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Instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) . POLÍTICA NACIONAL E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Frederico Amado 1. Introdução: A Lei 6.938/81, Certidão de Nascimento do Direito Ambiental do Brasil, é responsável pela única política nacional do meio ambiente brasileiro. Trata-se de uma lei muito bem escrita, até por isso, foi pouco reformada. Ela foi editada em um período ditatorial, tendo sido imposta ao Brasil, nove anos depois da Conferência de Estocolmo. A ditadura esteve nesta convenção, mas não estava sintonizada com a preservação do meio ambiente (vide as obras de Itaipu e transamazônica, feitas sem licenciamento ambiental). Isso chamou a atenção da comunidade internacional, pois o Brasil sempre se destacou pelas questões ambientais, considerando o tamanho do seu território e pelo fato de que a maior parte da floresta amazônica se encontra em seu solo, fazendo com que as pressões crescessem. 1.1 Art. 1º do Decreto 99274/90: Art. 1º Na execução da Política Nacional do Meio Ambiente cumpre ao Poder Público, nos seus diferentes níveis de governo: Já naquela época, verificava-se a solidarização da responsabilidade entre os entes federativos na realização da política nacional do meio ambiente, sendo a todos eles deferido o poder de estabelecerem a política ambiental. 1 I - manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; Todos os entes devem promover o desenvolvimento sustentável. II - proteger as áreas representativas de ecossistemas mediante a implantação de unidades de conservação e preservação ecológica; Este item é uma determinação para criar unidades de conservação e outros espaços especialmente protegidos. Eles são tão importantes que foram alçados às normas constitucionais, estando previstos no art. 225 da Carta Magna. III - manter, através de órgãos especializados da Administração, o controle permanente das atividades potencial ou efetivamente poluidoras, de modo a compatibilizá-las com os critérios vigentes de proteção ambiental; VI - identificar e informar, aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente, a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação, propondo medidas para sua recuperação; e Os incisos III e VI se associam, pois o processo de licenciamento ambiental é uma forma de exercer o controle permanente das atividades que geram poluição. IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais, utilizando nesse 2 sentido os planos e programas regionais ou setoriais de desenvolvimento industrial e agrícola; Aqui, é investir em estudos e pesquisas para cada vez mais reduzir a degradação ambiental com tecnologias menos impactantes ao meio ambiente. V - implantar, nas áreas críticas de poluição, um sistema permanente de acompanhamento dos índices locais de qualidade ambiental; O Zoneamento Industrial é um exemplo de aplicação deste inciso. VII- orientar a educação, em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias contemplem o estudo da ecologia. A Constituição, no art. 225, também a prevê em todos os níveis de ensino. A Lei 9.795/99, Lei de Política Nacional de Educação Ambiental, não prevê que o meio ambiente seja uma disciplina autônoma, mas que somente deve permear as demais. A educação ambiental talvez seja a saída para o futuro equacionamento da questão ambiental, tendo a Lei 9.795/99 instituído a PNEA, sendo definida como o processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. A lei ainda divide a educação ambiental em educação formal (nas escolas) e informal (exercida fora delas). De acordo com o art. 225, § 1º, inciso VI1, da Constituição, para efetivar o direito fundamental ao meio ambiente 1 A respeito do inciso VII do §1º do art. 225 que dispõe que: § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma 3 ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. 1.2. Art. 2º da Lei 6.938/81: Este artigo elenca um rol de princípios que, em verdade, são diretrizes para a política, sendo a terminologia princípios não muito adequada para este fim. DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art.2º- A PNMA tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; Aqui é necessário fazer uma interpretação de acordo com a Constituição. Quando a lei coloca o meio ambiente como patrimônio público, ele deve ser identificado como BEM DE USO COMUM DO POVO e não como de titularidade de pessoa jurídica de direito público. II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. De acordo com o Supremo, a expressão na forma da lei não deve ser considerada de modo a inviabilizar a aplicabilidade imediata do dispositivo, tendo sido este o argumento utilizado para a declaração de inconstitucionalidade da Farra do Boi e da Briga de Galo. 4 III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V- controle/zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; O controle se dá, principalmente, através do licenciamento ambiental e o zoneamento é um instrumento de ordenamento do espaço. VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Já em 1981 era prevista a educação ambiental em todos os níveis de ensino. 1.3. Art. 4º da Lei 6.938/81 – Objetivos Específicos da PNMA: Objetivo geral da PNMA é a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, elencada no art. 3º supra. O artigo 4º, que veremos agora, traz os objetivos específicos: DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 5 Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; Princípio do Desenvolvimento Sustentável. II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territóriose dos Municípios; Os espaços ambientais protegidos são muito cobrados em provas e serão vistos de forma individualizada no decorrer deste material. III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; Falamos destes padrões de qualidade quando tratamos do princípio do controle. IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 6 Princípio da informação, publicidade e educação. VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Princípios do poluidor-pagador e do usuário pagador. 2. Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA: Para implementar a PNMA, foi implementado o SISNAMA. Ele é formado por órgãos e entidades de todas as esferas de governo. Ele é muito importante, pois extremamente presente em provas. Por esta razão, é necessário conhecer bem o art. 6° da Lei 6.938/81. Este artigo traz a estrutura federativa do SISNAMA: DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do DF, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: I - ÓRGÃO SUPERIOR: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; 7 2.1- Conselho de Governo: a formulação da PNMA é feita pela Presidência da República que é assessorada pelo Conselho de Governo, órgão superior do SISNAMA. Este conselho é o órgão de cúpula do SISNAMA que faz parte da estrutura do Poder Executivo, composto por todos os Ministros de Estado. II - ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação Lei nº 8.028/90) 2.2- CONAMA: o Conselho Nacional do Meio Ambiente é um conselho deliberativo, composto por representantes de todas as esferas de governo, bem como representantes da sociedade civil organizada, em atendimento ao princípio da democratização. É órgão consultivo e deliberativo e edita atos como resoluções, proposições, recomendações, dentre outros. Se cabe ao conselho de governo assessorar a presidência, o CONAMA assessora o Conselho de Governo. Vale aqui conhecer o que dispõe o art. 8º, outro artigo de conhecimento fundamental desta lei: DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação nº 8.028, de 1990) Ele traz as competências administrativas do CONAMA. I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente 8 poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; ( Lei nº 7.804/89) O estudo de Direito Ambiental requer certo jogo de cintura interpretativo, pois existem dispositivos que não estão atualizados com a Constituição, como é o caso deste inciso I do art. 8º. Alguns são mais evidentes e outros nem tanto. Quanto a estes últimos casos é preciso atenção, pois as vezes as provas o cobram literalmente, mesmo eles estando desatualizados, em virtude desta desatualização, que não é patente. O CONAMA tem competência para editar ATOS NORMATIVOS a respeito do ambiental, mediante proposta do IBAMA. A respeito, a Resolução principal do CONAMA 237/97 regulamenta este inciso e versa sobre licenciamento. Porém, a parte final do artigo, destacada, está desatualizada, pois há licenciamento federal, estadual e municipal. Muitas vezes o inciso é copiado e colado em provas e quando for a sua literalidade, deve ser considerado como correto, pois esta não é uma desatualização tão escancarada como a que se vê em outros casos: II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. (Redação Lei nº 8.028, de 1990) Este inciso também deve ser considerado verdadeiro quando lançado em sua integralidade no texto de provas, mas aqui também é necessária a atualização. A função de realização de estudos e projetos elencados neste dispositivo, atualmente vem sendo feita pelos órgãos ambientais que fazem o 9 licenciamento ambiental, na esfera federal, v.g. o IBAMA. Isso não é mais feito pelo CONAMA. Porém, deve ser tomada redobrada atenção, pois se cobrada a literalidade da lei, o inciso II deve ser tomado por correto: IV- homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; O inciso III foi revogado. Ele previa que a última instância para julgar recursos contra multas do IBAMA era o CONAMA. Isso acabou de 2009 pra cá. O inciso IV trata da conversão da multa em medidas de reparação ou recuperação ambiental. Este inciso também vem sendo exercido pelo IBAMA e outros órgãos estaduais e municipais, valendo aqui a mesma observação feita no inciso II. V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; (R Lei 7.804/89) Esta é uma competência exercida no processo administrativo. Em situações mais graves, quando não houver mais recursos, o IBAMA pode requerer ao CONAMA a aplicação desta penalidade. Apesar de não haver prazo especificado ele deve existir. VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; 10 Esta é outra competência normativa, cabendo ao CONAMA editar resoluções neste sentido. O PROCONVE regulamenta o setor de veículos automotores. Por exemplo, a exigência de utilização de certo óleo diesel menos poluente nos veículos que consomem tal combustível foi imposta por uma resolução deste órgão, instituído com fulcro no inciso VI supra. VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao usoracional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. Esta competência é a mais importante, pois é a mais ampla, dando margem ao CONAMA para a sua atuação em diversas áreas não mencionadas nos demais incisos. Normas, critérios e padrões para a manutenção da qualidade do meio ambiente é uma expressão muito ampla, que permite ao CONAMA uma atuação extensiva. Alguns legalistas são contrários às resoluções do CONAMA, mas o Supremo as vêm aceitando, como foi decidido no caso da ADPF dos pneus usados. Ele manteve as resoluções do CONAMA que vedam esta importação, exceto de países do MERCOSUL, sem que haja lei federal exigindo isso, mas, tão somente, uma resolução do CONAMA. Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas funções, o Presidente do Conama.(Incluído pela Lei nº 8.028, de 1990) 2.3- Ministério do Meio Ambiente: III - ÓRGÃO CENTRAL: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as 11 diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) Esta Secretaria não existe mais e foi substituída pelo Ministério do Meio Ambiente. Ele é o órgão central que controla e supervisiona a efetivação da PNMA. O CESPE já o considera, mas outras bancas consideram a SMAPR, por isso, atenção. 2.4- Órgão Executor: IV - ÓRGÃOS EXECUTORES: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; Tecnicamente, o IBAMA não é um órgão, mas uma autarquia federal. Ele é uma entidade executora criada pela Lei 7.735/89. O IBAMA, quando nasceu tinha função de exercício do poder de polícia e licenciamento na esfera federal e gestão das unidades de conservação criadas pela União. Atualmente, ele não atua na gestão das unidades de conservação que, em 2007, passou a ser de competência do ICM-Bio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). As unidades de conservação criadas pela União são cuidadas por ele. O IBAMA agora só fiscaliza e licencia. 