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09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 1/22 Cursos de Engenharia Elétrica 2016 Prof. Antonio Guilherme Garcia Lima Vazão © Andreikovnir | Dreamstime.com A potência das usinas hidrelétricas é proporcional à vazão de água que movimenta suas turbinas – a vazão turbinada. A vazão é o escoamento superªcial medido em determinados pontos ou o calculado a partir dos modelos hidrológicos. A vazão aºuente é deªnida como sendo a vazão que chega a um determinado ponto ou usina. Nem toda a vazão aºuente é transformada em energia. Parte é perdida pela evapotranspiração, parte é perdida na vazão vertida e parte é armazenada no volume útil do reservatório. A divisão entre estas parcelas é deªnida pelo Balanço Hídrico. A vazão aºuente depende das condições hidrológicas naturais da bacia hidrográªca, dos aproveitamentos existentes a montante e de outros usos da água ao longo da bacia hidrográªca. A vazão é medida em determinados pontos dos rios das diversas bacias hidrográªcas. A Agência Nacional de Águas – ANA – disponibiliza as informações da rede de estações de coleta de dados. 1 2 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 2/22 Independentemente do tipo de vazão a que nos referimos, a série das medições de cada ponto forma um conjunto ou série de dados horários, diários ou mensais. Este tipo de série é chamada de Série Temporal e forma um capítulo especial na matemática. Analisar os dados das séries históricas de vazão requer alguns cuidados. Não é possível trabalhar com os dados brutos destas medidas porque a atividade humana ao longo das bacias hidrográªcas altera o valor das vazões de forma artiªcial. Por exemplo, ao construirmos uma represa, a vazão do rio a jusante será modiªcada mesmo que o regime hidrológico da bacia não tenha mudado. Por isso, as séries de vazão medidas são processadas e transformadas nas séries de vazão natural aºuente. Teoricamente, esta nova série de vazões equivale à série histórica de vazões que existiria se não houvesse nenhuma intervenção humana. O ONS fornece relatórios anuais com os dados de medições mensais e diárias das vazões naturais de todas as usinas em operação a partir de 1931. A obtenção, manipulação e consolidação dessas informações está descrita nos Procedimentos de Rede do ONS. A questão da medição e manipulação de dados hidrológicos foge do escopo deste curso. Por isso, vamos considerar como premissa que os dados de vazão natural aºuente disponibilizados pelo ONS estão corretos. Análise da Vazão Como o volume de dados é muito grande, a análise dos dados de vazão requer metodologias e ferramentas mais soªsticadas. Planilhas eletrônicas, tipo Excel e Numbers, atingem seus limites com os dados de vazão e não possuem funções avançadas de estatística para tratar séries temporais. Como exemplo, escolhemos Três Marias para esta análise porque ela incorpora características do comportamento hidrológico dos três maiores sistemas – SE/CO, N e NE – e possui reservatório de acumulação. A ªgura 1 mostra a vazão natural aºuente média mensal de janeiro de 1931 a dezembro de 2014 da usina de Três Marias. Pouca ou nenhuma informação pode 3 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 3/22 ser retirada desta ªgura sem um tratamento mais elaborado dos dados dos dados. Figura 1. Vazão Natural Aºuente da Usina de Três Marias Sumário Estatístico Para iniciar a análise das vazões, utiliza-se o sumário estatístico, que é um resumo de diversos índices estatísticos. A tabela 1 apresenta o sumário de Três Marias. Observa-se que alguns índices são adimensionais e outros não. O desvio padrão é exemplo de índice adimensional e a média exemplo de índice dimensional. Tabela 1 - Sumário Estatístico da Vazão de Três Marias Parâmetro Valor Assimetria 1.86 Curtose 4.33 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 4/22 Mediana 443 (m3/s) Máximo 4437 (m3/s) Média 682.13 (m3/s) Mínimo 47.7 (m3/s) Desvio Padrão 0.88 Percentil 5% 150 (m3/s) Percentil 95% 1903 (m3/s) A Assimetria mede como a distribuição probabilidade é assimétrica com relação à sua média. A ªgura 3 mostra que, no caso de Três Marias, a curva concentra- se mais para o lado esquerdo e isto signiªca que a assimetria é positiva. Esta característica é típica para todas as