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Unidade de Educação a Distância Estudos orientados - Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mírian Lúcia Brandão Mendes BELO HORIZONTE / 2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA REITOR JOAO PAULO BARROS BELDI VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO COORDENAÇÃO GERAL SINARA BADARO LEROY ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO AUXILIAR PEDAGÓGICO FABÍOLA MARIA FERREIRA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA DESIGNER INSTRUCIONAL JUCÉLIA SOARES COELHO EQUIPE DE WEB DESIGNER CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES MONITORIA ELZA MARIA GOMES AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARIANA TAVARES DIAS RIOGA THAYMON VASCONCELOS SOARES AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIÃ NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Legenda Nosso Tema Síntese Referências Bibliográficas Saiba mais Reflexão Material complementar Atividade Dica Importante Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Sumário Unidade 1: Leitura e escrita no Ensino Superior ........................................................ 9 Unidade 2: Gêneros textuais ............................................................. .......................28 Unidade 3: A organização do texto ..........................................................................46 Unidade 4: A coerência e coesão textuais ...............................................................60 Unidade 5: Produção de texto ..................................................................................84 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 6 Nosso Tema Prezado (a) aluno (a), Com o propósito de oferecer um Ensino Superior de qualidade, a Coordenação Geral dos Cursos de EaD do Centro Universitário Newton, com o apoio institucional, elaborou a disciplina “Estudos Orientados em EaD – Língua Portuguesa”, especialmente dirigida a você, que está ingressando no Ensino Superior, tendo em vista enriquecer seu desempenho nas atividades ligadas à Língua Portuguesa. Visa a uma formação mais coerente com as necessidades do mercado, pois, comunicar-se de forma precisa é fundamental nas mais diversas atividades, seja na elaboração e exposição de projetos, até mesmo na participação em processos seletivos. Você sabe, certamente, que as questões de Conhecimentos Gerais do Enade compreendem o conhecimento da nossa língua, além disso, mesmo na parte específica, as técnicas de interpretação, sumarização e redação auxiliam a compreensão das questões e, também, o desenvolvimento das respostas. Clique no link a seguir e veja esta reportagem que mostra como candidatos perdem vagas por erros de português! http://g1.globo.com/bom-dia- brasil/noticia/2012/04/pesquisa-revela- que-candidados-perdem-vaga-por-erros- de-portugues.html Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 7 Fique atento (a) para o que se segue. Nesta disciplina, como você vai perceber, as atividades ocorrerão por meio do Portal Universitário, são obrigatórias e serão avaliadas para que você sinta o seu progresso ao realizá-las. Queremos participar de seu sucesso, mas sabemos que não há receitas mágicas e conselhos infalíveis para a escrita de um bom texto. Entretanto, é fato que quem lê melhor aprende a pensar melhor e a escrever com mais espontaneidade. Por isso acreditamos, também, que muito pode ser aperfeiçoado nesse sentido. Por esta razão, a nossa proposta é provocar você, jovem graduando, para uma reflexão sobre a leitura e o texto escrito. Contamos com você nesta caminhada. Estaremos sempre junto de você e torcendo por seu sucesso ! Qualquer dúvida, entre em contato com a monitoria. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 8 Reflexão Para iniciar, gostaríamos de levar você a refletir sobre a leitura respondendo a algumas perguntas . Como se deu a sua formação enquanto leitor? Quanto do seu tempo é reservado para a leitura? Você gosta de ler? Qual é sua leitura preferida? Como você vê a leitura na sociedade? Você acha que a leitura pode modificar a vida de alguém? E, então, o que você concluiu? Veja: o indivíduo não pode ser completo quando ele não sabe ler e interpretar as situações que o rodeiam. Leitura não significa simplesmente decifrar o que os textos nos apresentam, é muito mais. Significa perceber tudo que acontece no nosso cotidiano: as conversas entre amigos, a fala do professor, a interpretação de um filme, entre várias outras situações. Pesquisas mostram que a pessoa que não possui o hábito da leitura, quando lê sente dificuldade para fazer uma análise, apresenta menos facilidade para se relacionar, se expressar no convívio social e profissional, além de tornar-se pobre de vocabulário. Ainda que quanto mais pratiquemos a leitura mais informações estão a nossa disposição , imperioso se faz continuar essa busca incessante pelo conhecimento, por abrir horizontes. A leitura deve tornar-se hábito, vício, deleite, e prazer, visto que ela favorece o pensar, o querer e o sentir. A leitura estimula, inspira e provoca a inteligência. A arte de ler e escrever foi durante muitos anos monopólio sagrado de pequenas elites. Por volta de 1750, no amanhecer da Revolução Industrial, haviam decorrido quase 5 mil anos sobre o aparecimento dos primeiros rudimentos da arte da escrita. Contudo, mais de 90% da população mundial não tinham acesso a essa arte. A leitura não era domínio de todas as pessoas, apenas uma minoria privilegiada podiadesvendar o mistério dos símbolos que envolvem as letras e a escrita. Fonte: Disponível em: http://verdadeumfato.blogspot.com.br/2010/06/ verdade-sobre-biblia.html Acesso em: 29/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 9 Hoje, porém, a leitura é considerada um dos meios mais eficazes para o desenvolvimento da aprendizagem permitindo romper barreiras educacionais. O cidadão é alguém que chega à vida adulta capacitado a ler e entender manuais, embalagens de produtos, relatórios, poesias, formulários, gráficos, tabelas, artigos de jornal e todas as outras formas da escrita cotidiana. Que técnico não necessita ler um manual ao instalar uma máquina; a dona de casa, ao instalar um aparelho eletrônico; a criança, ao contato com o vídeo game? Existe até a necessidade de nos informarmos com as bulas contidas nos medicamentos. Assim, nada justifica a ausência de leitura, pois, em nosso cotidiano, ela está presente em todos os momentos. A Internet trouxe-nos uma oportunidade ímpar, pois ela faz com que naveguemos por diversos assuntos enriquecendo-nos e proporcionando-nos a capacidade de análise, comparações e conclusões.. Com ela, a leitura chega mais facilmente a nossos lares, os livros estão mais acessíveis e as informações chegam mais rapidamente ao nosso conhecimento. As páginas que se seguem levarão você a perceber melhor a importância da leitura e da escrita. Então, vamos começar? Fonte: Disponível em: http://f.i.uol.com.br/folha/informatica/images/08351342.jpg Acesso em: 30/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 10 Unidade 1: Leitura e Escrita no Ensino Superior “Além de saber ler é necessário saber o que se está lendo. [...] Cria-se um leitor quando, depois de aprender a ler o que está escrito, aprende-se a ler o não está.” (Marina Colasanti) 1. Conteúdo Didático Nesta unidade, estudaremos a importância da Leitura e da Escrita no Ensino Superior. Veremos que a compreensão de sentido dependerá dos conhecimentos prévios que você tem sobre o assunto que está sendo lido. É sobre esse processo de produção de sentido na leitura que falaremos no item seguinte. Acompanhe. 