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QUEIMADURAS 1mi/a no BR 2/3 em casa 58% são crianças < 5 a 10% precisam de tto hospitalar 2.500 mortes/a Queimadura mais comum: térmica Conceito: lesões coagulativas que envolvem diversas camadas do corpo, sendo provocadas por diversos agentes agressores Anatomia: Epiderme: camada mais externa e avascular Derme: folículos pilosos, glândulas sebáceas, nervos, vasos TCS/hipoderme Agentes: Físicos: Temperatura: vapor, objetos aquecidos, chamas, água quente Eletricidade: corrente elétrica, raios Radiação: solar, Rx, UV nucleares Químicos: ácidos, bases, gasolina, álcool Biológicos: Animais: lagarta, água-viva, medusa Vegetais: látex, urtiga Zonas de lesão térmica: 1. Hiperemia: não evolui para necrose 2. Estase: alvo na ressuscitação de paciente em choque por queimadura, podendo evoluir para necrose 3. Necrose: não recupera Graus de queimaduras: 1ª grau: O mais comum Superficial Sem alterações importantes na hemodinâmica ou clínica Eritema + dor Não sangra É seca, rosa, inervada => dolorosa por exposição de terminações nervosas => ardência Vermelhidão: hiperemia Destruição da epiderme, não passando dela Provoca reação inflamatória na derme Ex.: queimadura solar Reepitelização completada em 3-6d Não deixa marcas Tto: Sulfadiazina de AG 2º grau: Mais profunda, com destruição de toda ou parte da derme e de toda epiderme Poupa anexos da reepitelização (glândulas sudoríparas e folículos pilosos) É úmida pela perda de exsudato Vermelhidão, dor Cura espontânea aumenta a chance de cicatriz Flictenas: é curativo biológico, sua abertura causa dor e perda de barreira mecânica, mas não interfere na regeneração. Ela é absorvida Se superficial, com destruição de parte da derme, é rosa abaixo da bolha => não estourar a bolha porque expõe a epiderme e causa dor => cicatrização em 10-14d Se profunda, com destruição de toda a derme, é branca abaixo da bolha, possuindo regeneração mais lenta (cicatrização em 25-35d) => mau resultado estético (hipocrômica, enrugamento) 3º grau: Destruição da epiderme, derme e dos anexos, podendo ainda atingir tecidos mais profundos (músculo, osso, fáscia) Impossibilidade de regeneração espontânea Pele úmida, perolada, amarela ou marrom Aspecto céreo Endurecido Vasos sanguíneos trombosados (PATOGNOMÔMICO) Sensação de anestesia Inflexível Pouca ou ausência de dor Se muito extensa, é alta a taxa de mortalidade Tto incial: Sulfadiazina de Ag => internação pelo alto risco de necrose Tto: desbridamento e enxerto (não reepitelizam pela destruição dos anexos e das terminações nervosas) Sequelas deformantes Fisiopatologia: Agressão ao tecido < exposição de colágeno IV e V < liberação de substancias vasoativas Histamina: liberada pelos mastócitos Cininas: associada a exposição do colágeno, ativam o sistema fosfolipase-AA, liberando PGD e aumentando a permeabilidade vascular Timina: TXA + plasmina + trombina = depósito na parede capilar, aumentando a pressão hidrostática e causando extravasamento de plasma => reposição hídrica auxilia o mecanismos, causando edema e reduzindo o líquido circulante => choque hipovolêmico Extravasamento de plasma, eletrólito e proteínas < edema, distúrbios eletrolíticos < choque 6-8h: alterações na polaridade da membrana passam a reduzir o volume circulante, produzindo ADH e aldosterona => oligúria Perda de permeabilidade capilar = edema => FASE DO CHOQUE (hipovolêmico) DA QUEIMADURA -> se tto adequado a permeabilidade é recuperada em 24h Gravidade: desaparecimento de barreira cutânea = perda insensíveis; redução na velocidade de circulação; aumento de viscosidade; perda de hemácias; depressão do miocárdio Entrada de Na+ e água na célula, que passa a perder K+ Bioquímica da queimadura: Edema + perda de líquidos + aumento da permeabilidade capilar => risco de choque hipovolêmico e risco de perda de eletrólitos Perda de barreira mecânica: alteração na imunidade + neutrófilos bactericidas (perda da capacidade fagocitária) => redução de Igs => aumento de células T => invasão bacteriana => risco de CHOQUE SÉPTICO Resposta Metabólica: ACIDOSE 1. HIPOMETABOLISMO: Hipovolemia + depressão