2.5- Órgãos Seccionais: V - ÓRGÃOS SECCIONAIS: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e 12 fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação Lei 7.804, /89) São órgãos e entidades estaduais de meio ambiente dos estados e DF. 2.6- Órgãos Locais: VI - ÓRGÃOS LOCAIS: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; É o braço na estrutura do município. RESUMINDO: 1. Sistema Nacional do Meio Ambiente: Formado pelo conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do Poder Público, incumbidos da proteção ambiental e da implementação da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. 2. Antecedente histórico: Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, que surgiu logo após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano - Estocolmo, 1972. Foi a resposta brasileira às pressões da comunidade internacional do momento. 3. Estrutura do SISNAMA: Art. 6º da Lei 6.938/81, tendo a seguinte disposição, sendo que, por ser um sistema nacional, não detém personalidade jurídica: 3.1) Órgão Superior: o Conselho de Governo, com a função de ASSESSORAR o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais. 3.2) Órgão Consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio 13 ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Destaca-se sua competência normativa, editando normas complementares à lei - atuação secundum legem. O Conselho é formado por representantes de cinco setores, a saber, órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e SOCIEDADE CIVIL. As competências do CONAMA estão disciplinadas no art. 8o da Lei 6.938/81, destacando-se sua atribuição para o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, notadamente no que toca ao licenciamento ambiental. Avulta salientar a competência do CONAMA para revisão das penalidades aplicadas pelo IBAMA. 3.3) Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente (antiga Secretaria do Meio Ambiente), a quem incumbe planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. 3.4) Órgãos Executores: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO. Ao Ibama compete exercer o poder de polícia ambiental federal, executar ações da PNMA na esfera federal e ações supletivas. Ao ICMBio compete a tarefa da conservação ambiental, mediante a gestão das unidades de conservação federais. 3.5) Órgãos Seccionais: são órgãos ou entidades estaduais constituídos na forma da lei e por ela incumbidos de preservar o meio ambiente, assegurar e melhorar a qualidade ambiental, controlar e fiscalizar ações potencial ou efetivamente lesivas aos recursos naturais e à qualidade do meio. 3.6) Órgãos Locais: são órgãos ou entidades municipais incumbidos legalmente de exercer a gestão ambiental no respectivo território e no âmbito de sua competência, na forma a lei. 14 4. SISNAMA e a gestão do meio ambiente: O SISNAMA exerce a tutela ambiental por meio dos seus órgãos executores federais (IBAMA e ICMBIO), estaduais e municipais, em compasso com as normas legais e regulamentares (expedidas pelo CONAMA), sem embargo da administração ambiental setorizada, tal como na área de recursos hídricos, a ser realizada por órgãos específicos criados para tal fim (Sistema Nacional de Recursos Hídricos). 5. Política nacional do meio ambiente: Trata-se das diretrizes gerais estabelecidas na lei que têm o objetivo de harmonizar e de integrar as políticas públicas de meio ambiente dos entes federados, procurando torná-las mais efetiva, por meio de instrumentos tratados na própria lei, tendo como vetor a promoção do desenvolvimento sustentável. 3. Instrumentos Para Implementar a PNMA – Art. 9º da Lei 6.938/81: DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: O artigo 9º é quem traz esta previsão em um rol meramente EXEMPLIFICATIVO. Grande parte do nosso estudo se dará em cima dos desdobramentos deste dispositivo. Analisaremos aqui os instrumentos menos importantes, deixando os mais importantes para uma análise pormenorizada à frente no nosso material. 3.1- Padrões de Qualidade Ambiental: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 15 3.1.1- Conceito: é possível definir os padrões de qualidade ambiental, como o reflexo do estado ambiental de determinado ou determinados recursos ambientais, usualmente fixados numericamente em normas ambientais lastreadas em fundamentos técnicos, com o objetivo de manter o equilíbrio ambiental e a saúde humana. Esteconceito é do professor. Tais padrões já foram comentados quando abordamos o princípio do limite ou controle (padrões máximos de poluição). Os padrões são instituídos Pelo Poder Público em determinado bem da natureza, de modo a propiciar um desenvolvimento sustentável. Os padrões de qualidade mais bem difundidos são o da água e do ar. O Poder Público controla a qualidade da água para saber a qual fim ela se destina. O mesmo ocorre com o ar. 3.2- Zoneamento Ambiental: II - o zoneamento ambiental; (Regulamento) De acordo com o artigo 2º do Decreto 4.297/02, se trata de um instrumento de ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelecendo medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Ainda, de acordo com o artigo 3º do regulamento, o zoneamento tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. O tema é regulamentado por um decreto, pois, no Brasil, não há uma lei geral para disciplinar o zoneamento ambiental como um todo. 16 FACILITANDO O CONCEITO: ZONEAR é REPARTIR UM TERRITÓRIO EM ZONAS, a fim de ORDENAR o seu uso e ocupação. Ele pode ser NACIONAL, por REGIÕES, por ESTADOS e MUNICÍPIOS. Como o combate à poluição é uma competência material comum de todos os entes, a todos eles cabem a utilização deste instrumento. Por exemplo, se proibida a instalação de uma indústria em determinada região em virtude do zoneamento realizado, o órgão ambiental não poderá conceder licença para a instalação destas atividades naquela região. A Lei Complementar 140/11 veio cobrir uma lacuna, disciplinando a cooperação dos entes federativos na atuação legislativa concernente ao meio ambiente. O artigo 7º desta lei disciplina as competências federais, o 8º, estaduais, 9º municipais e 10 distritais. Competirá à União, na forma do seu artigo 7º, inciso IX, elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional. Os estados terão a incumbência de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional. Contudo, inexiste previsão expressa na LC 140/2011 para que os municípios promovam zoneamentos ambientais locais, sendo apenas elencada a competência de elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais (artigo 9º, inciso IX). 