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Apostila 01 - Direito Constitucional e Direitos Humanos

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Prof. Gassen Zaki Gebara
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Inspirado na afirmação de que os direitos humanos opõem-se contra a onipotência do poder, conforme a função política expressada na Declaração de Direitos de Virgínia (1776), PÉREZ LUÑO explica que tais direitos podem ser definidos como "um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências da dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos, nacional e internacionalmente".
Deduzido esse brevíssimo conceito, tem-se que considerar que os direitos do homem emergiram em um cenário onde o pano de fundo era o surgimento da classe burguesa, tendo sido influenciados pelo respectivo contexto ideológico. Nada obstante a crítica marxista a eles, afirmando serem a manifestação dos interesses e do ideário burguês, tem-se, de fato, que a chamada primeira dimensão dos direitos humanos, erigida pelo pensamento liberal, constitui-se em direitos individuais, como os direitos de participação política, as garantias processuais e o direito de propriedade.
Objetiva e efetivamente, essa primeira dimensão fundamenta-se em um sistema de valoração com matriz individualista. Esses direitos individuais são, em suma, os civis e os políticos�, enquanto que os sociais são os de coletividade ou sociais básicos, culturais e econômicos e, mais modernamente�, dos direitos ao bem estar social ou do estado-providência (walfare state), conforme adiante deduzido. Doutrinariamente esses direitos são catalogados em gerações ou em dimensões.
A existência de várias dimensões é perfeitamente compreensível, já que decorrem da própria natureza humana: as necessidades do homem são infinitas, inesgotáveis, o que explica estarem em constante redefinição e recriação, o que, por sua vez, determina o surgimento de novas espécies de necessidades do ser humano. Daí falarem-se em diversas dimensões de projeção de tutela do Homem, o que só vem confirmar a tese de que não há um rol eterno e imutável de direitos inerentes à qualidade de ser humano, mas sim, ao contrário, apenas um permanente e incessante repensar dos Direitos. De qualquer forma, em sua totalidade, esses direitos encarnam a dignidade do homem.
Costuma-se dividir os direitos humanos fundamentais, comumente, em três gerações ou dimensões, como características próprias dos momentos históricos que inspiraram a sua criação�.
Os direitos da primeira dimensão são os direitos da liberdade e da legalidade, os primeiros a constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e políticos, que em grande parte correspondem, por um prisma histórico, àquela fase inaugural do constitucionalismo do Ocidente. Os direitos da primeira dimensão ou direitos da liberdade têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante o Estado�. 
Alguns desses direitos são: Devido processo legal – due process of law; Inviolabilidades; Proibição de confisco (inviolabilidade das propriedades, ou a justa e prévia indenização daquelas propriedades cuja necessidade pública, legalmente comprovada, exija o sacrifício); Taxação com representação; Presunção de inocência; Acesso igualitário a cargos públicos; Propriedade privada; Igualdade formal (todos são – ABSTRATAMENTE - iguais perante a lei); Liberdades públicas (reunião, associação, manifestação de pensamento, de expressão cultural, artística, confissão religiosa, *não se falava até então em sindicalização ou direito a greve (direitos correlatos aos sociais/trabalhistas, se só serão mencionados na constituição francesa de 1848, de brevíssima duração – até 1852, quando é restaurado o Império, com Napoleão III) ; Direito de ir e vir (habeas corpus); Segurança privada; Devido processo legal ou princípio da proporcionalidade (entre o delito e a pena).
DOCUMENTOS DOS EUA:	 Declaração da Virgínia (Estados Unidos -1776) ; Declaração da independência americana – 1776; Constituição dos EUA, 1787; Bill of Rights americano (1791) – inserida na Constituição como “emendas” neste mesmo ano.
DOCUMENTOS DA FRANÇA:	Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França - 1789) ; Constituições Francesas, 1791 e 1793. A Constituição hoje vigente é a promulgada em 1958.
Destacam-se também: Constituição Espanhola (Cadiz), 1812; Constituição Portuguesa, 1820/22;Constituição Imperial do Brasil, 1824 ; Constituição Belga, 1831.