1.1 Leitura, inferências, apreensão e compreensão de sentido. Sem dúvida, a leitura intensa e criativa põe em ação os sentimentos, a vontade, a memória, a imaginação e a inteligência, mas para adentrar em um universo de conhecimento é preciso concentrar-se, abrir o livro com dedicação e disposição para dedicar-se à leitura. No Ensino Superior, você irá entrar em contato com diversos textos científicos que exigirão uma boa dose de Fonte: Disponível em: http://leiturarecomendada.blogspot.com Acesso em 17/07/2013 Fonte: Disponível em: http://src.odiario.com/Imagem/2013/04/24/m_leitura-cartazaberto-4- custon.jpg Acesso em:27/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 11 concentração e dedicação. Essas o (a) ajudarão a compreender e interpretar os mais diversos tipos de textos. Entretanto, é importante que a leitura seja feita com um lápis ou uma caneta nas mãos. Tudo que não for bem decifrado, ou que agrade a você, merece ser sublinhado, enfatizado, anotado, pois anotar é guardar. Aquela citação que nos chama a atenção merece ser lembrada quando precisamos das palavras certas para concordar ou discordar de algo. Além disso, anotar torna a leitura reflexiva e útil, pois, quando nos faltar a inspiração, bastará nos lembrarmos daquela passagem que foi devidamente destacada ou das boas ideias que foram registradas em nosso arquivo de anotações para aproveitá- las. Se você procurar biografias de grandes pensadores e escritores, dificilmente encontrará algum que não tenha mantido um “diário de pesquisa” ou anotações. Mas como compreender melhor um livro ou um texto escrito? Compreender um livro, um texto ou um autor consiste em ler com tranquilidade captando os conceitos fundamentais. Leia o texto, a seguir, que lhe dará um passo a passo para você realizar uma leitura eficiente. Em qualquer tipo de leitura, há por trás um propósito. Se você se depara com um texto acadêmico, seu objetivo é definido pelo seu propósito. Geralmente, um entendimento mais detalhado do texto lhe é exigido. Mas, em linhas gerais, há certas estratégias para se fazer uma leitura eficiente de qualquer texto. Definido o objetivo ou propósito da leitura, tente seguir estas indicações abaixo: 1ª : VISÃO DE TODO - LEITURA CORRIDA/SUPERFICIAL • Observe o leiaute do texto, títulos, imagens, subtítulos, autoria, ou seja, elementos periféricos do texto, mas que têm importância para compreendê- lo. • Tente ler o texto sem preocupações, com o simples objetivo de perceber a Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 12 temática do texto. • Pergunte-se: "De que trata o texto? Ele é relevante para meus propósitos?" 2ª : VISÃO DAS PARTES - LEITURA ANALÍTICA • Tente detectar as ideias chaves do texto: tese [ponto de vista do autor], objetivos, argumentos de defesa, exemplo. • Tente extrair as ideias principais de cada parágrafo, separando-as das secundárias. • Sublinhe as partes principais. 3ª : VISÃO SINTÉTICA - RECONSTRUÇÃO DA LEITURA • Releia as partes sublinhadas. Cada parte deve estar organizada de modo a constituir-se em uma unidade de sentido. • Monte um texto/resumo com as partes sublinhadas utilizando conectivos e acrescentando palavras coesivas para ligar cada ideia do texto. • (Re) Leia o seu texto/resumo e compare com o original. Obedecendo a essas três etapas de leitura, seu entendimento melhorará a cada dia. Fonte: Disponível em: http://aprendaaestudar.blogspot.com.br/2009/04/estrategias-para-um-leitura-eficiente.html Acesso em: 26/07/2013 Ajuda muito, também, se você ler outros livros do mesmo autor, observando, na teoria, a linha de raciocínio que ele segue. A leitura conduz ao pensamento e o pensamento conduz à escrita. É preciso ler para compreender e, para que a compreensão ocorra, devemos ser capazes de estabelecer associações desse texto do momento com outros já lidos, por isso a compreensão é também um exercício de convivência sociocultural. Segundo Ângela Kleiman (2004, p. 14), A concepção hoje predominante nos estudos de leitura é a de leitura como prática social, que na linguística aplicada, é subsidiada teoricamente pelos estudos do letramento, nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à situação; são determinados pelas histórias dos participantes, pelas características das instituições em que se encontram, pelo grau de formalidade ou de informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura, diferindo segundo o grupos social. Disciplina: Estudos Orientados – Língua PortuguesaAutoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 13 Por essa visão da autora, nota-se que, atualmente, a leitura vem sendo tratada em um novo contexto teórico que considera as práticas sob um aspecto crítico e voltado para atividades, sobretudo, sociointerativas. De maneira geral, podemos dizer que compreender é decodificar e inferir. Para compreender, partimos dos conhecimentos trazidos pelo texto e dos conhecimentos pessoais para inferir um sentido como produto de nossa leitura. Compreender um texto é realizar inferências a partir das informações dadas no texto e situadas em contextos mais amplos. Desse modo, pode-se dizer que as inferências são aquelas informações que o leitor adiciona ao texto. Não podemos deixar de destacar a sua participação ativa, enquanto leitor, para que surja a compreensão do texto. É importante que você apure sua sensibilidade e sua inteligência de leitor para desenvolver a capacidade de escrever. Para isso é necessário: • ler identificando as ideias do texto; • ler percebendo o tipo de texto que está sendo lido e o modo como foi organizado; • ler estabelecendo relações entre o que estamos lendo e o que pensamos; • ler tirando conclusões sobre o que lemos. Depois de ter aprendido alguns pontos chave para uma leitura eficiente, vamos falar sobre a escrita, acompanhe. Os conhecimentos prévios exercem uma influência muito grande para compreendermos um texto. São estes os conhecimentos responsáveis pela nossa compreensão: • Conhecimentos linguísticos; • Conhecimentos factuais (enciclopédicos); • Conhecimentos específicos (pessoais); • Conhecimentos de normas (institucionais, culturais, sociais); • Conhecimentos lógicos (processos). Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 14 1.2. Escrita no Ensino Superior Sabemos que a escrita é fundamental para o exercício de várias profissões. Você já deve ter passado por alguma situação em que precisou elaborar uma redação no trabalho, ou se comunicar com outras empresas, a partir da modalidade escrita, de forma clara. No entanto, para muitos, o ato de escrever não é agradável, pois a pouca ou total ausência da escrita foi uma das lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio. Contudo, no ensino superior, a produção de textos deve fazer parte da rotina acadêmica. Após a leitura de um poema, de um trecho de um romance, de um texto científico, de uma reportagem, ou de um debate, você deve se sentir estimulado a elaborar um texto sobre o tema sugerido. Escrever é parte inerente ao universitário e não costuma ser tarefa fácil para ninguém. Normalmente, as pessoas "sofrem" muito quando têm que colocar suas ideias no papel. Durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas se limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas são exigidas pelas provas e concursos em geral. O resultado de tal postura foi um universitário que, muitas vezes, mal sabe escrever e, o pior, que pode passar quatro anos na universidade sem sabê-lo. A sociedade exige do profissional, seja ele engenheiro, advogado, jornalista, dentista ou professor, a capacidade de passar para o papel os seus estudos, divulgando assim o seu trabalho. Escrever significa comunicar-se e todos sabem que, nas empresas e instituições, a comunicação se faz, muito mais, por meio da modalidade escrita do que da oral. Para isso, são necessários conhecimentos específicos da elaboração da redação, como