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USO DE ALGEMAS NA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR: RELEVÂNCIA E RESTRIÇÕES. Augusto Aguiar da Silva1 Carlos Alberto Rebouças Lima Filho¹ Eduardo Nilson Dias Pereira¹ Marcelo Igor Carvalho Azevedo¹ Luís Paulo Penha Costa¹ Rômulo Almeida Ribeiro¹ RESUMO O presente artigo apresenta a delicada situação existente atualmente no emprego de algemas pelos policiais militares. Mostrando como a súmula vinculante número 11 (onze), editada em 13 de agosto de 2008 pelo Supremo Tribunal Federal, influenciou na solução de conflitos existentes na atividade policial brasileira e nos atos emanados pelo Poder Judiciário. Todo ser humano possui direitos fundamentais que devem ser defendidos, por exemplo, a dignidade da pessoa humana, a presunção de inocência e a integridade física. Assim, não deve ser díspar em relação aos presos, sejam eles provisórios ou condenados, pois, as algemas devem ser empregadas excepcionalmente. Destarte, levanta-se o questionamento existente acerca do emprego de tal instrumento em relação aos crimes que possam decorrer do seu uso infundado ou até mesmo ilegal. O tema aborda a importância da influência exercida pela criação da súmula em tela, no tratamento ao detido, no respeito aos Direitos Humanos e na sua identificação com os demais instrumentos normativos brasileiros e a modificação da Lei de Abuso de Autoridade que está em destaque no Plenário. Enfatiza também, a função constitucional da atividade policial militar. Palavras-chave: Uso de Algemas. Atividade Policial. Súmula Vinculante nº 11. Dignidade da Pessoa Humana. 1 INTRODUÇÃO O sistema brasileiro carece de uma legislação específica acerca do uso de algemas, para que não haja dúvidas a respeito do seu emprego e que os agentes de segurança não incorram em abusos. Nesse sentido, há a necessidade de uma normatização policial para que se possa agir amparada legalmente. Como bem sabido, as algemas são utensílios que, há muito tempo, estão à disposição dos policiais militares, como instrumento para prevenir e evitar fuga ou a resistência dos elementos sob sua custódia. Dessa forma, sabe-se que 1 Graduando do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Maranhão. 2 corriqueiramente os policiais se deparam com casos questionáveis acerca do emprego das algemas. Como forma de resolver este problema, o Supremo Tribunal Federal aprovou a súmula vinculante número 11 (onze) em 13 de agosto de 2008. Sua finalidade é disciplinar as hipóteses de cabimento do seu uso, devido à carência de lei reguladora. Com todos estes questionamentos jurídicos, cabe-se aqui enaltecer a importância policial no cenário brasileiro, que se mostra em constante evolução às alterações das legislações nas questões que lhe dizem respeito. 2 ATIVIDADE POLICIAL 2.1 Sucinto Histórico Etimologicamente polícia deriva do grego politeia, que significa administrar ou governar. Os romanos absorveram esta palavra, mas com o significado de governar, tendo como finalidade restringir os direitos dos indivíduos em razão da segurança social. Entretanto, ao longo do tempo, o sentido de polícia adotou um caráter particular, se tornando uma espécie de representação das ações governamentais, conforme histórico da PCERJ. Em 1808, Dom João VI criou uma espécie de milícia formada pelos moradores locais, recebiam treinamento do exército e tinha o intuito de defender as províncias locais. Essa primeira polícia, além de dar proteção política, foi o alicerce da atividade policial no Brasil. No final do século XIX, foram definidas as atividades administrativas e judiciárias da polícia e houve uma inovação com a criação do inquérito policial, que perdura até os dias de hoje. Ao passar dos tempos, a atividade policial sofreu diversas transformações para se adequar a cada tipo de sociedade. Nos últimos anos, a policial militar adquiriu a função de preservar a ordem pública. Esta função, por vezes, se faz necessária por intermédio do uso legítimo da força. A presença da polícia denota a garantia da ordem pública, o respeito aos direitos fundamentais, que são primordiais para a existência de um Estado Democrático. Nos ensinamentos de SANTIN (2007), diz que a ação de polícia pode ser entendida como o objetivo de trazer tranquilidade pública e proteger a sociedade contra possíveis violações prejudiciais, limitando, assim, os interesses dos indivíduos em prol da coletividade. 