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As primeiras décadas do século XIX é marcada pela afirmação do Estado liberal – erigido sobre o aspecto dos direitos individuais – e pelo fenomenal desenvolvimento da economia industrial. Para o liberalismo, apegado à lição iluminista de supervalorização da lei, o Estado tinha na Constituição a sua mais forte plataforma jurídica. Note-se que a própria Declaração francesa de 1789, no seu artigo 16, patenteou a obrigatoriedade de um texto constitucional composto precipuamente da decisão dos poderes e da declaração de direitos, com suas garantias. 
Para a própria lei, afinada que era com a mentalidade juspositivista do século XIX, o sentido de Constituição era justamente este: era explicita a legalidade e organiza as garantias (essas ainda muito restrita e com pouca normatividade). E o Estado Constitucional, oriundo das teses liberais, não era apenas um Estado abstencionista, cunhado pelos interesses burgueses em contraposição ao absolutismo intervencionista: era uma sistemática de explicitações, erigido a partir do ideal de que o poder existe com base no consentimento das pessoas, e que deve garantir a elas uma série de liberdades. 
O Estado constitucional não era apenas um Estado com limitações, mas intrinsecamente limitado. Essa estrutura ideológica levou, na prática, ao surgimento de um Estado impregnado de um formalismo que, ao não refletir sobre a distinção entre legalidade e legitimidade, afigurou-se excludente. Assim é que a igualdade, solenemente estampada na Declaração de 1789, não passou de expressão retórica: os privilégios formais do antigo regime chegaram a ser suprimidos, porém nada concretizou quanto à desigualdade econômica e patrimonial. 
Na ordem política que se instaurou, as pessoas passaram a ser iguais perante a lei (abstratamente iguais; o homem não era considerado materialmente, como um ser humano real, único, inconfundível, com defeitos, deficiências, qualidades, excepcionalidades), arquitetada como padrão de igualdade entre todos os seres humanos, mas que não operou uma modificação das condições materiais das classes populares, e a liberdade, desvirtuada na prática, passou a ser utilizada pelo homem burguês como capacidade ilimitada de exercer a sua iniciativa, a sua criatividade e os seus direitos individuais. 
Com a ascensão da burguesia à posição de classe dominante, acelerou-se o industrialismo e suas já conhecidas implicações sócio-econômicas e culturais, abrindo passagem para um novo estádio de consciência sobre as necessidades básicas do ser humano. O desenvolvimento do capitalismo industrial, propiciando a urbanização e concentrando mão-de-obra assalariada, nomeadamente nas fábricas, fez com que se desenvolvesse uma nova classe social – o proletariado, que seria a classe operária urbano-industrial. 
Justamente com a Revolução Industrial estruturou-se o Estado capitalista Liberal: o Estado do “laissez-faire”, da abstenção, da não-intervenção, da liberdade de iniciativa e de contrato (o que, absolutamente, não se confunde com livre iniciativa ou livre concorrência); o Estado “gendarme”, que consistiu em garantir a livre atuação das forças do mercado, fundado na premissa de que, se todos defendessem os seus próprios interesses, o interesse coletivo seria automaticamente
defendido. 
O Estado que excepcionou o capital em prejuízo do trabalho, em nome do direito de cada indivíduo contratar livremente com seu semelhante, sem a proteção e a fiscalização estatal – o que unicamente significou a liberdade dos assalariados se colocarem nas mãos dos empregadores (o mais fraco economicamente sucumbe ao mais forte; é excluído, devorado por ele).
Evidente aí a enorme contradição entre os princípios apregoados nas declarações de direitos e a realidade cotidiana de amplos setores da sociedade, especialmente numa certa fase do capitalismo industrial. O proletariado, induvidosamente, estava dominado a todo o tipo de exploração: jornada de trabalho excessiva (de 14 a 16 h/dia); remuneração indigna; condições laborais insalubres; insegurança no trabalho; abusiva situação trabalhista de mulheres e crianças; desemprego e miséria crescentes; péssimas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, educação), dentre outros aspectos. 
Nesse palco, presentes situações cruéis e desumanas, o proletariado reagiu do modo como podia: com greves, agitações e rebeliões por toda parte, como as revoluções de 1848, ocorridas na França e na Alemanha, ou a célebre “Comuna” de Paris (1871), movimentos primordialmente operários na sua origem. 
