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IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO

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ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE ENSINO
FACULDADE GUILHERME GUIMBALA
CURSO DE DIREITO
DIREITO CIVIL II
PROFESSORA: MARIA CLÁUDIA
ALUNA: ROSIRENE CAETANO DOS SANTOS – 3º ANO – A
IMPEDIMENTO PARA O CASAMENTO
Análise do seguinte caso:
Roberval dos Santos e Tânia da Silva eram casados sob o regime da comunhão parcial de bens. Tânia conheceu João Amarante com quem manteve um relacionamento extraconjugal por dois anos. Após o indigitado período optou por romper com o relacionamento porque Roberval estava desconfiando do relacionamento entre a esposa e João. Este, inconformado, esfaqueou Roberval que faleceu depois de um mês. João foi condenado pelo crime e cumpre pena. Depois de dois anos do falecimento do seu esposo, Tânia resolveu casar com João Amarante.
PARECER: 
	O casamento é nulo por causa do art.1.521, do CC/02 que reza: “Não podem casar: Inciso VII: “ o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.” Trata-se de impedimentum criminis. E também de acordo com o art. 1.548, do CC/02: “É nulo o casamento contraído: Inciso II: “por infringência de impedimento”.
	De conformidade com o doutrinador CARLOS ROBERTO GONÇALVES: O dispositivo, malgrado não tenha feito nenhuma distinção, abrange somente o homicídio doloso, como é da tradição de nosso direito. Ademais, só existe a tentativa de homicídio dolosa. No homicídio culposo não há o intuito de eliminar um dos cônjuges para desposar o outro e, por essa razão, não se justificaria punir o autor com a proibição. CAIO MARIO cogita até da hipótese de um sentimento de reparação levar o agente a aproximar-se do que enviuvou, daí nascendo afeição a ser consagrada pelo casamento.
	A ratio do impedimento assenta, com efeito, em juízo ético de reprovação, que não incide nos casos de simples culpa. Pela mesma razão, ou seja, por não ter havido intenção de matar, não alcança o impedimento o caso de homicídio preterintencional.
	Justificando o impedimento, obtempera CLÓVIS BEVILÁQUA. “O homicídio ou tentativa de homicídio contra a pessoa de um dos cônjuges deve criar uma invencível incompatibilidade entre o outro cônjuge e o criminoso, que lhe destruiu o lar e afeições, que deveriam ser muito caras. Se esta repugnância não surge espontânea, é de supor conivência no crime. Poderá ser ausência de sentimentos de piedade para com o morto, ou de estima para consigo mesmo, mas em grau de tão subido que, se a cumplicidade não existiu, houve a aprovação do crime, igualmente imoral. E, nesta hipótese, a lei não ferirá um inocente, quer haja codelinquência, quer simples aprovação do ato criminoso”.
	A propósito, assevera VICENTE DE FARIA COELHO, em comentário ao art. 183, VIII, do Código de 1916, que se pode aplicar ao novo diploma: “Em qualquer das hipóteses, adultério e homicídio, ou tentativa de homicídio, o Código só estabeleceu impedimento se tiver havido condenação em processo criminal. Torna-se, assim, necessário que os fatos tenham sido apreciados e julgados, com condenação, pelo juízo criminal, para que se apliquem as regras constantes dos incisos VII e VIII do art. 183 do Código Civil”.
	O Código Civil português prevê (art.1604,f) impedimento impediente para a hipótese de simples “pronúncia do nubente pelo crime de homicídio doloso, ainda que não consumado, contra o cônjuge do outro, enquanto não houver a despronúncia ou absolvição por decisão passada em julgado”.
	O Código Civil brasileiro de 2002 não incluiu essa hipótese no rol das causas suspensivas do art. 1523, nem considera impedimento o fato de existir inquérito policial em andamento para a apuração do homicídio ou da tentativa de homicídio, ou mesmo processo penal. Torna-se necessária a condenação do autor ou mandante do crime para que subsista o impedimento matrimonial.
	LUIZ EDSON FACHIN e CARLOS EDUARDO PIANOVSKI pensam, todavia, do seguinte modo: “Ainda que a condenação seja posterior ao casamento, retroagirão seus efeitos para a situação jurídica matrimonial já estabelecida, operando sua nulidade”. Parece-nos, no entanto, que as causas de nulidade do casamento são aquelas mencionadas no art.1.548 do Código Civil: a) ausência do necessário discernimento para os atos da vida civil por parte do enfermo mental; e b) infringência de impedimento. Se o casamento se realiza quando ainda não havia condenação criminal transitada em julgado, não há fundamento para a sua anulação, porque inexistia o impedimento por ocasião da sua celebração. Como assinala PONTES DE MIRANDA, quando a lei fala em “condenado” havemos de entender que se trata de “condenação por sentença passada em julgado”.
