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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Rodrigo Amorim Barbosa Pesquisador da Embrapa Gado de Corte FATORES AMBIENTAS QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO DE PLANTAS FORRAGEIRAS Campo Grande - MS A produção animal a partir do uso de pastagens implica na interferência do homem no sentido de utilizar conhecimentos que permitam: a) Garantir a perenidade do ecossistema existente; b) Equilíbrio entre quantidade e qualidade de oferta Para atingir estes objetivos: A PASTAGEM ENTENDIDA COM UM ECOSSISTEMA PASTORIL ECOSSISTEMA Conjunto de organismos vivendo com seu ambiente físico e químico. Energia solar, H2O e Nutrientes Plantas (Autotróficos) Produtores Animais (Heterotróficos) Consumidores Abióticos Bióticos ECOSSISTEMA DE PASTAGENS (HADLEY, 1993) • Complexo e dinâmico onde a população dominante é composta por espécies herbáceas nativas ou exóticas; • Que estão sujeitas a perturbações constantes cujos principais agentes são a seca, o fogo e o pastejo; • Modifica a sucessão de espécies, fluxo de carbono, dinâmica de nutrientes e infiltração de água no solo; • Distúrbio é não ter pastejo. RESISTÊNCIA DA PLANTA AO PASTEJO Resistência ao Pastejo Mecanismos habilitando as plantas de sobreviverem e crescerem em sistemas de pastejo. Escape Mecanismo que reduz a probabilidade e intensidade de pastejo. Tolerância Mecanismo que aumenta o crescimento de planta seguindo o pastejo. Características morfológicas Compostos bioquímicos Disponibilidade do meristema Processos fisiológicos F on te : B R IS K E ( 19 86 , 1 99 1) . CONTRIBUIÇÃO RELATIVA HIPOTÉTICA DE ESTRATÉGIAS DE TOLERÂNCIA E ESCAPE F on te : B R IS K E ( 19 96 ). PARA RESISTÊNCIA AO PASTEJO DE PLANTAS POSSUINDO VASTA HABILIDADE COMPETITIVA FUNCIONAMENTO DO ECOSSISTEMA Ofertas do meio Compostos orgânicos Sementes Novas estruturas de captação e absorção Produtividade primária 1ª Oferta PRINCIPAIS RECURSOS AMBIENTAIS E OS PROCESSOS DA PLANTA QUE DETERMINAM A PRODUTIVIDADE DA PLANTA (A D A P TA D O D E K E M P E V A LE N T IN E , 1 99 8) FIGURA 3 - HODGSON (1990) PARA SE ENTENDER O PROCESSO DE ACÚMULO DE BIOMASSA Premissa 1 = O funcionamento do sistema depende fundamentalmente de um fluxo de energia, cuja “entrada” depende da disponibilidade de radiação solar. Premissa 2 = Necessidade de uma superfície de captação de energia, onde o tamanho dessa superfície e sua eficiência em transformar a energia solar em energia química dependem da disponibilidade de água e nutrientes. Premissa 3 = O pastejo afeta as premissas anteriores, por remover a superfície de captação de energia e modificar a reciclagem e a disponibilidade de nutrientes. QUAL CAPACIDADE DE UM SISTEMA PASTORIL PRODUZIR BIOMASSA • Radiação = ilimitada • Produtividade primária = biomassa vegetal / área / tempo • Baixa (restrições) LIMITAÇÕES DA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA 1ª CATEGORIA DE RESTRIÇÃO ECOLÓGICA 2ª CATEGORIA DE RESTRIÇÃO ECOLÓGICA DA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA Disponibilidade de fatores abióticos • Impedimento de captura da energia solar • Perda de radiação • Sem formação de biomassa Limitações impostas dos fatores abióticos à máxima taxa de fotossíntese • Água, temperatura, nutrientes, etc. EXEMPLOS DE LIMITAÇÃO NA FOTOSSÍNTESE EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA E DISPONIBILIDADE HÍDRICA EFEITO DA TEMPERATURA CONSTANTE DE 20º OU 30ºC SOBRE O CRESCIMENTO E ÁREA FOLIAR DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS TROPICAIS Espécie MS (g / planta) Área foliar (cm²) Taxa de crescimento r elativo (g g - 1 dia) 20°C 30°C 20°C 30°C 20°C 30°C Brachiaria ruziziensis 0,16 3,06 25 445 0,10 0,32 Panicum maximum Guiné 0,83 1,32 50 102 0,17 0,40 P. maximum cv. Hamil 0,12 2,57 16 341 0,15 0,40 P. maximum comum 0,16 2,40 22 356 0,18 0,43 Setaria sphacelata 0,18 0,56 25 68 0,17 0,34 Cenchrus ciliaris 0,22 2,75 24 334 0,16 0,39 Melinis minutiflora 0,11 0,15 11 23 0,20 0,36 Fonte: Adaptado de LUDLOW e WILSON (1970). EFEITO DO NÍVEL DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA DO SOLO SOBRE O PESO TOTAL POR PLANTA DE LOTUS CORNICULATUS, E DE SUA REPARTIÇÃO EM PARTE AÉREA E RAÍZES Estresse hídrico e distribuição de matéria seca: Componente Disponibilidade hídrica em % da CC 100% 70% 50% MS raízes 41.1a* (22%) 29.1ab (29%) 20.1b (31%) MS parte aérea 143.4a (78%) 69.8b (71%) 44.2b (69%) MS total 184.5a 98.9b 64.8b Relação PA/Raiz 3.6a 2.6a 2.3a IMPORTÂNCIA DO N NO CRESCIMENTO VEGETATIVO Produção de perfilhos • Incremento na produção de perfilhos , Alta TAP e S. Filling Nitrogênio (kg/ha/ano) Intervalos entre colheitas (semanas) 4 6 8 10 0 4380 4360 3880 3770 263 5250 5130 4620 3410 525 5850 5100 4570 3020 Influência da adubação nitrogenada e do intervalo de colheita no número de perfilhos de azevém por m2, após 30 semanas. Fonte:Wilman et al. (1976) citados por WHITEHEAD (1995). CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE UMA PLANTA