Esse novo perfil que caracteriza a Europa do século XIX, com todas as suas nuances, possibilitou o desenvolvimento da crítica social, do ideário socialista de doutrinas alternativas, do sindicalismo e da organização política da classe operária e demais setores populares. 
No cenário de embates promovidos pelos operários, muito evidente no século XIX, surgiu o sindicalismo. O ambiente que lhe foi adequado foi o das associações de auxílio mútuo, que remontam o século XV, o movimento operário ganhou força graças à conquista de liberdade de organização classista, primeiramente na Inglaterra (através de lei aprovada pelo Parlamento, em 1824) e, mais tarde, de modo gradual, no restante da Europa (constituição francesa, 1848) e nos Estados Unidos. 
Os sindicatos conservavam pontos de sintonia com o socialismo e o anarquismo. Na Inglaterra, o sindicalismo assumiu feição reformista, da qual a “Trade Union” foi exemplo típico – as reivindicações eram majoritariamente de índole econômica, sem cogitar as alterações da estrutura político-institucional. Na França e na Itália, a ação sindical adotou tendência predominantemente revolucionária – objetivou a emancipação proletária por meio de mudanças radicais na sociedade. 
Nesse mesmo ponto, brotaram o anarquismo e o comunismo (socialismo). Um e outro propugnavam, em primeiro, a abolição da propriedade privada – um dos mais insinuantes direitos individuais albergados pelas declarações iluministas – bem como o fim das diferenças de classe. Buscavam, também, a destruição daquele modelo de Estado (liberal), considerado um instrumento de opressão dos trabalhadores a serviço da burguesia. 
Para os socialistas, de um modo geral, o Estado burguês deveria ser substituído pelo Estado proletário, que aplainaria as desigualdades sociais. Já os anarquistas postulavam a substituição do Estado pela cooperação de grupos associados (mecanismos de controle espontâneo da sociedade). Dentre os mais notáveis anarquistas sobressaem, inicialmente, Pierre Joseph Proudhon e, um pouco mais adiante, Leão Tolstoi, Piotr Kropotkin e Michael Bakunin. Entre os socialistas/comunistas: Henry de Saint-Simon, Louis Blanc, Augusto Blanqui e Charles Fourier – denominados de “utópicos” e, Karl Marx e Friedrich Engels – fundadores do socialismo “científico”. Mais tarde, os marxistas se dividiram em ortodoxos e revisionistas. 
Em fevereiro de 1848, com a parceria de Engels, Marx publicou o “Manifesto Comunista”, candente conclamação à adesão e às lutas proletárias e inequívocas fonte irradiadora do futuro comunismo. Mas foi a partir do texto “A Questão Judaica”, cinco anos antes, que Marx passou a denunciar a concepção liberal-burguesa dos direitos humanos, expressa nas declarações americana (1776) e Francesa (1789), negando sua universalidade e identificando-se com os interesses da classe social dominante. 
O pensamento marxista cimenta-se na sociedade ocidental de meados do século XIX, extremamente individualista, injusta e desigual, e que converteu o trabalho num instrumento de dominação. As incisivas investidas de Marx contra a declaração francesa, de 1789, apontavam, aliás, para uma contrafação do ideal de direitos humanos comuns a todos. O detalhe, nesse tocante, é que o problema não era de fundo, e sim de forma, o que é perceptível na análise de Fábio Konder COMPARATO: “os direitos humanos do homem, distintos dos direitos do cidadão, foram apresentados como direitos do homem egoísta, separado dos outros indivíduos e da comunidade, porque a burguesia do período da alta acumulação capitalista passara a subordinar a liberdade e a igualdade à propriedade”�. 
A Igreja Católica mostrou alguma sensibilidade em relação às questões sociais que surgiram do século XIX, a despeito de sua reticência inicial, reunida à leitura limitada daquela realidade. Diante da gravidade da “questão social” (conflito entre capital x trabalho), ao mesmo tempo em que buscava se contrapor à doutrina marxista e amenizar os efeitos do capitalismo, o Papa Leão XIII denunciava com veemência os abusos e as injustiças praticados por “um pequeno grupo de ricos e opulentos” e, contrariando a posição liberal-capitalista de então, defendia a tese do dever do Estado de intervir no campo econômico-social, através de medidas em prol dos interesses da classe operária – incluindo o direito de organização sindical – e da proteção dos direitos de todos os cidadãos, especialmente “dos fracos e dos indigentes”�. 
