira de 
neutrófilos. Os tratamentos são, na dependência do tamnho da exposição, características do tecido pulpar 
e da idade do paciente, o capeamento direto, a pulpotomia ou a pulpectomia. 
Quando ocorrer uma comunicação direta ampla da polpa com a cavidade bucal, a dor pode 
até não se manisfestar, como no caso da úlcera pulpar. Somando-se a isso, a situação de ápice aberto, o 
tecido pulpar expande-se livremente para fora da câmara pulpar e para dentro da cavidade cariosa, 
instalando-se o pólipo pulpar de tecido granulomatoso, que sangra facilmente mas que se mostra 
insensível ao toque por causa da degeneração das fibras nervosas sensitivas. O cuidado é o da 
diferenciação com os pólipos gengival e periodontal. 
- DEGENERATIVAS: freqüentemente ocasionadas pelo envelhecimento ou seqüela da 
inflamação crônica como a esclerose dentinária, tratos mortos, atrofia com fibrose, calcificações e 
reabsorção interna. A sintomatologia é discreta e, às vezes, ausente. Percebe-se alteração cromática 
 
 
15 
 
leitosa opaca para a calcificação e rósea para a reabsorção interna. A radiografia exibe a esclerose pulpar 
(calcificação difusa), o nódulo pulpar, a calcificação pulpar e a reabsorção. 
A reabsorção radicular interna tem contorno regular, é simétrica, de densidade uniforme e 
fixa ao deslocamento da radiação. A teoria que a explica é a do antígeno seqüestrado (proteínas da 
dentina). Para que ocorra são necessárias a exposição da dentina (rompimento da camada de 
odontoblastos) uma inflamação crônica (presença de macrófagos) e o pH ácido (abaixo de 6). Os 
osteoclastos da unidade osteorremodeladora (macrófagos e osteoblastos) dissolvem a hidroxiapatita por 
meio dos ácidos carbônico, lático e cítrico, enquanto a matriz orgânica é degrada por meio da enzimas 
hidrolase ácida e cologenase. 
O tratamento da reabsorção radicular interna consiste da remoção mecânica (lima em forma 
de enxada) e química (hipoclorito de sódio) do tecido granulomatoso, do curativo de hidróxido de cálcio 
por 30 dias e da obturação termoplastificada. 
A calcificação pulpar quando detectada é motivo de preocupação já que as alterações 
degenerativas quando iniciam, não param. Faz-se ou não o tratamento endodôntico preventivo num dente 
indene? 
- NECROSE: decorrente da inflamação aguda e crônica e das alterações degenerativas sem 
tratamento que surtam a circulação sangüínea (infarto pulpar). Ocorre, num tecido necrosado, 
modificações pelo ar (gangrena seca), pela umidade (gangrena úmida) e pela contaminação microbiana 
(gangrena gasosa) que, clinicamente, não são identificadas. O canal transforma-se num excelente campo 
para a proliferação bacteriana, isento dos elementos naturais da defesa orgânica. Encontra-se restos 
orgânicos da polpa e de alimentos e uma temperatura eugenésica de 37 graus. Os produtos tóxicos 
bacterianos, resultantes do metabolismo, são potencialmente capazes de produzirem doenças em todo o 
organismo. 
A necrose faz cessar os sintomas dolorosos de origem pulpar, mas provavelmente fará 
surgir dores originadas da pressão e irritação exercida sobre as terminações nervosas do ligamento apical. 
Percebe-se mudança de cor, tornando a coroa escura e sem translucidez. Há sensibilidade apical e o 
exame radiográfico pode revelar o espessamento do ligamento devido à reabsorção ósseo-cementária. 
A necrose se dar por 2 processos sobre as proteínas teciduais: digestão enzimática com 
conseqüente liquefação e desnaturação com conseqüente coagulação. Quando da ingestão de bactérias, os 
neutrófilos liberam enzimas proteolíticas lisossomais, que somam-se às da das bactérias e ao do próprio 
tecido pulpar. A supressão do suprimento sangüineo de um tecido pobre em lisossomos, como ocorre nos 
casos de traumatismo dentário, determina a coagulação com um mínimo de liquefação. 
Na necrose sem lesão há predominância de aeróbios gram-positivos, restritos à luz do canal, 
com tensão de oxigênio no sistema de canais. 
 O tratamento consiste na neutralização e preparo do canal, medicação com hidróxido de 
cálcio e obturação. 
Junto com a necrose pode ocorrer a reabsorção radicular externa, que tem contorno 
irregular, é assimétrica, de densidade variável e móvel ao deslocamento da radiação. A teoria que a 
explica é a mesma da interna 
O tratamento da reabsorção radicular externa consiste na neutralização e preparo do canal, 
curativo de hidróxido de cálcio por 3 meses e da obturação convencional. 
Ainda junto com a necrose pode ocorrer a doença endoperio que tem as características da 
necrose pulpar e da periodontite: placa bacteriana, bolsa periodontal, migração apical do epitélio 
juncional determinando mobilidade dental e sondagem limitada à apenas uma parede, percebendo-se o 
contorno da raiz. 
O tratamento da doença endoperio consiste da neutralização e preparo do canal e da 
medicação intracanal seguidos da terapia periodontal básica. Numa outra sessão, a avalia’~ao dea 
necessidade de cirurgia a retalho (bolsa extensa e comunicações patológicas). 
 
