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AULA 1 - CONHECENDO A MACROECONOMIA MACROECONOMIA Em termos gerais, a Macroeconomia representa o estudo das grandes variáveis econômicas. Mais precisamente, das variáveis econômicas agregadas. A Macroeconomia pode ser entendida segundo quatro variáveis agregadas: o nível de preços, o nível de emprego, a taxa de câmbio e a taxa de juros. MACROECONOMIA X MICROECONOMIA A Macroeconomia consiste no estudo do comportamento da economia como um todo, ou seja, de maneira agregada, interdependente. A Microeconomia, por sua vez, concentra-se no comportamento dos consumidores e das empresas, sempre sob a ótica desagregada ou setorial. O PREÇO Na forma agregada, o preço representa a soma de todos os preços de todas as empresas que operam em um mesmo sistema econômico (ou em uma mesma economia). Desse modo, encontra-se a variável agregada preço, ou, simplesmente, o nível de preço. Sobre a variável preço, vale notar que um dos efeitos de sua dinâmica de alteração é a inflação. A INFLAÇÃO A inflação refere-se a um aumento no nível geral de preços. Opõe-se à deflação, que se refere à diminuição do nível geral dos preços. Ambos os conceitos são consequências da alteração do valor do dinheiro – da moeda – e não do valor dos bens. O EMPREGO O emprego se refere às posições destinadas ao trabalhador – ou à mão-de-obra – como fator de produção dentro de um sistema econômico. Dentro de uma economia, o nível de emprego depende das expectativas dos empresários em torno do que vão produzir (extensão do ambiente empresarial, do número e do tamanho) das empresas que operam ali e até da utilização de tecnologia que substitua o trabalho humano. RENDA A renda se refere aos ganhos provindos do trabalho. A renda depende também de inúmeras variáveis, desde a demanda do mercado por trabalhadores de um determinado setor até a oferta de trabalhadores disponíveis para determinada atividade. A desigualdade de renda dentro de uma economia é a base de nossa tão conhecida diferença de classes. CRESCIMENTO ECONÔMICO X RECESSÃO O crescimento econômico representa o aumento das atividades econômicas de um país durante um período de tempo (normalmente um ano). Muitas vezes é medido pelo produto interno bruto (PIB). O contrário de crescimento econômico é a recessão. Em períodos de recessão, de um ano para o outro, ao invés de produzir mais, o país apresenta níveis de produção e emprego menores. A TAXA DE CÂMBIO A taxa de câmbio expressa quanto se deve pagar em moeda nacional para adquirir uma unidade monetária de outra moeda, ou seja, de quantos reais precisamos para comprar um dólar, por exemplo. Para cada moeda estrangeira haverá uma taxa de câmbio. Tudo se passa como se a moeda estrangeira fosse uma mercadoria qualquer. A desvalorização da taxa de câmbio significa que a moeda estrangeira encareceu. A valorização do câmbio nos diz que a moeda estrangeira está mais barata. A TAXA DE JUROS Sob a ótica do consumidor, quanto o mercado embute no preço de produtos e serviços em função de compras a crédito. A taxa de juros é uma das formas que o mercado encontra para compensar perdas diante da inflação. Uma elevação da taxa de juros prejudica as pessoas que compram a prazo. Esses consumidores vão pagar mais caro por seus financiamentos. Por outro lado, aqueles que aplicam seus recursos no mercado financeiro ficarão muito contentes ao receber mais, graças ao aumento dos juros. AS VARIÁVEIS E SUAS DECORRÊNCIAS Essas quatro variáveis agregadas das quais a Macroeconomia se ocupa (nível de preços, salários, taxa de câmbio, taxa de juros) irradiam seus efeitos sobre grandes questões nacionais, como o crescimento econômico do país, a inflação, o comércio exterior, representado pelo balanço de pagamentos, e a distribuição de renda. A TAXA DE JUROS SOBRE O MERCADO A taxa de juros, ou seja, aquilo que se paga de juros por pegar dinheiro emprestado, afeta os investimentos dos empresários. Assim, a elevação dos juros inibe os investimentos em recursos produtivos (aqueles destinados a aumentar a produção) e estimula a poupança. Se os empresários investem menos, como consequência, a produção deverá crescer menos. E como produção menor implica menos emprego, percebemos como a taxa de juros pode afetar o nível de emprego de uma economia. TRADE-OFF O trade-off é uma expressão inglesa que, em economia, representa uma situação-dilema (ou um conflito de decisão), em que uma ação em proveito de alguma coisa dificulta uma outra. “Cobertor curto”: ao se resolver um problema, quase sempre acentua-se algum outro. QUATRO PROBLEMAS (MACRO) ECONÔMICOS NACIONAIS – inflação; – crescimento econômico baixo; – dívida externa alta; – má distribuição de renda. COLOCAÇÕES NO MERCADO DE TRABALHO A SEREM OCUPADAS POR ECONOMISTAS: • no Ministério da Fazenda, assessorando o ministro em questões nacionais; • em empresas multinacionais, onde tenha a função de estudar o comportamento econômico das empresas concorrentes; • no mercado financeiro, pois ali terá que verificar quais títulos financeiros darão maior rentabilidade com o menor risco; • em bancos comerciais (ex.: Banco do Brasil), uma vez que sua tarefa diária será estimar o volume de recursos que podem ser emprestados aos setores público e privado; • no setor imobiliário, no departamento de lançamentos de prédios de luxo. AULA 2 - MEDINDO AS ATIVIDADES ECONÔMICAS O QUE É O PIB? O produto interno bruto (PIB) representa a estimativa do valor de tudo que foi produzido por um país em determinado período. Este valor é calculado com base nos preços de mercado, leva em conta apenas os bens e serviços finais (aqueles destinados diretamente ao consumidor final); o período tomado como base pode ser anual, semestral etc. COMO SE CALCULA O PIB? Para efeito ilustrativo, suponha que, no ano X, um país tenha produzido apenas três produtos (a, b, c), da seguinte forma: Assim, o pib desse país seria: PIB = (2 x 2) + (4 x 3) + (1 x 5) = R$ 21 PIB NOMINAL, PIB REAL Uma forma de evitar a influência da variação de preços sobre o cálculo do produto interno bruto consiste em medir o PIB em termos reais. Daí, surgem dois conceitos de PIB: um seria o PIB nominal, que representa o PIB a preços correntes, ou o PIB baseado nos preços praticados pelos mercados. O outro, que denominamos PIB real, consiste no valor do produto interno