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1 Índice 1.0 – INTRODUÇÃO: .................................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.0 – ÍNDICES FÍSICOS:............................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.1 – RELAÇÃO ENTRE ÍNDICES FÍSICOS: ............................................................................................................ 4 2.2 – GRAU DE COMPACIDADE: ............................................................................................................................. 5 3.0 – COR DO SOLO: ................................................................................................................................................ 6 4.0 – TEXTURA E GRANULOMETRIA: ............................................................................................................... 7 5.0 – PLASTICIDADE NOS SOLOS:....................................................................................................................... 9 5.1– ESTADOS DE CONSISTÊNCIA:...................................................................................................................... 10 5.2 – LIMITES DE CONSISTÊNCIA:......................................................................................................................... 11 5.3 – ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DOS LIMITES DE CONSISTÊNCIA: ..................................................... 11 5.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE LIMITES DE CONSIS:......................................................................................... 12 5.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE LIMITES DE CONSIS:......................................................................................... 12 5.5 –USO DOS LIMITES ATTERBERG EM ENGENHARIA 13 6.0– PROPRIEDADES DA FRAÇÃO ARGILOSA 13 7.0– CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS: 16 7.1– INTRODUÇÃO: ................................................................................................................................................. 17 7.2 – CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA:......................................................................................................................... 17 7.3 – CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ESTRUTURA: ................................................................................................. 18 7.4 – CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA: ........................................................................................................ 19 7.5 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA: ................................................................................................................... 20 7.5.1 – CLASSIFICAÇÃO UNIFICADA DOS SOLOS:.............................................................................................. 21 7.5.2 – CLASSIFICAÇÃO DO HRB: .......................................................................................................................... 26 7.0– CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS: 16 7.1– INTRODUÇÃO: ................................................................................................................................................. 17 7.2 – CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA:......................................................................................................................... 17 7.3 – CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ESTRUTURA: ................................................................................................. 18 7.4 – CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA: ........................................................................................................ 19 7.5 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA: ................................................................................................................... 20 2 1. INTRODUÇÃO O solo é constituído por um conjunto de partículas sólidas, formando entre si poros, que poderão estar total ou parcialmente preenchidos pela água. É, pois, no caso mais geral, um sistema disperso formado por três fases : sólida, líquida e gasosa, como mostra a figura 1. Fig. 1 - Fases dos Solos A fase sólida será estudada neste texto e durante todo o curso. Vejamos, agora, as fases líquida e gasosa . Embora seja difícil separar os diferentes estados em que a água se apresenta nos solos, é de interesse estabelecer uma distinção entre os mesmos. A água contida nos solos pode ser classificada em : • Água de constituição : faz parte da estrutura molecular da partícula sólida ; • Água absorvida : é a partícula de água que adere fortemente a partícula sólida; • Água livre : é a que se encontra preenchendo seus vazios, e seu estudo é regido pelas leis da hidráulica; • Água higroscópica : é a que ainda se encontra em solo seco ao ar livre; • Água capilar : é a que nos solos finos sobe pelos interstícios capilares dos grãos sólidos, além da superfície livre da água. Quanto a fase gasosa, que preenche os vazios das demais fases, é constituída por ar, vapor d’agua e carbono combinado. água ar partícula sólida 3 2. ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS Usualmente, a proporcionalidade relativa das fases sólida, líquida e gasosa dos sistemas trifásicos, costumam ser descritos por diferentes tipos de relações volumétricas e gravimétricas. A figura 2, abaixo, indica esquematicamente as fases de uma certa porção de solo. Fig. 2 - Esquema das Fases de Uma Certa Porção do Solo RELAÇÃO GRAVIMÉTRICA ( )% h P P w s = ⋅100 - Teor de Umidade RELAÇÕES VOLUMÉTRICAS e V V v s = - Índice de Vazios ( )n V V v s % = ⋅100 - Porosidade ( )S V V w v % = ⋅100 - Grau de Saturação ( )A V V a k v % = ⋅⋅ 100 - Grau de Aeração RELAÇÕES PESO-VOLUME AR ÁGUA SÓLIDA VAR vAW vS Vvazios Vtotal VOLUMES PAW PS De imediato : Vt = Vs + Vv = Vs+Vw + Var Pt = Ps + Pw PESOS PTOTAL 4 γ h t t P V h= ⋅ ≠( )0 - Peso Específico Natural γ s s t P V h= ⋅ =( )0 - Peso Aparente Específico Seco γ sat t t P V S= ⋅ =( 100%) - Peso Específico Saturado γ g s s P V = - Peso Específico dos Sólidos δ γγ= g w - Densidade Relativa dos Grãos Apresentamos, aqui, a faixa de variações de alguns dos índices encontrados nos solos, não significa, entretanto, que alguns destes valores extremos sejam valores limites. h = 0 ⎯ 1.000% S = 0 ⎯ 100% A = 0 ⎯ 100% e = 0,1 ⎯ 7 n = 0 ⎯ 100% γh = 1,0 t/m3 ⎯ 2,4 t/m3 δ = 2,5 ⎯ 2,9 2.1. RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES FÍSICOS Tomar a representação hipotética de um solo e seus elementos constituintes da figura 2, considerar o volume de sólidos como uma unidade. Tem-se, então: I - γ γ γh t t g wP V S e e = = + ⋅ ⋅+1 - Solo saturado : S = 1 AR ÁGUA SÓLIDO e = Vv /Vs 1 = Vs S eϒw ϒg = Ps /Vs ϒg + Seϒw Vt = 1 + e 5 γ γ γsat g wee= + ⋅ +1 - Solo seco : S = 0 γ γs ge= +1 II - Porosidade : n V V e e v t = = +1 III - Teor de umidade : h P P S e d w s = = ⋅ IV - Relação entre γh e γs : γ γ γ s s t s t t t s s w t t h hP V P P V P P P P V P hh = = = + = + = + / / / / / ( ) / 1 1 1 1 V - Grau de saturação : h S e d S h d e = ⋅ ⋅⇒ ⋅ = ⋅ 2.2. GRAU DE COMPACIDADE A capacidade é uma característica de maior ou menor densidade dos solos granulares. Só para esse tipo de solo tem sentido em falar de compacidade, no sentido de apresentar-se mais denso ou mais fofo, em relação ao seu maior peso por unidade de volume. Portanto, tanto a massa específica aparente seca ,ϒs, como o índice de vazios, poderão dar uma idéia do estado de compacidade de uma areia. Quanto mais compacta for uma areia, maior será seu ϒs e menor o seu “e”. É importante notar, no entanto, que esses números não podem ser comparados para materiais diferentes, pois uma granulometria diferente, conferirá aos solos diferença de “e” e ϒs, mesmo quando igualmente compactas. Assim, é necessário referir-se a “e” e ϒs, os valores limites (diferem para cada granulometria) para que possa julgar. 