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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
AULA 14: 
CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 14 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
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Tema: Preconceitos de gênero e orientação sexual. Novos modelos de família. Nós e eles: a 
produção do estigma 
 
Objetivos: 
Analisar os preconceitos de gênero e de orientação sexual na sociedade brasileira. 
Identificar os novos modelos de família na sociedade contemporânea. 
Estudar a produção do estigma na sociedade. 
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• Antes de começarmos a mostrar como essas formas de preconceito operam na sociedade, 
comecemos por estabelecer as diferenças entre esses conceitos, como apresentado no 
capítulo 6 do Livro Didático. 
 
• Sexo: Refere-se apenas ao aspecto determinado biologicamente. São as diferenças 
anatômicas que estão presentes nos nossos corpos desde que nascemos. Existem dois tipos 
de sexo: homem e mulher. 
Preconceito contra de gênero e de orientação sexual 
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• Gênero: O conceito de gênero começou a ser usado para marcar as diferenças entre homens 
e mulheres que não estão restritas aos aspectos físicos e biológicos. A noção de gênero é, 
portanto, construída socialmente. É a partir da observação das diferenças sexuais que se 
criam ideias sobre o que é masculino e o que é feminino, as chamadas representações de 
gênero. Assim, como as origens das identidades subjetivas de gênero são exclusivamente 
sociais, não existe uma determinação natural dos comportamentos de homens e mulheres. 
• Identidades de gênero: Refere-se ao gênero com o qual o indivíduo se identifica. O que isto 
significa? Na maioria das vezes, as mulheres se identificam no gênero feminino e os homens 
no gênero masculino. No entanto, nem sempre acontece desta forma. Por vezes, algumas 
pessoas de determinados sexos biológicos não se identificam com o gênero que lhe foi 
atribuído quando de seu nascimento. São os indivíduos que chamamos de travestis e 
transexuais, ou transgêneros. 
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• Orientação sexual: Quando falamos da orientação sexual, estamos indicando por quais 
gêneros uma pessoa sente-se atraída, seja de forma emocional, sexual ou afetiva. Pode ser 
assexual (nenhuma atração sexual), bissexual (atração pelos gêneros masculino e feminino), 
homossexual (atração pelo mesmo gênero), heterossexual (atração pelo gênero oposto) ou, 
ainda, pansexual (atração independente do gênero). 
• Atualmente, usamos o termo orientação sexual por ser considerado mais adequado do que 
opção sexual. Isto porque palavra opção denota que o indivíduo pode escolher a sua forma 
de desejo. Apesar de não existirem consensos a respeito do que explica a orientação sexual, 
o que se pode afirmar é que não é uma escolha. 
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• As mulheres, desde a Revolução Industrial, vêm ocupando espaço no mercado de trabalho e, com 
isso, aumentando sua importância na sociedade. Contudo, muitos ainda veem o trabalho 
feminino como uma expansão do trabalho doméstico, tido como menos importante. 
• A luta da mulher pela sua inserção no mercado de trabalho, tem sua origem em tempos passados 
e até hoje, a mulher ocupa cargos de trabalho relacionados com serviços de saúde, de educação, 
como se o trabalho fosse uma extensão do trabalho doméstico. Não que esses trabalhos não 
tenham importância, mas é paradoxal o fato de cargos administrativos e industriais serem 
predominantemente masculinos. 
• A sociedade brasileira é composta preponderantemente por mulheres, mas estas têm 
participação inferior a dos homens no mercado de trabalho. Além do mais, a parcela feminina 
que está empregada precisa enfrentar preconceitos e inacreditavelmente recebe menos pelo 
mesmo trabalho exercido por um homem. 
Preconceito de gênero 
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• Na representação política, por exemplo, as mulheres estão muito aquém da igualdade que a 
Constituição lhe assegura: Embora as mulheres representem 51,20% do eleitorado brasileiro, 
aproximadamente o mesmo percentual da composição entre os sexos na população 
brasileira (IBGE, 2005), o percentual de candidatas às câmaras de vereadores, nas eleições de 
2004 em todo o país, foi de 22,14%, totalizando 76.765. Já as candidatas às prefeituras 
somaram apenas 9,48% do total das candidaturas, ou seja, 1.495 candidaturas femininas. 
• Dados recentes mostram que esse quadro pouco se modificou nos últimos anos. Em 2012, a 
despeito de o Brasil ter mulheres em cargos de chefia na administração federal, como a 
presidente da República, Dilma Rousseff, e dez mulheres chefiando ministérios, há apenas 45 
mulheres parlamentares, que representam 8,77% das cadeiras da Câmara dos Deputados. 
No Senado, o cenário não é diferente. De um total de 81 senadores, apenas 12 são mulheres, 
constituindo apenas 14,8 % do total. 
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• Essa reduzida proporção de mulheres nos cargos eletivos no Brasil tem sido motivo de 
inúmeros questionamentos de organismos internacionais, como ocorreu, em 2012, por parte 
do Comitê das Nações Unidas para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher (Comitê Cedaw). 
• Outro claro exemplo de preconceito contra as mulheres se expressa nos altos índices de 
violência doméstica, motivação para a criação de lei específica visando maior rigor na 
punição dos agressores, a chamada Lei Maria da Penha. 
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• Durante o processo de socialização, aprendemos que existe um padrão de orientação sexual, 
baseado na heterossexualidade. A partir daí, tendemos a identificar e classificar lésbicas, 
gays, travestis, transexuais e transgênicos através da representação feita, em geral, pelos 
meios de comunicação, ou seja, de forma estereotipada, como faz com as mulheres 
afrodescendentes e outros grupos. 
• Muitas vezes, esse preconceito se expressa em forma de humor, piadas que satirizam e 
diminuem os indivíduos de orientação sexual não heterossexual, passando, depois à 
discriminação e, não raro, à violência. 
Preconceito de orientação sexual 
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• Pesquisa recentemente realizada pela USP revelou que nas escolas públicas brasileiras, 87% 
da comunidade - sejam alunos, pais, professores ou servidores - têm algum grau de 
preconceito contra homossexuais. Essa é uma questão que estudantes e educadores 
homossexuais, bissexuais e travestis enfrentam diariamente nas escolas: a homofobia. O 
levantamento foi realizado com base em entrevistas feitas com 18,5 mil alunos, pais, 
professores, diretores e funcionários, de 501 unidades de ensino de todo o país. 
• Estudo da UNESCO divulgado em 2011 indica que nas escolas públicas do Distrito Federal 
44% dos estudantes do sexo masculino afirmaram não gostariam de estudar com 
homossexuais. Entre as meninas, o índice é de 14%. 
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• Ressalte-se que esta minoria é, historicamente, vítima de violências físicas e simbólicas e, até 
recentemente, sua prática era considerada patológica. 
 