 
 
 
16 
 
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS PERIAPICAIS 
 
A evolução das doenças na região apical se assemelham bastante com às da polpa, haja 
vista o diminuto espaço do pericemento (diâmetro de 0,25mm) e o confinamento no osso esponjoso, entre 
as corticais óssea vestibular e lingual. Clinicamente observa-se, com mais freqüência, a pericementite ou 
periodontite aguda, o abscesso dentoalveolar agudo, o abscesso dentoalveolar crônico, a lesão sugestiva 
de granuloma apical ou periodontite crônica e a lesão sugestiva de cisto periodontal apical, decorrentes ou 
não da mortificação pulpar. 
A periodontite ou pericementite aguda primária representa a inflamação do ligamento 
periodontal ocasionada por traumas oclusal (bruxismo, contato prematuro, interferência) e dental 
(concussão, fratura coronária, etc), uso abusivo de substâncias químicas tóxicas no canal radicular e 
sobreinstrumentação durante a pulpectomia. 
O tratamento da pericementite primária, quando por trauma oclusal, consiste meramente da 
remoção da causa, prescrição de analgésico e ou antinflamatório e controle da vitalidade pulpar. Quando 
o trauma for químico ou mecânico durante a manipulação do canal, faz-se irrigações tênues e profusas, 
medicação intracanal antinflamatória e prescrição de analgésico e ou antinflamatório. 
A periodontite ou pericementite aguda secundária caracteriza-se pela presença de 
microrganismos. Na maioria dos casos, a etiologia são as bactérias localizadas no canal com mortificação 
pulpar as quais podem ultrapassar o forame apical e atingir o ligamento periodontal. Quase sempre isso 
acontece quando o material séptico, contido no canal, é impelido mecanicamente para além do forame 
apical, seja pela pressão dos alimentos mastigados seja pela própria instrumentação durante o preparo dos 
canais. 
O tratamento da pericementite secundária consiste da neutralização do canal, trespasse do 
forame (edema), tricresol formalina na câmara pulpar por 48 horas e prescrição de analgésico e ou 
antinflamatório. 
O quadro clínico da pericementite pode ser descrito como uma dor espontânea, queaparece 
e aumenta gradualmente, de caráter contínuo, porém, com alguns períodos em que cresce e decresce, 
segundo determinadas circunstâncias. Por exemplo, ela tende a aumentar durante a noite, talvez pela 
posição do paciente deitado, que tende a facilitar um maior fluxo sangüíneo à região, fazendo aumentar o 
edema local e conseqüentemente a pressão e a dor. Essa dor é perfeitamente localizada pelo paciente, uma 
vez que o ligamento periodontal possui terminações nervosas tácteis. Não há nevralgias capazes de 