6 Classificação quanto ao grau de compacidade 0 < GC < 1/3 fofo 1/3 < GC < 2/3 medianamente compacto 2/3 < GC < 1 denso 3 . COR DO SOLO A cor é uma das características que, a primeira vista, mais chama a atenção no solo. Contudo, apesar de dar uma idéia do conteúdo de óxido de ferro, matéria orgânica e tipo de drenagem não está diretamente correlacionada com produtividade do solo. Para sua precisa identificação, é necessário o uso de uma tabela de cores ( carta de Munsell ) que, pelo seu elevado custo e dificuldade de aquisição, nem sempre está disponível ao operador. Por esta razão, optou-se neste manual por considerá-la como identificação facultativa. Contudo, a cor pode servir como elemento valioso para separar solos com características químicas diferentes, mas não identificáveis no campo. Por isso, pode constituir-se um elemento útil para, pelo menos provisoriamente, fazer separações de solos durante o trabalho de campo, que serão confirmadas ou não pelos resultados posteriores da análise de amostras de terra enviadas para o laboratório. O mais importante, para efeito de distinção de solos, é a cor do horizonte ( B ou C). Neste caso, indicar a notação Munsell do matriz, valor e croma, na forma convencional de uma fração. ( Exemplo: 10YR 6/3, onde o matriz é 10YR, alaranjado, o valor é 6, o croma é 3 ). No caso de se desejar notar também a cor de outros horizontes, é conveniente registrar, entre parênteses, o horizonte, ou profundidade a que se refere a cor. Exemplo: 10YR 3/3 (Ap) ( que corresponde à cor do horizonte Ap) e 5YR 6/5 (B2) ( que corresponde à cor do horizonte B2). ( LEPSCH, 1991 ) 4 . TEXTURA E GRANULOMETRIA Os grãos dos solos acham-se reunidos de modo a se tocarem entre si, deixando espaços vazios chamados poros. O tamanho relativo dos grãos que formam a fase sólida dos é chamado textura e sua medida, granulometria. Como já foi visto anteriormente no processo de formação dos solos, esses grãos são de diversos tamanhos. Nos solos grossos (areias e pedregulhos) o método utilizado para análise granulométrica é o simples peneiramento. Utilizam-se peneiras padronizadas com aberturas das malhas rigorosamente estabelecidas. Nessas malhas ficam retidas porções de solo, porção esta, cujo diâmetro é maior que os da peneira. para solos mais finos como, argilas, siltes e areia fina, o peneiramento é impraticável, pois as peneiras deveriam ser aberturas de malha excessivamente pequenas, impossíveis de serem obtidas industrialmente e de serem preservadas com o uso. Assim, para os grãos menores que 0,075 mm, emprega-se o método de análise por sedimentação. Neste ensaio, certa quantidade do solo é dispersa numa proveta com água destilada e um defloculante. As partículas cairão então, sob a ação da gravidade em um meio resistente, segundo a lei se Stokes, com velocidade uniforme, proporcional à massa e dependente da forma da partícula. A quantidade de grãos em suspensão, acima de “z”, poderá ser medida pela densidade da suspensão, acima daquela GC e e e e max nat max min = −− GC xnat min max min max nat = −− ⋅ ⋅ γ γ γ γ γ γ 7 profundidade, por meio de um densímetro. No ensaio lê-se: leitura do densímetro/tempo, tendo-se a densidade de suspensão a qual permite o cálculo da percentagem da grãos na suspensão. D n Z tW = ⋅− ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 1800 δ γ A maneira prática de representar a análise granulométrica é através da curva granulométrica que se resume a um gráfico semi-logarítimo x percentagem que passa nas peneiras (ver figura 3). Fig. 3 - Curva Granulométrica Chama-se análise granulométrica a comparação entre uma curva granulométrica e a escala granulométrica adotada. Existem várias escalas granulométricas, inclusive uma brasileira, adotada pela ABNT e uma internacional. Escala granulométrica brasileira (ABNT) argila φ < 0,005 mm silte 0,005 mm < φ < 0,05 mm areia fina 0,05 mm < φ < 0,425 mm areia média 0,42 mm < φ < 2,00 mm areia grossa 2,00 mm < φ <4,80 mm pedregulho 4,80 mm < φ < 76 mm pedra 76 mm < φ < 25 cm matacão 25 cm < φ < 100 cm bloco de pedra φ >1 m Escala granulométrica brasileira (ABNT) pedregulho φ > 2,00 mm areia 0,02 mm < φ < 2,00 mm silte 0,002 mm < φ < 0,02 mm argila φ < 0,02 mm 8 Define-se na curva granulométrica os seguintes parâmetros: diâmetro efetivo, grau de uniformidade e o coeficiente de curvatura. O diâmetro efetivo corresponde a 10% em peso total de todas as partículas menores que ele. Esse parâmetro fornece indicação sobre a permeabilidade das areias usadas para filtros. O coeficiente de uniformidade, Cu, é a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10% tomados da curva granulométrica. Cu = d60 / d10 Solos uniformes Cu < 5 uniformidade média Cu < 15 desuniformidade Cu > 15 Coeficiente de curvatura do solo: Cc = ( d30)2/ (d60 x d10) Pela granulometria, podemos classificar os solos em: solo uniforme (todos os grãos com diâmetros próximos). solo bem graduado (uniformemente distribuido). Cu > 5 e 1 < CC < 3 solo mal-graduado (granulometria aberta). 5. PLASTICIDADE NOS SOLOS Os solos granulares (ou arenosos) são identificáveis por meio de suas curvas granulométricas. Ou seja, solos granulares de curvas granulométricas iguais comportam-se de formas semelhantes na prática. No entanto, a experiência demonstra que isso não acontece com os solos finos; isto é, pode-se encontrar siltes, argilas e solos argilosos de mesma curva granulométrica, cujo comportamento não seja semelhante. Esse fato deve-se a que, nos solos finos, intervém, além do tamanho, a própria forma de seus grãos. A forma dos grãos argilosos dependem do sistema em que se cristalizaram seus micro cristais e, por tanto da espécie de argilo-mineral a que pertencem. Portanto, a forma dos grãos nos solos finos é são importante na definição de seu comportamento, quanto as suas dimensões. Sendo esses grãos de espessura média muito pequena e, envolvidos pela água intersticial, os grãos estarão ligados entre si e à água, por forças capilares. Sendo, porém, lamelares as formas de grãos de tais solos, eles poderão deslizar uns sobre os outros , quando o solo é deformado por ação de uma força externa, e a resistência a tal deformação dependerá do teor de umidade do solo. 9 Finalmente, a plasticidade é definida coco a propriedade de certos sólidos serem moldados sem variação de volume. 5.1 ESTADOS DE CONSISTÊNCIA Como foi visto, no item anterior, o comportamento de uma argila pode variar muito em função de seu teor de umidade. Uma argila extremamente seca não é moldável; se, entretanto, adicionarmos pequenas quantidades de água, ela vai se tornando mais susceptíveis à deformação.A partir de um certo teor de umidade, h1, o material torna-se plástico, permitindo a moldagem sob formas diversas, se variação de volume. Se continuarmos adicionando água, o corpo vai se tornando cada vez mais mole, até que ao atingir um teor de umidade, h2, passará a atuar como um líquido viscoso. Esses são, portanto, os estados de consistência do solo e que podem ser representados em um sistema linear, como mostra a figura 4.1.1 seguinte. Fig. 4 - Relação Tensão - Deformação Os limites h1 e h2, que indicam justamente as mudanças dos estados de consistência, foram introduzidos na Mecânica dos Solos por Atterberg , onde h1 é o limite de plasticidade e, h2, o limite de liquidez . Casagrande, posteriormente, padronizou os ensaios de obtenção desses limites. O comportamento de um solo argiloso varia enormemente com o seu teor de umidade, podendo passar de um estado líquido (por exemplo, a lama), para um estado sólido (por exemplo, cerâmica, tijolo). Passando, neste intervalo para estados intermediários. Portanto, são os seguintes, os estados de consistência: I) Estado líquido: O solo tem aparência e propriedades de uma suspensão ou de um fluido viscoso. II) Estado plástico: O solo se comporta plasticamente. III) Estado .semi-sólido: O solo tem uma aparência de um sólido, mas ainda diminui de volume ao perder umidade. IV) Estado sólido: Real Ideal σ σ σ Ideal Real 10 O solo não diminui de volume ao perder umidade. 5.2 LIMITES DE CONSISTÊNCIA Os estados de consistência são fases gerais pelas quais passam os solos ao se ir secando, e não exibem critérios específicos para distinguir suas fronteiras. O estabelecimento destas se faz de forma puramente convencional. Estas fronteiras foram denominadas por Atterberg de Limites de Consistência, ou seja : Estado Líquido Estado Plástico Estado Semi-sólido Estado Sólido LL LP LC h ( % ) Onde : LL - limite de liquidez, separa o estado líquido do plástico LP - limite de plasticidade, separa o estado plástico do semi-plástico LC - limite de contração, separa o estado semi-sólido do sólido Os limites de consistência são, na realidade, teores de umidades limites, entre dois estados distintos. 5.3. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DOS LIMITES DE CONSISTÊNCIA I) Limite de Liquidez É o teor de umidade do solo, quando para 25 golpes aplicados no aparelho de Casagrande, há o fechamento de ranhura 1,27cm (1/2”) na parte central da concha. As dimensões da pasta do solo, a velocidade dos golpes, o tempo de permanência do solo na concha de bronze, a umidade do laboratório, a espécie de material no qual a concha sofre o impacto, e a precisão de calibração da altura de queda, afetam o resultado do ensaio. II) Limite de Plasticidade Tem sido arbitrariamente definido como a umidade do solo na qual o cilindro de solo quebra e desmorona-se. Quando é rolado sobre uma placa de vidro fosco e, neste instante, tenha atingido as dimensões de : 3mm (1/8”) de diâmetro e cerca de 10cm de comprimento. III) Limite de Contração É o teor de umidade abaixo do qual uma perda de água por evaporação não produz variação de volume. É dado na seguinte equação : ( )( ) LC P P V V P s s s = − −1 1 Como ensaiar de acordo com aulas de ensaios de solos. 