veremos mais à frente na nossa disciplina. Fonte: Disponível em: http://blogassuntosdiversos.blogspot.com.br/2012/02 /escrevendo-so-por-escrever.html Acesso em: 30/07/2013 Fonte: Disponível em: http://www.revistadigital.com.br/wp- content/uploads/2012/06/vest.jpg Acesso em: 30/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 15 No Ensino Superior, além das leituras de textos científicos, você, também, produzirá textos acadêmicos (resenha, resumo, artigo científico, relatórios, entre outros), cada um com características próprias. Nas unidades que se seguem, falaremos sobre a construção e as particularidades desses textos. Para o momento, é importante você saber que, ao redigir um texto, é necessário considerar a intencionalidade, pois, de acordo com a intenção toda a estrutura do texto se modifica. Vamos saber mais sobre esse assunto no próximo item. 1.2 Linguagem como manifestação do pensamento e os diferentes tipos de textos A linguagem é a atividade humana que, nas representações de mundo que constrói, revela aspectos históricos, sociais e culturais. É por meio da linguagem que o ser humano organiza e dá forma às suas experiências. Não há ação sem pensamento, assim, a linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade. O uso da linguagem ocorre na interação social e pressupõe a existência de interlocutores1,mas, além do intuito comunicativo, a 1 Interlocutor: cada um dos participantes de um diálogo. Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-LazZGve_m_U/TbEJ4- ThGiI/AAAAAAAAACk/WICg6fvAAss/s1600/linguagem.jpg Acesso em: 30/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 16 linguagem deve dar conta, também, das necessidades subjetivas, que se expressam nas palavras, nos sentimentos, nas sensações, nas emoções. São exemplos de diferentes linguagens utilizadas pelo ser humano: as línguas, a pintura, a dança, os logotipos, os quadrinhos, os sistemas gestuais, entre outros. Toda produção cultural está fundada na linguagem e materializada sob a forma de texto. Você provavelmente está acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual o seu conceito? Para entendê-lo, pense nas duas seguintes situações: 1) Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio". 2) Você está andando por uma rua e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro". Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto? Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto. Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está, quer dizer o quê? Não há como saber. Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro?Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso. Texto é, então, uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir. Fonte: Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/texto-voce-sabe-qual-o-conceito.htm Acesso em: 26/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 17 O texto representa o resultado material do ato de comunicação e de escolhas conscientes (ou inconscientes) feitas pelo sujeito falante dentre as Categorias de língua e os Modos de organização do discurso. Esses modos de organização do discurso são princípios de organização do material linguístico, que se dá de acordo com certas finalidades. Apesar de os discursos se caracterizarem pela sua heterogeneidade, ou seja, a homogeneidade textual quase não existe, é possível classificar os textos de acordo com a predominância do discurso que eles apresentam. A situação de comunicação é que determina a organização e a estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto. São quatro os modos principais de organização do discurso que contribuem para construir textos: Com relação ao sujeito produtor do texto, podemos dizer que ele ocupa o centro de uma situação de comunicação que constitui um espaço de troca no qual ele se põe em relação com seu parceiro ou interlocutor. Em uma situação de comunicação, utiliza, estrategicamente, categorias de língua ordenadas nos modos de organização do discurso para produzir sentido, por meio da configuração de um texto. Cada um desses modos de organização tem uma finalidade discursiva e um princípio de organização. Agora, vamos analisar cada um deles: Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 18 Modos de organização textual Modo enunciativo: Referente aos protagonistas, seres da fala, internos ao ato de linguagem. Essa categoria organiza a posição dos sujeitos da linguagem e testemunha a posição que o locutor mantém com seu interlocutor, com o que é dito em seu discurso e com a realidade exterior. Modo descritivo: Reconstrói e qualifica universos segundo códigos sociais e de acordo com a finalidade de comunicação na qual está inserida. Nomeação e qualificação são componentes da construção descritiva. Modo narrativo: Permite a construção de uma realidade a partir do desenrolar de ações sucessivas. A ordem narrativa é descrita em torno de relações conceituais entre tipos de fazer (do ponto de vista dos atores) e tipos de ser (de qualificação dos atores). Modo argumentativo: É um processo intersubjetivo que envolve um sujeito que desenvolve uma posição e outro que é alvo dessa argumentação. Para que essa persuasão ocorra, é necessário que eles compartilhem representações socioculturais. Procedimentos semânticos e discursivos funcionam para validar a argumentação. A argumentação nos proporciona um momento de criticidade, ou seja, por ela podemos ser leitores e espectadores na defesa de pontos de vista e, a partir dessa análise, verificarmos com qual nos identificamos melhor. QUADRO 1 Fonte: Própria autora Veja alguns exemplos desses tipos de texto para que você os conheça, caracterize e identifique. Exemplo de Texto Narrativo: Conta a lenda que um velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava e implorava para que o seu Santo o fizesse ganhar sozinho na loteria cujo valor do prêmio o faria realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que, no dia do Santo, de tanto que seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e, numa voz de desespero e raiva, gritou: - Pelo menos, meu filho, compra o bilhete!! Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 19 Exemplo de texto descritivo: “A árvore é grande, com tronco grosso e galhos longos. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com suas águas barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo tempo.” Exemplo de texto argumentativo: Uma nova ordem Nunca foi tão importante no país uma cruzada pela moralidade. As denúncias que se sucedem, os escândalos que se multiplicam, os casos ilícitos que ocorrem em diversos níveis da administração pública exibem, de forma veemente, a profunda crise moral por que passa o país. O povo se afasta cada vez mais dos políticos, como se estes fossem símbolos de todos os males. As instituições normativas, que fundamentam o sistema democrático, caem em descrédito. Os governantes, eleitos pela expressão do voto, também engrossam a caldeira da descrença e, frágeis, acabam comprometendo seus programas de gestão. Para complicar, ainda, estamos no meio de uma recessão que tem jogado milhares de trabalhadores na rua, ampliando os bolsões de insatisfação e amargura. Não é de estranhar que parcelas imensas do eleitorado, em protesto contra o que veem e sentem, procurem manifestar sua posição com o voto nulo, a abstenção ou o voto em branco. Convenhamos, nenhuma democracia floresce dessa maneira. A atitude de inércia e apatia dos homens que têm responsabilidade pública os condenará ao castigo da história. É possível fazer-se algo, de imediato, que possa acender uma pequena chama de esperança. O Brasil dos grandes valores, das grandes ideais, da fé e da crença, da esperança e do futuro necessita, urgentemente, da ação solidária, tanto das autoridades quanto do cidadão comum, para instaurar uma nova ordem na ética e na moral. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 20 Você sabia que os textos podem ser heterogêneos, como o romance, por exemplo, que é um texto narrativo com vários trechos descritivos? Veja o exemplo abaixo: O trecho que você leu pertence a um dos mais belos romances da nossa literatura romântica, Iracema, de José de Alencar. Você deve ter percebido a presença das passagens narrativas e descritivas no romance, o que confirma a heterogeneidade do texto. Desse modo, podemos dizer que um mesmo texto pode conter passagens narrativas, descritivas e argumentativas. Já com relação à intenção de comunicação, pode-se dizer que ela pode ser configurada em diversosgêneros textuais: carta pessoal, e-mail, charge, publicidade, entre outras. Em nosso convívio social, “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. [...]” ALENCAR José de. Iracema.Rio de Janeiro: Ed. José Aguilar, 1959 Fonte: Disponível em: http://cristhianoaguiar.com.br/blog/wp- content/uploads/2012/10/iracema.jpg Acesso em: 29/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 21 deparamo-nos com esses vários gêneros textuais, cada um com suas particularidades, como você poderá perceber na Unidade 2. Chegamos ao final desta unidade, mas antes de avançar para a próxima, sugerimos que você visite as nossas seções “Teoria na prática” e “Síntese”. Aproveite este momento para avaliar o seu aprendizado e colocá-lo em prática. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 22 2. Teoria na Prática As questões que se seguem são referentes ao texto abaixo. Leia-o, com atenção, e responda corretamente: a) Qual é o tipo textual que predomina neste texto? b) Quais são as personagens presentes? c) O texto nos apresenta duas situações de comunicação com um interlocutor (personagem) comum às duas. Identifique-as. d) Qual o conteúdo da mensagem (oral e escrita) trocada entre os interlocutores na primeira situação de comunicação? O diretor do banco E o homem, empurrado, apenas sentiu o empurrão. Caminhava absorto, mas contente, espraiando a alma, desabado de cuidados e fastios. Era o diretor de banco, o que acabava de fazer a visita de pêsames ao Palha. Sentiu o empurrão, e não se zangou; consertou o sobretudo e a alma, e lá se foi andando tranquilamente. Convém dizer, para explicar a indiferença do homem, que ele tivera, no espaço de uma hora, comoções opostas. Fora primeiro à casa de um Ministro de Estado, tratar de requerimento de um irmão. O ministro, que acabava de jantar, fumava calado e pacífico. O diretor expôs atrapalhadamente o negócio, tornando atrás, saltando adiante, ligando e desligando as frases. Mal sentado, para não perder a linha do respeito, trazia na boca um sorriso constante e venerador; e curvava-se, pedia desculpas. O Ministro fez algumas perguntas; ele, animado, deu respostas longas, extremamente longas, e acabou entregando um memorial. Depois ergueu-se, agradeceu, apertou a mão ao Ministro, este acompanhou-o até à varanda. Aí fez o diretor duas cortesias, - uma em cheio, antes de descer a escada, - outra em vão, já embaixo, no jardim; em vez do ministro, viu só a porta de vidro fosco, e na varanda, pendente do teto, o lampião de gás. Enterrou o chapéu, e saiu. Saiu humilhado, vexado de si mesmo. Não era o negócio que o afligia, mas os cumprimentos que fez, as desculpas que pediu, as atitudes subalternas, um rosário de atos sem proveito. Foi assim que chegou à casa do Palha. Em dez minutos, tinha a alma espantada e restituída a si mesma, tais foram as mesuras do dono da casa, os “apoiados” de cabeça, e um raio de sorriso perene, não contando oferecimentos de chá e charutos. O diretor fez-se então severo, superior, frio, poucas palavras; chegou a arregaçar com desdém a venta esquerda, a propósito de uma ideia do Palha, que a recolheu logo, concordando que era absurda. Copiou do Ministro o gesto lento. Saindo, não foram dele as cortesias, mas do dono da casa. Estava outro, quando chegou à rua, daí o andar sossegado e satisfeito, o espraiar da alma devolvida a si própria, e a indiferença com que recebeu o embate do Rubião. Lá se ia a memória dos seus rapapés; agora o que ele rumina saborosamente são os rapapés de Cristiano Palha. (Machado de Assis. Quincas Borba) Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 23 e) Caracterize os elementos espaço-temporais dessa narrativa, isto é, onde se passam os acontecimentos da narrativa e por quanto tempo? Leia o texto (e/ou escute a música) e responda, em seguida, às questões: Cotidiano Chico Buarque Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã, Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã. Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher. Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café. Todo dia eu só penso em poder parar; Meio-dia eu só penso em dizer não, Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão. Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portão Diz que está muito louca pra beijar Agora vejamos as possíveis respostas: a) O narrativo. b) Diretor do banco, Cristiano Palha, Ministro de Estado. c) As duas situações acontecem com o Diretor do Banco, primeiro quando visita o Ministro de Estado, onde foi não foi bem recebido, por isso saiu humilhado. A segunda situação acontece na casa de Cristiano Palha, onde foi recebido com cordialidades. Nessa segunda situação, as cortesias não foram do Ministro que tratou Cristiano Palha com a mesma frieza que fora tratado na casa do Ministro de Estado. d) O requerimento de um irmão, ou seja, assunto de negócios. e) Por 1 hora, na casa do Ministro de Estado, na casa de Cristiano Palha e na rua. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 24 E me beija com a boca de paixão. Toda noite ela diz pra eu não me afastar; Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor. Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às seis horas da manhã, Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã. Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher. Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café. Todo dia eu só penso em poder parar; Meio-dia eu só penso em dizer não, Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão. Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portão Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão. Toda noite ela diz pra eu não me afastar; Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor. Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às seis horas da manhã, Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã. (HOLLANDA, Chico Buarque de. “Cotidiano”.Construção, 1971, Philips, Faixa 2) a) Há duas pessoas neste texto: ela e eu. Quem é “ela”? Quem é o “eu”? b) Na terceira estrofe, o autor rompe um pouco com a estrutura que usou para todas as outras. Como ele faz isso? c) “Todo dia eu só penso em poder parar.” Parar o quê? Parar de quê? Parar por quê? d) “Meio-dia eu só penso em dizer não”. Dizer não para o quê? Dizer não por quê? e) “Depois penso na vida pra levar”. Que vida é essa? f) “E me calo com a boca de feijão”. Se cala por quê? Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 25 g) Há uma refeição que as personagens não fazem juntas. Qual é? Que elementos do texto indicam isso? h) Neste texto, o autor usa a linguagem coloquial. Que elementos do texto nos permitem dizer isso? Por que ele faz uso dessa linguagem? i) Por que a última estrofe é a repetição da primeira? j) O que esse texto quer dizer? Qual parece ter sido a intenção do autor? Agora veja as possíveis respostas: a) O texto fala do dia a dia de um casal ainda jovem de classe média bem tradicional. O homem (ele) é quem trabalha para dar conforto à família, enquanto a mulher (ela) fica em casa cuidando dos afazeres domésticos. b) Em todas as estrofes, o pensamento da personagem gira em torno da sua rotina com sua esposa, mas na terceira estrofe, ele pensa no seu trabalho, ele pensa sozinho na sua vida profissional. Em todas as estrofes ela fala “dela”. Somente na terceira ele usa explicitamente o pronome “eu”. c) O homem parece estar cansado da vida maçante que leva, de todos os dias fazer a mesma coisa no trabalho. Interessante notar que ele, nas outras estrofes, fala com carinho da mulher e do que ela faz. Já no trabalho, ele pensa em parar e dizer não para a rotina entediante. Mas logo ele se lembra de que precisa do dinheiro do seu trabalho para levar a vida, para continuar vivendo e se resigna, se conforma. d) Para sua vida sem lazer, sem direitos. Vida de proletário, de trabalhador assalariado. Dizer não talvez porque ele não se sinta feliz e acredita que merece uma vida melhor, com mais oportunidades, com mais cultura, com mais bens. e) É sua vida junto da esposa, pois é ele que paga as despesas da casa e quem deve dar boas condições de vida para sua mulher e, provavelmente, planeja ter filhos e quer dar a eles o melhor que puder. f) A refeição que as personagens não fazem juntas é o almoço. A mulher diz que espera o marido para jantar e o beija com a boca de café, indicando que a ação se passa pela manhã. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 26 Seis da tarde ela o espera no portão, de onde se pode concluir que ele, como todo trabalhador comum, só volta para casa nesse horário e que eles passarão o horário do jantar juntos. g) A linguagem coloquial se faz notar pelo uso do pronome para começar a frase (me beija, me sacode); no uso do “pra” no lugar de “para”; no uso de expressões coloquiais como “ela pega”, “vida pra levar” e o pleonasmo “sorri um sorriso”. h) A última estrofe é a repetição da primeira para mostrar que a história se repete todos os dias. Para, junto com o título, dizer que a vida da personagem, que por sua vez representa uma camada da nossa sociedade, é repetir sempre a mesma rotina, sem perspectivas de mudanças. i) A intenção do autor parece ser denunciar uma faceta perversa da nossa sociedade, que é o trabalho e a rotina entediante, sem tempo e nem dinheiro para o lazer e a cultura. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 27 3. Síntese Querido (a) aluno (a), Nesta unidade, buscamos entender melhor a importância da leitura e da escrita no Ensino Superior. Vimos que compreender um livro, um texto ou um autor consiste em ler com tranquilidade captando conceitos fundamentais. Aprendemos, também, que a situação de comunicação é que determina a organização e a estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto. Chegamos ao final da primeira unidade. Esperamos que o estudo desta unidade possa ajudar você nas suas atividades de leitura e que seja colocado em prática na produção dos textos. Vamos em frente, pois, ainda, temos muito que aprender sobre “Os gêneros textuais” na Unidade 2. Até breve! Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 28 Unidade 2: Gêneros Textuais 1. Conteúdo Didático Caro (a) aluno (a), Na unidade anterior, falamos sobre a leitura e a escrita no Ensino Superior. Nesta unidade, estudaremos a conceituação de gêneros textuais, quais são as características que diferenciam os gêneros e por que os gêneros se modificam ao longo do tempo, investigaremos e analisaremos os textos como produto de interação. Para isso, buscaremos exemplos de charges, de tirinhas, de notícias e de textos publicitários, analisando o seu público alvo, os aspectos linguísticos e vocabulário foram utilizados. Então, está preparado (a)? 1.1 Gêneros textuais: conceito O texto é uma criação que inclui em si o criador e o leitor, pois, o autor está sempre presente na obra como parte constituinte de sua forma artística. Por essa razão, o processo de produção e o próprio texto são criações dialógicas. Quero dizer que o texto é um ato de comunicação impressa, constituído de um elemento da comunicação verbal onde há manifestações empíricas (sem caráter científico) sobre o ponto de vista dos discursos de outrem (subordinado a uma determinada ideologia) e do discurso próprio de quem produz esse determinado texto. Isto significa que o texto é compreendido como representação de atos, elementos e relações culturais diversificadas, surgida como signo da relatividade de um campo com diferentes focalizações (interdiscursividade, intertextualidade e estilo individual) visto, assim, como objeto privilegiado de manifestações culturais. Cabe ao elaborador construir um texto com elementos de intertextualidade e com seu modo particular de reflexão sobre o mundo e sobre a realidade social. Como não vivemos isolados, o autor utiliza-se de outros discursos, outros textos, que envolvem um diálogo com outras pessoas, com o mundo e com as suas experiências pessoais. Na verdade, o escritor/produtor de um texto é um leitor da realidade que o cerca, fazendo uma releitura do mundo e criando um novo texto. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 29 Sendo assim, pode-se dizer que interagir com o outro é uma forma de produzir linguagem, é adquirir conhecimento, é conhecer mundosdiversificados, e é a partir da interação que tudo se agiliza, que há a internalização de um saber construído com o outro. Isso pode ser aplicado em qualquer situação da vida, a partir da interação comunicativa, da troca de experiências entre todos os sujeitos envolvidos no processo. Por isso, a língua não é um produto acabado, é um eterno e ininterrupto processo de interação. Sempre há o que dizer ou o que escrever e maneiras diferentes de fazê-lo com base na história discursiva de cada sujeito envolvido no processo de interação. Por conseguinte, não há textos totalmente inéditos, nem discursos totalmente não comprometidos; e, além do mais, existem sempre maneiras diferentes de falar e linguagens diversas, refletindo as múltiplas experiências sociais. Observe a imagem abaixo e repare na intertextualidade com a obra de Leonardo Da Vinci, sugerida pela marca Bombril: Assim, confirmamos que o texto é um instrumento fundamental para adquirir conhecimento, capacidade produtiva, comunicativa e de estruturação gramatical, tendo em vista sua ampla possibilidade de fazer o ser social assimilar e compreender a partir das palavras, conectando Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/- O4t7GKia1eM/T-C6F6- 8qeI/AAAAAAAACJc/IOTUlJLAo34/s400/monbijou.jpg Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 30 linguagem e vida. Isto porque a produção textual, seja ela oral ou escrita, é uma forma de dialogar com outrem, é instaurar o elo entre o sujeito e o mundo onde vive, por meio da intertextualidade e da intersubjetividade. O sujeito expõe suas ideias, anseios, temores, expectativas de seu tempo, de seu grupo social em um processo de produção textual. Para isso, ele lança mão de diferentes gêneros textuais que o ajudarão a disponibilizar sua criação, mostrando a sua realidade, inserida em uma sociedade, em um determinado momento histórico. Como nos ensina Bakhtin, gêneros textuais definem-se principalmente por sua função social. São textos que se realizam por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma interação específica. Trata-se de unidades definidas por seus conteúdos, suas propriedades funcionais, estilo e composição organizados em razão do objetivo que cumprem na situação comunicativa. Explicando melhor: isso significa que, a cada vez que produzo um texto, seleciono um gênero... • em função daquilo que desejo comunicar; • em função do efeito que desejo produzir em meu interlocutor; • em função da ação que desejo produzir no meio em que me