Indiscutível que o cenário oitocentista de crise, desigualdade social e concentração da riqueza, tornou insuficiente a visão liberal sobre os direitos fundamentais, entendidos como inerentes à natureza humana, independentemente de sua condição social ou da sua classe de origem. Os movimentos de base passaram a questionar o abismo que se alargara entre os postulados de igualdade e liberdade para todos e a trágica situação vivida pelos trabalhadores, reivindicando a real efetivação de tais direitos declarados; os sindicatos e os partidos operários foram levados a clamar por mudanças profundas e pela atuação do Estado no plano coletivo, mormente quanto às relações de trabalho. E algumas melhorias apareceram a partir da década de 70, século, XIX: direito de greve; regulamentação da jornada diária; seguros contra acidentes e contra invalidez; inquéritos para responsabilização patronal. 
A essa altura, o próprio capitalismo encontrava-se em transformação. O fragor de revoluções nacionalistas (Itália, Alemanha, América Latina) foi contemporâneo com o surgimento das grandes empresas, dos “trustes” e dos “cartéis”; e o capitalismo em expansão superou as fronteiras regionais, fazendo renascer a corrida colonialista. O mundo assistiu no desvelar do XX, a partilha da África e da Ásia, bem como a política de alianças entre as potências dessa quadra – era o “Imperialismo” europeu, a busca de novas fontes de matéria prima, outros mercados consumidores e mais bases geopolíticas. 
Por imperativo das pressões da sociedade, acabou se dando a transição do modelo liberal clássico para o Estado Social, perceptivo pelo paulatino abandono da atitude abstencionista por uma posição intervencionista propiciadora de meios de acesso aos bens sociais. A questão do conteúdo dos direitos humanos, portanto, foi transferida ao século XX. 
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O processo de materialização dos Direitos Fundamentais demarcou o início da derrocada da monarquia absoluta que cedeu lugar a um novo tipo de Estado: o Estado Liberal. Como já se comentou, a origem das Constituições na história européia remonta às lutas travadas entre a monarquia absoluta e a nobreza latifundiária na Inglaterra. Dentre os documentos constitucionais que demarcam a passagem da Monarquia Absoluta para a Monarquia
Constitucional, o primeiro que merece citação é a Magna Carta, de 1215, derivada do conflito entre o Rei João e os barões. Após este texto novas limitações ao poder absoluto foram feitas, garantindo-se aos indivíduos certos Direitos Fundamentais�. 
Machado Horta sintetiza esse processo histórico: 
A recepção dos direitos individuais no ordenamento jurídico pressupõe o percurso de longa trajetória, que mergulha suas raízes no pensamento e na arquitetura política do mundo helênico, trajetória que prosseguiu vacilante na Roma imperial e republicana, para retomar seu vigor nas idéias que alimentaram o Cristianismo emergente, os teólogos medievais, o Protestantismo, o Renascimento e, afinal, corporificar-se na brilhante floração das idéias políticas e filosóficas das correntes do pensamento dos séculos XVII e XVIII. Nesse conjunto temos fontes espirituais e ideológicas da concepção, que afirma a precedência dos direitos individuais inatos, naturais, imprescritíveis e inalienáveis do homem�. 
Durante a Idade Média, apesar da organização feudal e da intransigente separação de classes, com a conseqüente relação de subordinação entre o suserano e os vassalos, diversos documentos jurídicos reconheciam a existência de direitos humanos, sempre com o mesmo traço básico: limitação do poder estatal ou proteção contra governo injusto.
Os mais importantes antecedentes históricos das declarações de direitos humanos fundamentais encontram-se, primeiramente, na Inglaterra, com necessário destaque a Magna Charta Libertatum, outorgada por João Sem-Terra em 15 de junho de 1215�.