11 V1 - Volume da cápsula V2 - Volume da pastilha P1 - Peso da cápsula PS - Peso do solo seco A secagem prévia ao ar ou na estufa pode em alguns solos alterar os valores determinados para os limites de liquidez e plasticidade. Essa alteração é mais sensível nos solos orgânicos. 5.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE LIMITES DE CONSISTÊNCIA I) No ensaio do limite de liquidez o lugar geométrico dos pontos determinados é uma reta, ou seja : h % h = IL . log N + C IL = ( C - h ) / log N IL - índice de liquidez log N II) A resistência ao fechamento da ranhura oferecida pelo solo, no ensaio de limite de liquidez, é devido a sua resistência ao cisalhamento, correspondente à umidade que representa. Experimentalmente se obteve que esta resistência tem um valor praticamente constante para todos os solos, sendo esta de aproximadamente 25 g/cm2. O limite de plasticidade é também uma medida de resistência ao cisalhamento do solo, porém varia amplamente. III) Atterberg demonstrou que a plasticidade de uma argila pode ser descrita através do Índice de Plasticidade ( IP ), que é definido pela diferença entre o Limite de Liquidez e o Limite de Plasticidade, ou seja : IP = LL - LP O Índice de Plasticidade define a zona em que o solo se acha no estado plástico. Solo fracamente plástico : 1 < IP < 7 Solo medianamente plástico : 7 < IP < 15 Solo altamente plástico : IP > 15 IV) O Índice de Consistência representa o estado natural dos solos argilosos em função da umidade, é dado por : IC = ( LL - hnat ) / ( LL - LP ) = ( LL - hnat ) / IP 12 CONSISTÊNCIA DA ARGILA IC Muito mole < 0,00 Mole 0,00 a 0,50 Média 0,50 a 0,75 Rija 0,75 a 1,00 Dura > 1,00 5.5. USO DOS LIMITES DE ATTERBERG EM ENGENHARIA I) Identificação e classificação dos solos II) Especificação de controle dos solos a serem utilizados na configuração de um terreno III) Grandeza da faixa de umidade na qual o solo permanece plástico ( IP ) IV) Habilidade de refletir os tipos e quantidades dos minerais argílicos presentes na fração fina V) Relações estatísticas entre os limites e outras propriedades físicas dos solos coesivos 6. PROPRIEDADES DA FRAÇÃO ARGILOSA A fração argilosa dos solos é, muitas vezes, denotada como a parte coloidal dos mesmos, é constituída por um ou mais argilo-minerais, sílica coloidal, cristais de quartzo com o tamanho dos grãos de argila, microgrãos de óxido de ferro hidratados ou não e matéria orgânica. Tais microgrãos possuem propriedades que refletem nas propriedades do solo. I) Natureza Mineralógica De uma forma geral a plasticidade e coesão de um solo dependem, além do seu teor de umidade, da espécie mineralógica presente e de suas propriedades coloidais. Análises minerais feitas nos EUA mostraram que os três grupos de espécies 13 mineralógicas que lá ocorrem com mais frequência são : as caolinitas, ilitas e montmorilonitas. II) Troca Catiônica Os grãos de argila, pelo menos quando dispersos em água, têm uma carga elétrica negativa, como se pode constatar pela migração das partículas da suspensão na direção do polo positivo, quando se faz passar uma corrente elétrica pelo solo. Como as partículas estão presas entre si, no solo, e impedidas de migrar, movimenta- se a água interstical. Como as partículas são carregadas negativamente, na sua superfície podem existir cátions absorvidos. A natureza desses cátions determina muitas propriedades das argilas. Ora, as argilas têm a capacidade de trocar esses íons absorvidos. Essa capacidade de troca varia conforme a espécie mineral. A troca de íons resulta geralmente em efeitos profundos sobre as propriedades físicas das argilas e, consequentemente, sob suas propriedades mecânicas, as quais interessam a engenharia. III) AtividadeA previsão das propriedades de um solo a partir do conhecimento das propriedades da fração argilosa é um “ideal” perseguido pelos especialistas em mecânica dos solos. Em tese, bastaria que se evidenciasse a correlação entre, de um lado plasticidade e coesão, e do outro, natureza mineralógica e íons adsorvidos, para que se pudesse analisar essa previsão. Isso seria admitir que uma dada fração de argila presente pudesse transmitir ao solo, em maior ou menor grau, um determinado comportamento argiloso, isto é, em suma, maior ou menor plasticidade e coesão. A isso Skempton chamou atividade da fração argilosa. A medida da atividade da fração argilosa no solo é feita, segundo proposto por Skempton, pelo índice de atividade do solo definido como relação entre seu índice de plasticidade e porcentagem de argila. I IP mma = <% ,0 002 Segundo Kempton : Ia < 0,75 - solos inativos 0,75 Ia < Ia < 1,25 - solos de atividade normal Ia > 1,25 - solos ativos Esse índice pode servir, então, como indicação da maior ou menor influência das propriedades mineralógicas, químico-coloidal, da fração argila, nas propriedades geotécnicas de um solo argiloso. IV) Coesão De forma intuitiva, a coesão é aquela resistência que a fração argilosa empresta ao solo, pela qual ele se torna capaz de se manter coeso, em forma de blocos ou torrões, e ser cortado de formas diversas e manter essa forma. De uma forma geral, pode-se definir coesão como a resistência ao cisalhamento de um solo, quando sobre ele, não atua pressão externa alguma, resistência que pode ter três origens : 1 - No efeito de um cimento natural aglutinando os grãos do solo entre si. Esse cimento é, em geral, constituído por grãos extremamente finos coagulados entre grãos 14 maiores, ligando-os da mesma forma que, no concreto, o cimento aglutina os agregados. 2 - No efeito de eventual ligação entre os grãos, muito próximos uns dos outros, exercido pelo potencial atrativo de natureza molecular ou coloidal. O potencial atrativo dos grãos coloidais exerce pressão também sobre a água intersticial. Forma-se assim, uma camada de água adsorvida próxima dos grãos, sofrendo pressões colossais, encontra-se em estado sólido. A mais distante tem simplesmente alta viscosidade, embora esteja imobilizada pelas peças atrativas. Essas camadas de água adsorvidas contribuem para o aumento da ligação entre os grãos. Essa é a origem da chamada coesão verdadeira. Em situações normais, ela é pequena, mas não desprezível. Tenderá a diminuir-se ou anular-se quando o solo permanece por muito tempo em contato com as intempéries. Seu valor depende : a) da natureza mineralógica da fração argilosa; b) dos íons adsorvidos na superfície dos grãos; c) de existência de um espaçamento adequado entre os grãos. 3 - Por efeito da pressão capilar na água intersticial. Quando o corpo de prova sofre um esforço de ruptura, os grãos tendem a mover-se uns em relação aos outros e, então, formam-se meniscos capilares entre seus pontos de contato. Os grãos são, nesse caso, pressionados uns contra os outros pelo efeito da tensão superficial que age ao longo da linha de contato entre o grão sólido e a película de água. É a chamada coesão aparente. A coesão aparente é um efeito temporário, pois os meniscos tenderão a desfazer-se a medida que o movimento entre os grãos aumente e as deformações sejam elevadas. Os meniscos desfazem-se, também, por efeito de saturação ou movimento de água intersticial. V) Contração de resistência seca Por outro lado, em depósito de argila muito ativa, sujeito a secamento, a evaporação constante da água intersticial trará como consequência a retração dos meniscos capilares. Haverá, portanto, um aumento contínuo da pressão capilar. As tensões capilares podem atingir valores que ultrapassem a resistência a tração das argilas, surgem então as rachaduras. Em geral tomam a forma hexagonal que é observada nas superfícies argilosas dos fundos dos lagos. A diminuição da umidade acarretaria uma diminuição de volume da argila, até um limite, além do qual a argila não pode mais contrair-se. Corresponde esse volume ao máximo de aproximação dos grãos, além do qual as forças de natureza molecular não mais o permitem. Essa umidade limite chama-se limite de contração. O gráfico abaixo apresenta a variação do volume da argila com a variação da umidade : LL LP LC h (%) decrescente ΔV ( - ) 15 Em unidades inferiores a de saturação a tensão capilar continua crescendo. Daí por diante um decréscimo de volume insignificante corresponde a um aumento considerável de resistência, pois os grãos já atingiram proximidade entre si de ordem a que a ligação entre eles seja efetivada pelo potencial atrativo das partículas coloidais. Portanto, tem-se o aparecimento da “resistência seca” das argilas submetidas ao processo de secamento. Como uma areia ou um silte, quando secos, podem formar torrões e serem facilmente desagregáveis pelo esforço dos dedos, o mesmo não acontece em relação às argilas. Daí a possibilidade de se utilizar a resistência seca como um meio de identificação prática das argilas. 7. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 7.1. INTRODUÇÃO Como material da natureza que é, o solo necessita de ser identificado e classificado a fim de ser objeto de pesquisa e aplicação em projetos. Todo problema de solo inicia-se, portanto, com o enquadramento, dentro de uma classificação escolhida do solo ou solos em questão. Após isso é que o problema se define, e então é possível levar-se adiante a sua formulação e solução. Os cálculos de qualquer projeto de engenharia envolvendo solos, serão baseados nas propriedades específicas da classe a que pertence o solo. Compreende-se daí a importância da classificação do material em Mecânica dos Solos. O próprio programa de ensaios elaborado para a determinação das propriedades de compressibilidade e permeabilidade dos solos, cujos parâmetros irão ser utilizados nos cálculos de projetos, dependem da identificação e classificação dos solos. Até 1950 o problema da classificação dos solos era muito controvertido devido a diferenças de métodos utilizados, existindo por isso várias classificações ( genética, granulométrica, quanto a estrutura, pelos limites de Atterberg, etc ). Isto motivou a reunião da ASTM e nela foram confrontados os diferentes métodos, sugerindo a partir desta data uma tendência de uso de um sistema americano ( Bureau of Public Roads ) e a classificação de Casagrande que atualmente já é mais conhecida como classificação unificada ( Bureau of Reclamation ). O conhecimento das classificações de solos, incluindo as propriedades típicas dos diversos grupos, é fundamental para o engenheiro encarregado da prospecção, quer de fundações de estruturas quer de empréstimos de terras para a construção. Sendo a classificação dos solos baseada em alguns coeficientes, ela será útil nos problemas em que aqueles coeficientes assumam importância especial para o problema em estudo. Convém, no entanto, não esquecer que, para a execução de um projeto, o importante é conhecer o comportamento do solo, não devendo uma 16 classificação pretender, por si só substituir os estudos que indicarão aquele comportamento. São abordadas algumas classificações e suas aplicações a seguir. 7.2. CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA A classificação deve levar em conta tão somente a formação dos solos. Depende de 5 fatores : 1. A natureza da rocha madre; 2. O clima da região; 3. O agente intempérico de transporte; 4. A topografia da região;5. Os processos orgânicos. A classificação genética terá sua validade restrita às circunstâncias particulares de um determinado meio ambiente. Assim a classificação que se propõe a seguir, tem um grande valor esclarecedor, mas não é tecnicamente utilizável. Pois ela não permite uma correlação biunívoca entre as classes e suas propriedades geotécnicas. Para tal correlação será necessário que a classificação seja feita a partir das propriedades índices. 17 Ver a classificação a seguir : Solo Residual São aqueles provenientes da decomposição e alteração das rochas “in situ”, onde o agente de transporte é reduzido ao mínimo, muitas vezes inevitável. São divididos em horizontes e há uma transição gradual entre um e outro. Solo Residual Maduro - é o solo que perdeu toda estrutura original da rocha-madre e tornou-se relativamente homogêneo. Saprolito - o solo mantém a estrutura da rocha- matre, inclusive veios intrusivos, fissuras, xistosidades e camadas, mas perdeu totalmente a consistência. Blocos em Material Alterado - é o horizonte em que a alteração progrediu ao longo de fraturas ou zonas de menor resistência, deixando relativamente intactos grandes blocos de rocha original envolvidas por solo de alteração de rochas Classificação Genética Solo Transportado São classificados segundo o agente intemperístico de transporte em : Coluviões - agente de transporte : a gravidade. Estão nessa classe os talus de deposição de material escorregados de encostas e depósitos no pé das serras. Aluviões - agente de transporte : a água. Aluviões deltaicos baixadas litorâneas. Sedimentares - solos constituídos por camadas recentes em geral quaternárias de areia e argilas ou terciárias que do ponto de vista geológico ainda não consolidado. Eólicos - são os transportados pelos ventos. De dois tipos : 1 - dunas das praias litorâneas; 2 - depósitos de Loess não identificados entre nós. Solos Orgânicos Há dois tipos : Solos Orgânicos - inclui essencialmente, camadas sedimentares de argila, silte e areia fina com humos. Turfas - ocorre nos vales entre espigões de serras no planalto próximo ao litoral. Pedogênicos Solos Superficiais - solos aráveis da agricultura Solos Poroso - Capeamento - enorme área do planalto Centro -sul brasileiro 18 7.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ESTRUTURA Granular Simples - é característica das areias e pedregulhos, predominância das forças de gravidade na disposição das partículas, que se apoiam diretamente uma sobre as outras. Alveolar ou Em Favo de Abelha - é o tipo da estrutura comum a siltes mais finos e em algumas areias, predominância da atração molecular, dispondo-se em forma de arco. Floculenta - nesse tipo de estrutura, que só é possível em solos cujas partículas componentes sejam todas muito pequenas, as partículas ao sedimentarem tomam forma de arcos. Em esqueleto - nos solos onde, além de grãos finos, há grãos mais grossos, estes dispõem-se de tal maneira a formar um esqueleto, cujos interstícios são parcialmente ocupados por uma estrutura de grãos mais finos. Ex.: argilas marinhas. 7.4. CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA Com várias finalidades, inclusive as de agricultura, costuma-se classificar o solo simplesmente por granulometria. O que é insuficiente para a Mecânica dos Solos. Ela é suficiente somente para aqueles solos cujo tamanho de grãos é tão grande que impede o aparecimento de propriedades correlacionadas com a plasticidade. São os solos grossos, como se verá adiante. Para a classificação granulométrica utiliza-se as próprias curvas granulométricas indicando a finura do solo e a forma da curva, como será descrito adiante, ou então recorre-se aos diagramas triangulares, muito úteis para fins de agricultura, mas pouco útil em Mecânica dos Solos. A classificação granulométrica requer o conhecimento das escalas granulométricas que são apresentadas a seguir. As mais utilizadas entre nós é a da ABNT e a escala internacional. U.S. Bureau of Soils Pedregulho Areia Silte Argila 1 0,05 0,005 Internacional (Atterberg, 1905) Pedregulho Areia Grossa Areia Fina Silte Argila 2 0,2 0,02 0,002 M.I.T. (1931) Pedregulho Areia Grossa Areia Fina Silte Argila 2 0,6 0,06 0,002 ABNT (1945) Pedregulho Areia Grossa Areia Fina Silte Argila 2 0,4 0,05 0,005 Fig. 5 - Escalas Granulométricas 19 Nos diagramas triangulares, fazem-se corresponder aos três lados do triângulo, como mostra a figura abaixo, as porcentagens respectivas de pedregulho + areia, silte e argila. Os lados dos triângulos são por si divididos em segmentos representando as porcentagens de 0 a 100 de cada uma dessas frações num sentido preestabelecido. Fig. 6 - Triângulo de Classificação Granulométrica (Bureau Of Public Roads) Um ponto do diagrama, determinado pelas coordenadas triangulares das porcentagens das frações, representa o solo. Por ex.: como indica a figura, o solo correspondente ao ponto S é constituído por : 20% de areia 30% de silte 50% de argila É necessário, agora, que a área interna do triângulo seja dividida em zonas, para que o solo seja classificado, segundo a zona em que cai o ponto que o representa. Zona a - areias puras Zona b - solos arenosos Zona c- solos siltosos Zona d - material chamado de lemo (terra) Zona e - argila Evidentemente, uma tal classificação dos solos não pode ter valor geotécnico, porquanto ele não leva nem mesmo em conta a forma das curvas granulométricas que, são importantíssimas para determinação das propriedades geotécnicas dos solos grossos. Isto sem falar na falta de plasticidade, cuja importância na resistência, compressibilidade e permeabilidade dos solos é enorme. 7.5. CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA Para fins geotécnicos, as classificações granulométricas só são eficientes no caso dos solos grossos, porém falham completamente no caso dos solos que têm plasticidade. Uma classificação dos solos para fins de Engenharia Civil, deverá, portanto, levar em conta tanto a granulometria dos solos como sua plasticidade. Os dados mínimos de tal classificação serão, portanto : a granulometria completa, limite de liquidez e índice de plasticidade. Entre nós as classificações mais utilizadas pela Engenharia Civil são as do “Bureau of Public Roads” americano e a classificação de Casagrande que, atualmente evoluiu para Classificação Unificada do “Bureau of Reclamation” americano. A classificação da HRB foi preparada por engenheiro rodoviário para fins específicos de pavimentação rodoviária. 