usinas hidrelétricas. A Curtose mede o peso estatístico dos extremos da distribuição de probabilidade de uma variável aleatória. Quando maior a Curtose, maior a probabilidade de ocorrência de valores extremos. A Mediana é o ponto de probabilidade acumulada de 50%. A mediana de 443 m /s signiªca que 50% do tempo a vazão natural aºuente desta usina é inferior a este valor ou superior a este valor. Erro muito comum é considerar a média como sendo o índice que divide a distribuição de probabilidade em partes iguais. Isto só ocorre quando a distribuição de probabilidade da variável aleatória é simétrica. Por isso, a assimetria também pode ser avaliada pela diferença entre a média e a mediana. Os valores Máximo e Mínimo são os valores extremos observados na amostra dos dados. A ªgura 2 apresenta o sumário estatístico em forma gráªca, chamada de boxplot , das vazões mensais médias da usina de Três Marias por mês. Este tipo de gráªco é extremamente útil para visualização rápida dos dados. 4 3 5 6 7 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 5/22 Figura 2. Boxplot Vazão Natural Aºuente Os valores extremos são o mínimo e o máximo da série. Os valores extremos da caixa são as vazões com probabilidade de 25% e 75%. Portanto, o comprimento da caixa representa o intervalo interquartil (IQR), que é outra medida de espalhamento. O IQR é uma medida mais robusta para o espalhamento do que o desvio padrão ou variância. A barra central mais escura é a mediana. Os valores tracejados, que representam os extremos da variável aleatória, são os pontos da série entre o percentil de 75% e o percentil 75% mais IQR da série temporal, e os círculos representam pontos fora da curva. Observa-se que o comportamento estatístico varia com os meses do ano. Durante o período chuvoso a variação da vazão é maior do que durante o período seco. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 6/22 Figura 3. Boxplot de todos os dados Médias, Máximos, e Mínimos A próxima ªgura mostra a vazão natural aºuente mensal de alguns anos escolhidos especialmente para esta usina. O critério de escolha foi a vazão média anual, e a ªgura mostra os anos com vazões médias anuais máxima, mínima, média, moda, mediana, a de 2001 ( ano do racionamento) e a de 2014, a mais recente disponibilizada pelo ONS. A lei de Murphy aparece mais uma vez. A vazão média anual mínima encontrada para esta usina ocorreu em 2014, e a média máxima anual aconteceu em 1983, quando Itaipu estava entrando em operação e sobrava energia no país. É importante observar que o mínimo registrado em 2001, ano do racionamento, foi superado pelo ano de 2014. 8 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 7/22 Três Marias Fonte: ONSJAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 0 1,000 2,000 3,000 4,000 V az ão N at u ra l A fl u en te ( m 3 /s ) JS chart by amCharts 1935 Mediano 1987 Moda 1983 Máximo 1940 Médio 2001 Racionamento 2014 mais recente A ªgura abaixo mostra a média, o máximo, o mínimo, e a mediana da série temporal da média mensal da vazão natural aºuente da usina de Três Marias tendo como base os meses do ano. Esta ªgura é ligeiramente diferente da ªgura anterior porque apresenta os valores mínimos e máximos mensais sem considerar se eles ocorreram no mesmo ano ou não. Vazão Natural Afluente Três Marias jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 V az ão ( m 3 /s ) JS chart by amCharts Média Máximo Mínimo Mediana MLT 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 8/22 Observa-se claramente a sazonalidade anual e, a partir da comparação com a média de todos os dados (média de longo termo- MLT), pode-se determinar o período seco desta usina- Abril a Novembro. Além disso, a mediana ªca claramente menor do que a média durante os meses úmidos e o mínimo dos mínimos mensais é inferior ao pior ano registrado até hoje. O comportamento sazonal está relacionado ao ciclo anual do sol. Isto pode ser generalizado para todas as usinas hidrelétricas do mundo. Contudo, a amplitude, fase e período dependem da localização geográªca e podem ser consideradas um identiªcador da bacia hidrográªca. Existem diversas formas de separar o comportamento sazonal da vazão. A primeira é considerar a média anual dos dados mensais. A ªgura abaixo apresenta a média, o máximo, o mínimo, e a média dos valores médios anuais da vazão natural aºuente da usina de Três Marias. Vazão Natural Afluente Média Anual Três Marias 1950 2000 Ano 0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 V az ão ( m 3 /s ) JS chart by amCharts Max Min MLT Média MMA Observa-se que a sazonalidade anual, presente na série de médias mensais, desaparece na série de médias anuais. Isto já era esperado porque a função matemática média funciona como um ªltro que elimina variações de frequências mais elevadas. Além disso, aparentemente, não existe um comportamento cíclico plurianual bem deªnido e as variações parecem mais aleatórias. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 9/22 Isto sugere a hipótese de que as vazões médias anuais podem ser consideradas séries temporais estacionárias de segunda ordem. Esta hipótese permite uma série de simpliªcações matemáticas nos modelos a serem utilizados mas pode não ser verdadeira. Normalização da Vazão Trabalhar com os dados de vazão em m /s apresenta inconvenientes na comparação com outros rios e aproveitamentos. A normalização resolve este problema, mas a escolha da base para esta normalização requer análise. Consideramos a média de longo prazo – MLT – como sendo a base mais adequada e a ªgura abaixo apresenta os valores normalizados. A Tabela abaixo, que apresenta o sumário estatístico das séries de vazão natural aºuente de Três Marias diárias e mensais, mostra que a média permanece constante e independe da amostra estatística da série temporal. Por isso, utilizamos a média como base na normalização dos séries temporais. Sumário Estatístico - Três Marias Vazão Natural Aºuente Normalizada em base mensal e diária Sumário Estatístico Diário Mensal Mínimo 0,059 0,072 1 Quadrante 0,37 0,39 Mediana 0,61 0,65 Média 1,00 1,00 3 Quadrante 1,27 1,36 Máximo 10,7 6,5 A ªgura 4, que representa a série temporal da vazão natural aºuente normalizada de Três Marias, diferencia-se da Figura 1 apenas pela a escala de 3 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 10/22 vazão. Esta normalização distingui-se completamento da normalização estatística, utilizada em outras análises especíªcas. Figura 4. Vazão natural aºuente – pu Densidade de Probabilidade Mesmo normalizados, os dados apresentados anteriormente não fornecem as informações necessárias para o projeto de usinas hidrelétricas. Por isso, é necessário descobrir o comportamento estatístico da vazão. A primeira ferramenta é o histograma, mostrado na ªgura abaixo. A deªnição das classes da variável aleatória, no caso a vazão, requer cuidado. A maneira mais simples consiste em dividir o intervalo da variável aleatória em intervalos iguais. No caso da ªgura abaixo, utilizamos 10 intervalos mas poderíamos ter utilizado 20. 9 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 11/22 Histograma Vazão Natural Afluente Três Marias 58 496 933 1371 1809 2247 2684 3122 3560 3997 4435 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 D er n si da de d e P ro ba bi lid ad e 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 P ro ba bi lid ad e A cu m u la da JS chart by amCharts Densidade Acumulada Contudo, utilizar intervalos iguais nem sempre permite visualizar corretamente o comportamento da grandeza aleatória. Por isso, existem outros métodos mais soªsticados que utilizam intervalos variáveis. A ªgura abaixo apresenta um destes métodos. Este histograma utiliza os mesmos dados da ªgura acima mas com intervalos ajustados pela probabilidade. Desta maneira, foi possível visualizar o comportamento crescente da distribuição de probabilidade para pequenas vazões. 10 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 12/22 Figura 5. Histograma Irregular Três Maria Observa-se um forte crescimento na densidade de probabilidade antes de atingir seu máximo e um lento declínio para vazões superiores. Este comportamento é típico em grandezas físicas com limitação mínima mas que não possuem restrição física para seu máximo. O valor máximo da densidade de probabilidade é chamado de moda e representa a faixa de vazão com maior probabilidade de ocorrência. A ªgura abaixo mostra a distribuição de probabilidade acumulada da vazão natural aºuente de Três Marias. Ela fornece a probabilidade da vazão ser igual ou inferior a determinado valor. A vazão correspondente a probabilidade de 50% é chamada de Mediana e divide o gráªco em duas áreas horizontais iguais. Isto signiªca que a probabilidade da vazão ser menor ou maior que a mediana é 50%. 