3.3- Avaliação de Impactos Ambientais: III - a avaliação de impactos ambientais; (AIA) O nome mais utilizado para este instrumento é Estudo de Impacto Ambiental – EIA, mas ambos devem ser considerados válidos para fazer menção a tal instrumento. A avaliação de impacto ambiental é um instrumento de defesa do meio ambiente, constituído por um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que visam à realização da análise sistemática dos impactos ambientais da INSTALAÇÃO ou OPERAÇÃO de uma atividade e suas diversas alternativas, com a finalidade de embasar as decisões quanto ao seu licenciamento. 17 3.3.1 - Noções Gerais: vimos que uma das peculiaridades que marca o regime jurídico da licença ambiental, se comparada com as licenças administrativas, é a necessidade que se tem nesta de elaboração prévia de um estudo de impacto ambiental, como subsídio para a sua concessão. Estudos / Avaliação de Impactos Ambientais é um gênero que possui algumas espécies. 3.3.2- Definição Jurídica: ela consta do art. 1º, III da Resolução CONAMA 237/97: São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (artigo 1º, inciso III, da Resolução CONAMA 237/97). Este é um rol exemplificativo de estudos ambientais. O dispositivo é falho para Frederico Amado, pois o principal estudo ambiental, mais complexo e o único que tem previsão expressa no art. 225 da Constituição não foi previsto. Cuida-se do Estudo de Impacto Ambiental, conhecido tradicionalmente por EIA. Alguns autores (e tanto faz) preferem designá-lo como EPIA – Estudo Prévio de Impacto Ambiental. Este é um estudo ambiental muito cobrado em provas de concurso. 3.3.3- Estudo de Impacto Ambiental: conforme estabelece a Constituição, incumbe ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” (artigo 225, §1º, IV). As palavras destacadas (significativa, prévio e publicidade), são de conhecimento obrigatório, pois dizem respeito às características do estudo de impacto ambiental. Este estudo é PRÉVIO, elaborado antes da concessão da licença prévia; apenas após que o órgão licenciador poderá aferir a viabilidade ambiental do 18 empreendimento para conceder ou negar a licença. O EIA deve ser prévio, à luz dos princípios da precaução e prevenção, de forma que um estudo posterior é considerado anômalo. A PUBLICIDADE é a segunda característica, pois EIA sigiloso é inconstitucional. Porém, a publicidade é mitigada pelo sigilo industrial. Falta legislação para regulamentar este estudo. O tema é disciplinado pela Resolução CONAMA 01/86. Esta resolução foi recepcionada pela Constituição e é importante, devendo ser conhecida. Por fim, a característica derradeira é a de que a realização deste estudo prévio só será exigida em casos de SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL (efetiva ou potencial). Ou seja, não sendo o empreendimento apto a gerá-la, não será caso de se exigir o EIA/EPIA, demandando a realização de um estudo ambiental simplificado. Portanto, sua realização só será constitucional quando estiverem presentes estas características. O empreendedor de projetos de significativo impacto ambiental é OBRIGADO a APOIAR A IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DO GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL, nos termos do EIA/RIMA, que fixará o montante de recursos a ser destinado de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento, vedado estabelecimento de percentual sobre os custos do empreendimento. Lei SNUC, Art. 36, § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008) Trata-se de obrigação definida pelo art. 36, caput e §1º da Lei do SNUC. O STF concedeu medida cautelar para suspender a eficácia da expressão não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do 19 empreendimento, fixando a impossibilidade de estabelecimento do montante sobre os custos e vinculando-oao impacto causado (ADI 3378). 3.3.4- Empreendimentos Capazes de Gerar Significativa Degradação Ambiental: um dos problemas que existem é o de verificar quais os empreendimentos aptos à geração de significativa degradação ambiental. Este é um conceito jurídico indeterminado. Para facilitar esta compreensão, a Resolução CONAMA 01/86, em seu art. 2º, apresenta um rol exemplificativo (tais como) de hipóteses presumidas destes casos de significativa degradação: I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II – Ferrovias; III– Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do DL 32/66; V– Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos; VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII– Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX– Extração de minério, inclusive da classe II, definidas no Código de Mineração; X– Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl – Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII– Complexo e unidades industriais e agro- industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII – Distritos industriais e zonas 20 estritamente industriais – ZEI; XIV – Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 hectares ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da Secretaria do Meio Ambiente e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI – Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia; XVII – Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental; XVIII– Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional. Portanto, outros casos além destes podem ser de significativa degradação. Esta não é uma listagem de fácil memorização, devido à especificidade de seus incisos e do extenso rol elencado. Este rol já foi cobrado pela Fundação Carlos Chagas. 