• Por essa razão, a questão do recente reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas gerou 
tanta polêmica, pois trouxe para a agenda nacional a possibilidade da existência de mais de um 
modelo de família, o que já é uma realidade não só no Brasil, como em várias sociedades. 
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• Devido aos padrões que são considerados normais e que nos são impostos pela sociedade 
abrangente, temos a tendência a considerarmos desprezível, incorreto, impuro, tudo que não 
se encontra dentro desses padrões pré-estabelecidos. 
 
• Nesse processo, muitas vezes separamos, excluímos, segregamos o outro com o qual sequerpodemos ter mínimas relações de cordialidade. É o caso conhecido do sistema de castas na 
índia, onde os grupos considerados impuros são relegados aos trabalhos menos nobres, 
proibidos de se casar com os “puros” e sofrem uma série de violências muitas vezes toleradas 
socialmente, a despeito da existência de leis punitivas. É a esse processo de criação de marcas 
sociais de impureza e à postura desqualificadora dela decorrente que se dá o nome de 
estigma. 
A produção do estigma 
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MOURA, Solange Ferreira de (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de 
Sá, 2013. (Capítulo 6, p. 146-152) 
 
Bibliografia Complementar: 
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC, 1975. 
MEAD, Margaret. Sexo e Temperamento. São Paulo: Perspectiva. 1962. 
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QUESTÃO DISCURSIVA: 
Leia o texto abaixo e responda as questões propostas: 
 
