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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTACÂMPUS DE JABOTICABAL FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS Departamento de Zootecnia NOÇÕES DE TAXONOMIA E MORFOLOGIA DE PLANTAS FORRAGEIRAS (GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS) ANA CLÁUDIA RUGGIERI RICARDO ANDRADE REIS Jaboticabal - SP Agosto, 2006 1. INTRODUÇÃO As plantas forrageiras de maior interesse na Área de Forragicultura e Pastagens pertencem à Família Poaceae (Gramíneas) e Ordem Fabales (Leguminosas) ocorrendo em menor proporção plantas de outras famílias. Nas regiões tropicais as gramíneas são tradicionalmente as mais exploradas, em virtude de apresentarem um potencial de produção de forragem duas a três vezes superior às leguminosas forrageiras, entretanto, nos últimos anos, tem aumentado o interesse dos pesquisadores em pastagens, visando o uso de leguminosas forrageiras tropicais na alimentação animaI tanto na forma de feno como na forma de pastagens exclusivas e/ou consorciadas e mais recentemente na forma de banco de proteína, basicamente devido ao elevado valor nutritivo destas plantas, e, pela fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico com bactérias do gênero Rizobium. 2. TAXONOMIA 2.1. FAMÍLIA: Poaceae (Gramíneas) Taxonomicamente as gramíneas podem ser classificadas da seguinte forma: Reino: Vegetal. Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas) Classe: Liopsida (Monocotiledôneas). Subclasse: Commelinidae. Ordem: Cyperales Família: Poaceae Stebbins e Crampton (1961) citados por Nascimento (1981), consideram dentro da família Poaceae a ocorrência de 6 subfamílias, 28 tribos, com aproximadamente 600 gêneros e 10.000 espécies. Na subfamília Panicoideae, principalmente na tribo Paniceae é que ocorrem os principais gêneros de gramíneas forrageiras de clima tropical. Em contraposição nas de clima temperado os principais gêneros pertencem a subfamília Festucoideae. Provavelmente, por esta razão o sistema de classif1cação Hitchcok (1971), citado por MITIDIERI (1983), faz a divisão da família Gramíneae em apenas duas subfamílias: Festucoideae e Panicoideae. Entretanto MITIDIERI (1983) salienta que tal divisão é algo artificial tendo em vista que quatro tribos: Zoysiae, Orysae, Zizamieae Palarideae não pertencem definitivamente a nenhuma das duas famílias. 1.2. ORDEM Fabales Atualmente existem duas correntes distintas acerca da posição sistemática das Leguminosas. A primeira considera todas as leguminosas unidas sob a mesma família com a divisão em subfamilias e. a segunda mais recente propondo a divisão desta família em famílias distintas. Baseado na classificação de Cronquist, Takhiajan & Zimmerman (1966), citado por Cronquist (1981), encontra-se as seguintes unidades taxonômicas para a ordem Fabales Reino: VegetaL Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas) Classe: Magnoliopsida (Dicotiledôneas) Subclasse: Rosidae. Ordem: Fabales Famílias: Fabaceae, Caesalpinaceae e Mimosaseae. Estas apresentam cerca de 600 gêneros e mais ou menos 13000 espécies. A maioria das leguminosas forrageiras estudadas e cultivadas tropicais e subtropicais pertence à família Fabaceae. Desta, três das dez tribos: Saphorea, Podaliridae e Dalbergieae, não apresentam espécies herbáceas de valor forrageiro, com exceção feita para poucas das outras duas famílias, como é o caso da Leucaena leucocephala ((Lam.) De Wit)) a Leucena, que é da família Mimosidae. A limitação de muitas delas ao uso como forrageira se deve a presença de espinhos, princípios tóxicos. porte elevado. etc. No entanto concentrando-se na busca de espécies herbáceas de fabaceae não se deve excluir o potencial existente nas outras famílias (Rocha,1970). 