do miocárdio (citocinas) => hipodinamismo => (após 2ºd, se com alta reposição volêmica, tem-se estado hiperdinâmico fraco) Redução de DC Redução consumo O2 Liberação de substâncias vasoativas: IL, TNF-alfa, leucotrienos 2. HIPERMETABOLISMO: Perda de água: evaporação, aumento de catecolaminas, aumento de cortisol, infecção, distúrbios de sono, citocinas, PGD Alta densidade celular: presença de células inflamatórias e fibroblastos para cicatrização Impulso respiratório Fluxo proteico pela necessidade de mais substratos energéticos Aumento do catabolismo => imunossupressão => morbidade infecciosa Uso de substancias de reserva: proteínas (aminoácidos), glicogenólise, gliconeogênese, lipólise de TGC * Necessidade de recuperação => gasto energético é 2X o que seria o basal => nutrição enteral iniciada em até 24h ACIDOSE Agressão tecidual < exposição de colágeno < mastócitos, fosfolipase < sistema calicreína < histaminas, PGD, AA < CHOQUE HIPOVOLÊMICO + perda hidroeletrolítica < perda de barreira mecânica < CHOQUE SÉPTICO < respostas metabólicas < ACIDOSE METABÓLICA Escaras em Queimados: Queimadura = ativação de macrófagos => citocinas => imunodepressão, neutrófilos pouco responsivos, redução de células T Produção de LPC (polímero lipídico-proteico) Se forma por indução do calor Tto deve ser precoce e agressivo: excisão da escara (reduz produção de LPC); tto conservador: nitrato de cério (imunomodelador) + QT tópico (Sulfadiazina de Ag) Alterações Metabólicas: Hemodinâmicas: alteração da integridade capilar, da microcirculação, gasto metabólico, pressão osmótica Metabólica: aumento no gasto, requer nutrição suplementar Respiratória: alteração de vias aéreas S e I, parênquima => pedir broncoscopia se em local fechado * indicativo de inalação de fumaça: queimadura em cabeça e pescoço; nariz queimado, escarro carbonáceo, fogo em ambiente fechado * sinais de inalação de fumaça: taquipneia, tosse, dispneia, broncoespasmo, estridor * indicativos de intoxicação por CO (250-250X maior afinidade com O2): confusão mental, cefaleia, náuseas * indicativo de intoxicação por cianeto: convulsão, depressão respiratória, acidose metabólica Renais: oligúria por déficit de fluxo nas 1ªs horas, podendo voltar a ocorrer após 2sem Hematológica: ativação de AA + citocinas + translocação bacteriana + endotoxina = depressão imunológica => hemólise + leucocitose + neutrofilia + queda de linfócitos => tto: remoção precoce das escaras + cobertura cutânea Áreas Corporais: Para extensão da queimadura e cálculo de hidratação: 1. Cabeça: 9% 2. Tórax + abdome A: 18% 3. Tórax + abdome P: 18% 4. 1 braço: 9% 5. Coxa + perna: 18% 6. Genitais: 1% Avaliar: extensão, profundidade, localização, agente, inalação, lesões prévias Classificação: a. QUEIMADURA MAIOR: Agentes químicos, elétricos Dano estético, geralmente associado a trauma < 12 a com > 15% de 2ºg >12 a com > 20% de 2ºg Face Mãos Períneo Pés Elétrica Lesão inalatória => necrose, nariz queimado => IOT Tto: UTI, centro de queimados (se >10% da SC, sempre), cirurgião plástico b. QUEIMADURAS MODERADAS: 15-25% da SC em adultos 10-20% da SC em crianças Pouco dano estético se em mãos, face, orelhas e olhos < 12 a com 5-15% de 2ºg > 12 a com 10-20% de 2ºg Tto: internação c. QUEIMADOS MENORES: <15% da SC em adultos <10% da SC em crianças < 12 a com < 5% de 2ºg > 12 a com <10% de 2ºg 1ºg Tto ambulatorial Tto: ABCDEF do trauma + tipo de queimadura Tto da dor: morfina ou paracetamol Pré-curativo: Midazolam Se ansiedade: Lorazepam Avaliação definitiva Plano de tto Controle do tto Transferência para centro de queimados: >10% da SC com queimadura de espessura parcial Em face, genitália, mãos, pés, períneo, articulações grandes 3ºG Agente elétrico ou químico Inalação Comorbidades Por trauma Crianças Necessidade de reabilitação Plano terapêutico: 1. Reposição líquida: + reposição de sódio extracelular => se >15% de área corporal comprometida, perda ainda mais intensa 2. Vacina para tétano 3. Profilaxia para infecção 4. Sondagem: controle da diurese + sondagem gástrica 5. Avaliar presença de lesões inalatórias 6. Escarotomia/fasciotomia: abrir a fáscia muscular