3 2.2 Classificação da atividade policial Para DI PIETRO (1997) o poder de polícia é considerado o mecanismo de frenagem disposto pelo Estado para conter possíveis abusos do direito particular. Neste sentido, cada cidadão abre mão dos seus direitos à sociedade, recebendo em troca, serviços prestados pelo Estado. Porém, o poder de polícia deve respeitar os limites impostos pelo interesse social em conciliação com o artigo 5º da CF/88, como o princípio da dignidade da pessoa, como exemplo, daquele que será algemado no caso do uso de algemas. Deste modo, HERBELLA (2011) traz o entendimento que o poder de polícia se refere tanto aos órgãos policiais, como aos integrantes da Administração Pública. Sendo assim, vale ressaltar que o policial militar ao algemar algum elemento, está exercendo o poder de polícia a ele adjudicado sendo considerado ato lícito, quando a necessidade assim surgir. 2.3. Operações Policiais Especiais No atual cenário brasileiro, são necessárias unidades policiais especializadas preparadas com equipamentos e operadores para combaterem em situações distintas e específicas, tendo em vista o crescimento da criminalidade. Como embrião das operações especiais na polícia militar, pode-se destacar o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Rogério Grecco, em seu trabalho intitulado Atividade Policial (2011), relata que o BOPE foi criado em 1978 no estado do Rio de Janeiro, pelo então capitão, Paulo César Amêndola de Souza, depois de uma frustrada tentativa de resgate durante uma rebelião no Instituto Evaristo de Moraes. O Batalhão mencionado acima visa atuar em situações excepcionais, tais como resgate de reféns, cumprimento de mandados de alto risco, reforço a policiais confrontados com resistência armada, entre outros. Possui policiais altamente treinados e suprimento bélico de grande qualidade, além disso, desenvolveu a técnica de progressão em favelas, devido à necessidade de agir no caos das ruas estreitas dos morros cariocas, pois se tornaram áreas hostis ao desempenho da polícia, em consequência da visão privilegiada e posicionamento estratégico dos criminosos. Com isso, teve reconhecimento internacional por operar em áreas de extrema dificuldade. 4 Ao passo que no país inteiro as polícias desenvolveram de modos distintos suas policiais especializadas para operações de alto risco, o Maranhão conta com uma Companhia de Operações Especiais para atuar em situações que envolvam riscos específicos que a tropa convencional não está preparada a combater, como entradas táticas, operações urbanas de controle de distúrbios civis, inteligência, combate corpo-a-corpo, dentre outras. O policial integrante possui um forte preparo psicológico, que o torna apto a enfrentar atividades de alto risco de vida, mantendo o autocontrole. Como forma de especializar o seu efetivo, a PMMA abriu, por meio do edital 07/2017-DE no dia 17 de abril de 2017, 50 vagas a serem oferecidas aos oficiais e praças da instituição como também, aos militares de outros estados. 3 USO DE ALGEMAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA O uso de algemas não contou com uma regulamentação federalespecífica até meados de 2008. O artigo 199 da Lei 7.210, de julho de 1984 (LEP), prevê que "O emprego de algemas será disciplinado por decreto federal". Só em 2008 a Lei 11.689 tratou explicitamente sobre o uso de algemas. Sobre a omissão legislativa o Prof. Luiz Flávio Gomes faz a seguinte observação: "Num país que tem como tradição o sistema da civil law (todo Direito é exteriorizado na forma escrita) não há dúvida que, em princípio, traz uma certa insegurança a falta desse decreto específico". Diante dessa situação, as regras para a utilização das algemas, por anos, foram inferidas a partir de interpretação doutrinária de esparsos institutos em vigor, como: a) CF/88 no inciso III do artigo 5º ao assegurar que ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante; b) CF/88 no inciso X do artigo 5º que protege a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas; c) CF/88 no inciso III do artigo 3º que prevê ser fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana; d) Decreto Estadual nº. 19.903 /50; e) Código de Processo Penal no artigo 284 determina que "Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso"; f) Código de Processo Penal no artigo 292 dispõe que: 5 "Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas". (BRASIL, 1940) Da redação da nova súmula vinculante extrai-se os seguintes requisitos para o lícito uso das algemas a serem observados pelos policiais militares: caso excepcional; resistência; fundado receio de fuga; perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros; justificativa da necessidade por escrito, como também está descrito no DECRETO Nº 8.858, DE 26 DE SETEMBRO DE 2016: Art. 1º O emprego de algemas observará o disposto neste Decreto e terá como diretrizes: I - O inciso III do caput do art. 1º e o inciso III do caput do art. 5º da Constituição, que dispõem sobre a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana e sobre a proibição de submissão ao tratamento desumano e degradante; II - A Resolução no 2010/16, de 22 de julho de 2010, das Nações Unidas sobre o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok); e