3.3.5- Ausência de Discricionariedade: vale lembrar que, quando um órgão dispensa o EIA, ou determina a sua realização por julgar presentes as suas características, este ato administrativo será vinculado. Inexiste discricionariedade administrativa na interpretação concreta de impacto ambiental significativo para fins de o ente ambiental exigir ou não o EIA. Além da doutrina majoritária, há diversas decisões dos Tribunais Regionais Federais, mas não dos tribunais superiores. Em face disso, pode ser afirmado que, no mérito deste ato, é possível a interferência do poder judiciário através, por exemplo, de uma ação civil pública. 3.3.6- Responsável Pela Elaboração do EIA: cabe ao proponente contratar e pagar a equipe técnica multidisciplinar responsável pela elaboração do Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA. O RIMA é o documento que 21 conterá as conclusões do EIA, devendo ser apresentado em linguagem objetiva e adequada à sua compreensão pela população, inclusive podendo ter ilustrações, sendo de acessibilidade pública. O termo de referência é um ato administrativo com a relação de estudos que devem ser realizados no EIA, para a adequada análise e concessão do licenciamento. É com base neste termo de referência que o empreendedor contratará e pagará a equipe multidisciplinar. As conclusões do RIMA não vinculam o órgão ambiental. A equipe técnica poderá ter responsabilidade ulterior e solidária com o empreendedor nas esferas civil, administrativa e criminal2 pelas informações apresentadas, nos termos do artigo 11, parágrafo único, da Resolução CONAMA 237/1997. 3.3.7-Conteúdo Mínimo do EIA: aqui, analisaremos quais os capítulos essenciais de um estudo de impacto ambiental, o conteúdo mínimo do EIA. i) diagnóstico ambiental da área de influência do projeto. Isso abrange toda a área que será afetada pelo empreendimento licenciando; ii) a análise dos impactos ambientais e suas alternativas. Aqui incide a análise dos impactos positivos, os benefícios ambientais (como, v.g. um reflorestamento de mata ciliar como condicionante) e negativos do empreendimento; iii) a definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos; iv) a elaboração do programa de acompanhamento; e v) o monitoramento. 3.3.8- Parte Final do Estudo de Impacto Ambiental: após passar pelas análises apontadas acima, o estudo deve chegar a uma conclusão sobre a 2 O estudo ambiental falso é crime ambiental nos termos do art. 69-A da Lei 9.605/98: Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1o Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. Artigo inserido pela Lei 11.284/06. 22 viabilidade ou não do projeto em análise. Aqui é estabelecida uma técnica de ponderação, pois como ressaltado no início, todo empreendimento irá causar certa poluição, sendo necessário se sopesar, de acordo com os impactos positivos e negativos, se é adequada a realização daquela atividade. A análise é casuística. Por exemplo, várias usinas hidrelétricas3 que foram idealizadas na região amazônica foram repelidas pelo IBAMA, pois percebeu-se que o impacto ambiental destas iniciativas eram extremos em comparação com a utilidade que aquela geração de energia iria causar. O mesmo não foi o que se decidiu com a implantação da usina de Belo Monte, pois, ponderando os impactos com o seu tamanho e com a necessidade de geração de energia elétrica, o saldo para aquela atividade foi positivo, devido à necessidade de fornecimento de energia elétrica para o Brasil, no sentido de propiciar o desenvolvimento em suas regiões mais remotas. Como já salientado, esta conclusão do estudo pela viabilidade ou não do projeto NÃO vincula o órgão responsável pela concessão da licença. Em tese, mesmo que o estudo aponte pela viabilidade do empreendimento, o órgão ambiental pode entender o contrário no sentido de negar a concessão da licença. Existia uma disposição da Resolução CONAMA 01/86 que dizia que a equipe técnica multidisciplinar não poderia estar vinculada ao proponente do projeto. Por este dispositivo, ela não podia estar vinculada a ele, para garantia de sua autonomia. No entanto, em um grave retrocesso, este dispositivo foi expressamente revogado por um dispositivo da Resolução CONAMA 237/97. De lá pra cá é possível esta atuação vinculada, até mesmo por empregadosdo proponente do projeto. Grandes empresas, a exemplo da Vale, podem elaborar este estudo apenas com os seus empregados. Isso gera uma quebra da autonomia da equipe multidisciplinar que age de acordo com os interesses daquele que lhe emprega e que busca o empreendimento. Atenção, isso é muito cobrado. 3Enunciado – MPF: As usinas hidrelétricas e as que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. ERRADO, pois a previsão feitano §5º do art. 226 da Constituição se refere apenas às que operem com reator nuclear. 23 3.3.9 - Relatório de Impacto Ambiental: costuma-se utilizar o termo EIA- RIMA4, fazendo-se menção a estes dois instrumentos juntos. Este documento não consta do texto da Constituição, mas tão somente da Resolução CONAMA 01/86. Este documento não se mistura com o Estudo de Impacto Ambiental. O documento técnico, complexo e com uma linguagem de maior dificuldade de compreensão é o EIA. Já o RIMA é outro documento que decorre do EIA. O RIMA é consectário lógico do EIA. Aquele é um documento simples, de linguagem acessível para quem quer que queira consultá-lo, contando apenas com as conclusões extraídas daquele estudo realizado. 