bruto em termos de preços constantes, a partir de um ano considerado como base de referência. O DEFLATOR DO PIB O deflator do PIB é o índice destinado a isolar o fator inflação do cálculo do produto interno bruto de um país, em um determinado período. O deflator nos dirá qual parte do aumento do PIB nominal cabe somente ao crescimento dos preços e nos ajudará a perceber quanto do aumento do PIB se deve a uma elevação real no nível de produção. O deflator do PIB pode ser interpretado como um indicador da variação do nível médio de preços de um país. Isto é nada mais nada menos do que dizer que o deflator do PIB consiste em uma indicação da taxa de inflação do período. A fórmula de cálculo do deflator é: O PRODUTO NACIONAL BRUTO O produto nacional bruto (PNB) representa a produção cuja renda correspondente é de propriedade dos indivíduos residentes no país de forma definitiva. Ou seja: o PNB é a soma de tudo o que é produzido aqui e fica aqui. A diferença entre PIB e PNB é a renda líquida enviada ao exterior (RLEE ou a renda que é mandada para o exterior menos aquela procedente do exterior). O PRODUTO INTERNO LÍQUIDO Parte do valor dos bens e dos serviços gerados em um determinadoperíodo pode ser perdida, seja pelo desgaste, pela perda de utilidade por uso, ação da natureza ou ainda por obsolescência. Pois o produto interno líquido é precisamente o produto interno bruto decrescido dessa depreciação. PIL = PIB – depreciações. PIB NEGATIVO Quando a taxa de crescimento do PIB é negativa – o PIB real de um ano é menor do que o do ano anterior, diz-se que houve recessão. Isto equivale a dizer que a atividade econômica diminuiu entre um ano e outro. FLUXO CIRCULAR DA RENDA E DO PRODUTO O fluxo nominal de rendas se dá da seguinte forma: As empresas têm como objetivo produzir através da combinação de fatores de produção. Como contrapartida os remunera com salários (trabalho), lucros (capital) e alugueis (terra). Tal negociação se dá no mercado de fatores de produção, onde as famílias ofertam trabalho, capital e terra e recebem em troca suas respectivas rendas. Por outro lado, as famílias consomem produtos cuja despesa é de mesmo valor nominal da renda. Em troca, no mercado de produtos, adquirem bens e serviços, gerando uma receita de igual valor nominal para as unidades produtivas. A RENDA PER CAPITA A renda per capita é a quantia em reais que cada habitante receberia caso o PIB fosse dividido igualmente entre toda a população. Note que a renda per capita é uma média, uma estimativa, uma vez que desconsidera o fator distribuição de renda. AULA3 - O PIB E OS COMPONENTES DA DEMANDA AGREGADA OS COMPONENTES DO PIB O valor do PIB é igual à soma do consumo agregado, do investimento agregado e do consumo do governo com o total das exportações, decrescido do total das importações. PIB = C + I + G + (X – M) CONSUMO O consumo é uma variável bastante simples e palpável: diz respeito à despesa das famílias com a compra de bens e serviços. INVESTIMENTOS Os investimentos referem-se exclusivamente às empresas. São todas as despesas envolvidas no funcionamento de uma empresa, a não ser as relativas à remuneração da força de trabalho e ao pagamento de impostos. CONSUMO DO GOVERNO O consumo do governo é a despesa do Estado (nos âmbitos federal, estadual e municipal) com compras de bens e serviços. EXPORTAÇÕES As exportações são os valores das vendas dos bens e dos serviços para outros países ou o total de produtos e serviços que se originam em solo nacional mas que serão consumidos em outras partes do mundo. IMPORTAÇÕES As importações representam os valores do que se compra do exterior, ou tudo que é produzido em outros países e vai ser consumido aqui. INVESTIMENTOS EM ESTOQUES Os investimentos em estoques representam todos os bens produzidos que não foram vendidos. Estes podem ser investimentos em estoque planejados, ou não planejados. • O estoque involuntário é a variação involuntária do estoque por falta de compradores. • Os estoques voluntários são aqueles bens produzidos para compor o estoque. A diferença entre investimento planejado e realizado é dada justamente pela existência dos estoques involuntários. Ir = Ip + ∆estoque Ir – Ip = ∆estoque O PIB A PARTIR DA RENDA O valor de tudo que é produzido com bens e serviços tem como contrapartida a remuneração de quem os produziu (direta e indiretamente). Logo, o valor do PIB é distribuído em renda para as famílias. Ou seja, sua renda pode ter apenas três destinos: o consumo (C), a poupança (S, do inglês savings) ou o pagamento de impostos (T, do inglês taxes). Dessa maneira, tem-se outra identidade: PIB = C + S + T Logo, C + S + T = C + G + I + (X – M) DEMANDA AGREGADA A demanda agregada, por definição, é o desejo dos indivíduos de adquirir os bens e os serviços produzidos em um país dentro de um determinado período de tempo. Chega-se a ela através de três componentes: o consumo agregado (C), o investimento das empresas (I) e os gastos do governo com bens e serviços (G). Logo, DA = C + I + G. MODELO DO PONTO DE EQUILÍBRIO Esse modelo estipula que há equilíbrio quando o produto (PIB), que aqui representaremos por Y, for igual à demanda agregada (DA). Então, quando o PIB está em equilíbrio, Y = DA = C + I + G AULA 4 - DETERMINAÇÃO DA RENDA E DA PRODUÇÃO DE EQUILÍBRIO PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR A mede quanto da variação da renda será utilizada para aumentar o consumo. Seu intervalo de variação é de 0 a 1. A propensão marginal a consumir pode ser calculada da seguinte maneira: PMc = (mudança no consumo) / (mudança na renda) FUNÇÃO DE CONSUMO C = Co + cY C representa o consumo; Co representa a parcela de consumo que não depende da renda, ou seja, o consumo autônomo e se refere aos gastos essenciais (arroz, feijão, conta de luz etc.); c mede a variação do consumo em relação à variação da renda, a propensão marginal a consumir (PMc). Y é a renda esperada. A RENDA DISPONÍVEL Renda disponível é tudo o que resta às famílias, descontados dos ganhos totais os impostos diretos (imposto de renda, CPMF etc.). Podemos descrever o consumo como uma função que depende da renda disponível: C = Co + cYd Yd é a renda disponível. A FUNÇÃO POUPANÇA A função poupança representa a poupança como dependente do nível de renda. Esta relação é positiva, ou seja, quanto maior a renda, maior o nível