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Aula 07 - Direito Agrário

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Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN 
99
Aula 07
DESAPROPRIAÇÃO
Desapropriação e Direito de Propriedade
Pode parecer aos mais afoitos que a desapropriação seja um meio de se negar o direito 
de propriedade, mas não é, ao contrário, é confissão de respeito ao direito de propriedade, 
pelo reconhecimento de que o Poder Público só pode subtrair a propriedade ao particular 
obedecendo às regras jurídicas precisas.
O instituto da desapropriação não atinge o direito de propriedade em sua característica 
mais avulsa, que é o seu valor econômico. Há apenas permuta de valores, substitui-se um bem, 
o objeto do direito de propriedade, por outro bem, o seu preço em dinheiro ou equivalente.
Não é a coisa em si que se garante: é a sua expressão econômica de molde a 
permanecer íntegro o patrimônio da pessoa, apesar da desapropriação.
Fontes históricas do direito de desapropriar.
A desapropriação emergiu fundamentalmente da “Declaração dos Direitos dos 
Direitos do homem e do Cidadão”, adotada pela Revolução Francesa em 1789:
“Art.17. Ninguém poderá ser privado da propriedade, que é um direito inviolável e 
sagrado, senão quando a necessidade pública, legalmente verificada, evidentemente 
o exigir e sob condição justa e prévia indenização.” (Plinio Salgado, Direito e deveres 
do homem, p.199-200). 
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN
100
E a declaração de 1793, publicada no preâmbulo da Constituição do mesmo ano, 
ratificou aquele princípio, assim exprimindo o pensamento do povo francês, mediante sua 
Convenção Nacional:
“Art. 19. Ninguém pode ser privado da menor parcela de sua propriedade sem seu 
consentimento, a não ser quando a necessidade pública, legalmente comprovada, o 
exige e sob condição justa e prévia indenização.” (Plinio Salgado, cit, p. 203).
Anteriormente, o soberano simplesmente se apossava da propriedade privada, 
pretexto arranjava-se.
A partir daquelas Cartas políticas o proprietário estava a salvo do arbítrio estatal 
indiscriminado, e garantido pelo direito à reposição econômica, de tal ordem que a subtração 
de sua propriedade não o poria mais pobre ou menos rico.
A Desapropriação no direito brasileiro.
No Brasil a desapropriação tem sido tema explícito de todas as Constituições. 
Naturalmente desapropriação por necessidade ou utilidade pública.
E ela vem consignada no código civil, como modo de se perder a propriedade no 
imóvel.
A desapropriação por interesse social, porém, só aparece com a Constituição de 
1946 (art. 141, §16), fruto de emenda à última hora. Assim, a partir de 1946, ficamos com 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social. Foi um passo 
enorme em busca do bem estar.
Infelizmente, a norma constitucional, quanto à desapropriação por interesse social, 
ficou com a letra morta até 1962, quando veio a luz a lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962, 
definindo os casos de desapropriação por interesse social.
Na área do campo, entretanto, seria limitadíssimo o alcance, seja da norma 
constitucional, seja da citada lei nº 4.132/62, enquanto perdurasse o princípio estratificado 
na consciência jurídica nacional, de que a desapropriação só poderia dar-se mediante prévia 
e justa indenização em dinheiro.
Vastos problemas ligados às tensões sociais do campo, à má distribuição da terra 
e à sobrecarga de latifúndios estariam praticamente insolúveis por exigirem as respectivas 
desapropriações um volume tal de dinheiro que o expediente era inviável.
A Ementa Constitucional nº 10 de novembro de 1964, porém, permitia à União 
promover a desapropriação da propriedade territorial rural mediante pagamento de prévia 
e justa em títulos especiais da divida pública (nova redação aos arts. art. 141, §16 e 147 § 
1, da CF de 1946), hoje denominados títulos da dívida agrária. Considerada uma alteração 
necessária, para implantar a reforma agrária no Brasil.
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN 
101
O pagamento da indenização em títulos especiais da dívida pública, entretanto, só 
incidiria sobre latifúndios, em áreas incluídas nas zonas prioritárias, excetuadas as benfeitorias 
necessárias e úteis, que seriam sempre pagas em dinheiro.
A desapropriação por interesse social, para fins de Reforma Agrária, não pode incidir 
sobre empresa rural, cujo conceito atualizado é o constante do Decreto nº 84.865, de 06 de 
maio de 1980, art. 22, III.
A proibição de desapropriar empresa rural, para fins de Reforma Agrária, está no 
art. 161§ 2 da Emenda Constitucional nº 1/69, no art. 2 do Decreto-lei nº 554, de 25 de abril 
de 1969 (revogada pela Lei Complementar n 88/96), no art. 19, § 3, b, do Estatuto da Terra, 
hoje, art.185 da Constituição Federal de 1988, nos arts. 1 a 4 da Lei Complementar nº 88/96), 
e na Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, art. 4º no parágrafo único.
Desapropriação da propriedade territorial rural.