20 7.5.1. Classificação Unificada dos Solos Em 1952 o “Bureau of Reclamation” e o “Corps of Engineers”, com o professor A. Casagrande como consultor, elaboraram uma classificação de solos, baseada numa anterior de autoria de A. Casagrande, a que chamaram “Classificação Unificada dos Solos”. Esta classificação é bastante utilizada. É uma classificação descritiva e de fácil aplicação, leva em consideração as propriedades dos solos, e tem a flexibilidade de poder ser adaptável quer ensaios de campo quer a de laboratório. A sua grande vantagem reside pois no fato de um exame visual e manualsimples, e poder permitir a classificação com eventual colaboração da analise laboratorial. A Classificação Unificada dos Solos é baseada no tamanho das partículas e suas quantidades, e nas características da fração fina. Em linhas gerais, os solos são classificados, neste sistema, em três grandes grupos : a) Solos Grossos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é maior que 0,074mm (mais que 50% em peso, dos grãos são retidos na peneira n° 200. b) Solos Finos - aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que 0,074mm. c) Turfas - solos altamente orgânicos geralmente fibrilares e extremamente compressíveis. Características Solos Grossos Encontra-se os pedregulhos, as areias e os solos pedregulhosos ou arenosos com pequenas quantidades de finos (silte ou argila). Pedregulho ou solos pedregulhosos : GW, GC, GP e GM Areias ou Solos Arenosos : G - De Gravel - Pedregulho S - De Sand - Areia C - De Clay - Argila M - De Mo (Sueco) - Silte W - De Well Graded - Bem graduado P - De Poorly Graded - Bem graduado Solos Finos Encontra-se os solos finos : siltosos ou argilosos de baixa compressibilidade (LL<50) ou alta compressibilidade (LL>50). Solos de baixa compressibilidade : ML, CL e OL Solos de alta compressibilidade : MH, CH e OH O - De Organic - Orgânico L - De Low - Baixa H - De High - Alta Turfas Solos altamente orgânicos Pt - Peat - Turfas 21 O fluxograma a seguir indica o sistema de classificação. 22 Identificação Visual dos Solos no Campo A identificação visual do solo segue os seguintes estágios de investigação : Exame de granulometria Exame de resistência a seco Exame de dilatância Exame de rigidez Exame de Granulometria - Seca-se ao ar uma certa quantidade de solo se o solo for pulverizável com os dedos, espalha-se em papel branco e com o auxílio de uma lupa procura-se verificar a quantidade dos grãos que é visível individualmente. Se a maioria for, o solo é grosso, caso contrário fino. Procura-se separar os grãos de mais de 5mm de diâmetro. Se esses constituírem mais da metade da fração visível, o solo é um pedregulho. Caso contrário, uma areia. Ainda com o auxílio da lupa pode-se, com alguma experiência, julgar do diâmetro e da distribuição granulométrica, a fim de classificar o solo grosso dentro de um dos oito grupos de Casagrande. Exame de Resistência a Seco - Prepara-se um pequeno provete de solo adicionando água, se necessário, até ficar com consistência pastosa. Em seguida, seca-se o provete numa estufa ou ao sol e depois experimenta-se sua resistência partindo-o e esmigalhando-o entre os dedos. Esta resistência é uma medida da natureza e quantidade da fração coloidal presente no solo. A resistência a seco aumenta com o índice de plasticidade. Os solos siltosos tanto do grupo ML, MH e Silte Orgânico não oferecem resistência alguma quando secos. As argilas do grupo CH apresentam elevadas resistências a seco. É aconselhável no campo, com auxílio de uma lupa, remover as partes grossas do solo, uma vez que a resistência a seco destina-se a observar só a fração ligante do solo. 23 Exame de Dilatância - Prepara-se um pequeno provete de solo com um volume de 10cm3, adicionando água, depois de ter removido as partículas visíveis, para que o solo fique mole, mas não fluido. Coloca-se o provete na palma da mão, aberta, e bate- se na outra mão várias vezes. Uma reação positiva traduz-se pelo aparecimento de água na superfície do provete que se torna brilhante. A água e o brilho desaparecem quando se parte o provete entre os dedos, começando a endurecer e, finalmente, fedilhando ou desfazem-se. A maior ou menor rapidez no aparecimento ou desaparecimento da água durante aquelas operações, baseia a identificação das características dos solos finos. Areias limpas, muito finas, dão a reação mais rápida e característica, enquanto que as argilas plásticas não apresentam reação. Siltes inorgânicos dão reação moderadamente rápida. 24 Exame de Rigidez - Molda-se um pequeno provete, como descrito acima, rola- se sobre a palma da mão até tornar-se um rolinho de 3mm de diâmetro que começa a romper-se na mão, faz-se um julgamento da rigidez do solo quando próximo do seu limite de plasticidade. Depois que o rolinho começou a romper-se, agrupam-se novamente os fragmentos e continua-se a ação de amassamento. Quanto mais áspero for o rolinho assim tratado e mais rija for a massa, mais ativa será a fração coloidal do solo presente. Os solos altamente orgânicos são facilmente identificados pela cor e cheiro, esponjosos ao trato e frequentemente com textura fibrosa. 7.5.2. Classificação do HRB A classificação do HRB (Highway Research Board), originária da classificação do Public Administration - muito usada pelos engenheiros rodoviários, classifica os solos em oito grupos com alguns subgrupos, em função da granulometria, plasticidade e do índice de grupo IG. Os solos são designados pelos símbolos A-1 a A-8. Solos grossos - quando P200 < 35% Classes A-1 a A3 ; Solos finos - quando P200 > 35% Classes A-4 a A-7 ; Solos Orgânicos ou turfosos - Constituídos de solos finos com matéria orgânica, cor preta ou fribosa, constituídas por matérias carbonosas e combustíveis quando secos - A-8. A-1 - Solo Grosso - com uma ligeira proporção de finos, suficiente apenas para preencher parcialmente os vazios entre os grãos de areia e cimentar os grãos entre si, porém muito pequena para induzir mudança de volume na massa do solo, como consequência das variações do teor de umidade. A-2 - São semelhantes aos solos A-1, porém menos granulados, de modo que ou não são tam bem cimentados, ou são mais suscetíveis às variações de volume decorrentes de mudanças no teor de umidade. A-3 - Solos constituídos de areias e pedregulhos sem finos, capazes de cimentá-los. A-4 - Solos formados por siltes e argilas com graus variáveis de plasticidade. A-8 - São formados por turfas altamente compressíveis e argilas com um alto teor de matéria orgânica. Pontos chaves para a classificação : P10 - Porcentagem passando na peneira n° 10 P40 - Porcentagem passando na peneira n° 40 P200 - Porcentagem passando na peneira n° 200 LL - Limite de Liquidez IP - Índice de Plasticidade IG- Índice do Grupo - é um número inteiro variando de 0 a 20, definidor da capacidade de suporte do terreno de fundação de um pavimento. Como se pode verificar pelo quadro a seguir, os solos granulares têm índices de grupos compreendidos entre 0 e 4, os siltes entre 1 e 12 e os argilosos entre 1 e 20. 25 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO H.R.B. Classificação Geral Solos Granulares ( P200 < 35% ) Solos Silto-Argilosos ( P200 > 35% ) Grupos A - 1 A - 3 A - 2 A - 4 A - 5 A - 6 A - 7 Subgrupos A-1-a A-1-b A-2-4 A-2-5 A-2-6 A-2-7 A-7-5; A-7-6 P10 P40 P200 <50 <30 <15 ⎯ <50 <25 ⎯ >50 <10 ⎯ ⎯ <35 ⎯ ⎯ <35 ⎯ ⎯ <35 ⎯ ⎯ <35 ⎯ ⎯ >35 ⎯ ⎯ >35 ⎯ ⎯ >35 ⎯ ⎯ >35 LL IP ⎯ <6 ⎯ <6 ⎯ NP <40 <10 >40 <10 <40 >10 >40 >10 <40 <10 >40 <10 <40 >10 >40 >10 Índice de Grupo (IG) 0 0 0 0 0 <4 <4 <8 <12 <16 <20 Tipos de materialFragmentos de pedra, pedregulho e areia Areia fina Pedregulhos e areias siltosas ou argilosas Solos siltosos Solos argilosos Classificação como subleito Exelente a bom Regular a mau NOTAS : (1) - P10,, P40 e P200 indicam, respectivamente, as porcentagens que passam nas peneiras nos 10 (2mm), 40 (0,42mm) e 200 (0,074mm) (2) - LL e IP referem-se a fração passando na # 40 (3) - Para o subgrupo A-7-5: IP < LL-30 e para o A-7-6: IP > LL-30 (4) - A identificação é feita da esquerda para direita, razão porque o A-3 é colocado antes do A-2, sem que isto signifique superioridade daquele sobre este (5) - IG = ( P200 - 35 ) [ 0,2 + 0,005 ( LL - 40 ) ] + 0,01 ( P200 - 15 ) ( IP - 10 ) >0 >0 >0 >0 <40 <20 <40 <20 26 27 8. COMPACTAÇÃO DOS SOLOS 8.1 INTRODUÇÃO A construção de aterros é, das obras de terra, a que mais exige o estudo de compactação. Istop é, o processo pelo qual se comunica ao solo não só a densidade e resistência como também, e principalmente, estabilidade. Entende-se como estabilidade a existência de uma resistência que, embora possa não ser a mais alta que o solo possa oferecer, mantenha-se permanentemente, independente das estações do ano e das condições climáticas. Por outro lado, a compactação comunica, ao aterro, condições de resistência e compressibilidade capazes de tornar o seu uso imediato. A compactação é o processo mecânico cujo o objetivo fundamental é o aumento da densidade do solo, por meio de maior aproximação da partícula, com a diminuição do seu índice de vazios, visando à obtenção de maior resistência