de poupança. A função assume valores negativos para níveis demasiadamente baixos de renda disponível, o que pode ser entendido como uma “despoupança”. S = - Co + (1- c)Yd RENDA DE EQUILÍBRIO O primeiro termo é chamado multiplicador dos gastos autônomos (m). Ele recebe esse nome porque o valor da renda de equilíbrio será m vezes o valor dos componentes autônomos da equação (consumo, gastos governamentais etc.), representados pelo segundo termo (Co – cT + I + G). O SETOR EXTERNO NA DETERMINAÇÃO DA RENDA m é a fração da renda (Y) destinada às importações (M). Considerando que I, G e X são variáveis autônomas ou fixas, elas passam a ser representadas por Io, Go e Xo. PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR, POUPAR E IMPORTAR A soma da propensão marginal a consumir com a propensão marginal a poupar e a importar assume o valor 1. Isso significa dizer que, uma vez que há um acréscimo de renda, só existem três maneiras de utilizá-las: consumindo nacionalmente, poupando ou importando – a soma dos três assume o valor 1. Isto é: c + s + m = 1 AULA 5 - OS INVESTIMENTOS E AS TAXAS DE JUROS POR QUE INVESTIR? Os investimentos têm dupla função na economia: são um importante elemento de demanda agregada e proporcionam incremento na capacidade produtiva. Esta última função dos investimentos se dá por conta de se aumentarem os recursos disponíveis – estoque de capital – destinados à produção de bens e serviços. Podemos dividir os investimentos em duas fases: A primeira ocorre quando há despesas com a compra de capital, o que impulsiona a demanda agregada (ainda não há o resultado dos investimentos em termos de aumento da produção). A segunda se nota após a maturação dos investimentos, o que resulta em aumento da produção (oferta agregada) e da capacidade produtiva da economia. o investimento pode ter duas dimensões: pode ser bruto ou líquido. Considerando que o estoque de capital também se deprecia, a diferença entre investimento bruto e líquido é dada pelo montante de investimento destinado a cobrir o que se desgasta ao longo do tempo, ou seja, a depreciação. IL = IB – D A TAXA DE JUROS O conceito de taxa de juros recai sobre duas vertentes: a taxa nominal e a taxa real. A primeira é definida como aquela expressaem termos de quantas unidades monetárias são pagas como juros. A taxa real de juros, por sua vez, mede o quanto realmente se paga, levando em consideração o poder aquisitivo do dinheiro antes e depois de pago o empréstimo. Isto é, considera-se a perda do poder aquisitivo do dinheiro dada a inflação entre o momento em que se pegou e o momento em que se pagou pelo empréstimo. Considera-se a taxa real de juros como: r = n – π (1 + r)(1 + π) = (1 + n) r = taxa real de juros n = taxa nominal de juros π = taxa de inflação VARIÁVEIS REAIS E NOMINAIS Em economia, as variáveis podem ser classificadas como nominais ou reais. As variáveis nominais são aquelas expressas em unidades monetárias. As reais são as expressas em termos de poder aquisitivo ou poder de compra. As variáveis reais são obtidas a partir das variáveis nominais. Para chegar à variável real, basta dividi-la por um índice de preços (deflacionar) e obtém-se a variável real. AULA 6 - O SISTEMA MONETÁRIO O QUE É MOEDA? É todo meio utilizado pela sociedade para realizar a compra de bens e serviços (ex.: papel-moeda e depósitos nos bancos, também chamados de moeda escritural). Os economistas apregoam que a moeda tem três funções: é um intermediário de troca, serve como unidade de conta e funciona como reserva de valor. • Como intermediário de troca, a moeda transforma as transações em trocas indiretas; • A função da moeda como unidade de conta deriva do fato de que ela expressa os valores das mercadorias e de todos os ativos em geral pela sua própria unidade. Esta é, portanto, uma atribuição da moeda: cotar os valores (unidade de conta) em unidades monetárias; • Como reserva de valor, a moeda pode ser utilizada em vários períodos de tempo. A pessoa com a posse da moeda pode utilizá-la no futuro. CARACTERÍSTICAS DE UMA MOEDA • Durabilidade; • Aceitação universal; e • Difícil falsificação. VALOR INTRÍNSECO DA MOEDA A moeda-mercadoria (mercadoria que assume a função de moeda) tem obrigatoriamente valor intrínseco, ou seja, tal mercadoria, mesmo não sendo utilizada como moeda, tem algum valor de troca. Hoje em dia, quando um papel-moeda deixa de existir como moeda, deixa de ter qualquer valor (exceto para os colecionadores). Assim, seu valor intrínseco é zero. O valor extrínseco da moeda, por sua vez, é o poder aquisitivo do seu valor de face (que vem sempre indicado: um real, dez reais etc.). OS BANCOS COMERCIAIS Denomina-se banco comercial todo estabelecimento bancário autorizado pela autoridade monetária a receber depósitos à vista. São exemplos: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e tantos outros. A atividade principal de um banco comercial é realizar empréstimos. BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN) Nosso Banco Central é uma autarquia federal criada em 1964. Até 1985, exercia, juntamente com o Banco do Brasil, as funções de autoridade monetária. A atual Constituição de 1988 assegura ao Bacen a exclusividade de instituição emissora de moeda no país. É possível listar algumas de suas principais funções: 1) Banco dos bancos. O Banco Central empresta aos bancos (o que se chama redesconto de liquidez); 2) Guardião das reservas internacionais. O que o país recebe de moedas estrangeiras (reservas internacionais) é mantido no Bacen; 3) Banco do governo. O governo deposita no Banco Central seus recursos referentes a impostos e taxas (recursos do Tesouro Nacional). O Bacen realiza empréstimos ao governo (nos níveis federal, estadual e municipal) e mantém e opera os títulos do governo; 4) Emissor de moeda (manual e etálica). A OFERTA DE MOEDA A moeda, que nada mais é do que os meios de pagamento (M), pode ser delimitada como o total do papel-moeda em poder do público (PMPP) mais os depósitos à vista nos bancos comerciais. Ou seja: M = PMPP + DVBC Definindo como Base Monetária (B) o PMPP e o total de reservas mantidas pelos bancos comerciais (R), temos: B = PMPP + R RESERVAS DOS BANCOS COMERCIAIS Os bancos comerciais possuem três tipos de reservas (ou encaixes) para estarem aptos a responder pelos seus compromissos de guardiões dos