A Constituição Federal de 1967 manteve as regras firmadas pela Emenda 
Constitucional n 10/64, e o Ato Institucional n 9 de 25 de abril de 1969, alterou-lhe dois 
tópicos : §§ 1 e 5 do art. 157. No § 1 foi omitido a expressão “prévia” como qualificativa da 
indenização. Em vez de prévia e justa indenização, ficou assim, apenas: pagamento de justa 
indenização. Quanto ao conceito de indenização justa, ver art. 12 da Lei 8.629/93, que o 
define.
Agora a matéria é regulada pela Constituição de Federal de 1988, art. 185, pela Lei 
8.629/93 e especialmente pela Lei Complementar n 76/93, com as alterações trazidas pela Lei 
Complementar n 88/96.
Está nos arts. 153§ 22 e 161 da Constituição de 1967, com a Emenda Constitucional 
de 1969, segundo os quais a desapropriação da propriedade territorial rural poderá fazer-se 
mediante pagamento:
a) De justa indenização
b) Em títulos especiais da divida publica, com clausula de exata correção monetária, 
resgatáveis no prazo de vinte anos, em parcelas anuais sucessivas asseguradas a sua 
aceitação, a qualquer tempo, como meio de pagamento de cinquenta por cento do 
imposto territorial rural e como pagamento de preço de terras públicas.
Mas são estes os condicionamentos a tal tipo de desapropriação.
a) Competente exclusivamente à União, salvo delegação de atribuições pelo 
Presidente da República;
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN
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b) Limita-se às áreas incluídas nas zonas prioritárias;
c) Só atinge latifúndios;
d) As benfeitorias necessárias e úteis serão sempre pagas em dinheiro.
A matéria assim definida está regulamentada pelo Estatuto da Terra, hoje pelo art. 
185 da Constituição Federal de 1988, pela Lei 8.629/93 e pela Lei Complementar n 76/93, 
esta com as alterações trazidas pela Lei Complementar n 88/96.
Pagamento em dinheiro e em títulos especiais da dívida pública.
Os textos constitucionais que tratam de desapropriação apenas marcam os limites da 
ação do Poder Público, sem impedir que leis menores abrandem aquele poder, em favor do 
expropriado.
O pagamento, por exemplo, pode ser feito todo em dinheiro, se o quiser o expropriante, 
embora a lei lhe faculte fazê-lo em títulos da dívida agrária no que se refere à terra nua dos 
latifúndios.
Prazo de resgate dos títulos da divida agrária por causa de 
desapropriação.
Há ainda uma pequena observação a ser feita, o Ato Institucional nº 9/69 falava em 
títulos resgatáveis no prazo máximo de vinte anos.
 A Constituição vigente não fala em prazo máximo de vinte anos, sim em prazo de 
até vinte anos.
Deposito prévio do pagamento e atos ulteriores.
Pela Lei Complementar n 76/93, o deposito prévio do valor da indenização é 
pressuposto do pedido judicial de desapropriação. Deposito bancário, em moeda corrente, o 
valor das benfeitorias úteis e necessárias, em títulos especiais da dívida pública, o valor da 
terra nua (dos latifúndios).As terras dos minifúndios, também em moeda corrente.
A lei reguladora da matéria disponha que haveria depósito prévio, cujo comprovante 
bancário serviria de suporte para ingresso do expropriante em juízo. Hoje, o prazo é de até 
vinte anos a partir do segundo ano de sua emissão (CF, art. 184).
O juiz tem quarenta e oito horas para despachar a inicial, se o não fizer de plano.
Declarará efetuado o pagamento e determinará a expedição, dentro de vinte e quatro 
horas, do competente mandado de imissão de posse em favor do expropriante, que o deverá 
pedir.
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103
E, no mesmo prazo, será expedido mandado de transcrição da propriedade em nome 
do expropriante, no registro de imóveis. Ordenamento que o Oficial do Registro deverá 
cumprir em três dias.
Depois de tudo cumprido e certificado nos autos é que o juiz ordenará a citação do 
expropriado para responder aos termos da ação expropriatória.
Nota-se, que o procedimento é rápido, quando o expropriado é citado já não é mais 
dono nem possuidor. Vai discutir apenas o preço, se quiser, ou o vicio do processo judicial.
O art. 9 da Lei Complementar nº 76/93 delimita o âmbito da contestação:
Art. 9º A contestação deve ser oferecida no prazo de quinze dias e versar matéria de 
interesse da defesa, excluída a apreciação quanto ao interesse social declarado.
§ 1º Recebida a contestação, o juiz, se for o caso, determinará a realização de prova 
pericial, adstrita a pontos impugnados do laudo de vistoria administrativa, a que se 
refere o art. 5º, inciso IV e, simultaneamente:
I - designará o perito do juízo;
II - formulará os quesitos que julgar necessários;
III - intimará o perito e os assistentes para prestar compromisso, no prazo de cinco 
dias; 
IV - intimará as partes para apresentar quesitos, no prazo de dez dias. 
§ 2º A prova pericial será concluída no prazo fixado pelo juiz, não excedente a 
sessenta dias, contado da data do compromisso do perito
Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária fundamenta-se na 
Lei Complementar n 76/93, esta com as alterações trazidas pela Lei Complementar n 88/96, 
que dispõe sobre o procedimento contraditório especial, rito sumário, para o processo de 
desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária, e no que se 
se refere à Lei 8. 629/93.