A Magna Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, a law of de land, dentre outras garantias previa a liberdade da Igreja da Inglaterra; restrições tributárias; proporcionalidade entre delito e sanção�; previsão do devido processo legal�; livre acesso à Justiça -Não venderemos, nem recusaremos, nem protelaremos o direito de qualquer pessoa a obter justiça - item 40 -; liberdade de locomoção e livre entrada e saída do país�.  
A Petition of Rights de 1628, também é de se destacar pois previa expressamente que ninguém seria obrigado a contribuir com qualquer dádiva, empréstimo ou benevolência e a pagar qualquer taxa ou imposto, sem o consentimento de todos, manifestado por ato do Parlamento; e que ninguém seria chamado a responder ou prestar juramento, ou a executar algum serviço, ou encarcerado, ou de, qualquer forma, molestado ou inquietado, por causa destes tributos ou da recusa em os pagar. Previa, ainda, que nenhum homem livre ficaria sob prisão ou detido ilegalmente�.  
Cite-se, nesta oportunidade, um aspecto que muitos autores não consideram: que em 1653 foi elaborada a que pode ser considerada a primeira Constituição escrita, nacional e limitativa no mundo, que foi o Instrumento de Governo, outorgada por Cromwell nesse ano, durante a curta experiência republicana inglesa e o protótipo da Constituição dos Estados Unidos�.
Outros documentos de índole constitucional, igualmente valiosos, são mencionados por Esmein, a começar pelo Habeas Corpus Act, de 1679. Esse instituto já existia na common law desde a Carta Magna Libertatum. A lei previa que em caso de reclamação ou requerimento escrito de algum indivíduo ou a favor de algum indivíduo detido ou acusado da prática de um crime�, o lorde-chanceler, em tempo de férias, algum juiz dos tribunais superiores, depois de terem visto cópia do mandado ou o certificado de que a cópia foi recusada�. Além de outras previsões complementares, o Habeas corpus act previa multa de 500 libras àquele que voltasse a prender, pelo mesmo fato, o indivíduo que tivesse obtido a ordem de soltura�. 
O Bill of Rights de 1689, decorrente da abdicação do rei Jaime II, e pactuada entre o Parlamento e o Príncipe do Orange, no dia 13 de fevereiro, significou enorme restrição ao poder estatal, prevendo, dentre outras regulamentações: fortalecimento ao princípio da legalidade, ao impedir que o rei pudesse suspender leis ou a execução das leis sem o consentimento do Parlamento; criação do direito de petição; liberdade de eleição dos membros do Parlamento; imunidades parlamentares; vedação à aplicação de penas cruéis; convocação freqüente do Parlamento�. 
Saliente-se que, apesar do avanço em termos de declaração de direitos, o Bill of Rights negava expressamente a liberdade e igualdade religiosa, ao prever em seu item IX que considerando que a experiência tem demonstrado que é incompatível com a segurança e bem-estar deste reino protestante ser governado por um príncipe papista ou por um rei ou rainha casada com um papista, os lordes espirituais e temporais e os comuns pedem, além disso, que fique estabelecido que quaisquer pessoas que participem ou comunguem da Sé e Igreja de Roma ou professem a religião papista ou venha a casar com um papista sejam excluídos e se tornem para sempre incapazes de herdar, possuir ou ocupar o trono deste reino, da Irlanda e seus domínios ou de qualquer parte do mesmo ou exercer qualquer poder, autoridade ou jurisdição régia; e, se tal se verificar, mais reclamam que o povo destes reinos fique desligado do dever de obediência e que o trono passe para a pessoa ou as pessoas de religião protestante que o herdariam e ocupariam em caso de morte da pessoa ou das pessoas dadas por incapazes�. 
O Act of Seattlement (Ato de Estabelecimento)�, de 1701, consolidou o princípio da legalidade� e da responsabilização política dos agentes públicos, prevendo-se a possibilidade, inclusive de impeachment de magistrados�.  
Esmein destaca como momentos marcantes para os direitos humanos, a Revolução Norte-Americana de 1776 e a Revolução Francesa de 1789�. Os direitos humanos serão reafirmados pela declaração de independência dos Estados Unidos e pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, na França. Estes direitos consagrados pela declaração de 1789 vão constar dos textos constitucionais franceses de 1791, 1793, 1795, 1799, 1802, 1804, 1814 e 1830�.