depósitos: • encaixes em caixa: são os caixas das agências bancárias. Eles estão lá para atender aos que vão sacar ou trocar os cheques por papel-moeda; • reservas voluntárias: são aquelas mantidas no Banco Central (até 1986 eram mantidas no Banco do Brasil) para fins de compensação de cheques. Toda noite, os cheques de diversos bancos são confrontados. Aqueles que devam pagar mais do que receber podem lançar mão das reservas voluntárias; • reservas compulsórias: por determinação da regulação bancária, o Banco Central estipula obrigatoriamente a retenção de uma porcentagem dos depósitos à vista como encaixes compulsórios, que devem ser recolhidos no Banco Central. O MULTIPLICADOR DOS MEIOS DE PAGAMENTO O Banco Central, como já vimos, é a instituição que autoriza a emissão de moeda no Brasil. Porém, pelo que foi dito anteriormente, ao emprestar parte dos depósitos que recebem de seus clientes, os bancos comerciais também criam moeda. Esse mecanismo bancário de criação de moeda ocorre porque apenas uma fração dos depósitos é mantida como reservas, emprestando-se o restante. Esses novos empréstimos acabam se transformando em novos depósitos que, pela regra dos bancos de manter apenas uma parcela como reservas, acabam gerando novas rodadas de empréstimos–depósitos–reservas–empréstimos. Ou seja, os bancos criam meios de pagamento adicionais. Isso é o que se conhece como multiplicador bancário ou dos meios de pagamento. O valor do multiplicador é obtido pela divisão entre os meios de pagamento e a base monetária. O CONTROLE DA OFERTA DE MOEDA PELO BANCO CENTRAL O Bacen exerce tal controle de três modos: • Operações de open market (mercado aberto): Open market é a operação em que o Bacen compra ou vende títulos do governo no mercado de títulos • Reservas compulsórias: De acordo com o Banco Central, todo banco precisa reservar uma fração dos depósitos que recebe • Taxa de redesconto: é possível que, em determinado momento, os bancos se vejam sem moeda sufi ciente para atender aos saques de seus clientes. Nessa situação de insuficiência eles podem recorrer ao Bacen para receber empréstimos de liquidez. O Bacen os atende, mas cobra uma taxa de juros em função desse empréstimo. Essa taxa é denominada taxa de redesconto de liquidez. A taxa de redesconto é, portanto, a taxa de juros que os bancos têm de pagar ao Bacen quando estão sem liquidez (ou sem moeda sufi ciente) para atender aos clientes. AULA 7 - A DEMANDA POR MOEDA A DEMANDA POR MOEDA A teoria monetária (segmento da teoria econômica que estuda as questões relacionadas a moeda, preços e taxa de juros) enfatiza que a demanda por moeda se dá por motivos de transação, precaução e especulação. O MOTIVO TRANSAÇÃO A demanda por moeda por motivo transação é o montante de moeda suposto como o suficiente para efetuar os gastos planejados por um certo período de tempo. O MOTIVO PRECAUÇÃO A demanda por moeda por precaução se dá pela ciência de que fatos imprevistos podem ocorrer. Quando não sabemos com exatidão o que iremos precisar gastar ou mesmo quando iremos receber nossos rendimentos, demandamos alguma quantidade de moeda para fazer frente a essas incertezas. Esse volume de dinheiro é o que chamamos de encaixes (saldos) monetários por motivo de segurança ou precaução. Y representa a renda monetária k representa a proporção média da renda que será destinada à retenção de moeda, O MOTIVO ESPECULAÇÃO OU PORTFÓLIO Parcela dademanda por moeda que o indivíduo guarda com objetivo de ser beneficiado por algum ganho futuro. h representa a sensibilidade do mercado diante de um aumento na taxa de juros e vice-versa. i representa taxa média de juros. A FUNÇÃO DA DEMANDA POR MOEDA Ao reunir (agregar) os três motivos pelos quais as pessoas retêm moeda, temos: DEMANDA REAL POR MOEDA P representa o nível geral de preços. A equação nos diz que a demanda real por moeda, a demanda pelo poder aquisitivo da moeda, é uma função positivamente relacionada ao nível de renda real e negativamente relacionada à taxa de juros. Os parâmetros k e h expressam, respectivamente, a magnitude com que a renda real e a taxa de juros afetam a demanda por moeda, isto é, uma elevação na renda real deve aumentar a demanda real por moeda em k u.m.; Já uma elevação na taxa de juros deve reduzir a demanda real por moeda em h u.m. VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO DA MOEDA Taxa pela qual a moeda “gira” pela economia em determinado período. V é a velocidade de circulação da moeda; P representa o nível de preços; Y representa o nível da produção agregada ou PIB; M representa a quantidade de moeda no país. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA A Teoria Quantitativa da Moeda revela que a quantidade de moeda multiplicada pela sua taxa de circulação (velocidade-renda) é igual ao valor das transações ou ao PIB nominal. Essa equação determina que uma expansão na quantidade de moeda, mantida constante a velocidade-renda, implica elevação no nível de preços, aumento na quantidade produzida ou uma combinação dessas duas variáveis. AULA 8 - SISTEMA FINANCEIRO AGENTES ECONÔMICOS São todos os agentes que participam da economia: as famílias, as empresas, o governo e o setor externo. RELAÇÕES FINANCEIRAS São relações de transferência de renda do agente superavitário para o agente deficitário. Todas as vezes que um agente econômico transfere poder de compra para outro agente econômico, tendo em contrapartida a promessa de pagamento futuro, ocorre uma relação financeira. AGENTE SUPERAVITÁRIO É o agente econômico que apresenta a receita (ou renda) de seu orçamento maior que os seus gastos. É o agente econômico cujos planos de dispêndio corrente são inferiores à sua renda para o mesmo período. AGENTE DEFICITÁRIO É o agente econômico que apresenta a receita (ou renda) de seu orçamento menor que os seus gastos. É o agente econômico que pretende gastar correntemente mais do que sua renda. POUPANÇA DE UM AGENTE ECONÔMICO Poupança de um agente econômico é toda a renda disponível (isto é, a renda menos os tributos) que este recebeu subtraindo-se o que ele gastou comprando bens e serviços de consumo no mesmo período. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA É a instituição que assume o papel de intermediador financeiro. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Ocorre quando uma instituição faz a “ponte” entre um agente superavitário e um agente deficitário. Nesse caso, a instituição assume um contrato com cada uma das partes, sendo devedor do agente superavitário e credor do agente deficitário. Logo, assume com o agente superavitário todo o risco inerente ao agente deficitário. JURO É a remuneração que o tomador de recursos paga ao dono do capital monetário emprestado. TAXA DE JUROS É o percentual cobrado sobre o total do capital monetário emprestado para pagar juros. RISCOS É a possibilidade de ganho ou perda dentro de um contrato. Está associado à incerteza quanto ao futuro. GARANTIA É o compromisso adicional assumido entre o emprestador e o tomador de empréstimo. Nesse compromisso é oferecido, por parte do tomador, algum bem que garanta que o contrato será realizado no final. FIADOR É o agente econômico que abona outro agente tomador de empréstimo com a finalidade de se responsabilizar, caso o contrato de empréstimo não seja quitado. TÍTULOS É o certificado de propriedade de um bem ou valor monetário. TÍTULOS DE DÍVIDA Ocorre quando o título refere-se a uma dívida que será quitada no futuro. O agente econômico que carrega um título de dívida tem o direito de receber (em data estipulada) o valor expresso no título. DIVIDENDOS É a remuneração dada na forma de renda a cada título de propriedade (ação) de uma sociedade anônima. AÇÃO É o certificado de propriedade (título de propriedade) de pequena parte de uma empresa. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS BANCÁRIAS São instituições financeiras que estão autorizadas a captar parte dos recursos através de depósitos (depósito à vista, depósito a prazo e depósito em poupança). INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO-BANCÁRIAS São instituições financeiras que, ao captarem seus recursos, geram títulos de dívida. MEIOS DE PAGAMENTO São todos os ativos que podem liquidar qualquer dívida de imediato, ou seja, a possibilidade de pagamento da sociedade. São considerados meios de pagamentos o PMPP e os depósitos à vista. DIFERENTES TIPOS DE INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS Na maioria dos sistemas financeiros de países industrializados (caso do Brasil), as instituições bancárias são obrigadas a atuar em apenas um tipo de mercado. O que determina essa atuação é o tipo de captação de depósito que é realizado. Desta forma, temos: Banco comercial - autorizado a captar depósito à vista. O banco comercial tem como principal fonte de captação de recursos os depósitos à vista e aplica a maior parte desses recursos no mercado de crédito de curto prazo para pessoas física e jurídica, sendo o crédito fornecido à pessoa jurídica para financiar capital de giro. Os principais riscos desse tipo de banco são os riscos de crédito e de liquidez, e adquirem ativos de curta duração; Banco de investimento - autorizado a captar depósito a prazo. O banco de investimento tem como principal fonte de captação de recursos os depósitos a prazo e aplica a maior parte desses recursos no mercado de capitais. O principal risco desse tipo de banco é o risco de capital. Essas instituições adquirem ativos de duração mais longa, tais como título de dívida e de propriedade; Banco de poupança - autorizado a captar depósito em poupança. O banco de poupança tem como principal fonte de captação de recursos os depósitos em poupança e aplica a maior parte desses recursos no mercado de crédito, contudo, em um mercado específico: o mercado imobiliário. O principal risco desse tipo de banco é o risco de crédito; entretanto, tal risco é amenizado pela garantia gerada pelo imóvel adquirido. TIPOS DE DEPÓSITOS REALIZADOS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS BANCÁRIAS: Depósito à vista (depósitos feitos em conta corrente e que possuem liquidez imediata – podem ser trocados por moeda a qualquer momento); Depósito à prazo (depósitos feitos no banco mas não resgatáveis a qualquer momento, são obrigações que o banco tem com os clientes que só podem ser resgatados em prazo pré- determinado entre os dois, e caso haja necessidade de resgatá-lo o cliente poderá perder rendimentos) e Depósito em poupança (obrigação que os bancos criam quando o cliente deposita uma determinada quantia com o objetivo de obter algum rendimento, eles podem ser resgatados a qualquer momento, mas somente com um pedido direto aos bancos, isto é, não podem ser transferidos por emissão de cheque. AULA 9 - O SETOR PÚBLICO TEORIA ECONÔMICA É uma parte da Ciência Econômica em que as hipóteses levantadas sobre o funcionamento da realidade social são organizadas de forma sistemática. POLÍTICA ECONÔMICA É a parte daCiência Econômica que busca a normatização. Isto é, após sistematizar as hipóteses levantadas na teoria, volta-se para a prática objetivando regular a realidade social em questão. Daí a importância de a teoria econômica ser de conhecimento da população para que esta compreenda os mecanismos de condução da política econômica. SETOR PÚBLICO Compreende todos os órgãos e empresas pertencentes ao Estado (nas esferas estadual, municipal e federal). Com uma observação: para o caso brasileiro, são considerados os órgãos e empresas não-financeiras mais o Banco Central do Brasil. FUNÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR PÚBLICO Função alocativa (prover os chamados bens públicos), a função distributiva (distribuir a renda da forma que a sociedade considere justa) e a função estabilizadora (buscar baixo nível de desemprego e nível de preços controlado). DENTRO DE SUA ESTRUTURA TRIBUTÁRIA, O SETOR PÚBLICO PODE UTILIZAR ALGUNS PRINCÍPIOS: Princípio da capacidade de pagamento - taxas de tributação progressiva conforme a renda; Princípio do benefício - o pagamento do tributo feito em conformidade com quem utiliza o benefício; Princípio da neutralidade - a estrutura tributária deve afetar o mínimo da alocação de recursos da economia; e Princípio da simplicidade - o tributo deve ser de fácil arrecadação. TIPOS DE IMPOSTOS Impostos diretos - São tipos de impostos em que as cobranças são feitas diretamente sobre a fonte pagadora do imposto; Impostos indiretos - São impostos que incidem sobre bens e serviços, e por isso não são cobrados diretamente da fonte pagadora. COMO O GOVERNO GASTA SEUS RECURSOS O governo realiza seus gastos comprando bens e serviços produzidos na sociedade