III - O Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos e, em especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade. Art. 2º É permitido o emprego de algemas apenas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros, justificada a sua excepcionalidade por escrito. Art. 3º É vedado emprego de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada. Ressalte-se que, a súmula prevê a responsabilidade civil do Estado em casos do uso ilegal das algemas, afinal o uso indevido das algemas constitui abuso de autoridade, nos termos da Lei 4.898 /65 a seguir: Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à incolumidade física do indivíduo; Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; Em 26 de abril de 2017, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por unanimidade, o projeto de lei que reformou a Lei de Abuso de Autoridade. Da forma que fora aprovado, o texto prevê mais de 30 crimes de abuso de autoridade, entre eles, algemar pessoas sem necessidade, conforme prevê a Súmula Vinculante 6 11 do STF. Entre as punições previstas estão: obrigação de indenizar, inabilitação para exercício de cargo público por até cinco anos e perda do cargo. 3.1 Súmula Vinculante Nº 11 O Plenário do STF aprovou, em 13 de agosto de 2008, a 11ª Súmula Vinculante, consolidando jurisprudência da Corte no sentido de que o uso de algemas somente é lícito em casos excepcionais e prevendo a aplicação de penalidades pelo abuso nesta forma de constrangimento físico e moral do preso. O Tribunal decidiu, também, dar a esta e às demais Súmulas Vinculantes um caráter impeditivo de recursos, ou seja, das decisões tomadas com base nesse entendimento do STF não caberá recurso. O texto aprovado pelo STF possui a seguinte redação: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". 3.1.1 Abuso Esta decisão foi tomada pela Corte, durante o julgamento do Habeas Corpus (HC) 91952. A motivação se deu devido à anulação, pelo Plenário, da condenação do pedreiro Antônio Sérgio da Silva pelo Tribunal do Júri de Laranjal Paulista (SP), pelo fato de ter ele sido mantido algemado durante todo o seu julgamento, sem que a juíza-presidente daquele tribunal apresentasse uma justificativa convincente para o caso. No mesmo julgamento, a Corte decidiu, também, deixar explícito o seu entendimento sobre o uso generalizado de algemas, diante do que considerou uso abusivo pessoas detidas expostas, algemadas, aos flashes da mídia. A súmula consolida o entendimento do STF sobre o cumprimento de legislação que já trata do assunto. É o caso, entre outros, do inciso III do artigo 1º da Constituição Federal; de vários incisos do artigo 5º também da carta magna, que dispõem sobre o respeito à dignidade da pessoa humana e os seus direitos fundamentais, bem como dos artigos 284 e 292 do Código de Processo 7 Penal (CPP) que tratam do uso restrito da força quando da realização da prisão de uma pessoa. Além disso, o artigo 474 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei 11.689 /08, dispõe, em seu parágrafo 3º que: "Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do Júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes". O controle externo da autoridade policial é atribuição do Ministério Público. No entendimento do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, há um receio com o efeito prático da súmula sobre a autoridade policial, no ato da prisão, ou seja, a súmula possa vir a servir como elemento desestabilizador do trabalho da polícia. Exemplificando em casos corriqueiros, às vezes o agente policial tem de prender sozinho um criminoso, correndo risco. Portanto é interesse do Estado conter a criminalidade, mas, para isso, é necessário utilizar a força, quando necessário. 3.1.2 Jurisprudência O instituto da Súmula Vinculante, criado pela Emenda Constitucional 45 /04, tem o intuito de apaziguar a discussão de questões examinadas nas instâncias inferiores do Judiciário. Após sua aprovação e publicação no Diário de Justiça Eletrônico, a Súmula permite que agentes públicos passem a adotar a jurisprudência fixada pelo STF. A aplicação desse entendimento tem por objetivo ajudar a diminuir o númerode recursos que chegam às instâncias superiores e ao STF, permitindo que sejam resolvidos já na primeira instância. A medida pretende dar mais celeridade aos processos judiciais, uma vez que podem ser solucionados de maneira definitiva os casos repetitivos que tramitam na Justiça, permitindo que o cidadão conheça o seu direito de forma mais breve. 3.2 Lei de Execução Penal A Lei 7.210 de 11 de julho de 1984 institui a Execução Penal ao condenado ou interno. Em seu artigo 199 afirma que “o emprego de algemas será disciplinado por decreto federal”. 