3.3.10- Debate em Audiência Pública: a Resolução CONAMA 09/87 (a terceira mais cobrada após, as resoluções 237/97 e 01/86) dispõe a respeito desta audiência pública que deve ser realizada. É possível que se realize uma ou mais audiências sobre este relatório, como foi o que se deu com as obras de integração do Rio São Francisco em que várias cidades ribeirinhas tiveram suas audiências públicas. # É obrigatória a audiência pública para debater o Relatório de Impacto Ambiental? R- Infelizmente não. Em tese, é possível que haja um EIA- RIMA sem a realização de uma audiência pública. Isso ocorre porque a resolução que faz a previsão destas audiências diz que elas ocorrerão quando o órgão ambiental entender necessário e designá-las ou quando houver requerimento de entidade civil (em tese, qualquer pessoa jurídica), requerimento do Ministério Público, ou houver um abaixo assinado subscrito por, ao menos, cinquenta (50) cidadãos. Na prática, pelo menos uma destas situações se realiza, mas, caso nenhuma delas se façam presentes, é possível que ela seja preterida. Supondo agora que, havendo o abaixo assinado, o órgão ambiental, devido à sua pressa, concede a licença ambiental sem realizá-la. Diante disso, a Res. 4 Extraído do material de Direito Financeiro, quando realizado estudo sobre o Princípio da Transparência: o EIA é o estudo de impacto ambiental. Ele dá publicidade através de uma linguagem feita de técnico (contratado – ou o empregado – pelo interessado no empreendimento) para técnico (do IBAMA). O RIMA, por sua vez dá transparência à publicidade dada pelo EIA. O relatório de impacto ambiental é uma forma de se fazer compreensível as conclusões obtidas pelo EIA, de forma a fazer com que este seja entendido pela comunidade em geral. 24 CONAMA 09/87 prevê que a licença concedida desrespeitando este preceito deverá ser cancelada. Portanto, quando obrigatória, a audiência pública funciona como uma condição de regularidade do licenciamento que eventualmente vier a ser concedido. Vale ainda conhecer dois importantes julgados tradicionais do STF que, ao lado do art. 225, §1º, IV da Constituição, são o que mais se vê cair em provas sobre este assunto relacionado tanto ao EIA, quanto ao RIMA. O primeiro deles foi o caso da ADI 1.505, na qual a Constituição do Espírito Santo dispunha que a audiência pública deveria ser autorizada por uma comissão da Assembleia Legislativa daquele Estado, algo atípico que não vem previsto no modelo federal. 1. É inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espírito Santo que submete o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – ao crivo de comissão permanente e específica da Assembleia Legislativa. 2. A concessão de autorização para desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do Poder de Polícia – ato da Administração Pública – entenda-se ato do Poder Executivo (ADI 1.505, de 24.11.2004). É de competência do executivo e não do legislativo analisar sobre a necessidade ou não de realização de audiência pública para discussão sobre o RIMA. O outro caso emblemático do Supremo foi o da Constituição de Santa Catarina em que se previa exceção para a elaboração do EIA-RIMA, o que também foi rechaçado: (...) A norma impugnada, ao dispensar a elaboração de Estudo Prévio de Impacto Ambiental no caso de áreas de florestamento ou reflorestamento para fins empresariais, cria exceção incompatível 25 com o disposto no mencionado inciso IV do § 1.º do artigo 225 da Constituição Federal. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade do dispositivo constitucional catarinense sob enfoque (ADI 1.086, de 10.08.2001). Segundo Frederico Amado, o CESPE vem analisando inadequadamente o assunto em suas provas. Questões dizendo que quaisquer leis estaduais não podem dispor sobre a dispensa do RIMA são consideradas corretas com base neste julgamento. Porém, o professor entende tais enunciados muito precipitados, pois há casos em que seria possível tais dispensas, desde que amparadas pelo que dispõe a normatização federal. Para ele, deve ser analisado o caso específico, de modo que a lei estadual apenas não poderá dispor sobre a dispensa do EIA-RIMA quando esta disposição violar o art. 225, §1º, IV da Constituição. CESPE TRF5 (2015): Os estados e municípios não podem legislar sobre o EIA, pois se trata de matéria de competência da União, atualmente delegada por lei ao CONAMA. ERRADO 3.4- Licenciamento e Revisão de Atividades: IV - licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; A função de controlar as atividades potencialmente causadoras de impactos no meio ambiente está expressamente estabelecida pelo inciso V do § lº do art. 225 da Constituição Federal, que reza que, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público "controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos 26 e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente". O sistema de licenciamento ambiental tem por finalidade assegurar que o meio ambiente seja devidamente respeitado quando da INSTALAÇÃO ou do FUNCIONAMENTO dos empreendimentos e obras. Nesse contexto, o licenciamento ambiental desponta como um instrumento que visa a dar concretude ao caput d o art. 225 da Constituição Federal, que classifica o meio ambiente como um bem de uso comum do povo e essencial à saída qualidade de vida. Embora as atividades em operação também estejam submetidas a ele, esse controle é exercido em regra antes da instalação ou do funcionamento da atividade econômica potencial ou efetivamente poluidora, já que para serem efetivos os instrumentos de defesa e de preservação do meio ambiente devem se pautar por uma atuação preventiva. A intenção é fazer com que, mediante o embasamento de análises técnicas e de avaliações de impacto ambiental, os impactos ambientais positivos possam ser aumentados e os impactos ambientais negativos possam ser evitados, diminuídos ou com pensados. O inciso IV do art. 9° e o art. lo da Lei n°. 6.938/81 dispõem sobre a exigibilidade do licenciamento ambiental para as atividades potencial ou efetivamente causadoras de impacto ambiental, o que significa quedesde 1981 o licenciamento ambiental é uma exigência para a instalação e o funcionamento das atividades econômicas potencial ou efetivamente poluidoras em todo o território nacional. 3.5- Incentivos e Desenvolvimento de Tecnologias: V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 27 Cabe à administração pública fomentar, tanto no setor público, quanto no setor privado, a realização de pesquisa para a adoção de tecnologias menos impactantes para o meio ambiente. Este inciso tem uma ligação direta com o art. 170, VI da Constituição, que coloca a defesa do meio ambiente como princípio informador da ordem econômica, prevendo um tratamento diferenciado às empresas que promovam um menor impacto ambiental com a realização das suas atividades, cabendo ao Poder Público utilizar a tributação ambiental como um instrumento eficaz neste desiderato. 