Diz o eminente Professor Rafael Augusto de Mendonça Lima: A desapropriação por 
interesse social, para fins de Reforma Agrária tem por finalidade:
a) Retirar, de alguém, a propriedade que tem sobre imóvel rural, mediante indenização, 
na forma da lei.
b) Promover a aquisição, pelo INCRA, do domínio de imóvel rural, necessário à 
execução de projeto de reforma agrária.
A desapropriação pode ser por acordo (ou transação), ou judicial, quando aquela for 
inviável.
Para que possa haver a desapropriação, é indispensável prévio decreto do Presidente 
da República declarando interesse social, para fins de reforma agrária, o bem imóvel 
identificar.
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN
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Não basta, pois, a declaração do interesse social, é preciso que ela se complete com 
a declaração: para fins de reforma agrária.
Efetivamente, a lei nº 4132, de 10/09/1962, dispõe sobre a desapropriação por 
interesse social, lei esta ainda em vigor. Mas o interesse social dessa lei não é o mesmo do 
Estatuto da Terra, do antigo Decreto-Lei nº. 554, de 25/04/1969, da Lei Complementar n 76, 
de 06/07/93 e, muito menos, do art. 184 da Constituição vigente.
Há, assim, uma nítida diferença entre a lei nº.4132, de 10/09/1962, e os demais atos 
acima referidos.
A desapropriação por interesse social da Lei nº.4132, de 10/09/1962, implica na 
indenização previa, justa e em dinheiro, enquanto que para a reforma agrária a indenização 
da terra nua em título da dívida agrária e, somente às benfeitorias úteis e necessárias são 
indenizáveis em dinheiro.
Por outro lado, o processo de desapropriação, segundo a lei nº. 4.132, é o mesmo do 
Decreto-Lei nº. 3.365, de 1941, que disciplina a desapropriação por utilidade e necessidade 
pública, bem diferente do processo previsto no antigo Decreto-Lei nº. 554, de 1969, hoje 
revogado pela Lei Complementar nº 76, de 06/07/93, que dispõe sobre o procedimento 
contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural, 
por interesse social, para fins de reforma agrária.
A desapropriação do imóvel como de interesse social para efeito 
de reforma agrária
A desapropriação é um ato de direito público mediante o qual a administração, com 
base na necessidade pública, na utilidade pública ou no interesse social, desvincula um bem 
de seu legítimo proprietário para transferir sua propriedade a um ente estatal ou a particulares, 
com prévia e justa indenização.
No direito brasileiro a desapropriação pode ser por necessidade pública e por utilidade 
pública, que refletem os tipos clássicos de desapropriação, a que se agrega a desapropriação 
por interesse social, acrescentada pela Constituição de 1946.
Conforme alguns autores, como Carlos Maximiliano, a expressão "utilidade pública" 
é abrangente, tornando indispensáveis as palavras "necessidade pública". Já a desapropriação 
por interesse social tem em vista a função social da propriedade, sendo advogada, sobretudo 
por Agamenon Magalhães e Figueiredo de Souza. 
No texto constitucional vigente a desapropriação por interesse social é levada a cabo 
para fins de reforma agrária, com o pagamento prévio e justo de cambiais chamadas de títulos 
da divida agrária.
Na desapropriação ocorre uma permuta de valores, com a substituição de um bem, 
que é objeto de propriedade, por outro bem, que é o seu preço equivalente em dinheiro. O 
bem é garantido mais pelo seu valor como expressão econômica.
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A fonte histórica da desapropriação é o art. 17 da Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão, conforme preceituado pela Revolução Francesa de 1789:
"Art. 17. Ninguém poderá ser privado da propriedade, que é um direito inviolável e 
sagrado, senão quando a necessidade pública, legalmente verificada, evidentemente 
o exigir e sob condição de justa e prévia indenização".
Realizar a desapropriação mediante pagamento justo e prévio em dinheiro é bastante 
difícil, pela importância exigida. Essa a razão por que a Emenda Constitucional nº 10, de 9 de 
novembro de 1964, autorizou a União a promover a desapropriação da propriedade territorial 
rural mediante prévia e justa indenização em títulos especiais da divida pública, com uma 
nova redação dada ao § 16 do art. 141 e com o acréscimo (§ 12) ao art. 147 à Constituição 
Federal de 1946.
A desapropriação para efeito de reforma agrária também não pode recair na pequena 
e na média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra propriedade rural. 
O pagamento da indenização é feito mediante cambiais chamadas de títulos especiais 
da dívida agrária e só podem incidir sobre latifúndios, podendo recair sobre a empresa rural 
(CF/88, art. 185). 
Indispensável decreto que declare o imóvel como de interesse social para o dito fim 
de reforma agrária, autorizando a União a propor a ação de desapropriação.
Valor do imóvel desapropriado
O valor do imóvel rural desapropriado deve ser fixado de modo justo e pago 
previamente.
O Decreto-Lei nº 554/69 prescreve que o ajuizamento do pedido de expropriação 
deve ser precedido de depósito prévio, quer em dinheiro, quer em títulos especiais da dívida 
pública, hoje da dívida agrária.