	O impedimento obsta também que os impedidos de se casar passem a viver, legalmente, em união estável, pois o art. 1.723, § 1º, do Código Civil proclama que “a união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.1.521”, abrindo exceção apenas para que não incida a proibição do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
	A redação do inciso VII do art. 1.21, do novo diploma civil tem sido alvo de críticas da doutrina. Faltou esclarecer, segundo EUCLIDES DE OLIVEIRA e GISELDA HIRONAKA, que a vedação subsiste apenas em hipótese de crime voluntário, doloso, como é de tranquilo entendimento doutrinário, em correta exegese do que dispunha o Código de 1916, ao mencionar a figura do delinquente. Demais disso, aduzem, “o novo Código mantém a expressão cônjuge sobrevivente, a significar que o impedimento terá lugar somente nos casos de viuvez, deixando em aberto a situação do cônjuge que venha a se divorciar após tentativa de morte do seu marido, livrando-se, então, do impedimento para casar-se com o autor daquele crime. As razões morais que justificam a restrição do direito ao sobrevivente deveriam estender-se, como é curial, igualmente ao cônjuge divorciado, naquelas circunstâncias”.
	O Código Civil de 2002 não contempla o impedimento relativo ao casamento do cônjuge adúltero o seu cúmplice por tal condenado, previsto no diploma de 1916, merecendo por isso encômios. Como percucientemente observa CAIO MÁRIO, “sob aspecto moral, mais correto age quem se casa com a mulher que induziu ao erro, do que aquele que a abandona. A vida social está cheia desses exemplos, merecendo aplausos quem repara o mal. Diante do entendimento mais recente no sentido de, cada vez mais, se descriminalizar o adultério, antecipou-se o legislador civil ao excluir dos impedimentos tal hipótese”.
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil;
Na linha reta, não há limite de grau para que se verifique este impedimento.
II – os afins em linha reta;
Não se permite, após o desfazimento do casamento original, novo casamento com os ascendentes e descendentes do ex-cônjuge, com os quais o parentesco se mantém (mas se permite o casamento com os anteriores parentes afins colaterais – exemplo: ex-cunhada).
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
Este inciso aplica o inciso anterior ao caso de adoção (o filho adotado não pode casar com o ex-cônjuge de seu pai adotante e o adotante não pode casar com o ex-cônjuge de seu filho adotado).
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
O impedimento para casamento inclui irmãos (2º grau) e tios e sobrinhos (3º grau). Ou seja, é permitido o casamento entre primos.
OBS: Em 1941, foi publicado um Decreto-Lei (nº 3200), que permitia que, uma vez provado que não haveria consequências médicas negativas para a prole, parentes de 3º grau poderiam casar (tio com sobrinho). Era o conhecido “casamento avuncular”. Com a publicação do novo Código Civil, em 2002, surgiu uma divergência a respeito da absorção deste dispositivo. Atualmente, até para efeitos de concursos, a doutrina majoritária é aquela que entende que este dispositivo não foi recepcionado pelo novo CC, uma vez que não houve ressalva neste inciso do art. 1.521.V – o adotado com o filho do adotante;
Porque são irmãos.
VI – as pessoas casadas;
No Brasil, assim como em todos os países ocidentais, vige no ordenamento jurídico a monogamia. Assim, as pessoas só podem possuir um casamento válido presente.
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Proíbe-se o casamento do cônjuge sobrevivente com aquele que matou ou tentou matar o ex-cônjuge (ex: mulher querendo se casar com o assassino de seu ex-marido).
O legislador deixou de mencionar vários aspectos neste inciso. Não há menção ao homicídio culposo (o antigo CC deixava claro que haveria impedimento somente para os crimes dolosos). Também, acabou-se por estabelecer uma pena cível de caráter perpétuo, já que, mesmo cumprindo a pena penal, o sujeito estará submetido ao impedimento. Além disso, o inciso deixou de mencionar os casos em que não há homicídio, mas sim uma instigação ao suicídio de um dos cônjuges, para relacionamento com o sobrevivente. 
O impedimento só passa a viger após a condenação transitada em julgado.
Observações:
- Esses impedimentos, além de proibirem a realização do casamento, também implicam responsabilidades penais.
- A única hipótese em que o impedimento poderá ser afastado é no caso da proibição de casamento para as pessoas casadas. Caso um cônjuge, já separado de fato, comece um novo relacionamento, o juiz poderá reconhecer a união estável com o novo companheiro desde o momento em que a separação se comprove.
Legitimidade ativa para o impedimento:
Qualquer pessoa capaz pode opor impedimento a casamento. Todavia, há pessoas que têm o dever legal de fazê-lo, quais sejam: juiz e oficial de registro.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Art.1.548. É nulo o casamento contraído:
I – pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II – por infingência de impedimento.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil Brasileiro. Legislação Federal. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. v. 6. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Do Direito Pessoal: Título I “Do casamento”, Capítulo III “Dos impedimentos” (inteiro).
Joinville, 30 de Março de 2017.

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