3. OBSERVAÇÕES 3.1. As plantas forrageiras podem ainda ser classificadas com relação ao período de maior produção de forragem em hibernais e estivais isto é, estivo-outonais (Araújo, 1971; citado por Pupo 1981). a) Hibernais - São forrageiras de clima temperado dias menos ensolarados geralmente de pequeno crescimento caules finos e folhagem tenra. São semeados no outono (tanto as perenes como as anuais), sendo ceifadas durante o inverno e também na primavera. No estágio de florescimento, os rendimentos são maiores, entretanto menos nutritivos. Ex: anuais: Avena strigosa (aveia), Secale cereale (centeio), Poaceae (Gramíneas) Lolium (azevém), Hordeum vulgare (cevada). etc. Perenes: Festuca arundinacea (festuca) Phalaris tuberosa (falaris), etc. Anuais: Vicia (ervilhaca), Ornithopus sativus (serradela), Fabales (Leguminosas) Perenes: Medicago sativa (alfafa) Lotus corniculatus (cornichão) b) Estivais: são forrageiras de clima tropical, com elevado potencjal de crescimento, colmos grossos e folhas largas. Requerem bastante luz e calor, são sensíveis ao frio intenso, permanecendo com vida apenas os órgãos inferiores (raiz e base da planta), onde acumulam reservas nutritivas para rebrotar na primavera. São semeadas na primavera, com maior produção no verão e outono, e quando entra o inverno, as perenes entram em repouso vegetativo e as anuais morrem. Ex. Anuais: Zea mays (milho), Sorgum vulgare (sorgo), Pennisetum typhoideum (pasto italiano). etc Poaceae (Gramíneas) Perenes: Panicum (colonião, tanzânia, etc) Brachiaria (braquiária, marandu). etc. Setaria (setária), Anuais: Stilozolobium atterrimum (mucuna preta), Fabales (Leguminosas) Perenes: Neonotonia (soja perene), Galactia (galaxia). 3.2. Segundo as normas internacionais, as denominações científicas (espécies), são compostas por dois nomes grifados ou em letra que difere da do texto, onde o primeiro refere-se ao gênero e ambos à espécie. Ex.; gênero Panicum, espécie Panicum maximum. Como existem muitas variações, que colocadas após o nome científico (espécie), servem para caracterizar exatamente uma determinada forrageira, criou-se então, os termos; "variedade" (var.) e "cultivar" (cv.). (PUPO, 1981). a) a variedade (var.) – utilizada quando a planta distingue-se das demais da espécie através de caracteres botânicos e ocorrendo de forma natural. b) o cultivar (cv.) - empregado quando a planta foi criada pelo homem através de melhoramento genético ou quando uma variedade é intensamente cultivada pelo homem. Exemplo: Espécie Variedade ou Cultivar Panicum maximum cv. Colonião var. Trichoglume cv. Tanzânia var. Gongyloides Brachiaria brizantha cv. Xaraés cv. Marandu Barnard (1972) e Douglas (1980) citados por Ferguson (1985), referem-se a cultivar como sinônimo de variedade,onde Barnard (1972) define com um grupo de indivíduos cultivados que são distinguidos por uma característica (morfológica, química ou outra) com propósitos significativos para agricultura, floresta ou horticultura e a qual quando reproduz (sexuada ou assexuada), guardam traços distintos. Douglas (1980) refere-se a variedade (ou cultivar) como uma divisão de uma chave a qual é distinta, uniforme ou estável. 4. MORFOLOGIA 1. FAMÍLIA Poaceae (gramíneas) 1.1. Sistema radicular fasciculado ou em cabeleira. Estas possuem sistema radicular em que não se distingue a raiz principal da secundária, sendo todas igualmente desenvolvidas e de origem adventícia (Figura 1). Ao arrancar uma gram1nea remove-se apenas uma pequena parcela do sistema radicular o qual em muitas espécies alcança uma profundidade de 2 metros ou mais, sendo que anualmente são repostas cerca metade das raízes existentes, em deçorrêcia da morte e formação de novas raízes. A profundidade máxima é frequentemente alcançada no primeiro ano (Tabela 1). As raízes de algumas gramíneas (Paspalum notatum) contêm ou são circundadas por bactérias, principalmente