O justo valor ou valor real pode ser estabelecido por acordo entre o expropriante e o 
expropriado; na falta de tal acordo, pelo valor da propriedade declarado pelo seu titular para 
fins de pagamento cio ITR, quando aceito pelo expropriado,ou, ainda, pelo valor apurado em 
avaliação, levada a efeito pelo expropriante, quando este não aceitar o valor declarado pelo 
proprietário ou quando inexistir tal declaração.
O dito Decreto-Lei nº 554/69 preceitua no art. 3º, § 1: "Se entre a data da declaração 
a que se refere o inciso II e a do ato expropriatório houver decorrido mais de um ano, o valor 
ela indenização será corrigido monetariamente, de acordo com os índices oficiais".
Especificando que a ação terá rito ordinário (art. 10), adiante, o art. 11 do mesmo 
decreto preceitua que, na revisão do valor da indenização, deverá ser respeitado, em qualquer 
caso, como limite máximo, o valor declarado pelo proprietário para efeito de pagamento do 
ITR. 
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN
106
Tal valor poderá ser eventualmente reajustado, caso dentro do prazo de 180 dias, 
contados da data da publicação do Decreto-Lei nº 554, de 25 de abril de 1969, o proprietário 
de imóvel rural apresentar, mediante justificação, nova declaração do respectivo valor, em 
substituição àquela antes formulada para efeito de pagamento do ITR. Deu-se assim outra 
oportunidade para a atualização da ficha cadastral.
A justa indenização não é assim, evidentemente, o valor declarado ao INCRA pelo 
seu proprietário, esse valor serve apenas de subsídio ao juiz para encontrar a justa indenização. 
A polêmica tornou-se ainda mais acentuada com a Constituição vigente de 1988, 
falando em valor real, e não somente em correção monetária.
Assim regula a matéria a Lei nº 8.629/93: "A desapropriação por interesse social, 
aplicável ao imóvel rural que não cumpra sua função social, importa prévia e justa indenização 
em títulos da dívida agrária" (art. 5º).
Procedimento especial de rito sumário, para o processo inicial de 
desapropriação.
A Constituição em vigor prescreve a elaboração de lei complementar com o intuito 
de disciplinar a ação de desapropriação para efeito de reforma agrária (§ 32 do art. 184). 
Tal legislação infraconstitucional integradora é lei complementar e não ordinária.
Exige, pois, a Constituição lei complementar para disciplinar a ação de desapropriação 
para fins de reforma agrária, prevendo determinadas regras processuais 110 processo 
expropriatório, em um procedimento contraditório especial de rito sumário.
Não é suficiente a lei ordinária, há de ser lei complementar votada por maioria 
absoluta.
É permitido o procedimento contraditório especial, cabendo salientar que a 
Constituição já assegura a todos os litigantes e acusados a proteção de uma ampla defesa e do 
contraditório, visto que sem o contraditório não há defesa.
O rito deve ser sumário, com tempo determinado de tramitação, pois a delonga 
judicial prejudica o expropriado, que não pode usar os seus títulos recebidos para o pagamento 
do bem desapropriado.
A lei complementar prevista na Constituição Federal de 1988 já foi editada, é a de nº. 
76, de 6 de julho de 1993 (DOU, 7 jul. 1993), preceituando em seu art. 12 que o procedimento 
judicial da desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária, 
obedecerá ao contraditório especial, de rito sumário.
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN 
107
Desapropriação em títulos da dívida agrária
A política de reforma agrária permite a desapropriação por interesse social de lodo o 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização 
em títulos especiais da dívida agrária. 
Há uma competência privativa da União para desapropriar por interesse social e com 
o fim de reforma agrária.
Assim sendo os Estados e Municípios não podem usufruir de tal atribuição para os 
seus intentos reformistas agrários, nem mesmo por interesse social e mediante pagamento 
prévio e justo da indenização em dinheiro.
O regime político anterior fazia referência a título da dívida pública, de natureza 
especial, para o pagamento da desapropriação por interesse social e para efeito de reforma 
agrária (art. 161 e § 3º).
O texto constitucional vigente não fala em títulos especiais da divida público com 
cláusula de exata correção monetária, porém em títulos especiais da dívida agrária com 
cláusula de preservação do valor real, uma diferença terminológica de evidente importância.
Não define a Constituição de 1988 o exato entendimento de títulos da dívida agrária. 
Todavia tais papéis têm a qualidade de cambiais, podem ser negociados livremente e afinal 
comportam a execução na forma dos títulos executivos em geral. Deve-se distingui-los dos 
títulos comuns que a União opera no mercado financeiro.
A Constituição também adverte com nitidez que tais títulos têm a cláusula de 
preservação do valor real, o que não se confunde com a cláusula de correção monetária.
Cabe assim distinguir a regra da desapropriação por utilidade pública e por interesse 
social, com prévio e justo pagamento em dinheiro da desapropriação por interesse social para 
efeito de reforma agrária, com pagamento em títulos especiais da dívida agrária, pagamento 
feito de modo prévio e com justa indenização, preservando o valor real de tais títulos.