3.6- Espaços Territoriais Especialmente Protegidos: VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação Lei 7.804/89) Este é o instrumento mais cobrado em provas, independentemente de qual a banca examinadora. Sua importância é tão grande que ele foi constitucionalizado. O art. 225, §1º, III, prevê os espaços ambientais especialmente protegidos. Devido à sua importância, também será analisado separadamente dos demais abaixo neste material. CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) 28 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 3.7- Sistema Nacional de Informações Sobre o Meio Ambiente - SINIMA: VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; Cuida-se de um banco de dados ambientais, abastecido pelos órgãos do SISNAMA e que é gerenciado pelo Ministério do Meio Ambiente. Vale registrar que o a Lei 12.651/12 – Novo Código Florestal criou um cadastro novo, sendo este um dos poucos pontos positivos desta nova lei. Este Cadastro Ambiental Rural – CAR é um registro obrigatório para todas as posses e propriedades rurais do Brasil, ele integra o SINIMA. Vide art. 29 do Novo Código Florestal: CAPÍTULO VI - DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. (...) 3.8- Cadastro Técnico Federal de Atividades/Instrumentos de Defesa Ambiental: 29 VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; O Cadastro Técnico Federal é um registro feito no IBAMA. Este é um dos dois cadastros que existem. Este é feito por pessoas naturais ou jurídicas que se dedicam a atividade de consultoria ambiental. O engenheiro florestal que apresenta um laudo para uma empresa que realizará determinada atividade deve ser registrado neste cadastro. Vide art. 17, I da Lei 6.938/81: Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA: I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; (Incluído Lei nº 7.804/89) Veremos, abaixo, qual o outro cadastro além deste. 3.9- Penalidades: IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. São penalidades administrativas para punir os infratores da legislação ambiental. Este tema será analisado ao final do material, quando for analisado os artigos 70/76 da Lei 9.605/98. As penalidades estão listadas em abstrato nestes dispositivos. 30 3.10- Relatório de Qualidade Sobre o Meio Ambiente: X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) Absurdamente, este relatório nunca foi realizado. A lei tem mais de trinta anos e este relatório não foi ainda regulamentado. 3.11- Prestação de Informações: XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; É a garantia da prestação de informações ambientais. Chama-se aqui a análise feita quando do estudo do princípio da informação e, principalmente a lei que regulamenta este sistema de informações. 3.12- Cadastro Técnico Federal de Atividades Poluidoras: XII - o Cadastro Técnico Federal de ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. 31 Este cadastro se volta para o registro das pessoas poluidoras. Ele também é regulamentado pelo artigo 17 mencionado acima, mas em seu inciso II: II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. (Incluído Lei nº 7.804, de 1989) Os cadastros técnicos federais são registrados no IBAMA e não em órgãos estaduais. Algumas provas exploram isso. A legislação estadual ou municipal deve prever o seu próprio cadastro para poder exigi-lo. 3.13- Instrumentos Econômicos: XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Este é um rol exemplificativo. A concessão florestal, servidão ambiental e o seguro ambiental são expressos, mas não são os únicos. Vimos anteriormente a figura dos fundos ambientais públicos ou privados que têm esta mesma natureza. Estes instrumentos geram algum tipo de intervenção do Estado na economia. 3.13.1- Concessão Florestal: será analisada posteriormente por sua importância. Ela é regulamentada pela Lei 11.284/06 que será analisada à frente. Trata-se de um CONTRATO ADMINISTRATIVO no qual o poder público outorga ao particular a EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS 32 PÚBLICAS. O art. 3º, VII, da Lei 11. 284/06 define concessão florestal como “a DELEGAÇÃO ONEROSA, feita pelo poder concedente, do direitode praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante LICITAÇÃO, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por usa conta e risco e por prazo determinado. 3.13.2- Seguro Ambiental: Em síntese, o seguro ambiental é a modalidade de seguro cujo objetivo é REPARAR os danos ambientais advindos da execução das atividades econômicas, haja vista a responsabilidade em sede de meio ambiente ser objetiva, baseada na teoria do risco integral. Tem respaldo nos princípios do poluidor pagador e da prevenção. há outra imensa lacuna no ordenamento ambiental brasileiro no que tange a este tema. Por falta de vontade política, até hoje não foi criada uma lei geral para ele, que é apenas citado de forma esparsa em algumas leis, como na da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Ele aumenta o custo produtivo e, por isso, falta esta vontade política. Ele é muito utilizado em outros países. O seguro seria um valor adiantado logo após o dano para minimização imediata do impacto causado. Há até mesmo um projeto pronto, mas que está engavetado por tais motivos. 