do gênero Beijerinkia, que fixam nitrogênio atmosférico (Pedreira, 1975). Figura 1. Sistema radicular fasciculado ou em cabeleira. TABELA 1. Distribuição do sistema radicular do capim-gordura, çapim-colonião e capim- sempre verde, no perfil do solo. % do raizame total (peso seco) Profundidade (cm) Gordura Colonião Sempre verde Média 0 a 10 41 70 74 62 0 a 20 53 84 93 77 0 a 50 66 93 97 85 0 a 140 86 97 99 94 0 a 350 99,9 99,9 99,9 99,9 Profundidade onde foi encontrada a raiz 410 cm 620 cm 440 cm --------------- Adaptado de Rocha e Martinelli (s/d), citados por Pedreira, (1975). 1.2. Caule - O caule das gramíneas é do tipo colmo (Figura 2), dotado de nós e entrenós, podendo ser: 1.2.1. Ocos ou fistulosos 1.2.2. Cheios a) Macios e suculentos – via de regra preferido pelos animais. Ex.: Cana-de-açúcar, Capim-elefante, etc. b) Duros e secos – depósito de sílica nos tecidos Ex.: Milho (após o florescimento e maturação dos grãos). Obs. A quantidade de fibra e sílica presente nos tecidos do colmo é inversamente proporcional à aceitabilidade dos mesmos pelos animai s. Os nós na base da planta se acham muito próximos, separando-se visivelmente à medida que se caminha para o ápice do vegetal. Na parte basal do colmo, aparecem as raízes adventícias que emergem dos nós basilares. Quanto ao habitat e arquitetura, os caules das gramíneas podem ser: A) Aéreos - em geral herbáceos. - Ereto (cespitoso). Ex.: Pennisetum. Panicum - Decumbente. Ex.: Brachiaria. - Geniculado (Joelho). Ex.: Melinis, Chloris e Setaria. - Prostrado. Ex. Paspalum B) Subterrâneos (rizomas). Ex.: Paspalum As gramíneas apresentam certas modificações caulinares (Figura 2), visando a facilidade de disseminação: estolonífero cespitoso rizomatoso colmos entrenó nó rizoma rizoma Figura 2. Caule tipo colmo, estolão e rizoma. - Rizomas - são caules subterrâneos que terminam em uma gema apical pontiaguda, dotados de nó e entrenós, aclorofilados, cobertos de escamas as quais representam as folhas e as estípulas reduzidas. Ex. Paspalum. - Estolões - são caules rasteiros que se desenvolvem junto à superfície do solo, produzindo raízes e parte aérea a partir dos nós. Os estolões apresentam dois tipos: Tipo A Tipo B Estrutura de um caule normal, semelhante à parte aérea. Estrutura diferente do caule normal, possuindo nós compostos, três nós juntos e um internódio comprido. Entrenó cessa de crescer assim que se iniciam as brotações no nó correspondente O entrenó continua a crescer mesmo após iniciado as brotações. A emissão do caule aéreo se dá distante do ápice do estolão. Emite caule aéreo próximo do ápice do estolão. Exemplo: Digitaria Exemplo: Cynodom e Chloris 1.3. Folha – As folhas das gramíneas são constituídas de lâmina foIiar ou limbo e bainha (Figura 03). As folhas, são alternas, dísticas (duas fileiras no mesmo plano), originária dos nós dos caules e com índice filotáxico igual 1/2 (Mitidieri, 1983). O Índice filotáxico é a fração cujo numerador indica o número de voltas dadas, em espiral, a partir de uma folha até a folha seguinte, encontrada na mesma vertical e cujo denominador indica o número de folhas encontradas nesse trajeto (Rosique et al.1978). Portanto, nas gramíneas encontra-se em um ciclo da espiral apenas duas folhas. - Lâmina foliar ou limbo - Via de regra lanceolada com nervação paralela (presença da nervura principal), glabras ou não, margem comumente ciliadas ou serreadas. - Bainha - invaginante ou amplexicaule (envolve totalmente o caule), tipo fendida, com nervuras paralelas bem pronunciadas (ausência da nervura principal). Obs. Falso pecíolo - estreitamento da lâmina foliar, perto da bainha. Ex.; Andropogon 1.3.1. Elementos praticamente constantes Colar - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de fora da folha ou face inferior da lâmina foliar, com função de propiciar o movimento da lâmina foliar. Lígula - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de dentro da folha ou face superior da lâmina foliar, com função de proteção da gema contra o ataque de insetos e excesso de umidade. A lígula pode ser pilosa ou membranosa. Uma das características do gênero é presença da lígula membranosa. Obs. O gênero Echinochloa não tem lígula. 