para evitar compressão muscular, o que pode originar necrose => desbridamento => fechamento ou enxertia quando houver redução de edema Controle: Diurese: 1ml/kg/h Reposição hídrica: objetivo é otimizar a oferta de O2 pelo aumento do metabolismo Esquema Baxter de hidratação: Ringer lactato 4ml/kg/% de área queimada => 4xkgx% de área queimada Solução deve ser aquecida Administração total do cristaloide em 24h => ½ do v em 8h e o restante nas próximas 16h Administração de coloide deve ser iniciada a partir do 2ºd de evolução e/ou quando a Al sérica estiver <2g% (0,3-0,5ml X kg X % queimada) # consequências da hidratação excessiva: Redução de O2 para os tecidos Hipertensão pulmonar Edema pulmonar Obstrução de vias aéreas Rigidez de caixa torácica => maior esforço respiratório Sd. compartimental de membros Retardo na cicatrização Risco de sepse cutânea Risco de hipercontratibilidade do miocárdio no período imediato pós-queimadura Reposição proteica: após 24h reestabelecimento de integridade celular Tto tópico: Nitrato de Ag 0,5%, Sulfomylon, Sulfadiazina de Ag 1% (USAR PARA QUALQUER GRAU DE QUEIMADURA) Tto cirúrgico: objetivo é recuperar a área queimada, fazendo desbridamento, enxertia. Evitar em queimaduras circulares, em que é feita Escarotomia ou fasciotomia Queimadura líquida: ESCALDO Causa mais frequente Tendência a ser mais grave, especialmente em regiões de contato da roupa com a pele e se com líquido mais espesso Queimadura com chama: Segunda causa mais frequente Queimaduras profundas se atingir roupas Queimadura por flash burn: Explosões Atingem temperaturas muito elevadas Queimaduras profundas Roupas protegem Queimadura por contato: Metais e plásticos Atingem pequenas áreas, restrito Queimaduras profundas Queimadura elétrica: GRAVE Alta intensidade de calor Lesão de membranas celulares Conforme amperagem da corrente e resistência do local => lei de Ohm => V (voltagem, em volts) = R (ohms) x I (Ampère) * V é fixo em circuito Lesão superficial é restrita Lesão extensa na profundidade, atingindo estruturas adjacentes Corrente elétrica de baixa tensão: menos extensa, risco de assistolia e FV, corrente alternada tem mais riscos que corrente contínua Corrente de alta tensão: joga o atingido para longe, extensa, profunda, necrose de tecido, coagulação proteica, efeito Joule, risco de fraturas e hemorragias cerebrais pelo trauma, depressão de centro respiratório, corrente contínua causa mais mortes que corrente alternada Corrente alternada Corrente contínua Queimadura por arco: Queimadura percorre a superfície corporal buscando ponto de saída Menos queimaduras Queimadura por contato: Corrente passa pelo corpo em busca de ponto de saída Risco de FV, assistolia, arritmias Necessidade de monitorização cardíaca Necessidade de monitorização urinária: acidose, mioglobinúria Calor nervos > ossos e tendões Queimadura Química: Atinge profundidade, mesmo não parecendo Ocorre por exposição química: ácidos, bases, acidentes de trabalho Lesão progressiva até remoção completa do agente causador => água Tto: diluição * Hipoclorito de Na+: + substancias emolientes (leite, leite de Mg, clara de ovo) Ác. Hidrofluórico (fluorídrico): provoca necrose por liquefação no TCS e planos profundos => tto: lavagem com gliconato de Ca2+ 100% Fenol: usado no peeling, é pouco solúvel em água e tem atuação analgésica. Se houver absorção sistêmica, pode causar arritmias e óbito => tto: lavagem com polietilenoglicol Fósforo branco: pouco solúvel em água, pode provocar queimaduras tanto térmicas quando químicas => tto: sulfato de Cu, formando crosta e facilitando a remoção Queimadura por frio: ENREGELAMENTO Ocorre em pessoas inconscientes Exposição prolongada + umidade = congelação Gravidade maior se acometimento de roupas e existência de doenças vasculares periféricas Atinge mãos, pés, nariz e orelhas Rápido => cristalização intracelular do gelo = morte celular Lento => cristalização extracelular = alteração hidroeletrolítica Descongelamento = extravasamento capilar + obstrução de microvascularização => edema => isquemia => piora da microcirculação Grau 1: congelamento superficial + hiperemia