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I Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira (CBCM) III Simpósio de Ciência e Tecnologia do Estado do RJ (SIMADERJ) VARIAÇÃO RADIAL DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA DE Khaya ivorensis e Khaya senegalensis PLANTADAS NO NORTE DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO João Gabriel Missia da Silva, Graziela Baptista Vidaurre, Dâmaris Billo, Denise Ransolin Soranso, Abraão Emerick Melo Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Florestais e da Madeira 1. INTRODUÇÃO O mogno africano (gênero khaya) tem conquistado a atenção de empreendedores florestais pelas suas excelentes características. Entretanto, existe uma carência de informações sobre as propriedades do lenho que determinarão a qualidade desta madeira. O conhecimento do comportamento da densidade básica (DB), da retratibilidade e do fator anisotrópico (FA) fornece informações úteis sobre a qualidade do lenho. Nesta conjuntura, teve-se por objetivo determinar e avaliar a densidade básica, a contração e o fator anisotrópico, no sentido medula- casca, da madeira de K. ivorensis e K. senegalensis, ambas denominadas mogno africano. 2. MATERIAL E MÉTODOS As espécies estudadas foram provenientes de parcela experimental da Reserva Natural Vale S/A, em Sooretama, Espírito Santo, Brasil. Foram utilizadas 5 árvores para cada espécie, com idade de 19 anos. As análises foram realizadas em discos retirados na altura do DAP (1,30m) que foram lixados e demarcados para a retirada de uma bagueta (Figura 1), sendo esta posteriormente seccionada gerando os corpos de prova (cp’s). As dimensões dos cp’s foram 2x2x1cm³, sendo o mesmo utilizado para análise da DB e também da contração. Para a completa saturação as amostras foram submersas em um dessecador, sendo expostos à vácuos diários de 5 minutos, por um período de 22 dias. Após a saturação, obteve-se o volume deslocado por meio do processo de imersão da amostra em água destilada e medição das dimensões úmidas nos sentidos axial, radial e tangencial, com auxílio de paquímetro e micrômetro. Determinado o volume saturado, as amostras foram acomodas em estufa a uma temperatura de 103 ± 5 ºC, sendo que para atingir este ponto a temperatura foi elevada gradualmente, iniciando em 40 ºC, e o período de secagem foi de aproximadamente uma semana. Posteriormente a secagem, o material foi pesado para se obter a massa seca, e mensurada as dimensões secas para o cálculo da DB e contração da madeira. Figura 1 – Demarcação dos cp’s na bagueta. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias encontradas de DB foram 0,433 e 0,575 g/cm³ para K. ivorensis e K. senegalensis, respectivamente, demonstrando uma diferença de 24,7% na densidade entre as duas espécies. Os valores médios de DB da madeira de cada árvore das duas espécies (Figura 2) reafirmam a diferença nos valores de densidade entres as duas espécies, e demonstra diferença no perfil de variação de DB entre as zonas A e B da K. senegalensis. É possível perceber ainda que a madeira de K. ivorensis apresentou picos de valores de DB próximo da medula e da casca. Gonçalves et al. (2007) apresentaram um perfil decrescente de DB no sentido radial para Tectona grandis. Fica claro então que o comportamento da variação de DB no sentido radial não é um padrão para todas as espécies, sendo que esta variabilidade pode ser elucidada pelas diferentes estruturas anatômicas das espécies, assim como pelas proporções lenho inicial e tardio, juvenil e adulto, e cerne e alburno. Outros fatores que ainda podem ser citados são o teor de umidade da madeira, a idade, os tratos silviculturais, o solo e as condições climáticas na qual estava inserida a árvore. Densidade Básica Porção Radial nos Discos A12 A11 A10 A9 A8 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 De ns id ad e B ás ica (g / cm ³) 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 K. ivorensis K. senegalensis Medula Figura 2 - Variação radial média de DB da madeira das árvores de K. ivorensis e K. senegalensis. Contração Volumétrica Porção Radial do Disco A12A11A10 A9 A8 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 Co nt ra çã o Vo lu m é tr ica (% ) 7 8 9 10 11 12 13 14 15 K. ivorensis K. senegalensis Medula Figura 3 - Variação radial média de contração volumétrica da madeira das árvores de K. ivorensis e K. senegalensis. Com relação à contração volumétrica e ao fator anisotrópico, a K. ivorensis apresentou valores de 9,283% e 1,829, respectivamente, enquanto a K. senegalensis apresentou 11,819% e 1,708. Observando a classificação de FA e sua relação com a qualidade da madeira proposta por Moreschi (2005), as Khayas estudadas foram classificadas como madeiras normais (1,6 FA 1,9). Conforme apresentado na Figura 3, as madeiras das duas espécies do gênero Khaya apresentaram comportamento variável de contração no sentido medula-casca. Enquanto a K. ivorensis apresentou maiores valores de CV na região medular e nas proximidades da casca, a K. senegalensis apresentou seus menores valores de CV nessas mesmas regiões. A Figura 4 descreve o comportamento do FA, que apresentou expressivas variações radiais, sendo que para as duas espécies os menores valores encontrados foram próximos da medula e da casca. Fator Anisotrópico Porção Radial do Disco A12A11A10 A9 A8 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 Fa to r A ni s o tró pi co 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 K. senegalensis K. ivorensis Medula Figura 4 - Variação radial média de fator anisotrópico da madeira das árvores de K. ivorensis e K. senegalensis. 4.CONCLUSÃO De maneira geral, a densidade básica da madeira do mogno africano apresentou maiores valores próximo da medula e da casca, no entanto esta tendência pode ser alterada, por exemplo, pela presença de lenho de reação. Com relação à contração volumétrica a sua variação radial apresenta um perfil crescente. O fator anisotrópico do mogno africano variou consideravelmente ao longo do sentido radial. 5. BIBLIOGRAFIA GONÇALVES, M. P. M., et al. Variação radial da densidade básica e comprimento das fibras da madeira de Tectona grandis L. Floresta e Ambiente, Seropédica, v.14, n.1, p. 70-75, 2007. MORESCHI, J. C. Propriedades tecnológicas da madeira. Curitiba:UFPR, 2010, 169 p.(Manual didático, 3 ed.) 6. AGRADECIMENTOS À Reserva Natural Vale pela concessão do material e condições para a realização deste trabalho. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo pelo financiamento para a condução da pesquisa.
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