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2a. aula civil II

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Universidade Salgado de Oliveira – Universo
Profª. Renata Dias/ Direito Civil II
 2ª Aula 
1 – Elementos estruturais da relação obrigacional:
	Não há como tratar dos elementos estruturais de uma relação obrigacional sem buscar seu conceito, mesmo que superficialmente.
	Assim, todos os elementos estruturais giram em torno da relação de caráter patrimonial que liga duas ou mais pessoas, onde um deles (devedor) age no sentido de cumprir determinada prestação (positiva ou negativa) em favor do outro (credor).
	Vale lembrar que, por se tratar de uma relação jurídica, a relação obrigacional tem como elementos: sujeitos (elemento subjetivo), objeto (elemento objetivo) e vínculo jurídico (elemento de ligação).
1.1 – Sujeitos da relação obrigacional (elementos subjetivos):
	Os sujeitos de uma relação obrigacional se classificam como:
	a) Sujeito ativo: também conhecido como credor, tem uma pretensão com relação a outra parte da relação (devedor). Considerado o beneficiário da prestação, sendo titular de um direito. Este sujeito pretende que a prestação seja cumprida e para tanto tem amparo legal (art. 233 CC/02).
	b) Sujeito passivo: também conhecido como devedor, tem obrigação de satisfazer a pretensão da outra parte da relação (credor).
Obs1: O cumprimento da prestação do devedor pode se dar de forma voluntária ou compulsória.
Obs2: O enfoque que é dado ao devedor, que deve adimplir uma obrigação é que levou a nomenclatura da disciplina - “Direito das Obrigações”.
Obs3: Os sujeitos de uma relação obrigacional podem assumir os papéis de “credor” e “devedor” simultaneamente. É a chamada reciprocidade de pólos.
Obs4: Assumem posições recíprocas tendo em vista prestações distintas.
Ex: Num contrato de prestação de serviços advocatícios pode-se considerar:
- sujeito ativo: o advogado ao receber os honorários e o cliente ao receber a prestação do serviço
- sujeito passivo: o advogado ao prestar seus serviços e o cliente ao pagar os honorários
Principais características dos sujeitos:
- podem ser representados por pessoa natural (nascimento com vida) ou pessoa jurídica� (art. 1º e 2º CC/02);
- devem ser, pelo menos, determináveis;
- a indeterminação deve ser transitória� (necessidade de conhecimento no momento do cumprimento);
- credor será indeterminado quando se tratar de oferta pública (grande nº de pessoas);
- podem ser múltiplos em quaisquer dos pólos da relação;
- os sujeitos poderão ser representados�.
1.2 – Objetos da relação obrigacional (elementos objetivos):
	Os objetos das relações obrigacionais podem ser representados por diversas prestações (comportamentos/condutas) do devedor, sejam elas positivas ou negativas. São elas:
	a) Obrigação de dar: entregar ou restituir algo ao credor (coisa)
	b) Obrigação de fazer: prestação de serviço, exercício de atividade ou execução de ato
	c) Obrigação de não fazer: abstenção da prática de ato que poderia ter sido praticada se não fosse a obrigação.
Obs1: Importante ressaltar que a pretensão do credor se volta, inicialmente ao cumprimento voluntário de uma das obrigações acima (objetos imediatos�), só buscando o patrimônio do devedor, caso ele não as cumpra voluntariamente. A busca do patrimônio caracteriza o cumprimento forçado da obrigação.
Obs2: Por vezes a obrigação de fazer confunde-se com a obrigação de dar, por isso, considera-se que, se a coisa entregue pelo devedor teve que ser feita (antes) pelo mesmo, a obrigação será classificada como de “fazer”. Portanto, se a obrigação de dar pressupõe a obrigação de fazer, assim será classificada.
Ex: Encomenda de salgados.
Ex: Num contrato de prestação de serviços advocatícios pode-se considerar:
- Objeto: a prestação de serviços advocatícios (fazer – obrigação do advogado) e os honorários a serem pagos (dar /pagar – obrigação do cliente)
Principais características dos objetos:
- tendo como objeto a prestação, esta deve ser lícita, possível (material e juridicamente) e determinável�;
- o objeto material sobre o qual a prestação incide também deve ser lícito, possível e determinável;
- impossibilidade física ou jurídica do objeto da prestação ou a ilicitude do mesmo ensejará a nulidade da obrigação (noções de Direito Civil I);
- a impossibilidade parcial enseja o aproveitamento da parcela possível da obrigação;
- a viabilidade posterior da obrigação garante sua validade;
- a prestação (objeto) deve ser suscetível de avaliação econômica�.
1.3 – Vínculo da relação obrigacional:
	O vínculo é entendido como o elo que liga os indivíduos numa relação jurídica e, em se tratando de uma relação obrigacional – credor e devedor. Ele tem o condão de restringir a liberdade e a vontade da parte devedora.
	O referido elo é representado por dois elementos que estão intimamente relacionados e são internos à relação obrigacional, quais sejam:
a) débito: relativo a prestação devida pelo sujeito passivo, dever de prestar aquilo ao que se comprometeu. O débito possui dois aspectos:
		* Lado passivo: consiste na pressão psicológica a que é submetido o devedor que está ligado em decorrência de um vínculo (lei, contrato);
		* Lado ativo: consiste na legítima expectativa do credor de que irá receber a prestação.
b) responsabilidade: relativa a garantia de execução das obrigações que se não for cumprida voluntariamente, se submeterá aos meios coercitivos (imposição Estatal). Este elo supre a frustração do cumprimento voluntário, donde sujeita-se o patrimônio do devedor a ação judicial proposta pelo credor para obter o cumprimento forçado da obrigação ou ressarcimento dos prejuízos decorrentes do descumprimento da mesma.