do solo. A compactação tem os seguintes objetivos práticos: a) Reduzir a compressibilidade e aumentar a resistência ao cisalhamento do material do aterro; b) 0 Obter maior uniformidade e homogeneidade; C) Tornar o solo menos susceptível à variação de umidade. A compactação é utilizada nos mais diversos ramos da Engenharia Civil: na construção de estradas e aeroportos , de barragens de terra, fundações de estrutura, etc. Na construção rodoviária e de aeroportos, a compactação racional possibilita a execução imediata de pavimento definitivo, sem receio de recalques futuros ponderáveis. A compactação permite que se contruam pavimentos mais econômicos, devido ao aumento da capacidade de suporte do sub-leito. Nas barragens de terra, a compactação melhora a estabilidade do maciço terroso. Com a compactação é possível executar fundações de estruturas com taxas admissíveis maiores e, portanto, mais econômicas. A técnica de compactação é relativamente recente e o seu controle é mais ainda. Antes dela, os aterros eram feitos simplesmente lançando-se o material. Resultando disso: uma compressibilidade exagerada do aterro devido aos grandes vazios formados entre as camadas lançadas, a grande porosidade do próprio material que permanecia no estado fofo, e a instabilidade do aterro , o qual poderia perder totalmente sua resistência se, porventura, sofresse saturação por chuvas pesadas. Os aterros necessitam um certo período de consolidação, para poderem ser usados com segurança. Em 1913, Ralph Proctor, publicou uma série de artigos divulgando o seu método de controle de compactação, baseado no novo método, de projeto e construção de barragens de terras compactadas. Nesses artigos , estão anunciados um dos mais importantes princípios da Mecânica dos Solos. Isto é, de que a densidade com que o 28 solo é compactado, sob uma determinada energia de compactação depende da umidade do solo no momento da compactação. 8.2 MECANISMO DE COMPACTAÇÃO O problema da compactação era, antigamente, encarado de forma empírica, dependente do bom senso ou experiência de cada engenheiro. Coube a R. Proctor (1933), dar início ao estudo racional da compactação, levando o problema ao laboratório. Verificou Proctor que um mesmo solo, conforme o seu teor de umidade, reagia diferentemente à compactação, alcançando valores diversos de densidade. Proctor compactou amostras de solo em um recipiente cilíndrico metálico, utilizando amostras de diferentes umidades, após compactar uma amostra no cilindro, retirava-a destorroava-a, acrescentando mais água, tornando a compactá-la. Com os pares de valores (γs, h%) obtidos da compactação de cada amostra, era possível traçar a curva γs = f(h%), em eixos coordenados, denominada curva de compactação. Essa curva típica para todos os solos mostrava que a densidade aumentava à medida que se compactava solo em umidade crescentes, passava por um máximo e diminuía depois. Esse comportamento dos solos compactados, denotando a importância da umidade de compactação, é a grande descoberta de Proctor em seus estudos de laboratório. γ γs hh= +1 γ h h t P V = h P P a s = ⋅100 Ao ponto máximo da curva (γs x h%), corresponde à massa específica aparente máxima (γs max) e a umidade ótima (hot, que variam de acordo com as características gerais do solo (textura, forma dos grãos, plasticidade , etc) e num mesmo solo, dependem do método e energia empregados na compactação, como veremos mais adiante. O mecanismo do aumento e subsequente, decréscimo de γs , em função da umidade, tem sido explicado por diferentes modos que serão abordados posteriormente. Aqui, apresentamos os mais simples. No Ramo Seco: Em baixa umidade, os solos apresenta m resistência grande à aproximação de seus grãos devido ao atrito entre os mesmos; crescendo a umidade, o 29 atrito diminui, funcionando a água como um lubrificante e se obtendo, assim, um entrosamento melhor entre os grãos. No Ramo Úmido: Alta umidade, ultrapassando, um certo valor da umidade (hot), o acréscimo da água dificulta a expulsão do ar remanescente dos vazios amortecendo o efeito de compressão ou golpeando, não conseguindo mais diminuir convenientemente o volume total do solo. 8.3 FATORES PREDOMINANTES NA COMPACTAÇÃO 8.3.1 Teor de Umidade Já foi abordado anteriormente. 8.3.2 Tipo de Solo Em igualdade de condições de método e energia empregados, observa-se que os solos de granulometria grossa atingem maior γs max ( com menor hot) que nos solos finos (com maior hot). Quanto mais bem graduado seja o solo, maior seu γs max e menor hot; quanto mais plástico o solo, menor seu γs max e, maior o seu hot. γs Areia bem graduada (desuniforme) Areia mal graduada (uniforme) Argila magra (baixa plasticidade) Argila gorda (alta plasticidade) h (%) 8.3.3 Método de Compactação O método se caracteriza, fundamentalmente, pela maneira com que se aplica as cargas ao solo, durante a compactação. 8.3.3.1 Método Dinâmico 30 Caracteriza-se pela ação de Energia Cinética; o solo é compactado por intermédio de um peso (soquete) que cai de uma certa altura. É ainda o mais empregado em laboratório. 8.3.3.2 Método de Amassamento É devido a hveem. Aplica-se uma carga p transiente, isto é, de ação rápida; não há também energia |cinética. é o método de laboratório, cujos resultados mais se aproximam dos resultados de campo. 8.3.3.3. Método Estático O solo é compactado por meio de um peso quecomprime o solo estaticamente. P P P Hg solo solo solo DINÂMICO ESTÁTICO AMASSAMENTO Tem-se observado que num mesmo solo, a utilização de métodos diferentes conduz a diferentes estruturas, de tal modo que as amostras compactadas, mesmo que as densidades e umidades obtidas sejam idênticas, apresentarão resistências diversas. 8.3.4. Energia de Compactação É fator muito importante, pois quanto maior a energia empregada, maior as densidades obtidas. Um mesmo solo, compactado pelo mesmo método, mas em energias diferentes (E1 e E2), fornece curvas como as da figura abaixo. Para métodos dinâmicos, em laboratório. Calcula-se a energia de compactação pela fórmula seguinte: 31 E P HG Nc Ng Vt = ⋅ ⋅ ⋅ Vt = Vc x Nc Vc - Volume de cada camada P - peso do soquete HG - altura de queda do soquete Nc - Número de camadas Ng - Número de golpes Vt - Volume total da amostra compactada Observe que a expressão de E tem dimensão de : [Energia] = Pressão [Volume] Para a compactação com rolo, no campo, se emprega a expressão : ECAMPO = ESFORÇO TRATOR X NÚMERO DE PASSADAS _ LARGURA DA FAIXA COMPACTADA X ALTURA DA CAMADA Entende-se por “passada’ de um rolo, o seu caminho sobre a camada, num único sentido da faixa a compactar. Assim, a ida e a volta correspondem a duas passadas. A figura abaixo representa uma curva típica γS = f ( Np ) em umidade constante. γso - massa específica aparente do solo fofo. Para cada umidade de compactação obtem-se um tipo de curva indicado acima de tal modo que seria possível a partir da família de curvas γS ( h ) = f ( Np ), obter-se a curva de compactação correspondente ao rolo empregado. γs E1 E2 E1 > E2 h(%) γs γso 4 8 12 16 NP 32 h1 < h2 < h3 < h4 < h5 Assim, na figura ao lado, estão 5 curvas γs = f(NP) correspondentes a cinco umidades diferentes, crescentes, de h1 até h5 . Se fixarmos um dado valor de NP = 10, determina-se os valores de γs = f(h) para Energia de Compactação constante. E = f (NP = 10) 8.4. MÉTODOS DINÂMICOS DE LABORATÓRIO Os métodos mais vulgamente empregados entre nós, são os dinâmicos. Desses o mais antigo é o Proctor Normal, que corresponde ao “ensaio de compactação” - MB- 33 da ABNT. Emprega-se, bastante, hoje em dia, o “Proctor Modificado”,que surgiu atendendo ao aumento de cargas de veículos rodoviários modernos, exigindo compactação mais energética dos subleitos e pavimentos de estradas. Um terceiro método dinâmico é o do CBR (“California Bearing Rate”) ou ( Índice de Suporte Califórnia ) necessário ao dimencionamento de pavimentos de estradas e aeroportos, com energia, aproximadamente igual ao do Proctor Modificado. Maiores detalhes sobre o CBR serão dados no curso de estradas. Quadro de Características dos Métodos Dinâmicos MÉTODO Proctor Normal ou a Asno-Standard - Ensaio Normal de Compactação Proctor Modificado ou a Asno Modificado CBR ou ISC P - Peso do soquete Hq - Altura de queda Nc - Número de camadas Ng - Número de golpes Vt - Volume útil do molde Vc - Volume de uma camada compactada E - Energia de compactação φ - Dimensões úteis do molde H - Energia cinética 2,5 Kg 0,305 m 3 25 1 dm3 333 cm3 57 tm / m3 10 cm 12 cm 1900 Kg cm 4,5 Kg 0,457 m 5 25 1 dm3 200 cm3 257 tm / m3 10 cm 12,7 cm 5140 Kg cm 4,5 Kg 0,457 m 5 55 2,3 dm3 460 cm3 245 tm / m3 15,24 cm 12,7 cm 11300 Kg cm 33 8.5. CURVAS DE SATURAÇÃO S V V a v = ⋅100 ( )γ s f h S= %, % γ δ γg w= ⋅ γ δ δ γ δ δ γ δg g w w e h S S S h = + = ⋅ + ⋅ = ⋅ ⋅ + ⋅1 1 δ ⋅ =h Se Apartir dessa expressão, se fixarmos um dado valor para S e dermos valores variáveis para h% poderemos calcular valores de γS correspondentes ao grau de saturação fixado. 