Estão os títulos especiais da dívida agrária amparados contra a depreciação do valor 
da moeda e se equiparam aos títulos de emissão dos Municípios tendo em vista o resgate das 
indenizações feitas com a reforma urbana. 
Tais títulos especiais da dívida agrária devem ter sua emissão previamente aprovada 
pelo Senado Federal e são resgatáveis no prazo de até 20 anos, em parcelas anuais, iguais ou 
sucessivas, garantindo-se o valor real da indenização e os juros legais. 
Estes, para efeito de reforma agrária, não estão previstos na Constituição, mas a 
Lei nº. 8.629/93 art. 52, § 3º, esclarece que os títulos de dívida agrária conterão cláusulas 
assecuratórias de preservação de seu valor real, serão resgatáveis a partir do segundo ano 
de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, conforme critérios estabelecidos na 
própria lei.
O texto constitucional vigente usa a expressão "valor real" em lugar de "exata 
correção monetária", com a intenção de garantir o título da perda de substância de seu valor 
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN
108
nominal, assegurando assim ao proprietário o valor da moeda, como se não houvesse nenhuma 
inflação, tal como argumenta Celso Ribeiro Bastos. 
Houve uma profunda desvalorização da moeda brasileira, perdendo constantemente 
o seu valor.
Dívida de valor e dívida de dinheiro
Atualmente procede-se a uma distinção entre dívida de valor e dívida de dinheiro.
A dívida de valor é a que tem por objeto o pagamento de soma de dinheiro, porém 
que "representa determinado valor, pois esse dinheiro não é, por sua valia nominal, o objeto 
da prestação, mas sim o meio de medi-lo, de valorá-lo", como ensina Álvaro Villaça Azevedo.
Assim, a dívida de valor é paga em dinheiro, mas visando medir o valor do objeto 
da prestação. Já a dívida de dinheiro é a representada pela própria moeda considerada no seu 
valor nominal. 
O objeto é o próprio dinheiro. A dívida de valor é a resultante da desvalorização 
da moeda, quando o seu pagamento não é feito no tempo do cumprimento obrigacional, daí 
advindo uma cláusula corretiva do valor do objeto da prestação.
Indenização de benfeitorias úteis e necessárias
As benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem móvel ou imóvel para conservá-
lo, melhorá-lo ou simplesmente embelezá-lo.
A regra dominante em nosso direito constitucional e agrário é a de indenizar as 
benfeitorias úteis e necessárias em dinheiro ou moeda corrente, e não em títulos. 
As benfeitorias podem ser de diversas espécies:
São voluptuárias as de mero deleite ou recreio que não aumentam o uso habitual da 
coisa, ainda que a tornem mais agradável, ou seja, de elevado valor. 
São úteisas que aumentam ou facilitam o uso da coisa. 
São necessárias as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que se deteriore. A 
Lei nº. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, prevê em seu art. 5, § 1.
As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
O procedimento judicial de desapropriação de imóvel rural 
por interesse social para fins de reforma agrária e sua obediência ao 
contraditório especial de rito sumário.
A Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 previu a edição de lei complementar, 
que foi editada com o nº. 76, de 6 de julho de 1993, para disciplinar a reforma agrária e evitar 
tanto quanto possível a multiplicação de tensões sociais no campo, que se intensificaram 
com o MST (Movimento dos Sem-Terra). Tal lei complementar se orientou no sentido de 
Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN 
109
um andamento mais rápido do processo de desapropriação, ainda lento na sistemática antiga, 
com a edição de 25 artigos, regulando com detalhes o processo de desapropriação.
Anteriormente também o Código de Processo Civil de 1973 previa o rito sumaríssimo 
nos processos de arrendamento rural, porém a LC nº. 76/93 adota o rito sumário, e é de 
relembrar que a minirreforma feita a este Código mudou no seu contexto toda a alusão ao 
nomen juris de processo sumaríssimo para processo sumário.
O procedimento judicial da lei complementar é específico e próprio. Realmente 
preceitua o seu art., 12 que o procedimento judicial da desapropriação do imóvel rural, por 
interesse social, para fins de reforma agrária, obedecerá ao contraditório especial, de rito 
sumário, previsto em tal lei. 
Existe uma competência privativa da União para tal desapropriação, que será 
precedida de decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária. 
Os demais entes federativos não têm tal competência.
A ação de desapropriação será proposta pelo órgão federal encarregado da reforma 
agrária, sendo processada e julgada pelo juiz federal competente. Ela corre inclusive em 
férias forenses. 
Depois da declaração do interesse social, para fins de reforma agrária, ficará o 
expropriante legitimado a promover a vistoria e avaliação do imóvel rural, podendo para tanto 
inclusive recorrer ao auxílio da força policial mediante autorização do juiz, responsabilizando-
se por eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuízo das sanções 
penais cabíveis.
Procedimento da ação de desapropriação de imóvel rural para fins 
de reforma agrária
A ação de desapropriação deverá ser proposta dentro do prazo de dois anos, contado da 
publicação do decreto declaratório. Intentada a desapropriação parcial, o proprietário poderá 
requerer na contestação a desapropriação de todo o imóvel, quando a área remanescente 
ficar reduzida a uma superfície inferior à da pequena propriedade rural; ou ainda prejudicada 
substancialmente nas suas condições de exploração econômica, caso o seu valor seja inferior 
ao da parte desapropriada.