provocar fenômenos dolorosos reflexos. A percussão e a pressão o dente dolorido tendem a aumentar a 
intensidade da dor pelo aumento súbito da pressão ao nível do local edematoso inflamado. O paciente 
queixa-se de mobilidade dental, bem como de uma sensação de que o dente está crescido e saliente em 
seu alvéolo. Além disso, a gengiva ao redor do dente, mostra-se também inflamada e dolorida à pressão. 
O abscesso dentoalveolar agudo ou abscesso periapical agudo é uma coleção purulenta 
circunscrita e localizada no interior dos tecidos que circundam à raiz dental. Surge comumente como 
resultado da extensão de uma infecção da polpa dental para os tecidos periapicais. Contudo, pode ocorrer 
também em conseqüência de um traumatismo sobre o dente que venha a provocar a necrose por 
coagulação da polpa, pela irritação dos tecidos periapicais por substância química nos canais radiculares, 
pela manipulação mecânica desses canais durante o tratamento endodôntico ou por movimento mal 
dosado dos dentes tratados ortodonticamente. 
O abscesso periapical primário é o que se desenvolve diretamente de uma inflamação aguda 
dos tecidos periapicais, em conseqüência da necrose pulpar, e não apresentam ainda imagem radiográfica. 
O abscesso secundário de um surto agudo de um processo inflamatório crônico preexistente, como o 
granuloma ou o cisto periapical. 
Os abscessos são causados por um irritante, de grande intensidade, que permanece 
localizado no canal radicular disseminando suas toxinas aos tecidos periapicais ou podendo chegar 
diretamente por via periodontal ou pela via hemática (anacorese). 
No abscesso periapical agudo, na fase inicial, o dente torna-se extremamente doloroso à 
percussão e à palpação apical devido a presença do o pus na região de pericemento, ligeiramente extruído 
em seu alvéolo e com mobilidade. A dor é severa, espontânea, localizada e de caráter contínuo e pulsátil. 
Não há edema, mas sim mobilidade e extrusão dental. 
O tratamento consiste da abertura coronária (com ou sem dreno), neutralização do canal, 
trespasse do forame (com dreno), tricresol formalina na câmara pulpar (dente dolorido) e selamento 
cavitário provisório. 
No abscesso periapical agudo, na fase em evolução, ocorre a invasão do pus no osso 
esponjoso e abaixo do periósteo. A dor é intensa, irradiada, espontânea, contínua e pulsátil. A mobilidade 
e extrusão dental estão acentuadas. Há sensibilidade ao toque e espessamento e sensibilidade apical. Os 
nódulos linfáticos ficam ingurgitados, doloridos e com o volume aumentado. Quando o pus chega à 
 