1.3.2. Exemplos de ocorrência esporádica Aurícula - apêndice em ambos os lados da base da lâmina ou no ápice da bainha. Ex.: certas espécies de Saccharum (cana-de-açúcar). Escamas - Folhas reduzidas que são encontradas na base dos colmos ou rizomas, com função de proteção das gemas. Ex.: Bambusa. Brácteas - Folhas modificadas com função de proteção das flores das gramíneas. Prófilo - Estrutura modificada da bainha que protege a gema lateral. É um órgão bicarenado e quando a gema se desenvolve em brotações laterais, é forçado a se abri r. Ex.: Pennisetum. Colmo Colmo Figura 3. Folha de gramíneas. 1.4. Flor – A flor das gramíneas é aclamídea (sem cálice e corola), com invólucro constituído por brácteas, denominadas glumas, superior e inferior, podendo estarem presentes ambas somente uma ou nenhuma (Alcântara, 1983). Um conjunto de flores forma a inflorescência sendo que a unidade desta em gramíneas é a espigueta (podendo ser pedicelada ou séssil). A espigueta contém um ou mais flósculos, encerrados por brácteas (Figura 4). Rá G su Lema Pálea Estigma Antera Ovário Lodícula quila luma perior Pedicelo Gluma inferior Ráquis Figura 4. Espigueta com cinco flósculos (Gould, 1968, citaos por Mitidieri, 1980) - Flósculo = Flor + o lema + a pálea - O lema sempre está presente (a flor encontra-se alojada em sua axila), apresenta nervura principal (tecido vivo), enquanto que o pelo não apresenta tecido vivo. - A pálea pode faltar, não tem nervura principal, é bicarenada. - Flor = Androceu + Gineceu + Lodículas (Figura 5). Figura 5. Flor de gramínea (Gould, 1958; citado por Mitidieri, 1983). Estigma Antera ou Estame Filamentos 3 filetes 3 anteras Lodícula Rudimento da corola que por turgecência abre a florPalea Lema Pistilo ou Gineceu 1 ovário súpero, tricarpelar, uniocular, Uniovular ¾ 2 estiletes ¾ 2 estigmas plumosos 1.5. Tipos de Inflorescência - A classificação das gramíneas baseia-se principalmente nos caracteres da estrutura da espigueta e no arranjo das mesmas. Estas quase exclusivamente delimitam as subfamílias, tribos e gêneros (Hitchcock, 1971; citado por Mitidieri,1983). Segundo LAHGER (1979) as gramíneas apresentam dois tipos de inflorescência: Espiga e cacho. Quanto ao arranjo das mesmas, estas podem ser: 1.5.1. Espiga - espiguetas inseridas no eixo principal sem pedicelo (sésseis). Ex.: Milho (Zea) a) Espiga radiada digitada Ex.: Cynodon 1.5.2. Cacho ou racemo – espiguetas inseridas na ráquis através de pedicelo. 1.5.2.1. Radiados - a) Digitados Ex. Digitaria - b) Sub-digitados Ex. Chloris 1.5.2.2. Isolados - a) Pareados Ex. Paspalum - b) Alternados ao longo do eixo principal – existem mais de dois racemos ao longo do eixo principal. Ex.Brachiaria (exceto B. mutica) 1.5.2.3. Cacho composto ou panícula – espiguetas pediceladas inseridas em ramificações terciárias e quaternárias da ráquis. 1.5.2.3.1. Aberta – As ramificações são longas e abertas. Ex. Melinis, Panicum, Brachiaria mutica. 1.5.2.3.2. Contraída – Ex. Setaria, Pennisetum, Cenchrus 1.5.2.3.3. Pseudo-espiga – ou panícula de racemo espiciforme – espiguetas pediceladas e sésseis inseridas em ramificações da ráquis, num mesmo sentido (Andropogon e Hyparrhenia), (Figura 6). A Figura 7 mostra a estrutura completa de um perfilho de gramínea. 