inscrevo. Fonte: Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/conceito-genero- textual-seu-uso-aula-735561.shtml?page=2Acesso em 29/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 31 Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo que trata sobre Gêneros Textuais, clicando no link a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk E por falar em gêneros textuais, precisamos nos deter neste aspecto. Muitas vezes nos confundimos quando vamos estabelecer a diferença entre tipos e gêneros textuais. Não é correto afirmar que uma carta pessoal ou um e- mail, é um tipo de texto. Eles são, na verdade, gêneros textuais. É importante notar que os gêneros não são entidades naturais, mas são artifícios culturais construídos pelo homem e, como tal, estão sujeitos a mudanças e adaptação históricas. Isso significa que os gêneros textuais obedecem a certos moldes de composição de texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que se destinam, por sua intenção, por seu contexto de circulação. Vários são os gêneros discursivos. Somente para ilustrar, podemos citar o conto, a história em quadrinhos, a carta, o bilhete, a receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, o e-mail. Fonte: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk Acesso em: 28/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 32 Podemos, assim, definir gênero textual como textos materializados, encontrados no dia a dia e que apresentam características sociocomunicativas definidas pelos conteúdos que expressam, pelas propriedades funcionais, pelo estilo e composição. Ele, o gênero, cumpre uma função social específica. Ou seja, nós, quase que intuitivamente, sabemos que gênero utilizar em momentos específicos de interação, de acordo com a função social que ele representa. Se preciso comunicar aos meus filhos, que estão dormindo neste momento, que vou até o banco e que voltarei em meia hora, qual é o gênero que eu utilizarei? Certamente um pequeno bilhete, deixado sobre a mesa do café da manhã. Se preciso me comunicar com alguém, que está em reunião de trabalho no momento, a qual não posso interromper, provavelmente, enviarei uma mensagem de celular. Assim, acabamos nos interagindo e utilizando o meio adequado, com a linguagem adequada. Escrever um e-mail a um amigo não é o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade pedindo informações sobre um processo de vestibular, por exemplo. Não podemos nos esquecer de que um bom texto não é aquele que apresenta características literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido. Para isso, devemos levar em consideração a escolha do gênero, da estrutura, do conteúdo, do estilo e do nível de língua. Se esses estiverem adequados ao interlocutor, o texto cumpre a sua finalidade. A título de ilustração, mencionamos acima alguns gêneros textuais. E, para complementar a lista, você conhecerá outros, para que possa se lembrar de que o gênero textual também pode ser vinculado a uma produção oral, como um telefonema, ou um sermão, ou uma aula expositiva, ou uma reunião de condomínio. Ainda complementando a lista, podemos citar o aviso, um comunicado, um edital, um informe, uma citação, um ofício, uma petição, um memorial, um requerimento, um abaixo assinado, uma nota promissória, um termo de compromisso. Não é preciso ir muito longe para notar que, enquanto produção vinculada a objetivos sociais, os gêneros se modificam ao longo do tempo, visto estarem todos atrelados aos fins históricos e Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com Acesso em: 31/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 33 comunicacionais de uma época. Os bilhetes que os namorados escreviam na década de 50 não são nem um pouco parecidos com os bilhetes escritos hoje, se é que os namorados hoje fazem uso deste recurso, afinal a tecnologia já está mudando este hábito. As mudanças nos códigos das leis também interferem na produção dos textos deuma petição. Para engrossar ainda mais a listagem, citamos outros gêneros: diário, agenda, anotações pessoais, romance, blog, piadas, cardápio, horóscopo, lista de compras, dentre outros. Não se esqueça de que somos seres sociais, vinculados a um momento histórico. A nossa maneira de comunicar também está conectada a tais fatores e, portanto, é mutável. 1.1.1 Charges A charge é um gênero discursivo que possui a finalidade de criticar, de forma bem pontual, algum acontecimento contemporâneo ao momento em que é reproduzida. Ela é constituída de uma ilustração e é usualmente acompanhada por texto escrito. Também pode apresentar personagens e, normalmente, expressa a visão e (re)leitura de uma realidade político-social que o artista quer registrar. É frequente o uso do humor que ajuda o escritor a melhor expressar a sua visão crítica da realidade em análise. Veja uma charge bem atual. Fonte: Disponível em: http://nefcristo.files.wordpress.com/2013/04/bilhete.jpg Acesso em: 31/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 34 Fica claro para nós, ao lermos o texto, que há uma crítica, bem contundente, em relação aos gastos indevidos do dinheiro dos cofres públicos que privilegiam alguns em detrimento dos gastos que deveriam ser feitos para a melhoria da saúde e educação públicas. Ao estudar as expressões corporais, notamos na posição da perna esquerda sobre a outra, o descanso de quem não precisa trabalhar muito para conseguir o seu intento. E as feições são bem maquiavélicas, quase que demoníacas. Ou seja, estão traçando um plano que irá prejudicar quem os elegeu, mas, neste momento, isto não importa. Fala mais alto o interesse pessoal. Veja agora a próxima charge: Fonte: Disponível em: http://fernandocabral.org/Charges/Charge-24-07- 2011.jpg Acesso em: 17 jul. 2013. Fonte: Disponível em: http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/zope4.jpg Acesso em: 17 jul. 2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 35 Observe o local. As pessoas envolvidas. E tente responder: Onde moram estas pessoas? Como vivem? Quem são elas? O que estão fazendo? Sobre o que estão comentando? São pessoas letradas? O que faz com que esta charge seja engraçada? O que o escritor pretende criticar? Imaginamos que você tenha chegado à conclusão de que se trata de uma crítica ao plano de aceleração do crescimento do governo, que pretende fazer com que o país possa crescer economicamente, dando às pessoas mais oportunidade de entrarem para a era tecnológica e dando ao Brasil a oportunidade de se tornar mais competidor no mercado internacional. Contudo, notamos que, apesar da intenção de crescimento, o governo ainda não foi capaz de exterminar a pobreza que ainda faz parte do cotidiano dos brasileiros. E é este contraste entre a pobreza presente e a necessidade de crescimento no mercado internacional que torna a charge engraçada. Dando continuidade, faremos algumas análises de tirinhas. Vamos lá? 1.1.2 Tirinha Trata-se de uma série de vinhetas, que, em inglês, recebe o nome de comic strips. São usualmente publicadas diariamente em vários meios de comunicação, principalmente em jornais. Normalmente são produzidas por equipes, com editores, escritores, artistas gráficos. Contudo, podem, também, ser criadas por anônimos e são usualmente divulgadas na Internet. Geralmente possuem poucos quadros, com uma piada rápida e de fácil entendimento. Vamos analisar algumas? Veja, na tirinha a seguir,,como os comportamentos mudam com o passar do tempo. Fonte: Disponível em: http://imguol.com Acesso em: 17 jul. 2013. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 36 Fica perfeitamente clara a mudança comportamental das pessoas que antes, ao esperarem em uma fila de um banco ou num ponto de ônibus, interagiam, conversando sobre assuntos triviais. Hoje, preferimos o mundo virtual. Os nossos celulares são o instrumento de comunicação entre nós e os distantes. Ignoramos aqueles que fisicamente estão perto de nós e preferimos manter contato com as pessoas que, fisicamente, estão ausentes. Vamos ler mais uma: E agora? O que você me diz a respeito desta? Note que há uma crítica velada em relação à dificuldade que a população brasileira encontra quanto aos empréstimos. Pelo fato de as taxas de juros serem muito altas, somente outro empréstimo é capaz de fazer com que um anterior seja pago. Ou seja, trata-se de uma crítica às altas taxas de juros bancários que tornam a vida do cidadão mais e mais difícil de ser regularizada. Veja que as charges e as tirinhas precisam estar muito bem situadas dentro de um contexto social. Se uma pessoa não tiver esta informação contextual, certamente não compreenderá o que acabamos de analisar. É impossível compreendê-las sem o momento situacional. Vamos prosseguir? Também é nosso objetivo analisar textos publicitários. Este será o nosso próximo assunto. Preparado (a)? Fonte: Disponível em: http://imguol.com Acesso em: 17 /07/ 2013. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 37 1.1.3 Publicidade O texto publicitário exige uma linguagem bem especial já que objetiva persuadir o leitor, ou seja, procura despertar no interlocutor o desejo de comprar algo, uma ideia, um produto ou, simplesmente, aderir a uma causa. Veja, por exemplo, a imagem que foi utilizada pelo governo americano para recrutar americanos para se alistarem para a Segunda Guerra Mundial. Observe que o olhar direto, o dedo em riste, a palavra you, em destaque, são uma ordem. Ou seja, passa-se a ideia de que não se admite um não como resposta. O objetivo aqui é despertar o sentimento patriota de que you (você) é importantíssimo para o governo e para a guerra. “Quero VOCÊ no exército americano. Seção de recrutamento mais próxima.” (Tradução nossa) Fonte: Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1d/Unclesamwantyou.jpg/220px -Unclesamwantyou.jpg. Acesso em: 17 /07/ 2013. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 38 Agora veja a próxima imagem: Esta imagem argumenta em favor do fim da intervenção americana no Vietnã. Observe que o texto aqui foi totalmente dispensável.Bastou uma imagem para comunicar o objetivo: a retirada dos americanos do território vietnamita. Assim, podemos verificar que os textos publicitários estabelecem uma interlocução direta e se utilizam de diversos recursos da linguagem para conseguir a adesão do leitor. Para isso, vários são os gêneros discursivos usados: anúncios (em revistas, jornais, outdoors, televisão), panfletos, folhetos, fôlderes, fliers, entre outros. A boa publicidade procura mostrar ao leitor que o produto anunciado é a possibilidade de realização de um sonho ou de satisfação de uma necessidade. Desta maneira, o desafio maior desses textos é promover a associação entre um produto ou ideia a ser divulgado (a) e alguma necessidade ou desejo de seu público leitor. Para isso, bons argumentos serão necessários, além de uma retórica convincente. O público alvo, também, deve ser levado em conta para ser escolhido o melhor meio de circulação. Com isso, a estrutura do texto, também, deve se adequar ao contexto de circulação. Em um anúncio televisivo, por exemplo, além do texto, da imagem, a música também é um elemento a ser considerado. Esse último elemento estará ausente em um anúncio de jornal, que precisará dizer mais com um elemento a menos. Questionamos: Quais são os elementos importantes para uma boa publicidade? Você tem um minuto para pensar... Conseguiu enumerá-los? Então, confira: título, que deverá ser curto, em destaque, e deve atrair a atenção imediata do leitor, criando uma identificação entre o produto ou ideia a ser divulgada e seu público-alvo. O texto, que tem a função de apresentar os principais argumentos para convencer o leitor a adotar o comportamento desejado. Tais argumentos devem ser apresentados em sintonia com o público que se deseja atingir. Esses argumentos precisam ser Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/- jXVJjGo9LdI/T57pUi0SKGI/AAAAAAAADXs/QZaA4Vru0JE/s320/GUERRA+DO +VIETN%C3%83.png Acesso em: 29/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 39 objetivos, diretos. A assinatura, que aparece no canto direito inferior, ao lado do texto, fechando assim o anúncio, e estabelece a marca do produto / campanha que está sendo divulgado (a). O leitor precisa se identificar com esta marca. Ela acaba se tornando parte de seu dia a dia. As imagens, que são elementos extraordinários de persuasão e devem ser exploradas em todo o seu potencial. Alguns anúncios ficaram tão marcantes, que não esquecemos os seus slogans. Vamos nos lembrar de alguns? Veja a imagem seguinte: O jogo de cores que despertam em nosso cérebro o desejo de nos alimentar, a imagem bem montada dos alimentos que parecem saudáveis; o tomate parece ter sido colhido neste momento. Com a vantagem de possuir somente 27 calorias por porção, essa informação torna a maionese ainda mais agradável visto estarmos todos preocupados em não ganhar peso. Tudo isto mostrado em uma foto bem montada e projetada. “Coca-Cola é isso aí.” “Globo e você: tudo a ver.” “Se é Bayer, é bom.” “Hellmanns: a verdadeira maionese.” Fonte: Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/images/materias/hellmanns_limi tada_blog.jpg . Acesso em: 17 jul. 2013. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 40 Para finalizar esta unidade, passemos ao próximo assunto: a notícia. 1.1.4 Notícia Veremos quais são as características estruturais de uma notícia, qual é sua finalidade, em que contextos circula e qual é o perfil de seus leitores, como é a linguagem utilizada na sua elaboração. Vamos iniciar este assunto de maneira diferente. Primeiro lhe daremos a notícia, depois analisaremos como o texto foi tecido. Mãos à obra. Dilma quer rever tarifas e critica qualidade de transportes A presidente alegou que o governo federal se antecipou às manifestações na redução das tarifas de ônibus e metrô. Ao fazer um relato dos cinco pactos em resposta às manifestações, a presidente Dilma Rousseff prometeu uma “ampla reunião” sobre a planilha de cálculo das tarifas. O encontro deverá reunir gestores públicos e prestadores de serviços de transportes, mas a presidente evitou dar mais detalhes. Dilma discursava durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), colegiado que reúne empresários e representantes políticos e da sociedade civil, e admitiu a baixa qualidade do transporte público brasileiro, comparando-o a uma lata de sardinhas. "(O transporte público brasileiro é de) má qualidade, extremamente apertados - como sardinha - e com uma frequência não tão adequada em várias partes do nosso país", disse. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 41 A presidente alegou que o governo federal se antecipou às manifestações na redução das tarifas de ônibus e metrô. Ela lembrou que a isenção de PIS/Cofins, no setor, e a redução dos encargos da folha de pagamentos provocou uma redução de 7,23% no preço das passagens. Dilma criticou ainda gestões anteriores pela falta de investimentos em mobilidade urbana. "A questão urbana é extremamente grave em outros países do mundo também, em países ricos e desenvolvidos. Num país pobre como o nosso - entre parênteses pobre, porque não foi investido o suficiente nos últimos anos nessa área. Nós somos pobres nessa área. Não foi investido, primeiro, por causa da crise da dívida e, segundo, porque não foi investido", afirmou. "O trânsito na cidade é como a circulação do sangue no nosso organismo, portanto, não foi uma questão menor que desencadeou as manifestações de junho, foi uma questão muito importante", acrescentou a presidente. Como vivemos na era da informação, somos bombardeados de notícias a cada minuto pelos meios de comunicação aos quais estamos expostos: a televisão, a Internet, jornais revistas. Estes meios nos apresentam acontecimentos importantes quase que instantaneamente. O trecho acima é um exemplo disso. Foi retirado do site Terra, local onde podemos investigar as últimas notícias a cada meia hora. Às vezes, até em menor tempo. Passemos ao texto: Com que finalidade ele foi escrito? A quem ele se dirigiu? Como está estruturado? Para início de conversa, a notícia é um texto que apresenta o registro de fatos, sem que haja a interferência de opinião de quem a está relatando. Possui a finalidade de informar de modo objetivo e preciso as circunstâncias em que aconteceram os fatos de interesse público e geral. Para que o leitor encontre de modo rápido as informações principais, as notícias são redigidas de acordo com uma estrutura característica deste gênero. Possui um título que tem a função de chamar atenção do leitor. A primeira parte do texto da notícia segue, preferencialmente, a técnica conhecida como pirâmide invertida. Ou seja, apresentam-se as informações básicas no início do texto, que terá o nome de lide ou lead. À medida que o texto continua, o leitor acompanharáa articulação e o desenvolvimento das informações apresentadas no lide. Fonte: Disponível em: http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/dilma-quer-rever-tarifas-e-critica-qualidade-de- transportes,62205e0b22eef310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html. Acesso em: 17 jul. 2013. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 42 O lide é a primeira frase ou, às vezes, as duas primeiras frases que permitem ao leitor responder às seguintes perguntas: o quê? quem? quando? Ou seja, saberemos o que aconteceu, quem estava envolvido e quando ocorreu. Quanto à linguagem, opta-se pela obediência às normas do padrão culto, e costuma ser definida por frases curtas, com uma estrutura sintática básica que envolve sujeito – predicado – complemento. Obviamente que cada escritor possui o seu estilo, e escapar destas regras que normalmente são seguidas não significará que o mesmo empobreceu a sua notícia. Voltemos às perguntas formuladas anteriormente: Com que finalidade ele foi escrito? A quem ele se dirigiu? Como está estruturado? O texto oferecido a você foi escrito com a finalidade de passar uma informação? Sim. Ele se dirigiu à população brasileira interessada em ler a respeito dos aspectos políticos da administração de nosso país? Sim. Está estruturado de maneira que podemos identificar a ideia central logo após o título e o subtítulo? Sim. Possui isenção de opinião pessoal do autor? Sim. Foi utilizada a língua padrão culta? Sim. Podemos, então, concluir que se trata de um bom texto jornalístico com a finalidade de nos informar? Se a sua resposta foi um SIM, então podemos concluir que se trata de um texto bem redigido. Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade . Esperamos que tenha se deliciado com esta nova maneira de ver como a comunicação é importante em nossas vidas e como estamos inseridos em sua construção. Aguardamos você na próxima unidade, nela analisaremos a construção do texto acadêmico. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 43 2. Teoria na Prática Questão 1 - Após a leitura do capítulo, faça a leitura do texto que se segue e responda às perguntas referentes a ele. Novo bisturi 'inteligente' detecta tecido com câncer instantaneamente 'iKnife' analisa fumaça liberada por corte elétrico em paciente. Equipamento pode ajudar a evitar cirurgias adicionais. Uso do bisturi 'inteligente' é demonstrado por um médico usando um pedaço de músculo animal, no Hospital St Mary, em Londres (Foto: Sang Tan/AP e Luke MacGregor/Reuters) Pesquisadores do London Imperial College, no Reino Unido, desenvolveram um bisturi “inteligente” que pode detectar em segundos se um tecido que está sendo cortado é canceroso ou não. A novidade promete tornar as cirurgias para retirada de tumores mais efetivas no futuro, evitando operações adicionais. A tecnologia une um bisturi elétrico com um espectrômetro de massa capaz de fazer análises químicas. Muitas vezes, cirurgiões não conseguem identificar visualmente se um tecido é saudável ou canceroso. O resultado é que, nas operações para retirar câncer dos seios, por exemplo, é necessária uma intervenção adicional em um quinto dos casos. O novo equipamento se chama “iKnife” e é desenhado para analisar amostras da fumaça que surge quando o tecido é cortado pela corrente elétrica do bisturi. Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 44 Ele acaba de ser testado em 91 pacientes e acertou a identificação de tecido com câncer em 100% das vezes. Os resultados estão publicados na “Science Translational Medicine”. Até o surgimento do “iKnife”, o procedimento equivalente adotado era o de enviar amostras de tecido para exame em laboratório enquanto o paciente permanece sedado. No entanto, cada nova análise demora cerca de meia hora, enquanto o novo bisturi elétrico consegue checar se as células são cancerosas em apenas três segundos. NOVO bisturi 'inteligente' detecta tecido com câncer instantaneamente. Globo.com., 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/07/novo-bisturi-inteligente-detecta-tecido-com-cancer-instantaneamente.html>. Acesso em 17 jul. 2013. Agora reflita... Questão 2 - ANALISE a charge abaixo e ESCOLHA a alternativa correta. a. Qual é a finalidade do texto acima? b. Como esta finalidade é atingida? c. O autor do texto foi cuidadoso e ofereceu informações que possam responder às perguntas: o quê?, quem?, quando?, como? Identifique, no texto, as respostas para tais perguntas. d. Você acha que esta notícia tem como público alvo a comunidade científica? Por quê? e. Ao analisar o texto, é possível detectar a técnica da pirâmide invertida? Fonte: Disponível em: http http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRISm3Rlp0Z0sMPf3ELu59OP M5e8MjSVX0-J7AwVOIiIWE5LFBfqA Acesso em: 20/07/2013 Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 45 Podemos afirmar que: A) Nem todos acreditam mais naquilo que os políticos afirmam. B) Podemos garantir que o candidato está mentindo. C) Todos os presentes certamente apoiam o candidato. D) O candidato deseja que o apoiem, já que fala a verdade. E) Aquele que usa roupa nova não usou dinheiro público. Veja as possíveis respostas às perguntas acima: Questão 1 a. A finalidade do texto é informar o surgimento de um novo bisturi capaz de detectar células cancerígenas. b. O texto informa de maneira clara e concisa como o bisturi pode, em apenas três segundos, detectar se os tecidos que estão sendo removidos em uma cirurgia são cancerígenos. c. Os envolvidos são pesquisadores do London Imperial College, os quais desenvolveram o bisturi e o apresentaram à comunidade britânica. A informação foi divulgada no dia 17 de julho de 2013. A tecnologia une um bisturi elétrico com um espectrômetro de massa capaz de fazer análises químicas e, em apenas três segundos, é capaz de fazer a análise, evitando a espera prolongada de uma análise, com o paciente em cirurgia ou em uma nova intervenção cirúrgica. d. Não. Ela tem como público alvo a comunidade não científica. Ela utiliza a linguagem padrão culta, mas não utiliza de jargão específico da área, possibilitando aos leigos compreenderem a importância de tal invenção. e. Sim. É possível. No primeiro parágrafo é dada a notícia principal e maiores detalhes são adicionados nos parágrafos subsequentes. Questão 2 Resposta A Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes Unidade de Educação a Distância | Newton Página | 46 3. Síntese Caro
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