 
17 
 
cortical óssea e começa a perfurá-la, aproximando-se dos tecidos moles, percebe-se o edema, área 
avermelhada, congesta e aquecida, sem ponto de flutuação. Abaixo do periósteo, aparece um nódulo duro 
e circunscrito. Pode ocorrer a halitose, febre, prostração e o trismo. 
Quando a coleção purulenta estiver intra-óssea, faz-se a abertura coronária (sem dreno), 
neutralização do canal, trespasse do forame (sem dreno), tricresol na câmara pulpar, selamento cavitário 
e prescrição de antibiótico e analgésico opióde. Quando estiver subperióstea, faz-se a incisão com 
descolamento, abertura coronária, neutralização do canal, tricresol formalina na câmara pulpar e o 
selamento cavitário. 
No abscesso periapical agudo, na fase evoluída, o pus está sob o tecido gengival ou 
mucosa, uma tumefação difusa e branda, com ou sem ponto amarelo. A dor é menos intensa, porém, 
difusa, espontânea, contínua e pulsátil. Pode haver hálito fétido, febre, prostração e trismo. Há 
sensibilidade ao toque e apical, mobilidade e extrusão dental. 
O tratamento somente difere da situação subperióstea, pela não necessidade do 
descolamento da incisão para o dreno. 
Entende-se que a administração de antibiótico é para somente nos casos de febre, edema 
facial e ausência de drenagem e de neutralização do canal. 
É bom não confundir o abscesso periapical agudo, na fase evoluída, com o abscesso 
periodontal. Este último tem sintomatologia mais branda, tumefação marginal, presença de placa 
bacteriana, bolsa periodontal e mobilidade dental, além do que o dente apresenta vitalidade pulpar. 
As doenças periapicais crônicas refletem o equilíbrio hospedeiro/irritante, daí constituirem 
processos proliferativos de bolsa epitelial ou exsudato que, por ser periódico e de pouca monta, são de 
evolução torpe e praticamente assintomático. Torna-se assim o diagnóstico dificultoso e até aleatório. 
Vale lembrar que a lesão periapical só é vista radiograficamente após 1 ano da necrose e 
quando há destruição tecidual que comprometa, mesmo que superficialmente, a cortical óssea. Nessa 
condição, há predominância de anaeróbios gram-negativos, sem a presença de oxigênio no sistema de 
canais. A mudança de microbiota da necrose sem lesão para com lesão é denominada de shift 
microbiano. 
Têm-se as seguintes manifestações clínicas: 
- abscesso dentoalveolar crônico ou abscesso periapical crônico: geralmente não 
apresenta nenhum sinal clínico dramático, uma vez que se trata de uma área de 
supuração suave e bem circunscrita com pouca tendência a disseminar-se. O 
material purulento encontra uma via natural de escomento, através do próprio canal 
ou de uma fístula gengival. 
O material purulento pode seguir outro caminho e coletar-se sob a pele. Fica esta 
entumescida, avermelhada e aquecida, além de dolorida, vindo a constituir uma abscesso cutâneo. 
Alternativamente ao atingir o tecido celular subcutâneo, pode a infecção disseminar-se 
dando origem à celulite, impossível de ser drenada e bastante perigosa, caso da angina de Ludwig. 
O flegmão é uma inflamação difusa nos tecidos moles que espalha-se ao longo dos planos 
faciais, disseminando-se entre as fibras musculares. Isso ocorre devido grande quantidade de enzimas 
hialuronidase e fibrinase. 
Os abscessos podem ainda se disseminar pelos vasos linfáticos e sangüíneos. Nos 
linfáticos, os microrganismos e toxinas transitam indo alojar-se nos linfonodos, onde serão destruídos ou 
onde darão origem a uma adenite ou a um adenoflegmão, dependendo da virulência das bactérias ou 
toxinas envolvidas e da resistência do organismo. 
Quando envolve os vasos sangüíneos, pode ocorrer alterações nas paredes, tornando-as 
ásperas e facilitando à aderência de elementos celulares, tromboflebites. Quando os microrganismos 
invadem os trombos e aí se multiplicam, ocorre a fragmentação que ganha a corrente sangüínea e se 
dissemina no organismo, septicemia. 
Quando acomete molares decíduos, podem provocar alterações morfológicas no germe do 
permanente, dente de Turner e quando a infecção alcança a base da mandíbula, dár-se o nome de 
osteomielite. 
A origem da infecção pode ser constatada através do mapeamento da fístula, usando-se 
irrigação do canal radicular ou a introdução de um cone de guta-percha e posterior radiografia. 
As citocinas dos macrófagos IL-1á, IL-1â e TNF-á ativam a formação do granuloma 
apical. Porém, quando além dessas, aparecer a EGF, ocorrerá a proliferação dos restos epitaliais de 
Malassez, dando origem a formação do cisto apical. 
Nas periapicopatias crônicas são evidenciadas, histologicamente, 4 zonas marcantes, 
segundo Fish: 
 - de infecção: caracterizada pela barreira neutrofílica na tentativa de isolar o 
sistema de canais (forame e foraminas) da região apical;18 
 