e/ou pagando seus funcionários, e/ou transferindo renda e/ou dando subsídios. Os gastos realizados nas compras de bens e serviços de consumo e intermediários são chamados gastos correntes ou de custeios. Já os gastos realizados na compra de bens de capital são chamados gastos de capital. NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO Representa o resultado do governo, isto é, a diferença entre o total arrecadado pelo setor público e o total gasto por esse mesmo setor. Pode também ser pensada como a variação do endividamento do governo. NFSP PRIMÁRIA É a necessidade de financiamento do setor público excluindo-se as despesas financeiras (pagamento de juros). NFSP NOMINAL É a necessidade de financiamento do setor público levando em conta o pagamento com juros nominais, ou seja, inclui o ganho real mais a parte referente à inflação. NFSP OPERACIONAL É a necessidade de financiamento do setor público levando em conta o pagamento com juros real. AULA 10 - POLÍTICA FISCAL PRINCIPAIS POLÍTICAS ECONÔMICAS EXISTENTES Política fiscal; política monetária, política cambial e política comercial. POLITICA FISCAL É a forma de utilizar os instrumentos do orçamento público para normatizar os agregados macroeconômicos. Os objetivos dessa política dependem da teoria econômica que está sendo utilizada. PLENO EMPREGO (DA PRODUÇÃO) Ocorre quando os fatores de produção estão sendo utilizados ao máximo, isto é, não existe desemprego involuntário nem capacidade produtiva ociosa – esta acontece quando o estoque de capital (máquinas, equipamentos etc.) da economia não está sendo plenamente utilizado. DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO Ocorre quando trabalhadores estão ofertando trabalho ao salário oferecido pelo mercado mas não conseguem emprego. QUANDO O GOVERNO DEVE AGIR DE FORMA EXPANSIONISTA Como Keynes sugeriu, a economia atua com desemprego involuntário dos fatores de produção, principalmente da força de trabalho. Como a economia nunca chegaria ao pleno emprego se deixar por conta do mercado, o governo deveria agir de forma a reduzir o desemprego utilizando as políticas econômicas (principalmente a fiscal), e para isso deveria utilizar uma política fiscal que aumentasse a renda agregada (isto é, uma política fiscal expansionista). QUANDO O GOVERNO DEVE AGIR DE FORMA CONTRACIONISTA Se a economia apresentasse uma economia de pleno emprego da produção, qualquer pressão da demanda (aumento na procura por bens e serviços) levaria a um aumento de preços, e para resolver essa situação, o governo deveria aumentar o preço desses produtos, fazendo com que o mercado passasse a buscar novos produtos em lugar destes. Isso é chamado inflação de demanda. Essa atitude do governo consiste em diminuir a renda agregada (isto é, uma política fiscal contracionista). RENDA AGREGADA É a soma de todas as remunerações pagas aos fatores de produção no processo de produção de bens e serviços, isto é, a soma de todos os salários, lucros, aluguéis e juros do país. A renda agregada disponível é igual à renda agregada gerada no processo de produção de bens e serviços (Y) menos os tributos cobrados pelo governo (extraindo da renda disponível) mais a transferência de renda que o governo faz à sociedade (aposentadoria, seguro-desemprego, bolsa-família, bolsa-escola etc.). YD = Y – T DEMANDA AGREGADA É a soma de todos os bens e serviços finais demandados no país em um determinado período. É composta pelo consumo das famílias em bens e serviços de consumo, pelos investimentos (bens de capital, estoque das empresas e imóveis), pelos gastos do governo e pelas exportações. DA = C + I + G + X OFERTA AGREGADA É a soma de todos os bens e serviços finais disponibilizados para o consumo da sociedade como um todo. É composta pela produção interna do país e pelos produtos importados. OA = Y + M A oferta agregada (OA) é dada pela soma de todos os bens produzidos no país (Y) mais os bens disponíveis para importação (M). DIFERENÇA ENTRE DÉFICIT PÚBLICO E DÍVIDA PÚBLICA Quando o governo fica com suas receitas inferiores aos seus gastos, ocorre um déficit. Se o governo adota constantes políticas fiscais expansionistas que incorram constantes déficits, ele aumentará sua dívida, de forma que não poderá mais gastar mais do que arrecada, pois terá que pagar os acúmulos de déficits de períodos anteriores. O déficit público é o que ocorre no período, um fluxo, e a dívida pública é um acúmulo de déficits, um estoque. AULA 11 - POLÍTICA MONETÁRIA OFERTA DE MOEDA Objetos capazes de comprar bens e serviços ou de quitar uma dívida de forma imediata, isto é, objetos que apresentem liquidez total. O papel moeda que está em poder público (PMPP) faz parte dos meios de pagamento da sociedade. SÃO CONSIDERADOS OFERTA DE MOEDA O papel moeda em poder público (PMPP), o cartão de débito, o depósito que está em sua conta (depósito à vista) OM = PMPP + DV POLÍTICA MONETÁRIA É o conjunto de medidas que o governo adota para controlar a oferta de moeda (meios de pagamento) conforme os interesses econômicos do país. Quase sempre essas medidas são implementadas pelo Banco Central. É quando o governo resolve variar a oferta de moeda do país. DIFERENÇA ENTRE POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA E POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA Quando o governo adota medidas visando aumentar a oferta de moeda, está adotando uma política monetária expansionista, e quando o governo toma medidas visando diminuir a oferta de moeda, adota uma política monetária contracionista. Aqueles economistas que acreditam que a emissão de moeda causa inflação e por isso afeta a distribuição de renda no país, recomendam uma política monetária que tem como objetivo um forte controle sobre a oferta de moeda, restringi-a ao máximo possível para evitar que ocorraaumento generalizado de preços. Aqueles economistas que acreditam que o governo pode emitir moeda ao realizar seus gastos sem necessidade de contrabalançar com tributos/aumento da dívida e que isso não causa inflação. Se a economia apresenta desemprego de seus fatores de produção (trabalho, máquinas, equipamentos, etc.), o governo pode e deve realizar gastos aumentando a oferta de moeda do país. Esse aumento de gastos fará aumentar a quantidade produzida de bens e serviços, e com isso, a renda agregada também aumentará e o desemprego tenderá a diminuir. O governo consegue afetar diretamente a demanda agregada, aumentando ou diminuindo seus gastos (política fiscal). O governo age diretamente sobre a demanda agregada quando utiliza a política fiscal. OBJETIVOS PRINCIPAIS DO GOVERNO AO UTILIZAR A POLÍTICA MONETÁRIA O objetivo principal é afetar a base monetária da sociedade, que é controlada diretamente por ele. Assim, ele pretende afetar os meios de pagamento (meta secundária), e assim ele poderá chegar aos objetivos finais (que é aumentar o nível de emprego, crescimento do produto, estabilidade de preços, etc.). De modo geral, os objetivos da política monetária são estabilizar o nível de preços, aumentar o nível de emprego, buscar maior crescimento econômico, estabilizar a taxa de câmbio, etc. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Reservas compulsórias O governo impõe aos bancos comerciais que guardem parte dos depósitos à vista que receberam como reservas. Se o governo aumenta essa obrigatoriedade, os bancos comerciais terão menos dinheiro para emprestar a outros correntistas (política contracionista); logo, menos possibilidade de criação de depósitos à vista. Caso contrário, se o governo diminui essa obrigatoriedade, os bancos terão mais dinheiro para emprestar (política expansionista); logo, maior possibilidade de criação de depósito à vista. Redesconto O redesconto é o empréstimo que o Banco Central faz aos bancos comerciais que precisam de reservas bancárias para fechar suas contas. Para realizar esses empréstimos, quase sempre o Banco Central impõe uma taxa de juros punitiva. Se o governo resolve aumentar essa taxa, será maior o custo dos bancos comerciais ao recorrer ao Banco Central (política contracionista); dessa forma, eles ficariam mais cautelosos para fornecer empréstimos aos seus clientes (menor possibilidade de depósito à vista). Em contrapartida, se o governo resolve diminuir essa taxa, será menor o custo dos bancos para recorrer ao Banco Central; eles ficariam menos cautelosos para emprestar aos seus clientes (política expansionista). Operações de mercado aberto (compra e venda de títulos públicos) Operações de mercado aberto são operações de compra e venda de títulos públicos feitas pelo governo. Caso o governo compre um título público que está em poder de algum outro agente econômico, ele estará retirando desse agente o título e retornando papel-moeda; logo, aumentando a base monetária da economia e, por consequência, os meios de pagamento (política expansionista). Caso o governo esteja vendendo um título público, ele estará trocando papel-moeda pelo título; dessa forma, diminui a base monetária da economia (política contracionista). AULA 12 - SETOR EXTERNO: O BALANÇO DE PAGAMENTOS BALANÇO DE PAGAMENTOS O balanço de pagamentos é um método de contabilização das transações financeiras e comerciais realizadas por residentes e não-residentes de um país em um determinado período de tempo. Esse método é recomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e utilizado por quase todos os países capitalistas. O balanço de pagamentos é dividido em transações autônomas e transações compensatórias. TRANSAÇÕES AUTÔNOMAS Dentro das transações autônomas estão as transações correntes e o movimento de capitais autônomos. As transações correntes são subdivididas em balança comercial (que contabiliza todas as transações de mercadorias), balança de serviços (que contabiliza todas as transações de serviços) e as transações unilaterais. Na conta movimento de capitais autônomos são contabilizadas todas as transações de obrigações e direitos realizadas entre residentes e não- residentes. O resultado da soma das transações correntes com o movimento de capitais autônomos é o saldo do balanço de pagamentos. Se esse saldo for positivo, significa que o país está arrecadando mais divisas do que está enviando para o exterior. Por outro lado, se o saldo for negativo, o país está enviando mais divisas do que arrecadando. Esses resultados são compensados com outra conta para que o balanço de pagamentos fique zerado. TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS A conta movimento de capitais compensatórios registra os resultados obtidos no saldo do balanço de pagamentos para que este fique zerado. Se o resultado for positivo, registra-se como variações de reservas internacionais. Se o saldo for negativo, registra-se nas variações de reservas e/ou operações de regularização (operações com o FMI) e/ou atrasados comerciais. BALANÇA COMERCIAL É uma conta das transações correntes que contabiliza as transações comerciais de bens realizadas entre residentes e não-residentes do país em um determinado período de tempo. BALANÇA DE SERVIÇOS É a conta das transações correntes que contabiliza todas as transações de serviços realizadas entre residentes e não-residentes de um país em determinado período de tempo. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS São pagamentos feitos entre residentes e não-residentes em determinado período de tempo e que não têm uma contrapartida de bens ou serviços. MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS Conta do balanço de pagamentos que registra todas as transações autônomas de obrigações e direitos entre residentes e não-residentes de um país em um determinado período. EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Contabilizados na conta movimento de capitais autônomos são empréstimos e financiamentos realizados entre residentes e não residentes de um país em determinado período de tempo. AMORTIZAÇÕES Contabilização de todos os pagamentos do principal de empréstimos e financiamentos feitos entre residentes e não-residentes de um país em um determinando período de tempo. Mas atenção, é só o pagamento referente ao principal da dívida; os juros pagos no empréstimo são registrados na conta renda de capital da balança de serviços, que você viu anteriormente quando foi falado das transações correntes. INVESTIMENTO DIRETO Investimento realizado por não residentes no país diretamente em bens de capital. Exemplo: a construção de uma fábrica no país por uma empresa não residente. INVESTIMENTO INDIRETO Investimento realizado por não-residentes no país que não cria diretamente estoque de bens de capital. Exemplo: o investimento realizado por não-residentes em carteiras de ações de uma