A petição inicial deverá conter os requisitos previstos no Código de Processo Civil, 
além da oferta do preço a ser instruída com a documentação abaixo:
I - texto do decreto declaratório de interesse social para fins de reforma agrária, 
publicado no Diário Oficial da União;
II - certidões atualizadas de domínio e de ônus real do imóvel;
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III - documento cadastral do imóvel;
IV - laudo de vistoria e avaliação administrativa, que conterá, expressamente: 
a) descrição do imóvel, por meio de suas plantas gerais e de situação, e memorial 
descritivo da área objeto da ação;
b) relação das benfeitoras úteis, necessárias e voluptuárias, das culturas e 
pastos naturais e artificiais, da cobertura florestal, seja natural ou decorrente de 
florestamento ou reflorestamento, e dos semoventes; 
c) discriminadamente, os valores de avaliação da terra nua e das benfeitorias 
indenizáveis;
V - comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária correspondente 
ao valor ofertado para pagamento de terra nua (este inciso V foi acrescido pela 
Lei Complementar nº. 88, de 23-12- 1996, DO U, 24 dez. 1996, em vigor desde a 
publicação);
VI - comprovante de depósito em banco oficial ou outro estabelecimento no caso 
de inexistência de agência na localidade, à disposição do juízo, correspondente ao 
valor ofertado para pagamento das benfeitorias úteis e necessárias (este inciso VI foi 
acrescentado pela Lei Complementar nº. 88, de 23-12- I 996, DOU, 24 dez. 1996, 
em vigor desde a publicação).
O juiz, ao despachar a petição inicial, de plano ou no prazo máximo de quarenta e 
oito horas, assim procederá:
a) mandará emitir o autor na posse do imóvel (inciso 1 com redação dada pela LC nº 
88, de 23-12-1996, DOU, 24 dez. 1996, em vigor desde a publicação); 
b) determinará a citação do expropriando para contestar o pedido e indicar assistente 
técnico, se quiser (inciso II com redação dada pela LC nº 88, de 23-12-1996, DOU, 
24 dez. 1996, em vigor desde a publicação);
c) expedirá mandado ordenando a averbação do ajuizamento da ação no registro do 
imóvel expropriando, para conhecimento de terceiros.
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Inexistindo dúvida acerca do domínio, ou de algum direito real sobre o bem, ou 
sobre os direitos de titulares do domínio útil, e domínio direto, em caso de enfiteuse ou 
aforamento, ou ainda, inexistindo divisão, hipótese em que o valor da indenização ficará 
depositado à disposição do juízo enquanto os interessados não resolverem seus conflitos 
em ações próprias, poderá o expropriando requerer o levantamento de 80% da indenização 
depositada, quitados os tributos e publicados os editais, para conhecimento de terceiros, a 
expensas do expropriante, duas vezes na imprensa local e uma na oficial, decorrido o prazo 
de 30 dias.
Efetivação da imissão de posse pelo juiz
O magistrado poderá, para a efetivação da imissão de posse, requisitar a necessária 
força policial. Este dispositivo constituía o primitivo § 32 da Lei Complementar nº.76/93, 
renumerado para § 2º, por força da revogação do antigo § 1º pela Lei Complementar nº. 88, 
de 23 de dezembro de 1996, já referida. 
No curso da ação poderá o juiz designar, com o objetivo de fixar a prévia e justa 
indenização, audiência de conciliação, que será realizada nos 10 primeiros dias a contar da 
citação, e na qual deverão estar presentes o autor, o réu e o Ministério Público. 
As partes ou os seus representantes legais serão intimados por via postal.
Este preceito formando o § 3º da legislação foi acrescido pela Lei Complementar nº. 
88, de 23 de dezembro de 1996.
Aberta a audiência, o juiz ouvirá as partes e o Ministério Público, propondo a 
conciliação. Tal regra constitui o § 4º da atual legislação configurada na Lei Complementar 
nº. 88/96 já mencionada, e aditada à Lei Complementar nº 76/93.
Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo termo que será assinado pelas partes e 
pelo Ministério Público ou seus representantes legais. Tal parágrafo constituiu o § 5º da Lei 
Complementar nº. 88/96, aditado à Lei Complementar anterior. 
Integralizado o valor acordado, nos 10 dias úteis subsequentes ao pactuado, o Juiz 
expedirá mandado ao registro imobiliário, determinando a matrícula do bem expropriado em 
nome do expropriante.
Tal preceito foi acrescido pela Lei Complementar nº. 88/96.
A audiência de conciliação não suspende o curso da ação (regra estabelecida pela 
LC nº. 88/96).
Citação do expropriando
A citação do expropriando será feita na pessoa do proprietário do bem, ou do seu 
representante legal. Em se tratando de enfiteuse ou aforamento, serão citados os titulares do 
domínio útil e do domínio direto, exceto quando for contratante a União.
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No caso de espólio, inexistindo inventariante, a citação será feita na pessoa do 
cônjuge sobrevivente ou na de qualquer herdeiro ou legatário que esteja na posse do imóvel.