8.6. RELAÇÃO DENSIDADE-UMIDADE-RESISTÊNCIA 8.7. ESPECIFICAÇÃO E CONTROLE DE COMPACTAÇÃO 34 8.7.1. Grau de Compactação Denomina-se “Grau de Compactação” a relação : GC s campo s labmax = ⋅⋅ ⋅ γ γ 100 Entre a densidade obtida no campo e a especificada pelo laboratório em geral o “Grau de Compactação” é calculado em função do γS max de laboratório, sendo fixada para umidade o desvio em relação a umidade ótima, hot de laboratório. Com a determinação do “Grau de Compactação” atingido, visa-se controlar as condições de campo, a partir de resultados conhecidos no laboratório. Tal prática cria problemas devido a várias razões, algumas já abordadas por nós em ítens anteriores : 1a ) dependendo do tipo de rolo empregado, pode haver dificuldade ou mesmo impossibilidade de se atingir um “Grau de Compactação” fixado, uma vez que a “Curva de Compactação” do rolo pode ser completamente diferente da do ensaio de laboratório. No caso da figura abaixo, por exemplo, seria muito difícil obter-se GC=100% no campo, com o rolo empregado, caso se fixasse a umidade de compactação no campo igual a ótima de laboratório; 1 - rolo ( N’> N passadas ) 2 - campo ( rolo - n passadas ) 3 - rolo ( n’’ < N passadas ) 4 - curva de laboratório ( Energia E ). 2a) a obtenção no campo, com um dado rolo, de um certo grau de compactação fixado a partir de resultados exclusivamente de laboratório, pode levar a solos compactados de resistência e características gerais inferiores às necessidades, por questões de estruturas impostas ao solo, no campo, note-se que a compactação de laboratório é executada em moldes cilíndricos metálicos, praticamente indeformáveis, que sujeitam as amostras a contenção lateral infinita, enquanto que no campo a a contenção lateral é do proprio solo, muito menor portanto, daí uma das razões principais da obtenção de estruturas diferentes. A tendência atual, mais racional, pelo menos nas grandes obras, é executar testes experimentais no campo com o equipamento de compactação de que se dispõe, verificando então, diretamente, as condições de melhor rendimento e aproveitamento das características do conjunto solo-equipamento. As curvas γS = f ( Np ) e γ = f ( h% ) são traçadas a partir destes testes em verdadeira grandeza, assim como se retira 35 amostras indeformadas das camadas compactadas, para ensaiá-las em laboratório e verificar suas características de resistência. Nas obras de menor importância, todavia, continua-se a especificar, exclusivamente, em função da compactação de laboratório. 8.7.2. Especificações para Estradas de Rodagem e Aeroportos É comum entre nós, especificar a compactação das camadas de sub-leito e pavimento de estradas de rodagem e aeroportos, em função do “Proctor Modificado” (ver item 6), prevendo-se a resistência (capacidade de suporte) das diversas camadas de acordo com o ensaio de penetração do CBR. Quanto mais profunda a camada, admite-se solos de características inferiores ou, então, se é mais liberal nos graus de compactação a exigir. 8.7.3. Especificações para Barragens de TerraAs barragens de terra são aterros de grande altura, sujeitos à percolação da água. Suas condições de compactação devem ter, assim, características diferentes das correspondentes às estradas de rodagem e aeroportos. O “Bureau of Reclamation” dos Estados Unidos, uma das organizações de maior autoridade em matéria de projeto e contrução de barragens de terra, apresenta critérios diferentes de especificação para solos finos (das zonas impermeáveis) e solos grossos (das zonas permeáveis), levando em conta o comportamento geral dos mesmos. Para os solos finos, a preocupação maior diz respeito ao aparecimento de pressões neutras (“pore pressures”), devido à baixa permeabilidade dos mesmos. 8.7.3.1. Solos Finos - Zona Impermeável (1) (2) (3) Altura da Barragem (m) Porcentagem a subtrair da umidade ótima Grau de Compactação Mínimo a Obter 0 - 45 45 - 90 90 - 130 0 - 2,0 1,0 - 2,5 1,5 - 3,0 98 % 96 % 94 % ⎯→ nas camadas mais profundas ⎯⎯⎯⎯→ nas camadas superiores A aplicação desse quadro se baseia no seguinte : 1o) o método de compactação a ele referido, para determinação dos γS max e h ot de laboratório, é diverso dos Proctor Normal ou Modificado; suas características são P: 2,5 Kg; Hq = 0,457 m; NC=3 ; Ng = 25; Vt = 1,4 dm3 (φ = 10,5 cm; H = 16,2 cm); Energia = 61 t . m / m3. 2o) a orientação do quadro é para os casos em que não se tenha levado a efeito estudos especiais de “pore-pressure”. 3o) para alturas intermediárias àquelas da coluna (1), poder-se-á interpolar os teores de umidade . 36 Exemplo de Aplicação do Quadro Para uma barragem de 65 metros de altura dever-se-ia usar aproximadamente : - para os primeiros 45m ( de cima para baixo ): GC = 98% h = hot - (0 a 2%) - para as camadas inferiores ( de 45m a 65m ) : GC = 96% h = hot - (1,0 a 2,5%) 8.7.3.2. Solos Grossos - Zona Permeável Para esses solos o “Bureau” especifica a compactação em termos de “Grau de Compacidade”, que é, como se sabe : ( ) ( )G C e e e e max nat max min max s nat s min nat s max s min . . .= −− = − − ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ γ γ γ γ γ γ onde γS max e γS min são as massas específicas aparentes secas correspondentes a emin e emax , respectivamente, obtidas de acordo com as normas de ensaio do próprio “Bureau”. Na ausência de ensaios de cisalhamento, considera o “Bureau” que a compactação dos solos granulares é satisfatória, quando o “Grau de Compacidade” atingido no campo for de, pelo menos, GC = 0,70. 8.7.4. Escolha do Equipamento de Compactação Existe, hoje em dia, uma variedade bastante grande de equipamentos para compactação de campo. Os tipos mais importantes são : a) Rolo Pé-de-Carneiro; b) Rolo de Pneumáticos; c) Rolo Liso; d) Rolo de Grade; e) Rolo Vibratório; f) Placas Vibratórias; g) “Sapo”; h) Pilões de Gravidade, etc. A experiência existente permite indicar de ante mão, o tipo de rolo mais aconcelhável para cada tipo de solo. Em argilas e solos eminentemente argilosos a) Rolo Pé-de-Carneiro (Barragens/Estradas); b) Rolo de Pneumáticos (Estradas); c) Rolo Liso (Estradas); d) “Sapos”; e) Pilões de Gravidade. 37 Em areias, pedregulhos e solos eminentemente arenosos e/ou pedregulhosos a) Rolo de Pneumáticos (Estradas e Barragens); b) Rolo Liso (Estradas); c) Rolo Pé-de-Carneiro, com grande área de pé (Barragens); d) Rolos Vibratórios; e) Placas Vibratórias. Em bases de pedras a) Rolo Liso; b) Rolo-de-Grade; c) Rolo de Pneumáticos. Para melhor decisão sobre o tipo de rolo a empregar, principalmente nas grandes obras, deve-se executar trechos experimentais, que já mencionamos. Um trecho experimental consiste, em linhas gerais, de uma área no canteiro de obra, em que se movimenta os rolos de que se dispõe, fazendo variar a espessura da camada fofa, a umidade, o número de passadas, o peso do rolo ou pressão de pneus, etc, determinado-se as densidades obtidas e verificando-se o rendimento para cada caso. 8.7.5. Controle de Compactação O controle de compactação é a série de operações que se leva a efeito, visando determinar a qualidade do serviço executado, comparando os valores obitidos com aqueles pré-fixados nas especificações. Nos métodos tradicionais de controle, se verifica a umidade de espalhamento e a densidade de compactação. Em barragens de terra está tomando vulto, atualmente, o chamado “MÉTODO DE HILF”, desenvolvido e divulgado pelo “Bureau of Reclamation”,e de autoria do engenheiro Hilf, da Seção de Solos daquela organização. Nesse Método verifica-se o grau de compactação, sem necessidade de determinação de umidade. 8.7.5.1. Controle de Umidade Vários processos são usados : a) Agulha de Proctor (Barragens); b) “Speedy Moisture Tester” (Estradas e Barragens); c) Álcool; d) Estufa. Os três primeiros são processos rápidos, de campo, que fornecem a umidade imediatamente, em poucos minutos; a estufa é usada em laboratório, e requer 24horas para determinação da umidade, o que elimina com processo de campo, em que a urgência é fator importante. O processo da “Agulha de Proctor” consiste em determinar a resistência à penetração (da “Agulha”) do solo compactado no campo, e compará-la com valores previamente obitidos no laboratório. O “Speedy” é uma garrafa metálica, em que se mistura intimamente solo úmido e carbureto de cálcio; a reação da água com o carboreto desprende gás acetileno, cuja 38 pressão (função da maior ou menor umidade do solo) é medida num manômetro da garrafa, e lida diretamente em valores de umidade. O processo do álcool consiste na queima do solo com álcool, numa espécie de frigideira; pela variação de peso da amostra de solo (antes e depois da queima), calcula-se a umidade. 8.7.5.2. Controle de Densidade Os processos mais usados são : a) Agulha de Proctor (Barragens); B) Cravação de Cilindro (Proctor); c) Frasco de areia; d) Óleo ou Água. O processo da “Agulha” se baseia na comparação da resistência de campo, com as de laboratório, correlacionadas com densidades conhecidas. O processo da cravação do cilíndro é um processo de medição de volume e pesos, assim como os restantes processos citados. 