O paradigma Cássia Eller 
A cantora Cássia Eller foi motivo de polêmica mesmo depois de sua morte, em dezembro de 2001. Sua companheira, 
Maria Eugênia Vieira Martins, e a família entraram numa disputa judicial pela guarda do filho da cantora, Francisco 
Eller, o Chicão. Depois do processo que se desenvolveu com atenção especial da mídia e da sociedade, Maria 
Eugênia teve o direito de ficar definitivamente com a criança. Para a professora Miriam Grossi, professora do 
programa de pós-graduação interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC), o caso representa um paradigma na luta pelo reconhecimento de direitos na união homossexual. Miriam foi 
uma das palestrantes da mesa-redonda Subjetividades e outras famílias, realizada na manhã de quinta-feira, 17 de 
junho, no auditório da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UnB) pelo II Congresso da Associação 
Brasileira de Estudos da Homocultura. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
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De acordo com Miriam, em pouco mais de 20 anos, a temática da família homossexual cresceu e passou a ser 
debatida no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, tem caráter mais jurídico, enquanto na França, por exemplo, refere-
se mais à antropologia e à psicanálise. De forma geral, aponta a professora da UFSC, a sociedade já aceita o 
relacionamento, mas a justiça ainda não tem parâmetros sobre a formação de família e a adoção. 
A professora de psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Anna Paula Uziel, analisou oito 
processos de adoção no Rio de Janeiro solicitados por homossexuais durante a década de 1990 - sete de homens e 
um por mulher. Todos foram deferidos. No entanto, quando os homens eram os requerentes, as exigências de 
psicólogos e assistentes sociais aumentavam. A tendência é conceder a guarda, mas a discussão não pode ser 
pautada pela sexualidade de quem solicita a adoção, avalia. De acordo com ela, essas novas situações demandam 
discussões legais e normatização. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
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Já a professora da UFSC, que começou seus estudos na França, conta que jovens lésbicas francesas procuram clínicas 
de inseminação artificial na Bélgica para conseguirem ter filhos. Lá, também existem muitos casos de 
homossexuais masculinos que assumem filhos de empregadas ou amigas para formarem suas próprias famílias. 
Enquanto isso, no Brasil, os casais de lésbicas costumam buscar a adoção legal para essa finalidade. Segundo 
Anna Paula, os casos femininos são vistos com mais naturalidade pela justiça brasileira e, mesmo quando as 
requerentes assumem a união e dizem ser homossexuais, a informação não consta dos processos. É 
interessante notar que, na França, a família é a comunidade homossexual e projeto do casal. Já no Brasil, 
representa também uma legitimação da conjugalidade, explica. (Matéria elaborada por André Augusto Castro, 
assessor de comunicação social da Universidade de Brasília e publicada em www.unb.br em 17/06/2004). 
 
1 - Que fenômeno social o fato acima narrado evidencia? Explique-o. 
2 - Cite um exemplo de reconhecimento, na sociedade brasileira, de novas conjugalidades. 
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA 
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QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA: 
Os papéis sociais foram, no passado, conhecidos como o resultado de uma divisão “natural” do 
trabalho. Para os cientistas sociais que estudam gênero, a divisão sexual de tarefas, longe de ser 
consequência natural de diferenças biológicas, é construção criada e mantida pela sociedade. 
Nesse sentido, assinale a única opção correta com relação aos objetivos da pesquisa de gênero, 
no âmbito das ciências sociais. 
a) Os estudos de gênero têm como objetivo exclusivo a distribuição do poder feminino no 
conjunto da sociedade. 
b) A pesquisa de gênero tem como objetivo mostrar para a sociedade que as mulheres possuem 
características inatas diferentes no que tange à divisão social do trabalho. 
c) A pesquisa de gênero tem como objetivo básico demonstrar que as diferenças entre 
homens e mulheres no mercado de trabalho são biologicamente determinadas. 
d) Os estudos de gênero realizados no âmbito das ciências sociais têm como 
objetivo restrito e exclusivo a introdução das mulheres no mercado de trabalho. 
e) Nas ciências sociais, a pesquisa de gênero procura estudar a distribuição 
de poder e de recursos entre homens e mulheres em uma dada sociedade, 
considerando a questão de gênero como uma dimensão da análise fundamental 
de toda organização social.

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