- de contaminação: caracterizada pela presença, na região adjacente ao periápice, 
de toxinas, antígenos e leucócitos; 
- de irritação: ocorre a fagocitose pelos macrófagos e o isolamento da zona de 
contaminação pela lise óssea promovida pelos osteoclastos; e 
- de estimulação: ação limitante da infecção pela formação de cápsula fibrosa 
produzida pelos fibroblastos e aro esclerótico pelos osteoblastos. 
Portanto, já existe uma avançada reabsorção óssea-cementátia, evidenciando-se 
radiograficamente o que se chama de lesão periapical. 
As lesões crônicas periapicais são assitomáticas, mas com alteração cromática da coroa e 
sensibilidade apical. 
O tratamento das lesões crônicas periapicais é a neutralização, instrumentação, medicação 
com hidróxido de cálcio por, no mínimo, 2 semanas, e a obturação do canal radicular. 
É bom que se ressalte que nem todas as radiolucências periapicais são decorrentes da 
mortificação pulpar e que nem todas as lesões são radiolúcidas. 
Uma radiolucência apical em dente vital pode ser, segundo Langeland e al, ocasionada pela 
passagem, através da polpa inflamada, de mediadores químicos ou produtos tóxicos. Pode ainda ser sinal 
de tumor benigno ou maligno e até de metástase. 
A radiopacidade em dente vital associada à reabsorção radicular pode indicar malignidade. 
Existe ainda a displasia cementária periapical que é um distúrbio na reabsorção e formação dos tecidos 
periapicais,. Gradativamente o ligamento periodontal e o osso periapical vão sendo substituídos por 
tecido conjuntivo, ricamente mineralizado. Sem sintomatologia, de etiopatogenia desconhecida, de 
evolução autolimitante e que não requer tratamento. Atinge freqüentemente os incisivos e caninos 
inferiores de mulheres negras. O cementoblastoma benigno é uma neoplasia com reabsorção e 
neoformação de tecido cementóide displásico e de etiologia desconhecida. Assintomático ou sintomático 
discreto. O tratamento é cirúrgico conservador. Atinge o ligamento e determina reabsorção radicular, 
freqüentemente de primeiro molar inferior. Pode ser ainda uma osteíte condensante. 
A radiopacidade apical em dente não vital decorre da transformação dos fibroblastos dos 
cistos e granulomas em osteoblastos ou pode ser uma osteíte condensante. 
Lesões crônicas periapicais com radiolucidez acentuada e que não responde ao tratamento 
endodôntico convencional, é denominada de refratária, segundo Siqueira Jr.,1997. Predomina nas 
erosões apicais, anaeróbios estritos e, em 20% dos casos, fungos. Várias medicações intracanais podem 
ser utilizadas, porém quase sempre a resolução é cirúrgica: obturação simultânea à apicetomia. 
 
 
 
19 
 
TÉCNICAS DE TRATAMENTO DA POLPA VIVA 
 
 
Lembra-se aqui as situações de polpa indene e inflamada e a denominação de pulpectomia 
para o tratamento. A princípio, deveria se usar somente substância química auxiliar inerte ao preparo do 
canal. Entretanto, por razão profilática, deve apresentar a propriedade bactericida. 
 
As técnicas recomendadas, de acordo com a anatomia do canal, são: 
 
CANAIS RETOS E AMPLOS 
- Esvaziamento: desinserção com K e exérese com H; 
- Dilatação cervical com broca GG calibrosa (podendo atingir o CPT); 
- Irrigação-aspiração; 
- Penetração progressiva da lima até o CPT; 
- Odontometria; 
- Penetração progressiva da lima até CRT; e 
- Batente apical. 
 
 
CANAIS RETOS E ATRÉSICOS 
- Penetração progressiva da lima até CPT; 
- Dilatação cervical com broca GG fina (até resistência do canal); 
- Irrigação-aspiração; 
- Odontometria com a lima no CPT; 
- Penetração progressiva da lima até CRT; 
- Batente apical; e 
- Escalonamento regressivo. 
 