8 Entretanto, atualmente somente a Súmula Vinculante nº 11 que regula o seu uso. Nesse sentido MIRABETE (2002) afirmava que: “Não há dúvida sobre a necessidade da regulamentação, pois o uso desnecessário e abusivo de algemas fere não só o artigo 40 da Lei de Execução Penal, como também o artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, que impõe a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral do preso”. 4 USO DE ALGEMAS E SUAS LIMITAÇÕES 4.1 Princípio da dignidade da pessoa humana O fundamento da dignidade da pessoa humana é corroborado como essência dos valores morais modernos, constitui valor constitucional sumo que irá informar a criação, interpretação e a aplicação de toda a ordem normativa constitucional, sobretudo de direitos fundamentais. Desse modo, o neoconstitucionalismo possui o princípio da dignidade da pessoa humana como objeto principal, a qual deve ser protegido e promovido pelos Poderes Públicos e pela sociedade. Para MARINONI (2008), os direitos fundamentais são direitos reconhecidos e positivados do ser humano na esfera do direito constitucional positivo de um determinado Estado. O princípio da dignidade da pessoa humana é entendido constitucionalmente como fundamento da República, conforme exposto no artigo 1º, inciso III da Constituição. Portanto a dignidade da pessoa humana foi inserida constitucionalmente para que seja entendida como fundamento e fim da sociedade, pois o Estado de direitos deve ter como uma de suas finalidades a preservação da dignidade do Homem e que aquele somente existe em função de todas as pessoas e não estas em função do Estado, segundo nos revela MIRANDA (1988). 4.2 Princípio da proporcionalidade BONAVIDES (1997) entende este princípio da seguinte forma: a proporcionalidade em amplo sentido corresponde à regra fundamental, devendo ser observada tanto pelos que exercem quanto pelos que padecem do poder estatal. No tocante ao uso de algemas o princípio da proporcionalidade se faz presente e é diretamente atuante na atividade policial militar, tendo em vista que todo 9 ato realizado pelos agentes da polícia, como destaca TÁVORA (2010) tem que ser razoável à conduta contrária à sua e a sanção também deverá ser proporcional à referida conduta. 4.3 Possíveis crimes advindos do uso de algemas Durante o emprego das algemas, podem ocorrer excessos ou até mesmo seu uso indevido, que assim, podem ser caracterizados como possíveis crimes. De acordo com HERBELLA (2011), são eles: o abuso de autoridade, a tortura, o constrangimento ilegal, dentre outros. O abuso de autoridade foi inserido no ordenamento jurídico pela Lei 4.898, de dezembro de 1965, que se expressa da seguinte forma: “Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; i) à incolumidade física do indivíduo; Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei”. Vale lembrar que este texto sobre abuso de autoridade está sendo modificado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado como anteriormente mencionado neste artigo O conceito de autoridade de acordo com a lei acima é entendido como, todo aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, de caráter civil ou militar, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração. Entretanto, o crime de abuso de autoridade ocorre em regra, no caso específico deste artigo, com funcionários integrantes das forças policiais, pois esses que são competentes para o uso de algemas, segundo GRECCO (2011). 5 CONCLUSÃO A criminalidade cresce, assim como a violência praticada pelos criminosos, que estão se organizando e se armando cada vez mais. Essas organizações comandam a atividade criminosa dentro ou fora do sistema carcerário, sendo que a impunidade se revela como o agente percussor da crescente e desenfreada desordem na segurança social. 10 Assim, a sociedade cobra uma melhora na atuação policial e uma aplicação mais rigorosa da lei por intermédio do Poder Judiciário, não sendo somente responsabilidade das instituições de segurança pública nacional, mas sim, de uma forma conjunta de todos órgãos estatais competentes, como a área educacional, a área de saúde pública, de infraestrutura, entre outras, para que haja uma evolução social constante. Desta forma, as atividades policiais seriam acionadas somente em casos excepcionais, como observados em países desenvolvidos. A atividade da polícia deve ser tratada com respeito, sem nunca se olvidar o quanto o policial é imprescindível à sociedade e de relevância fundamental à aplicação do Direito Penal e Processual Penal brasileiro. Entretanto, atualmente, esses órgãos de natureza essencial ao progresso social não são compreendidos, fazendo com que a população desconfie do seu real valor social. É notável ressaltar, que a alteração do Código de Processo Penal pela Lei 11.689 de 2008 influenciou positivamente no uso de algemas durante os julgamentos perante o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri. A súmula vinculante nº 