11 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 13/22 Figura 6. Probabilidade Acumulada Persistência A probabilidade acumulada fornece a probabilidade de ocorrência de vazões inferiores (ou superiores) a determinado valor. Contudo, em determinados casos, necessita-se determinar a função inversa, isto é, qual a vazão que ocorre para determinada probabilidade. A curva de persistência, ªgura 7, utiliza o complemento da vazão acumulada no eixo horizontal e a vazão no eixo vertical. 12 13 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 14/22 Figura 7. Persistência Vazão Diária A curva de persistência apresenta comportamento não linear, que pode ser melhoradoquando utilizamos o logaritmo da vazão para fazer o gráªco, conforme mostra a ªgura 8. A persistência do logaritmo da vazão apresenta comportamento aproximadamente linear entre o primeiro quartil (25%) e o terceiro quartil, e esta característica permite a aproximação desta curva por uma reta.14 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 15/22 Figura 8. Persistência do log da vazão diária Distribuição de Energia Conforme visto anteriormente, a potência da geração hidrelétrica depende da vazão e a energia depende do volume. Portanto, a avaliação da distribuição estatística da energia requer a análise do volume. A Figura 9 apresenta o histograma da vazão natural aºuente média diária na usina de Três Marias. A diferença entre esta ªgura e a Figura 5 encontra-se na unidade do eixo vertical. Na ªgura anterior, utilizamos probabilidade e agora o eixo representa ocorrências. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 16/22 Figura 9 Histograma da Vazão Natural Aºuente Diária A Figura 10 mostra a distribuição estatística da energia, calculada a partir do histograma da vazão natural aºuente média diária. Os valores deste gráªco foram obtidos pela multiplicação das classes de vazão pela probabilidade de ocorrência associada. Como a probabilidade de ocorrência representa uma medida de tempo, o produto da probabilidade pela vazão normalizada tem dimensão de volume. Por sua vez, multiplicando o volume pelo fator de produtibilidade da usina obtemos a energia. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 17/22 Figura 10. Energia da Vazão Natural Aºuente Diária Volume A determinação do volume de água necessário para regularizar a vazão constitui problema importante no projeto de geração hidrelétrica. Inicialmente, deªne-se o volume base anual como sendo o volume de água médio anual que passa em determinado ponto. Calcula-se este volume multiplicando a vazão média de longo prazo, em m /s, pelo número de segundos no ano (31.536.000 s). Isto signiªca um metro cúbico por segundo por ano equivale a 0,031536 km . Mais uma vez, a normalização das grandezas contribui para simpliªcar a análise dos problemas. A equação do balanço hídrico abaixo fornece a base teórica para o cálculo do volume. 3 3 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 18/22 Onde: Q é a vazão aºuente no instante t; V é o volume do reservatório no instante t; A é a área da superfície do reservatório no instante t; P é a precipitação no reservatório no instante t; E é a evaporação do reservatório no instante t; Q é a vazão eºuente turbinada no instante t; Q é a vazão eºuente vertida no instante t. Como estamos trabalhando apenas com os dados de vazão em um determinado ponto, podemos simpliªcar esta equação desprezando a precipitação e a evapotranspiração. Além disso, como desconhecemos a priori os dados do reservatório e sua operação, podemos considerar o volume de água passando em determinado ponto como sendo o somatório da vazão ao longo de determinado período de tempo, conforme a expressão abaixo. Isto signiªca que, como as vazões são sempre positivas, o volume será sempre crescente e sua análise torna-se complexa e inexata. Apesar disso, este método, conhecido como diagrama de Rippl ou de massas, foi desenvolvido no século passado antes do advento das ferramentas computacionais modernas. Conforme visto anteriormente, considerando a vazão uma série temporal estacionária de segunda ordem, sua média é