empresa residente. REINVESTIMENTO Refere-se a investimentos realizados no país por empresas estrangeiras que já estão instaladas no país; contudo, os recursos utilizados são obtidos através de investimentos realizados anteriormente. VARIAÇÕES DE RESERVAS Item da conta movimento de capitais compensatórios que registra o quanto estão variando as reservas internacionais de divisas estrangeiras do país devido às transações autônomas comerciais e financeiras realizadas entre residentes e não-residentes em determinado período de tempo. OPERAÇÕES DE REGULARIZAÇÃO Transações realizadas pelo país com órgãos internacionais, como o FMI, com o objetivo de fechar o déficit do balanço de pagamentos não coberto por reservasinternacionais acumuladas anteriormente. ATRASADOS COMERCIAIS Item da conta movimento de capitais autônomos criado para contabilizar a falta de pagamento de um país frente às necessidades das transações realizadas entre residentes e não-residentes desse país. MORATÓRIA Ocorre quando um agente econômico não tem recursos financeiros para pagar alguma obrigação assumida por ele. AULA 13 - SETOR EXTERNO: A TAXA DE CÂMBIO E AS POLÍTICAS CAMBIAL E COMERCIAL TAXA DE CÂMBIO É a taxa que indica o preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional. VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO Em resumo, quando a taxa de câmbio de um país é desvalorizada, as exportações de bens e serviços desse país tendem a aumentar e as importações de bens e serviços a diminuir. Em contrapartida, quando a taxa de câmbio do país se valoriza, as exportações de bens e serviços tendem a diminuir e as importações a aumentar. POLÍTICA CAMBIAL É o conjunto de instrumentos das relações internacionais com outros países que o governo tem e pode utilizar como política econômica. REGIMES CAMBIAIS Existem três tipos de regimes cambiais: o regime de câmbio flutuante, o regime de câmbio fixo e o regime de câmbio misto. REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE É o regime em que a taxa de câmbio é determinada no mercado da moeda estrangeira, ou seja, depende da quantidade demandada e da quantidade ofertada da moeda estrangeira. REGIME DE CÂMBIO FIXO É o regime em que o governo determina uma taxa de câmbio. Dessa forma, para qualquer troca da moeda local pela moeda estrangeira o governo garantirá essa taxa REGIME DE CÂMBIO MISTO Quando um governo resolve adotá-lo, ele considera uma taxa de câmbio que acredita ser o limite máximo para o interesse do país e uma outra taxa de câmbio que acredita ser o limite mínimo, deixando a taxa de câmbio efetiva (a que realmente ocorre) flutuar nesse intervalo (entre a taxa máxima e taxa mínima). OUTRA MANEIRA COMO O GOVERNO PODE CONTROLAR A ENTRADA E SAÍDA DE MOEDAS ESTRANGEIRAS DO PAÍS Se o país tenha uma política voltada para o desenvolvimento industrial do país, o governo pode incentivar a importação somente de bens de capital (máquinas e equipamentos) e proibir as importações de bens supérfluos e que não ajudem no desenvolvimento industrial. Ele pode fazer isso aumentando as tarifas alfandegárias desses produtos, fazendo com que eles fiquem mais caros do que os produzidos no país. Da mesma forma, ele pode agir proibindo a exportação, criando tarifas alfandegárias para esse tipo de transação. AULA 14 – INFLAÇÃO INFLAÇÃO Quando ocorre um aumento geral no nível de preços. HIPERINFLAÇÃO Quando uma economia atinge patamares elevadíssimos de aumento generalizado de preços. É o processo onde a inflação ultrapassa 50% por mês, e faz com que a moeda perca suas funções. ÍNDICE DE INFLAÇÃO É a porcentagem de aumento nos preços dos bens e serviços em determinado período de tempo. CONSEQUÊNCIAS DE UMA INFLAÇÃO ALTA Principalmente sobre a distribuição de renda, pois os trabalhadores perdem poder de compra. Influencia também nas transações entre residentes e não-residentes do país, principalmente nas transações de bens e serviços contabilizadas nas transações correntes, pois os preços dos produtos internos tendem a ficar mais caros, incentivando as importações e, consequentemente, diminuindo as exportações, e isso produz um déficit em transações correntes. Influencia também nas funções da moeda, principalmente em caso de hiperinflação, pois faz com que ela perca suas funções (meio de troca, reserva de valor e unidade de conta): ela perde valor, incentivando as pessoas a não guardar dinheiro (perde reserva de valor), as pessoas utilizam outro indicador para dar valor as coisas, ao invés da moeda (perde unidade de valor) e as pessoas preferem receber outra coisa mais valiosa em suas negociações de compra e venda do que a moeda (perdendo a função de meio de troca). INFLAÇÃO DE DEMANDA Ocorre quando há excesso de procura por bens e serviços sobre uma dada oferta, o que provoca aumento dos preços desses bens e serviços. Ocorre quando o aumento generalizado de preços é provocado por excesso de demanda agregada de bens e serviços frente à possibilidade de oferta desses bens e serviços. INFLAÇÃO DE CUSTOS A inflação tem origem na elevação dos custos de produção, que são repassados para os preços das mercadorias (esses insumos podem aumentar por monopolização do mercado, pela desvalorização da taxa de cambio aumentando o preço dos produtos importados, pelo aumento do preço do trabalho/salário, etc.). Ocorre quando o aumento generalizado de preços é provocado por aumento no(s) custo(s) do(s) insumo(s) utilizado(s) na produção de bens e serviços. O EXCESSO DE OFERTA DE MOEDA CAUSA INFLAÇÃO Se o governo aumenta a oferta de moeda, dá a sociedade uma maior possibilidade de comprar bens e serviços (aumentar a demanda agregada por bens e serviços). Como a oferta agregada não pode aumentar, esse aumento na procura provoca aumento geral do nível de preços, causando inflação. POLÍTICA ECONÔMICA MAIS RECOMENDADA PARA O COMBATE DA INFLAÇÃO DE CUSTOS Controle dos preços. O governo controla preços estratégicos da economia (como o petróleo, energia elétrica) e acompanha a evolução dos custos de produção das empresas e autoriza aumentos de preços apenas quando fica demonstrado que realmente houve um substancial aumento nos custos de produção. INFLAÇÃO INERCIAL Ocorre quando os agentes econômicos reproduzem automaticamente os aumentos de preços dos períodos anteriores.
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