1.6. Fruto – O fruto das gramíneas é do tipo cariopse (apresenta uma só semente, aderida totalmente ao pericarpo). A semente é do tipo albuminosa, constituída de embrião endosperma (Figura 7). Assim que a semente absorve água, o embrião emite um sinal hormonal à camada de aleurona (camada protéica), que sintetiza as enzimas que irão desdobrar os carboidratos do endosperma (amido, outros polissacarídeos – sacarose, hemicelulose, óleo e proteína), para nutrir o vegetal durante o estágio da plântula. A germinação geralmente é hipógea (o cotilédone permanece no solo durante o processo de germinação). Brotação Estolão Bainha Nervura Nó Lígula Aurícula Inflorescência Lâmina Espigueta Figura 7. Partes da Planta de Gramínea. Rizoma Mista Panícula aberta Espiga Digitado Racemo Cabeça = capítulo Panícula contraída Corimbo Fasciculado Racemo isolado Racemo radiado subdigitado Cacho isolado Figura 6. Tipos de Inflorescências de gramíneas. Figura 7. Secção longitudinal da cariopse de milho 1.7. Reprodução – As gramíneas apresentam dois tipos de reprodução: a) Sexual ou anfimixia – É quando há fusão de gametas, podendo ser por polinização cruzada – casmogamia (com flores abertas), ou por autofecundação - Cleistogamia (com flores fechadas). Períodos grandes de luminosidade favorecem a Cleistogamia, Ex: capim-colonião, enquanto que períodos curtos de luminosidade favorecem a Casmogamia, Ex: setária. Entretanto podem ocorrer períodos de luminosidade intermediários, que favoreçam os dois tipos de polinização, numa mesma espécie. Como exemplo tem-se o capim-colonião, que forma semente apomíticas, embora possa ocorrer uma baixa porcentagem de sexualidade (cerca de 20%), no entanto não se sabe se são sementes produzidas por autopolinização ou polinização cruzada. b) Apomítica ou assexual (apomixia) – Num sentido mais amplo apomixia abrange todas as formas de propagação vegetativa (estímulo hormonal – podendo ou não ser idêntica à planta mãe). Num sentido mais restrito, apomixia é a propagação através de sementes produzidas assexuadamente e é denominada: Agamospermia (Melinis, Brachiaria, Chloris, Cenchrus). Neste caso, a planta forma sementes sem que haja fertilização, pois as sementes se desenvolvem somente dos tecidos maternos, ainda que em certos casos seja necessário o estímulo dado pelo pólen. (idêntico à planta mãe), (Alcântara e Mitidieri, 1983). 2. ORDEM Fabales (Leguminosas) 2.1. Sistema Radicular – pivotante. Sistema radicu1ar em que a raiz principal é bastante desenvolvida e as raízes secundárias são menores e pouco numerosas (Figura 8). Normalmente apresentam nódulos que dependendo do gênero da leguminosa estes podem localizar-se em maior concentração na raiz principal ou secundária. Ex.: Centrosema, Macroptilium e Galactia (maior concentração nas raízes secundárias e terciárias). Stylosanthes (maior concentração na raiz principal). Outros tipos radiculares (origem caulinar) - Adventícias - leguminosas de hábito de crescimento rasteiro. Ex.: Macrotilium atropupureum (siratro). - Raízes tuberosas - Pachyrriaus (Jacatupé ou feijão batata) - Xilopódio- Galactia e outras leguminosas da Região dos Cerrados Figura 8. Sistema radicular das leguminosas 2.2. Caule – O caule das leguminosas geralmente são clorofilados e podem ser: 2.2.1. Subterrâneos (rizomas) São encontrados nas espécies herbáceas perene, funcionando como órgão de reserva e multiplicação vegetativa. Ex.: Trevo subterrâneo 2.2.2. Aéreos. Herbáceos ou lenhosos, podendo ser divididos em: a) Rasteiros – São caules superficiais ou estoloníferos, podendo apresentar raízes adventícias. Ex. Siratro. Os caules rasteiros quando encontram suporte podem subir (trepadores). Neste caso recebem o nome de sarmentoso, quando possuem órgão de fixação (Ex: Vicia) e volúvel, quando não apresentam órgão de fixação. Ex: Galactia, Centrosema e Macroptilium. b) Subarbustivos – Até 1,5 de altura. Ex: Stylosanthes c) Arbustivo - Até 3m de altura. Ex: Cajanus, Guandu d) Arbóreo - Acima de 3m de altura. Ex: Lecaena (leucena). Prosopis (algaroba). 