constante ao longo do tempo. Isto signiªca que o crescimento médio do volume também será constante ao longo do tempo. Portanto, podemos retirar o crescimento constante da análise e trabalhar apenas com as variações de volume ao longo do tempo. A ªgura abaixo mostra a variação da média anual da vazão natural aºuente normalizada da usina de Três Marias. A vazão média anual normalizada possui o mesmo valor numérico que o volume médio anual normalizado, a diferença encontra-se apenas nas bases utilizadas. Portanto, podemos interpretar este gráªco como sendo as variações anuais de vazão ou volume registradas a cada at t t t t et vt 15 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 19/22 ano ao redor do valor médio. Observa-se que os valores se distribuem ao redor de zero, com uma pequena oscilação iniciada na década de 50. Figura 11. Variação do Volume Médio Anual A Figura 12 apresenta a densidade de probabilidade da variação do volume médio anual da usina de Três Marias e mostra que a distribuição de probabilidade se aproxima de uma distribuição normal, apesar de apresentar uma média um pouco inferior a um e comportamento anormal nos extremos. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 20/22 Figura 12. Distribuição Estatística da Variação do Volume Médio Anual Este comprotamento O objetivo desta deªnição é procurar observar apenas as variações de vazão entre os sucessivos ciclos hidrológicos anuais. Desta maneira, capturamos apenas variações plurianuais e desprezamos as variações anuais já estudas. Por deªnição, o volume em t=0 é considerado igual a zero. Como o volume diferencial anual é um somatório de valores normalizados, ele também é um valor normalizado. Conforme esperado, os volumes diferenciais anuais oscilam entre valores positivos e negativos uma vez que a média desses valores é zero por deªnição. Além disso, como seu valor inicial foi considerado igual a zero, seu valor ªnal também será igual a zero. Com este gráªco podemos determinar os anos de maiores aºuências e os de menores aºuências. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 21/22 No caso especíªco de Três Marias, 1983 foi o ano com maior volume de águas e 2001 foi o ano com menor volume diferencial anual. Observamos que enchentes ocorreram periodicamente a cada 13/16 anos e secas ocorreram em maior número, mas com periodicidade aleatória entre 11 e 19 anos. Por outro lado, observamos que, para este aproveitamento, os anos de 1953 a 1960 e de 1998 a 2003 foram todos abaixo da média. Isto ajuda a explicar um pouco o racionamento de 2001. Referências 1. Rozenholc, Y, Mildenberger, T. and Gather, U. , Combining regular and irregular histograms by penalized likelihood. Discussion Paper 31/2009, SFB 823, TU Dortmund. 2. Wiilks, Daniel. Statistical Methods in the Atmospheric Sciences. San Diego: Elsevier Science Co, 2011. Print. N O T A S 1. veja o capítulo Hidrelétricas 2. ver Deªnições 3. Por isso, utilizamos o programa R 4. na verdade isto ocorre também com a velocidade do vento e radiação solar. Todas as variáveis aleatórias que possuem limite inferior apresentam assimetria positiva e todas as variáveis com limitação superior possuem assimetria negativa. A assimetria é zero quando a distribuição de probabilidade é simétrica. 5. É importante observar que eles não são deªnitivos e é impossível garantir que valores mais extremos não aparecerão no futuro. 6. função boxplot do R 7. Wiilks, Daniel. Statistical Methods in the Atmospheric Sciences.San Diego: Elsevier Science Co, 2011. Print. 09/05/2017 Vazão – Cursos de Engenharia Elétrica 2016 http://www.antonioguilherme.web.br.com/blog/geracaodeenergiaeletrica/hidreletricas/hidrologia/vazao/ 22/22 Cursos de Engenharia Elétrica 2016 Orgulhosamente desenvolvido com WordPress 8. “Se algo pode dar errado, dará e será no pior momento possível” Edward Murphy, engenheiro na década de 50. 9. isto também é válido para dados das outras fontes renováveis. 10. função histogram do pacote histogram do R 11. função ecdf do R 12. ( 1- probabilidade da vazão acumulada) 13. As funções “quantile” ( no programa R) e “percentile” (no programa excel) calculam as vazões para determinadas probabilidades. 14. veriªcar isto para diversas usinas 15. demonstre isto /
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