Obs1: Em algumas relações obrigacionais o vínculo não será representado pelos dois elementos vistos acima, faltando, por vezes, um dos dois. Tais exceções serão estudadas em nosso próximo encontro.
Obs2: O débito tem cunho moral, vez que enseja o cumprimento voluntário da prestação, já a responsabilidade tem cunho jurídico, vez que está ligada a execução forçada da mesma.
2 – Causa das Obrigações:
	Para não nos delongarmos em conteúdo já estudado em Direito Civil I, apenas nos ateremos a diferença entre causa e motivo em uma relação obrigacional.
	Ocorre, que o motivo é a razão interna pela qual a relação se formou, elemento este que dificilmente é averiguado e que não tem relevância para o Ordenamento Jurídico, salvo se for comprovadamente ilícito. O motivo é o fim mediato – subjetivo.
	A causa, por sua vez, é o elemento imediato, que representa a consecução do negócio em si, o que determinou o contraimento da obrigação, interessando, portanto, ao Ordenamento Jurídico. A causa é externa – objetiva.
Ex: Aluguel de um imóvel para o irmão.
- motivo: ajudar parente com dificuldades financeiras.
- causa: disponibilidade de dinheiro para pagar o aluguel e disponibilidade do imóvel avençadas pelas partes (exteriorização da vontade).
	Ressalta-se que o motivo pelo qual o imóvel fora alugado não importa ao ordenamento jurídico, entretanto as prestações devidas lhe são importantes.
Obs: A legislação pátria não faz previsão expressa da causa ou motivo como elementos das relações jurídicas, portanto, não os trabalharemos como elementos das relações obrigacionais.
	
	As questões abaixo dizem respeito ao conteúdo estudado na presente aula
1 – Quais os papéis assumidos pelos indivíduos numa relação obrigacional?
2 – É possível uma relação obrigacional com apenas um sujeito? Por quê?
3 – O sujeito numa relação obrigacional pode ser ativo e passivo ao mesmo tempo?
4 – Quais os possíveis objetos numa relação obrigacional?
5 – Um menor pode ser sujeito em uma relação obrigacional? Em que circunstâncias?
6 – O nascituro pode ser sujeito de uma relação obrigacional?
7 – O patrimônio do devedor é o objeto principal da relação obrigacional? Por quê?
8 – O que representa o patrimônio do devedor numa relação obrigacional?
9 – O que difere o objeto imediato do objeto mediato em uma relaçãoobrigacional?
10 – Uma obrigação que inicialmente possui um objeto impossível e que posteriormente se torna possível é considerada nula? Por quê?
11 – Identifique e discorra acerca do objeto da seguinte relação obrigacional: “contratar assassinato”.
12 – Identifique e discorra acerca do objeto da seguinte relação obrigacional: compra de todos os filhotes de determinada ninhada, da qual não se sabem a quantidade, as cores, os tamanhos...
13 - Discorra sobre a questão patrimonial na seguinte obrigação: obrigação de divulgar uma retratação a uma ofensa à honra.
14 – O que representa o elemento externo ao vínculo obrigacional?
15 – Como se estabelece a bipartição do vínculo obrigacional?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Teoria geral das obrigações. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. v.2.
- FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. 8. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
- LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: obrigações e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. v.2.
- RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. v.2.
- ROSA, Pedro Henrique de Miranda. Direito Civil: parte geral e teoria geral das obrigações. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
- VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. v. 2.
O presente material foi elaborado para fins didáticos, entretanto, não substitui a bibliografia adotada pela instituição para efeito de avaliação. Sua função é, tão somente, orientar o aluno com os principais tópicos a serem tratados em sala de aula. As obras utilizadas para suas elaboração devem ser consultadas pelos alunos para aprofundamento do conteúdo. A alteração ou indevida utilização do conteúdo aqui exposto ensejará as penalidades cabíveis
� O sujeito de uma relação jurídica deve ter personalidade jurídica, salvo para os “entes despersonalizados”.
� Se mantida a indeterminação o juiz determinará a consignação e posteriormente quem irá levantá-la.
� Os poderes da representação conferem-se por lei ou pelo interessado (devendo ficar comprovada a qualidade e a extensão dos poderes conferidos) – art. 115 a 120 CC/02.
� Denomina-se objeto imediato (objeto da obrigação), a prestação em si (serviços advocatícios), sendo considerados objetos mediatos (objeto da prestação), os seus desdobramentos (elaboração de petições judiciais, comparecimento a audiências, formalização de acordos...).
� As partes podem convencionar o pagamento de uma prestação que no momento da avença ainda não esteja definida. A determinação do objeto de uma relação obrigacional implica no seu detalhamento. Caso seja determinável, suas características deverão ser declinadas quando do momento do cumprimento.
� A referida avaliação econômica pode estar incutida de forma direta, no próprio objeto da obrigação, ou de forma indireta, quando do descumprimento da mesma, quando será compensada por uma indenização, que não equivale a obrigação, tendo caráter substitutivo. É necessário que a prestação possa ser mensurada economicamente (avaliada em dinheiro) para, em caso de descumprimento, ser traduzida em quantia devida como reparação.
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