9. NORMAS PARA ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO Os ensaios de caracterização são realizados de acordo com as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que são citadas abaixo : NBR - 6457/86 - Preparação de amostras; NBR - 5734 - Peneiras de malhas quadradas para análise granulométrica; NBR - 7181 - Análise granulométrica; NBR - 6459 - Limites de liquidez; NBR - 7180 - Limite de plasticidade; NBR - 6508 - Massa específica dos grãos dos solos; NBR - 7182 - Ensaio de compactação (Proctor Normal). 10. SUCÇÃO DO SOLO A sucção pode ser descrita como a adsorsão real ou potencial de água pelo solo, ou seja, a medida da afinidade que o solo tem por água. Portanto, para uma mesma estrutura, quanto mais seco estiver o solo, maior será a sucção. 10.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTADO DE ENERGIA 39 A energia livre da água do solo, relativa à água livre, pode expressar quantitativamente a retenção da água no solo e os gradientes que causam o fluxo de água (Aitchinson, Russam & Richards, 1965). A água do solo apresenta as duas formas principais de energia física clássica: • energia cinética: que pôr ser proporcional ao quadrado da velocidade, não é de grande importância nosolo, já que o movimento desta água é muito lento. • energia potencial: que pôr ser devido à posição ou condição interna, é de grande importância na água do solo, já que a tendência da água fluir dentro do solo é provocada pela diferença na sua energia potencial entre dois pontos dados. A água do solo tende a buscar o equilíbrio, saindo de onde a energia potencial é alta para onde é baixa. A razão da diminuição da energia potencial com a distância, é a força de movimento que causa o fluxo (Hillel, 1971). Assim, o importante não é a quantidade de energia potencial da água, mas o nível relativo desta energia em diferentes regiões do solo. A energia livre sofre efeitos da temperatura, da pressão, dos solutos, dos campos de força (gravitacional e de adsorsão). O estado de energia da água do solo pode ser expresso de muitas formas, tais como: potencial de água do solo e sucção do solo. 10.2 SUCÇÃO TOTAL A sucção total, ou energia livre, é uma medida do potencial do solo sob uma variação na umidade (Mitchell, 1984). O termo sucção total representa a contribuição coletiva de todo mecanismo de retenção de água do solo, representa a medida do estado de energia da água do solo. Perda ou ganho de água afeta diretamente o solo, proporcionalmente à perda ou ganho de energia associado com a variação de umidade (McKeen, 1992). A nível de macroestrutura, o gradiente de sucção dentro do perfil do solo governa o fluxo de água através do solo, que ocorre sempre de uma região de baixa sucção para outra de alta sucção. A sucção pode ser aplicada por meio de campos elétricos (eletro-osmose), elevação da pressão de gás acima da pressão atmosférica (translação de eixos), gradientes térmicos (termo-osmose) ou diferentes concentrações do soluto (osmose química ou do soluto). É constituída da soma de duas componentes: sucção matricial e sucção osmótica s = sm + so 10.3 SUCÇÃO MATRICIAL OU MÁTRICA Esta componente é devido à estrutura do solo, ou seja, a retenção da água é obtida pelas forças relativas à matriz sólida do solo: força de adsorsão, que é o efeito das forças de superfície da partícula; e força de capilaridade, que é relacionada à 40 distribuição espacial e tamanho dos poros do solo (Fig. 1). Ela representa a diferença entre a pressão neutra do ar e a pressão neutra da água. sm = ua - uw A sucção matricial influencia no comportamento de resistência e deformação do solo não saturado, e controla a resposta ao movimento de umidade em altos graus de saturação (Edil & Motan, 1984). Figura 1: Mecanismos de sucção do solo 10.4 SUCÇÃO OSMÓTICA OU DO SOLUTO Esta componente é devido ao efeito da substâncias dissolvidas na água retida no solo e resulta de diferenças nas concentrações do soluto em diferentes pontos do solo. Seu valor depende da composição da água que entra em contato com o solo. Quando esta água é pura, a sucção osmótica é máxima; e quando ela tem a mesma composição da água intersticial, a sucção osmótica é nula. A sucção osmótica influencia no comportamento dos solos finos, dependendo do tipo e concentração do soluto; enquanto que nos solos saturados esta influência depende, também das interações físico-químicas entre os íons dissolvidos e as partículas de argila. 41 10.5 MEDIDA DA SUCÇÃO DO SOLO Há várias formas de medir a sucção do solo, que podem ser subdivididas em dois grandes grupos: • métodos diretos: quando a energia para retirar água do solo é medida diretamente através de um gradiente de pressão, como no caso de placa de sucção, centrífuga, membrana de pressão, tensiômetro; • métodos indiretos: quando esta energia é calculada por relações termodinâmicas, como no caso de dissecador de vácuo, psicrômetro, papel filtro, célula de gesso. 10.6 CURVA CARACTERÍSTICA A correlação teor de umidade-sucção, que define a curva característica do solo, é uma função contínua sem nenhuma mudança brusca, na qual a sucção varia inversamente com o teor de umidade ou grau de saturação, ou seja, a sucção tende a um valor nulo à medida que o solo tende à saturação, e a um valor máximo quando o grau de saturação tende a zero. A representação gráfica entre o teor de umidade e a sucção é denominada curva de retenção, curva de sucção, relação sucção-umidade ou curva característica do solo, que corresponde a um determinado solo em determinada época do ano. A curva característica do solo expressa a influência do volume e distribuição dos poros, bem como a adsorsão e a estrutura do solo, sobre a água contida no mesmo, sendo influenciada por vários fatores, como: • histerese: geralmente o fenômeno da histerese pode ter pequena importância quando se trata do processo de infiltração (umedecimento) ou evaporação (secagem). Entretanto, pode ter um efeito importante no caso em que se produz umedecimento e secagem, ,simultânea e seqüencialmente, em diversas partes do perfil do terreno (redistribuição). Assim pode existir perfis de solo com a mesma textura e estrutura, mas com diferentes teores de umidade de equilíbrio ou com idêntico estado de energia, se suas histórias de umedecimento são diferentes (Hillel, 1980). De um modo geral, a quantidade de água retida no processo de secagem é maior que no processo de umedecimento, como é mostrado na Figura 2. 42 Figura 2: Fenômeno da histerese nas curvas sucção-umidade • composição granulométrica: a curva de sucção é sensivelmente afetada pela composição granulométrica do solo. Quanto maior for o teor de argila, maior será, em geral, o teor de umidade, sob um dado valor de sucção. A elevada retenção de água nos solos argilosos é justificada, não só por estes apresentarem vazios muito pequenos e maior superfície específica (possuindo assim maior retenção por capilaridade), mas, principalmente, pela elevada retenção de água proveniente de forças de adsorsão (Fig. 3). Além da elevada retenção de água nos solos argilosos, estes apresentam uma relação entre teor de umidade e sucção gradual, sem haver variação brusca nesta relação. Nos solos arenosos a variação entre a sucção e o teor de umidade será mais brusca quanto mais uniforme for o solo. Figura 3: Influência da composição granulométrica na relação sucção-umidade (Pousada Presa, 1982) • composição mineralógica: influencia sensivelmente a retenção de umidade nos solos argilosos, devido às diferentes forças de adsorsão dos minerais argílicos. A 43 natureza da superfície das partículas e os tipos de cátions trocáveis, influem na energia de adsorsão. • estrutura: influencia bastante a relação teor de umidade-sucção para valores baixos de sucção, como mostra McQueen & Miller (1974) na Figura 4, pois, nesta situação, a quantidade de água retida no solo depende da capilaridade e da distribuição dos tamanhos dos poros (Hillel, 1971) como é demostrado na Figura 5. Figura 4: Modelo do comportamento da relação sucção-umidade (McQueen & Miller, 1974) Figura 5: efeito da estrutura na retenção de água no solo (Hillel, 1971) Alguns solos apresentam uma variação na estrutura com a variação de sucção. Assim, Aitchinson (1961) dividiu os solos em três grupos de estruturas: solos imcompressíveis, parcialmente compressíveis e compressíveis. Nos solos incompressíveis arenosos, a variação de sucção não causa mudança no índice de vazios. Quanto aos solos compressíveis argilosos, a variação da sucção causa uma variação no índice de vazios e, consequentemente, na densidade do solo. Neste tipo de solo o fenômeno da hhisterese é causado pelos fenômenos relatados anteriormente, mas também devido à reorientação das partículas. 44 Os solos residuais brasileiros de
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