2.3. Folha - A folha das leguminosas é constituída de base foliar, pecíolo e limbo, podendo apresentar pulvino e estípulas. O limbo apresenta várias formas, dependendo da espécie, com nervação penada. Pode ser do tipo: 2.3.1. Simples – Quando o limbo é único. Ex: Crotalaria juncea 2.3.2. Composta – Quando o limbo se subdivide em folíolos, podendo ser: a) Trifoliolada – quando a folha apresenta apenas três folíolos. Ex: Siratro, Centrosema, Calopogônio. b) Pinada - Paripinada – quando os folíolos terminam em par, Ex: Vicia (ervilhaca) Imparipinada – quando os folíolos terminam em ímpar, Ex: Indigofera 2.3.3. Recomposta ou bipinada – Quando os folíolos se subdividem. Ex: Leucaena e Prosopis (Figura 9). 2.4. Flor – A flor das leguminosas é diclamídia (com cálice e corola), sendo heteroclamídia, onde o cálice difere da corola. O cálice possui 5 sépalas soldadas (gamossépalo), nas três famílias. A corola possui 5 pétalas (1 estandarte, ou vetilo, 2 asas e 2 quilhas ou carenas), (Figura10). Família Pré-floração Flores InflorescênciaMimosideae Valvar Actinomorfas1 Capituliformes Caesalpinoideae Carenal Zigomorfa2 Racemo Papilionoideae Vexilar Zigomorfa Racemo 1Actimorfa – vários planos de simetria (5 pétalas iguais) 2Zigomorfas – Apenas um plano de simetria 2.5. Fruto a) Tipo vagem ou legume (seco, deiscente, com duas suturas: ventral e dorsal). b) Tipo lomento – fruto indeiscente que apresenta compartimento dividido em septos transversais entre as sementes, por onde ocorre a separação das mesmas na maturação. Ex: Desmodium c) Tipo Aquênio – fruto seco indeiscente, com pericarpo fortemente aderido a semente única Ex: Stylosanthes humilis 2.6. Semente – A semente das leguminosas é do tipo exabulminosa. A forma, tamanho e coloração do tegumento variam com a espécie. A germinação geralmente é epígea (os cotilédones emergem do solo durante o processo de germinação), com exceção da ervilha e guandu que são hipógeas (os cotilédones ficam no solo durante o processo de germinação) (Figura 11). Hilo – É a cicatriz deixada quando a semente se destaca do fruto (vagem), após quebra do funículo (estrutura de ligação entre a semente e o fruto). Simples Trifoliolada Palmada composta Composta paripinada sta imparipinada Recompo oComp sta ou bipinada Figura 9. Tipos de folhas de leguminosas forrageiras. Trevo branco Trevo vermelho Estandarte Bandeira Asa Quilha Flósculo Pedúnculo Flósculo Pedúnculo Flósculo Flósculo Pedicelo Pedúnculo Pedúnculo Figura 10. Tipos de flor de leguminosas forrageiras. RadículaCotilédone Plúmula Figura 11. A semente de leguminosa forrageira. IV. BIBLIOGRAFIA CITADA ALCÂNTARA, P.B. & BUFARAH, G. Plantas forrageiras: gramíneas e leguminosas. 4a ed. Nobel, São Paulo. 1992. 162p CARVALHO, N. M. & HAKAGAWA, J. Sementes - Ciência, Tecnologia e Produção. Campinas, Fundação Cargill, 1980. 326p. CRONQUIST,A. An integrated system of classification of flowering plants. New York, 1981. 162p. FERGUSSON,J.E. An overview of the release process for new cultivars of tropical forages, Seed. Sci.& Technol. , 13, 741 -757, 1995. LAHGER, R.H.M. How Grasses Grow 2- ed. London, The Camelot. Press Ltda, 1979. MITIDIERI, Manual de Gramíneas e Leguminosas para pastos Tropicais. São Paulo: Nobel: Ed. da Universidade de São Paulo, 1983. 198p. NASCIMENTO JUNIOR, D. Informações sobre plantas forrageiras. Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG, 1961. 56p. PEDREIRA,J.V.S. Desenvolvimento Morfológico de Gramíneas Forrageiras. Apostila Curso de Pós-Graduação em Nutrição Animal e Pastagens, ESALQ/USP - Piracicaba, SP. 1976. 17p. PUPO, N.I.H. Manual de Pastagens e Forrageiras. Formação, Conservação. Utilização Campinas, SP. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola. 1981. 342p.
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