FORRAGEIRA O ACÚMULO DE FITÔMEROS E O GRAU DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL RESULTAM NO ACÚMULO DE BIOMASSA Lâmina Lígula Gema Axilar Bainha Entrenó Nó No azevém há normalmente somente uma folha emergindo do pseudocolmo a qualquer momento. Uma vez que 3 ou 4 folhas estejam presentes, folhas velhas começam a morrer a medida que novas folhas são formadas, de forma que o nº de folhas vivas no perfilho permanece constante em torno de 3 ou 4. FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS Fonte: Matthew e Hodgson (2001) 1 3 4 2 5 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS 2 5 6 3 4 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS 3 6 4 5 7 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS 4 7 8 6 5 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS 5 7 9 8 6 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS 6 10 9 8 7 FORMA E FUNÇÃO DE GRAMÍNEAS: CRESCIMENTO E MORTE DE FOLHAS ACÚMULO DE BIOMASSA ∆P = Cr – (S + Co) FONTE: PARSONS et al. (1983). Crescimento Livre PD Rotacionado Pastejo contínuo Forragem em intervalos regulares durante a rebrotação após o pastejo. Trajetória sigmóide, forma de “S”, para a massa de forragem no tempo, como essa: Fonte: Matthew e Hodgson (2001) Brougham descreveu assim, 3 fases em sua curva de acúmulo de forragem: A fase 1, chamada de logarítmica, o acúmulo é limitado pela baixa área foliar e baixa capturade luz, porém acelera com o tempo. Fonte: Matthew e Hodgson (2001) A fase 2, chamada de linear, o acúmulo é alto e mais ou menos constante, refletindo o potencial da gramínea no ambiente. Fonte: Matthew e Hodgson (2001) Na terceira fase, chamada de fase assintótica, o processo de senescência aumenta. Eventualmente a taxa de senescência iguala a taxa de produção de folhas. Neste ponto o acúmulo de forragem diminui até zero. Em algumas condições a senescência de folhas pode exceder a produção de folhas, e neste caso massa forrageira em pé pode diminuir com o tempo. Fonte: Matthew e Hodgson (2001) Alongamento e senescência de folhas foram mostrados como processos separados pela primeira vez em dois artigos de 1983, mais de 25 anos depois de Brougham haver descrito a curva de rebrotação de pastagem na forma de “S”. Fonte: Matthew e Hodgson (2001) Vamos ver este gráfico de B&H. Note que existem 3 linhas diferentes neste gráfico. Alongamento foliar Senescência Taxa de acúmulo liquida. Todos expressos como Kg de MS/ha/dia. A taxa de acúmulo liquida (produção liquida), é calculada como alongamento menos senescência. AF SE O principal ponto é que: Em relvados baixos a produção liquida é baixa devido a baixa produção de folhas. AF SE TA Em relvados altos, a produção liquida é diminuída devido a alta taxa de morte de folhas. AF SE TA IAF Intensidade de pastejo Consumo Senescência Respiração e raízes Fotossíntese bruta Produção bruta da parte aérea T a x a d e f lu x o d e c a rb o n o (k g C H 2 O /h a /d ia ) 0 100 200 300 400 • produção secundária; • compromete produção primária • produção primária; • reflexo negativo na produção secundária ... respeitando os limites ecofisiológicos das plantas. Impossível obter conjuntamente: máxima eficiência de colheita pelo herbívoro e ótima interceptação luminosa pelo vegetal. ACÚMULO DE BIOMASSA AÉREA POR ÁREA jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun T ax as d e a cú m ul o (k g M S /h a/ d ia ) Capim-mombaça TAXA DE ACÚMULO DE LÂMINAS FOLIARES (KG MS/HA/DIA) EM CAPIM TANZÂNIA DILEMA DO MANEJO DO PASTEJO Sincronismo entre “ganho por animal” e “ganho por área” Baixas lotações: • Maiores ganhos por animal • da quantidade de pasto disponível • Melhoria da qualidade de alimento consumido • Oportunidade de seleção da dieta • Ganho por área DILEMA DO MANEJO DO PASTEJO Sincronismo entre “ganho por animal” e “ganho por área” Altas lotações: • Também podem determinar baixos ganhos por área • Baixa disponibilidade de forragem por animal • Dispêndio diário de energia no processo de pastejo • nº de bocados e tamanho de bocados • Qualidade da forragem ingerida • Impossibilidade de seleção NÃO EXISTE RELAÇÃO ENTRE LOTAÇÃO E QUANTIDADE DE FORRAGEM Lotação Quantidade de forragem Fixa Compra e venda de animais Estações do ano Espécies Variável Flutuações climáticas Oferta de forragem variável aos animais Ganhos por animal e por área variáveis Influência da pressão de pastejo (n) sobre o ganho por animal (g) e sobre o ganho por área (G). Fonte: MOTT (1960). CONCLUSÕES • O acúmulo de biomassa é um processo complexo e multidisciplinar em que ações de manejo e, ou, variações em condições de meio interferem de forma significativa e variável nos diversos estágios da produção. • O entendimento de como plantas e animais respondem às ações de clima são importantes, pois permitem o correto e adequado planejamento de práticas de manejo consistentes e específicas para situações particulares. Obrigado. Rodrigo Amorim Barbosa Pesquisador da Embrapa Gado de Corte
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