Serão intimados da ação os titulares de direitos reais sobre o imóvel desapropriando.
Serão ainda citados os confrontantes que, na fase administrativa elo procedimento 
expropriatório, tenham, fundamentadamente, contestado as divisões do imóvel expropriante.
O autor, além de outras formas previstas na legislação processual civil, poderá 
requerer que a citação do expropriado seja feita pelo correio, através de carta com aviso de 
recepção, firmado pelo destinatário ou por seu representante legal.
A contestação
A contestação ao procedimento judicial deve ser oferecida no prazo de 15 dias e 
versar matéria do interesse da defesa, excluída, porém a apreciação sobre o interesse social 
declarado. 
Recebida a contestação, o juiz, sendo o caso, determinará a realização da prova 
pericial, adstrita aos pontos impugnados dos laudos de vistoria administrativa, referido na 
lei complementar (art. 52, IV) e simultaneamente: designará o perito do juízo; formulará os 
quesitos que julgar necessários; intimará o perito e os assistentes para prestar em compromisso, 
no prazo de 5 dias; intimará as partes para apresentar em quesitos, no prazo de 10 dias.
A prova pericial será concluída no prazo fixado pelo juiz, não excedente á 60 dias, 
contado da data do compromisso do perito.
Havendo acordo sobre o preço, este será homologado por sentença, caso contrário, 
o valor que vier a ser acrescido ao depósito inicial, por força do laudo pericial acolhido pelo 
Juiz, será depositado em espécie para as benfeitorias, juntado aos autos o comprovante de 
lançamento de Títulos da Dívida Agrária para a terra nua, como integralização de valores 
ofertados (normas estabelecidas pela LC nº. 88/96).
Levantamento da indenização ou de depósito judicial
A pedido do expropriado, depois do trânsito em julgado da sentença, será levantada 
a indenização ou o depósito judicial, deduzidos o valor de tributos e multa incidentes sobre o 
imóvel, exigíveis até a data da imissão na posse pelo expropriante.
Efetuado ou não o levantamento, mesmo que parcial, da indenização ou do depósito 
judicial, será expedido em favor do expropriante, no prazo de 48 horas, mandado translativo 
do domínio para o Cartório de Registro de Imóveis competente, sob a forma e para os efeitos 
da Lei de Registros Públicos (conforme a LC nº. 88, de 23-12-1996).
O registro da propriedade nos cartórios competentes far-se-á no prazo improrrogável 
de 03 dias, contado da data de apresentação do mandado (segundo a LC nº. 88, de 23-12-
1996).
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Caráter preferencial e prejudicial das ações de desapropriação de imóvel rural, por 
interesse social.
As ações referentes à desapropriação do imóvel rural, por interesse social, para fins 
de reforma agrária, têm caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações alusivas 
ao imóvel expropriando. Elas independem de pagamento de preparo ou de emolumentos.
Qualquer ação que tenha por finalidade o bem expropriando será distribuída, por 
dependência, à Vara Federal onde tiver curso a ação de desapropriação, determinando-se a 
pronta intervenção da União.
O Ministério Público Federal intervirá, obrigatoriamente, após a manifestação das 
partes, antes de cada decisão manifestada no processo, em qualquer instância.
Despesas judiciais, honorários do advogado e do perito
As despesas judiciais e os honorários do advogado e do perito constituem encargos 
de sucumbência, se o valor da indenização for igualou inferior ao preço oferecido, para o 
expropriado, ou para o expropriante na hipótese do valor superior ao preço oferecido.
Os honorários do advogado do expropriado serão fixados em até 20% sobre a 
diferença entre o preço oferecido e o valor da indenização.
Os honorários periciais serão pagos no valor fixo estabelecido pejo juiz, atendida a 
complexidade do trabalho desenvolvido.
Arbitramento do valor para desmonte e transporte de móveis e 
semoventes
Em qualquer fase processual do procedimento, mesmo depois de proferida a 
sentença, compete ao juiz, mediante requerimento de qualquer das partes, arbitrar valor para 
o desmonte e transporte de móveis e semoventes, a ser suportado, ao final, pelo expropriante, 
bem como cominar prazo para que assim proceda ao expropriado.
Proibição de ação reivindicatória
A lei complementar alusiva à matéria preceitua que os imóveis rurais desapropriados, 
urna vez registrados em nome do expropriante, não poderão ser objeto de ação reivindicatória.
Leis vigentes sobre a matéria em questão é: 
a) Constituição Federal de 1988, art. 184 e 185; 
b) Lei 4.504, de 30/11/1964, o Estatuto da Terra, arts. 1 §1, 16 a 23;
c) Lei 8.629 de 25/02/93;
d) Lei Complementar n 76, de 06/07/93;
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TERRAS INDÍGENAS 
As terras habitadas pelos silvícolas são também utilizadas em atividades agrarias com 
maior razão, porquanto é nesse seu hábitat que eles praticam a caça e a pesca consideradas 
atividades agrárias típicas, na linha do extrativismo. Mas, além das atividades extrativas, 
também podem se dedicar a outras tarnbém de natureza agrária, tais corno a lavoura e a 
pecuária. Daí a importância desse estudo para o direito agrário.