3.13.3- Servidão Ambiental: é uma espécie de SERVIDÃO ADMINISTRATIVA com regras especiais. A servidão é direito real sobre coisa alheia. Nela, o “prédio dominante” é o interesse público ambiental. Ela é regulamentada pelo art. 9º-A da Lei 6.983/81, alterado pelo Novo Código Florestal, acrescentando ainda os artigos 9º-B e C. É instituída por instrumento PÚBLICO ou PARTICULAR, ou ainda, por TERMO ADMINISTRATIVO firmado perante órgão integrante do SISNAMA, cujo objetivo é a LIMITAÇÃO da propriedade de forma TOTAL ou PARCIAL autorizada por seu proprietário ou possuidor, com o objetivo de preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais. 33 Pela servidão, o PROPRIETÁRIO ou POSSUIDOR pode RENUNCIAR ao direito de explorar os recursos ambientais daquele imóvel (urbano ou rural). Esta renúncia pode ser DEFINITIVA ou TEMPORÁRIA (de pelo menos 15 anos). Isso pode ser feito por filantropia ou com fins econômicos. Basta que seja feito um instrumento com o órgão ambiental com o seu respectivo no cartório de registro de imóveis. Aquele que, tendo uma fazenda com toda extensão preservada, resolva renunciar à exploração dela, poderá negociar este título oriundo da renúncia com outra pessoa que tenha dívida ambiental. O caso mais comum é o de reserva legal. Aquele que não possui reserva ambiental em seu terreno pode adquirir uma servidão ambiental de outrem. Aquele que aliena a servidão continua sendo proprietário de seu imóvel e, o adquirente passa a ser proprietário da servidão. Cabe ao proprietário dizer se ela é definitiva ou temporária, podendo ainda dizer qual é o conteúdo protetivo dela, qual a ação de proteção ambiental que será realizada. A lei traz um conteúdo mínimo. Nas ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE e no PERCENTUAL MÍNIMO DE INSTITUIÇÃO DE RESERVA, NÃO é possível a instituição de servidão ambiental, pois tais áreas já estão protegidas. Tudo isto consta da Lei 6.938/81. Vide art. 9º-A: Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. (...) § 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida.5 5 Enunciado – MPF: A servidão ambiental não poderá incidir sobre a área de reserva legal mínima exigida e implicará restrição equivalente ou superior àquela que lhe for imposta. CERTO. Isto decore da literalidade do §2º do art. 9º-A: a SA não se aplica às APP e à Reserva Legal Mínima exigida. 34 § 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. (...) § 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos § 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel. (TUDO Incluído Lei 12.651, de 2012). Constituída uma servidão ambiental perpétua ou temporária, aquele que adquire o imóvel ou qualquer parte de eventual desmembramento dela, deve respeitar os termos (propter rem). O Código Florestal (Lei 12.651/12) revogado previa uma servidão florestal, ligada apenas aos recursos florestais, isto é, bem mais restrita que esta. Ela foi extinta e convertida em servidão ambiental, nos termos do §7º deste artigo: § 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos termos do art. 44-A da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão ambiental. É o art. 9º-B que possibilita a forma desta servidão: Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua. 35 § 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.6 § 2o A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, definida no art. 21 da Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000. A lei 9.985/00 é a Lei das Unidades de Conservação, sendo a unidade de conservação uma espécie de espaço ambiental protegido. Uma servidão ambiental perpétua para fins de obtenção de crédito vale como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (unidade de conservação do tipo uso sustentável) que é uma das doze modalidades de unidades de conservação: § 3o O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social. Importante! A negociação de servidões pode se dar até no mercado de capitais. 3.14. Penalidades disciplinares As penalidades disciplinares são sanções administrativas impostas pelos órgãos ambientais com o intuito de PREVINIR, INIBIR e de CORRIGIR as infrações ambientais, que são todas as ações ou omissões que violem as regras jurídicas de 6 Enunciado – MPF: A servidão ambiental é um instrumento por meio do qual o proprietário institui restrição ao uso ou à exploração da vegetação de uma área por prazo determinado de pelo menos 15 (quinze) anos. ERRADO. A servidão também poderá ser perpétua. Quando for temporária, o prazo será determinado e o mínimo efetivamente é de 15 (quinze) anos. 36 uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, nos termos do caput do art. 70 da Lei n. 9.605/98. Tendo como base o poder de polícia conferido aos servidores dos órgãos integrantes do SISNAMA e os Agentes de Capitanias dos Portos, essas foram disciplinadas pela referida lei: Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto;VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO) XI - restritiva de direitos. § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. § 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo: I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; 37 II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. § 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. § 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos. Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). 38 Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência. Atualmente, a matéria encontra-se regulamentada pelo Decreto n. 6.514/08 39 1. Sistema Nacional do Meio Ambiente: Formado pelo conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do Poder Público, incumbidos da proteção ambiental e da implementação da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. 3. Estrutura do SISNAMA: Art. 6º da Lei 6.938/81, tendo a seguinte disposição, sendo que, por ser um sistema nacional, não detém personalidade jurídica: 4. SISNAMA e a gestão do meio ambiente: O SISNAMA exerce a tutela ambiental por meio dos seus órgãos executores federais (IBAMA e ICMBIO), estaduais e municipais, em compasso com as normas legais e regulamentares (expedidas pelo CONAMA), sem embargo da administração ambiental setorizada, tal como na área de recursos hídricos, a ser realizada por órgãos específicos criados para tal fim (Sistema Nacional de Recursos Hídricos). 5. Política nacional do meio ambiente: Trata-se das diretrizes gerais estabelecidas na lei que têm o objetivo de harmonizar e de integrar as políticas públicas de meio ambiente dos entes federados, procurando torná-las mais efetiva, por meio de instrumentos tratados na própria lei, tendo como vetor a promoção do desenvolvimento sustentável.
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