A Constituição dos EUA de 1787, inicialmente não continha uma declaração de direitos. Somente após a exigência dos Estados-Membros, foram votadas em 1789 dez emendas à Lei Suprema que irão compor o chamado "Bill of Rights", posteriormente ratificados por 3/4 dos Estados-membros�.
Foi a partir destas revoluções, que os princípios liberais político e econômico consagraram-se. Surge o Estado Liberal que pouco a pouco irá tomar conta da Europa. Como adverte Paulo Bonavides, o triunfo foi apenas do Liberalismo e não da Democracia�.
A ideologia liberal, demonstra-se individualista, baseada na busca dos interesses individuais�. O teor dos direitos fundamentais nessa época seriam os direitos individuais relativos à liberdade e igualdade. Tem-se, então, a liberdade de locomoção, a liberdade de empresa, ou seja, a liberdade de comércio e de indústria, a liberdade de consciência, a liberdade de expressão, de reunião, de associação, o direito à propriedade privada�, a inviolabilidade de domicílio, e entre outros direitos do indivíduo isolado, a igualdade perante a lei.
Entretanto, convém ressaltar que a base fundamental deste Estado liberal, foi o direito de propriedade, que era absoluto e intocável. Como já foi informado antes, Liberalismo não é sinônimo de democracia, sendo que só posteriormente, houve uma fusão destes dois conceitos. Desta forma, o liberal Charles Tocqueville vai constatar a existência de duas concepções diferentes de Estado: a concepção liberal, que defende a correlação entre propriedade e liberdade e a concepção democrática que defende a correlação entre igualdade e liberdade�.
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O Estado social de Direito não é senão uma segunda fase do Estado constitucional, representativo ou de Direito. Por dois motivos: 
porque, para lá das fundamentações que se mantêm ou se superam (iluminismo, jusracionalismo, liberalismo filosófico) e do individualismo que se afasta, a liberdade — pública e privada — das pessoas continua a ser o valor básico da vida coletiva e a limitação do poder político
um objetivo permanente; 
porque continua a ser (ou vem a ser) o povo como unidade e totalidade dos cidadãos, conforme proclamara a Revolução francesa, o titular do poder político.
Trata-se, então de se articular direitos, liberdades e garantias (direitos cuja função imediata é a proteção da autonomia da vontade da pessoa, de sua autodeterminação) com direitos sociais (direitos cuja função imediata é o refazer das condições materiais e culturais em que vivem as pessoas); de articular igualdade jurídica (à partida) com igualdade social (à chegada) e segurança jurídica com segurança social; e ainda de estabelecer a recíproca implicação entre liberalismo político (e não já, ou não já necessariamente, econômico) e democracia, retirando-se do princípio da soberania nacional todos os seus corolários (com a passagem do governo representativo clássico à democracia representativa).
Do que se trata é ainda, para tomar efetiva a tutela dos direitos fundamentais, de reforçar os mecanismos de garantia da Constituição; e daí a afirmação de um princípio da constitucionalidade a acrescer ao princípio da legalidade da atividade administrativa e a instituição de tribunais constitucionais ou de órgãos análogos.
Para já, diga-se apenas que as Constituições donde arranca esta linha diretriz são a mexicana de 1917 e, sobretudo, a alemã de 1919 (dita Constituição de Weimar) e que, entre as Constituições vigentes que a seguem, se contam a italiana de 1947, a alemã de 1949, a venezuelana de 1961, a portuguesa de 1976, a espanhola de 1978 e a brasileira de 1988.
Nas primeiras décadas do século XX, a Revolução Mexicana – de 1917 (com sua Constituição socialista), a Constituição de Weimar – na Alemanha de 1919 (ressaltando os direitos sociais), e a criação da Organização Internacional do Trabalho/OIT – também de 1919 (parte XIII do Tratado de Versalhes), ampliam na realidade sócio-política a dimensão dos direitos humanos, que deixaram de ser entendidos apenas como direitos individuais e passaram a abarcar – ainda que restritamente, em muitos lugares – os direitos coletivos de natureza social. Surgiu, então, a crença de que os indivíduos que não têm direitos a conservar são os que mais precisam do Estado. 