 
CANAIS CURVOS E ATRÉSICOS - Técnica de Goerig modificada 
- Penetração passiva com lima H 15 até ajuste no canal; 
- Recuo e instrumentação anticurvatura. Repetir com limas H 20 e 25; 
- Retificação e aumento da conicidade cervical com brocas GG 1 e 2; 
- Irrigação-aspiração; 
- Penetração com lima flexível até CPT; 
- Odontometria; 
- Penetração com lima flexível até CRT; 
- Batente apical (canal inundado, pré-curvamento e anticurvatura); e 
- Escalonamento regressivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
TÉCNICAS DE TRATAMENTO DA POLPA NECROSADA 
 
O tratamento da polpa mortificada, com ou sem lesão, basea-se na remoção paulatina do 
conteúdo pulpar séptico-tóxico do canal (penetração desinfetante ou neutralização), formado por um 
complexo lipoproteíco resultante da degradação da matéria orgânica tecidual e ou microbiana e que tem 
os seguintes componentes: 
- compostos gordurosos: escatol; 
- proteínas degradadas: ptomaínas (putrescina, cadaverina e neuridina); e 
- gases: amônia, sulfídrico, carbônico e sulfeto de hidrogênio. 
 A invasão bacteriana na dentina radicular, segundo Harram, 1984, é de 77% no terço 
cervical e 43% no terço apical. 
 Siqueira Jr, 1997, esclarece que os terços cervical e médio têm 40 000mm2 de túbulos 
dentinários com 6 bactérias, em coluna, penetrando até 150µm. No terço apical, são 4 000mm2 com uma 
somente bactéria penetrando até 10µm. 
A substância química eleita para neutralizar o conteúdo pulpar é o hipoclorito de sódio, que 
é um composto halogenado nas seguintes concentrações: 
- líquido de Dakin: 0,5% de cloro livre em 100ml e tamponado por ácido bórico; 
- líquido de Dausfrene: o,5% e tamponado por bicarbonato de sódio; 
- solução de Milton: 1% de cloro livre e tamponada com cloreto de sódio; 
- água sanitária: de 2 a 4% de cloro livre. Líquido de Labarraque a 2,5%; e 
- soda clorada: de 4 a 6%. Clorox a 5,25%. 
O hipoclorito de sódio deve ser protegido da luz e do calor, tem validade de 6 meses e as 
seguintes propriedades: 
- umectação: quando em contato com a água, baixa sua tensão superficial, 
permitindo que a substância penetre na massa dentinária; 
- bactericida: pela liberação de cloro ativo e na forma de ácido hipocloroso e 
íons hipocloritos ; 
- solvente da matéria orgânica: por ser base, desnatura as proteínas (quebra a 
cadeia proteíca em aminoácidos), tornando-as solúveis; 
- neutralização: por ser base, reage com os ácidos, liberando oxigênio e cloro 
nascente; e 
As técnicas recomendadas, de acordo com a anatomia do canal, são: 
 
CANAIS RETOS E AMPLOS 
- Penetração progressiva da lima até CPT; 
- Dilatação cervical com brocas GG calibrosa (podendo atingir o CPT); 
- Irrigação-aspiração; 
- Odontometria com a lima no CPT; 
- Penetração progressiva da lima até CRT; e 
- Batente apical. 
 
CANAIS RETOS E TRÉSICOS 
- Penetração progressiva da lima até CPT; 
- Dilatação cervical com brocas GG fina (até resistência do canal); 
- Irrigação-aspiração; 
- Odontometria com a lima no CPT; 
- Penetração progressiva da lima até CRT; 
- Batente apical;e 
- Escalonamento regressivo. 
 
CANAIS CURVOS E TRÉSICOS – Técnica de Oregon modificada 
- Penetração passiva da lima K até ajuste no canal (máxima de 3mm); 
- Giro horário na lima, sem pressão, até travamento. Tração sem torção. Repetir com a mesma 
lima até a volta completa. Repetir a operação com limas de diâmetros inferiores; 
- Retificação e aumento da conicidade cervical com brocas GG 1 e 2 quando do emprego da 
lima 25 em qualquer profundidade e ou qualquer diâmetro na profundidade de 16mm; 
- Irrigação-aspiração; 
- Continuação da penetração progressiva até o CPT; 
- Odontometria; 
- Continuação da penetração progressiva até o CRT; 
 
 
21 
 
- Batente apical (canal inundado, pré-curvamento e anticurvatura); e 
- Escalonamento regressivo. 
 
Quando da presença de lesão periapical, deve-se realizar: 
- desbridamento: é a abertura do forame, uma única vez, na sequência da 
neutralização 
- patência: é a manutenção da abertura do forame durante a troca de 
instrumentos,

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