11 de 2008 do STF, ajudou para que os direitos dos presos sejam preservados, reduzindo os crimes de abuso de autoridade e de tortura, visto que a utilização das algemas deverá ser excepcional e sempre fundamentada. Ressalta-se que, de certa forma, tal normatização acabou cerceando a atividade policial no cenário brasileiro, devido a iminência de uma reação inesperada do preso não algemado ou até mesmo de terceiros, que visam ajudá-lo. Assim, resultam no aumento do perigo nas atividades policiais corriqueiras, destarte, expondo ainda mais ao perigo os policiais, bem como os cidadãos envolvidos em tais operações. Assim, com a vigência da súmula mencionada, o emprego das algemas desnecessário ou descomunal enseja em danos físicos, morais e psicológicos ao detido. Caso ocorram, os agentes estatais responsáveis deverão ser penalizados conforme as previsões legais expressas no Direito brasileiro. Entretanto, sabe-se também que o seu emprego excepcional é imprescindível, tendo em vista que o seu intuito basilar é de precaver e evitar qualquer reação que desencadeie um confronto com resultados mais graves aos condutores, ao algemado e aos indivíduos que se encontrem próximos. Por consequência, o interesse maior do Estado democrático é proteger os interesses coletivos, por intermédio dos princípios constitucionais e convenções 11 internacionais protetores da dignidade do ser humano, bem como buscar sempre o equilíbrio social, para um convívio mais justo, digno e sem imposições arbitrárias desnecessárias. USE OF ALGEMAS IN MILITARY POLICE ACTIVITY: RELEVANCE AND RESTRICTIONS. ABSTRACT This article presents the current delicate situation regarding the use of handcuffs by military police officers. Showing how the eleven eleven (eleven) binding summary, edited by the Federal Supreme Court, has influenced the solution of existing conflicts in Brazilian police activity and inthe acts emanated by the Judiciary. Every human being has fundamental rights that must be defended, for example the dignity of the human person, the presumption of innocence and physical integrity. Thus, it should not be disparate in relation to prisoners, be they provisional or condemned. For handcuffs should be used exceptionally. This raises the question of the use of such an instrument in relation to crimes that may arise from its unfounded or even illegal use. The theme addresses the importance of the influence exercised by the creation of the summary on the screen, the treatment of the detainee, respect for Human Rights and their identification with other Brazilian normative instruments and the modification of the Law of Abuse of Authority that is highlighted in the Plenary . It also emphasizes the constitutional function of military police activity. Keywords: Use of Handcuffs. Police Activity. Binding Summary number 11. Dignity of the Human Person. 12 REFERÊNCIAS BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Malheiros Ed. 1997. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2011. ______. Código de Processo Penal Comentado. 9 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2009. ______. Decreto Nº 8.858, de 26 de setembro de 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8858.htm. Acesso em 30 abr 2017. ______. Lei 4.898 de 9 de dezembro de 1965 - Lei de Abuso de Autoridade. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4898.htm. Acesso em 30 abr. 2017. ______. Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm. Acesso em 30 abr. 2017. ______. Lei nº 11.689, de 9 de junho de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/l11689.htm. Acesso em 30 abr 2017. ______. Súmula Vinculante n° 11 do Supremo Tribunal Federal. Disponível em:http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1220. Acesso em 30 abr 2017. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1997. GRECCO, Rogério. Atividade Policial. 3ª. ed. Niterói: Impetus. 2011. HERBELLA, Fernanda. Algemas e a Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo. Lex Editora. 2011. MARANHÃO. Polícia Militar do Maranhão. Disponível em: http://www.pm.ma.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5135:proc esso-seletivo-n-0072017-de-cate2017&catid=14:sample-data-articles&Itemid=435. Acesso em 30 abr 2017. MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2008. MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: comentários à Lei n°7.210 de 11/07/1984. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra Ed. 1988. 13 RIO DE JANEIRO. Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.policiacivil.rj.gov.br. Acesso em: 30 abr. 2017. SANTIN, Valter Foleto. O Ministério Público na Investigação Criminal. 2ª edição. Bauru: Edipro, 2007. TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 4ª. ed.Salvador: JusPodivm, 2010.
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