Talvez por isso, observa-se que a evolução legislativa em favor dos silvícolas é cada 
vez mais acentuada. De fato, a "Lei de Terras" (Lei nº 601/1850, art. 12) foi a primeira a se 
preocupar com os índios, dispondo: ”Art. 12. O Governo reservará das terras devolutas, as 
que julgarem necessárias: 1º, para a colonização indígena."
Omitiu-se a primeira Constituição brasileira (a de 1824) de inserir qualquer norma 
de caráter protetivo para os índios. O mesmo acontecera com s de 1891, a primeira do período 
republicano. As normas que haviam eram apenas aquelas embutidas na "Lei de Terras" e no 
seu regulamento (dec. nº 1.318, de 30.1.1854, arts. 72 a 75).
A Constituição de 1934, de resto, as demais que se seguiram - dispôs sobre o 
assunto, prescrevendo o respeito à posse de terras dos silvícolas que nelas se achassem 
permanentemente localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená- las.
A atual Constituição Federal chegou mesmo a dedicar um capítulo inteiro sobre 
os índios (Cap. VIII do Tít. VIII - Da Ordem Social). Em dois densos artigos (231e 232) o 
legislador constituinte realçou, entre outros direitos dos índios, aquele sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam, cumprindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos 
os seus bens.
O texto constitucional também se preocupou em explicitar o significado da alocução 
"terras tradicionalmente ocupadas pelos índios", dizendo serem aquelas habitadas em caráter 
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação 
dos recursos arnbientais necessários ao seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física 
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
Esclarece também a Lei Maior que essas terras se destinam à posse permanente 
dos índios, assegurando-se-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos 
lagos nelas existentes. E, quando houver aproveitamento dos recursos hídricos, inclusive 
dos potenciais energéticos, pesquisa e lavra das riquezas minerais em terras indígenas, há 
necessidade de autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, às 
quais se assegura participação nos resultados da lavra.
A proteção aos silvícolas é tão eloquente na Constituição, que, depois de classificar 
as terras tradicionalmente ocupadas pelos Índios como inalienáveis e indisponíveis e de 
estabelecer a imprescritibilidade dos direitossobre elas, comina de nulidade os atos de 
ocupação, domínio e posse que as envolvam.
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Agora, porém, a nova Carta se apresenta mais explícita, não apenas porque deu nova 
denominação às ditas terras, chamando-as de “tradicionalmente ocupadas”, mas também 
porque mencionou o “caráter permanente” da ocupação. Com isso, parece afastada a polêmica 
gerada pela norma constitucional revogada.
Art. 17. Reputam-se terras indígenas:
I - as terras ocupadas ou habitadas pelos silvícolas, a que se refere os artigos 4º, IV, 
e 198, da Constituição (hoje revogada) ;
II - as áreas reservadas de que trata o Capítulo III deste Título;
III - as terras de domínio das comunidades indígenas ou de silvícolas
Segundo a melhor doutrina, somente as terras indicadas no inciso I, do art. 17, 
suprarreferido, podem ser consideradas "terras públicas". As demais (incs. II e III) podem ser 
classificadas como "terras particulares", na medida em que o texto legal transcrito somente 
aludiu àquelas referidas nos arts. 4º, IV, e 198, da Constituição de 1946.
As chamadas terras reservadas, a que alude o inc. II do art. 17 do "Estatuto do Índio", 
distinguem-se das terras ocupadas, que são aquelas de posse imemorial. As terras reservadas 
podem ser assim classificadas:
a) Reserva indígena (Há de entender-se como “uma área destinada a servir de 
habitat a grupo indígena com meios suficientes a sua subsistência.”
b) Parque indígena; (a sua vez, é a área contida em terra na posse de índios, cujo 
grau de integração permita assistência econômica, educacional e sanitária dos órgãos 
da União, em que se preservem as reservas de flora e fauna e as belezas naturais da 
região art.28, EI).
c) Colônia agrícola indígena. (colônia agrícola indígena é a área destinada à 
exploração agropecuária administrada pelo órgão de assistência ao índio, onde 
convivam tribos aculturadas e membros da comunidade nacional (art, 29, EI).
As terras indígenas, de maneira geral, podem ser classificadas em:
a) Aquelas “tradicionalmente ocupadas pelos índios”, ou seja, aquelas de que trata o 
art. 231 da constituição Federal (são as do domínio público sobre as quais os índios 
têm apenas o direito de usufruto).
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b) Aquelas pertencentes às comunidades indígenas ou aos índios pessoalmente, 
adquiridas por quaisquer dos meios aquisitivos previstos na lei ordinária, inclusive o 
usucapião, de que se falará em seguida; 
c) As terras chamadas "reservadas" já referidas. Estas podem recair tanto sobre 
terras particulares, como sobre terras públicas, aqui incluídas as devolutas. Se 
recaírem sobre terras particulares, o Poder Público há de adquiri-las pelos meios 
legais, inclusive pela desapropriação, mediante prévia e justa indenização (art. 5º, 
inc. XXIV, CF).

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