Grau 2: hiperemia + edema + dor + parestesia + formação de vesículas + áreas escuras na pele + resposta normal à pressão Grau 3: necrose da pele + dor menos intensa + vesículas Grau 4: necrose profunda Tto: reaquecimento = retirada de roupas, mantas aquecidas, imersão de partes congeladas em água turbilhonada 4-ºC por 20-30 min, proteção das superfícies queimadas, evitar atrito, temperatura ambiente aumentada, elevar os segmentos comprometidos, proteção de vesículas, evitar infecção, vacina antitetânica, NÃO USAR ATB Cirurgia: se necrose superficial, apenas desbridamento. Se necrose extensa, amputação COMLICAÇÕES CLÍNICAS EM GRANDES QUEIMADOS: Respiratórias: IRA (bimodal: precoce (1ªsem, relação com hipovolemia por reposição inadequada) e tardia (instabilidade hemodinâmica após 5-10d, sepse, associado a disfunção de múltiplos órgãos. Necessidade de diálise. Não é muito frequente)), em 1/3, maior mortalidade, secundária a inalação de fumaça (+ taquipneia, tosse, dispneia, broncoespasmo, estridor) => atenção para o ABC no início do tto: IOT se queimadura extensa, queimaduras em pescoço e face, suspeita de lesão inalatória. Caso não houver IOT, pelo menos 24h em UTI. Suporte ventilatório adequado após AB Intoxicação por CO: perda de consciência, cefaleia, confusão mental, fadiga, tontura, alteração da visão, N/V, acidose metabólica, arritmia cardíaca Lesão inalatória: risco de lesão em VAS e VAI por inalação de gases, ar e vapores aquecidos e aspiração de líquidos aquecidos queimaduras na face, pelos nasais queimados, debris carbonáceos no escarro, dispneia => confirmação diagnóstica por broncoscopia e gasometria arterial => edema de VAS => aumento de espaço morto => redução na complacência pulmonar => edema alveolar => traqueobronquite/pneumonia TGI: diarreia Imunologia: infecção, que é a principal causa de morte de queimados => quebra de barreira cutânea, necrose tecidual, uso de cateteres => tto tópico (Sulfadiazina de Ag (+ nitrato de cério) (+ nitrato de Ag) (+ Mafenide)): redução deinfecção local e mortalidade e melhor para enxerto Antissepsia de mãos, isolamento de contato, ATB profilático (cefalosporina 1G ou 2G), desbridamento cirúrgico, remoção de bolhas TRATAMENTO CLÍNICO DO PACIENTE QUEIMADO 100% dos casos de queimaduras podem ser evitados => prevenção Gravidade: % da área queimada, agentes, profundidade Associação com traumas, fraturas, TCE, lesão intra-abdominal, perfurações Lesão inalatória: Inflamação de VAS e VAI => relação com mortalidade => duração da exposição, agentes inalados, temperatura de combustão, comorbidades, idade do paciente Lesão térmica de VAI é rara diretamente, podendo ocorrer por reflexos laríngeos de eliminação do calor Precisa ser investigado, mesmo sem lesões cutâneas 50% de mortalidade se presente em pacientes queimados 1. Inalação de CO: 80% de óbitos Hipóxia tissular Acidose metabólica + aumento de lactato Redução de O2 para SNC Oxímetro de pulso e gasometria não indica alterações Coloração framboesa da pele e mucosas Dispneia Tto: O2 100% 2. Calor de VAS Queimaduras de cabeça e pescoço Edema = obstrução Rouquidão Queimaduras faríngeas Estridor Risco de obstrução 3. Inalação de fumaça: Irritante direto do epitélio respiratório Broncoespasmo Inflamação de brônquios Partículas voláteis Exsudato inflamatório Não é eliminado devido a ação ciliar Atelectasias Pneumonias Curso clínico da lesão em VA: 1. 0-36h: lesão térmica, hipóxia, intoxicação CO 2. 24-72h: edema pulmonar, atelectasia, traqueobronquite 3. 3-10d: broncopneumonia Diagnóstico: Dispneia Rouquidão Ansiedade Queimadura facial Pelos nasais queimados Escarro carbonáceo Queimaduras em cabeça e pescoço Broncoscopia Corticoide e ATB não reduzem mortalidade Risco máximo de obstrução de VA: 24-36h após queimadura Tto: Permeabilidade da VA Administração de fluidos: DU 0,5 – 1 ml/kh/h (crianças: 1-2) Gasometria arterial Dosagem de carboxi-Hb Rx tórax Broncoscopia: confirmação diagnóstica Queimadura circular: escarotomia Cabeceira elevada 30-45º Suporte O2 Higiene de VA + aspiração + fisioterapia + mobilização precoce
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