Finalmente, com o findar da II Guerra Mundial o problema dos direitos básicos da pessoa humana foi posto mais uma vez na ordem do dia. Com a Carta das Nações Unidas, assinada em 26 de junho de 1945, criou-se uma organização internacional (a ONU), voltada à permanente ação conjunta dos Estados na defesa da paz mundial, incluída aí a promoção dos direitos humanos e das liberdades públicas (art. 1º). Com tais propósitos, mesmo abstratamente, a noção dos Direitos Humanos deixou de ser um compromisso de cada país, nacionalmente, para passar ao “status” de princípio internacional a inspirar as ações dos membros – fundadores ou futuros – da organização. Mas, como a experiência já havia deixado claro, que não pode haver paz sem justiça social, decidiu-se por uma Resolução específica sobre tais direitos, vagamente referidos na Carta. Assim é que, na terceira sessão ordinária da Assembléia Geral da ONU, verificada em Paris, a 10 de dezembro de 1948, foi aprovada a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, seguramente o documento de maior ressonância no presente século nesse particular. 
Essa declaração era gestada desde meados do século XX; os Estados nacionais soberanos integrantes da ordem internacional contemporânea assumiram um grande desafio: lançar uma espécie de código universal, de caráter indivisível, dos chamados direitos humanos, de modo a sobrepujar à diversidade cultural das populações, habitantes destes Estados, e que compartilhassem uma mesma linguagem em termos de direitos fundamentais inerentes à pessoa humana.
Foi nesse cenário que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em dezembro de 1948, enquanto uma resposta à dolorosa herança da Segunda Guerra Mundial, onde dominava a lógica da destruição total, segundo a qual a pessoa humana poderia ser classificada (e conseqüentemente ser concedido ou não o direito à vida) em seres úteis ou descartáveis, conforme a visão racista ou mesmo classista de grande aplicação nos anos que antecederam o conflito, durante, e mesmo após ele.
A Declaração de 1948 foi, incontroversamente, uma baliza teórica no palco dos direitos humanos, pois foi enunciada como um conceito novo, que importava em indivisibilidade e universalidade dos mesmos, integrando valores que durante muito tempo foram encarados como excludentes: a igualdade e a liberdade. Nessa perspectiva, os direitos humanos seriam então concebidos como unos, devendo ser aplicados conjuntamente, sejam eles direitos individuais ou direitos econômicos ou sociais. O que então suplantaria a dicotomia existente entre os dois valores no campo internacional, patente durante a Guerra Fria entre capitalistas e socialistas�.
Desde então, os tratados internacionais a respeito dos direitos humanos aumentam seu espectro de influência e ganham a adesão dos mais remotos Estados e das mais diferentes culturas, introduzindo um novo ramo de estudo dentro do Direito, extremamente recente, chamado “Direito Internacional dos Direitos Humanos”, que também é estudado como um dos pontos no âmbito do Direito Internacional Público. 
Flávia Piovesan comenta essa fase acentuando que essa nova concepção dos direitos humanos, nascida da cruel experiência das guerras sangrentas do século XX, foi confirmada e consolidada com a Declaração de Viena de 1993, que afirma em seu art. 5o “todos os direitos humanos são universais e indivisíveis e mantém uma relação de interdependência”�.
Nesse panorama, agora universal, com os direitos humanos integrando a agenda da política externa dos Estados nacionais, sai fortalecida a concepção de que não se deve limitar à competência nacional exclusiva dos Estados a chamada proteção jurídica do tema. O que aponta, necessariamente, para a relativização do conceito clássico de soberania absoluta dos Estados, no que tange à violação dos direitos humanos, em um contexto de globalização.
A Declaração da ONU contém 30 artigos, proclamou os direitos e liberdades fundamentais “como o ideal comum a ser atingido por todos”, e tratou de exaustivamente enumerá-los com a finalidade de permitir-lhes melhor proteção jurídica, partindo do postulado geral de que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos (...) e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”(art. 1º). É deveras significativo que a Assembléia Geral preliminarmente, tenha dado ênfase ao verbo proclamar, pois patenteia assim que não houve concessão ou mero reconhecimento de direitos, e com isso os remete à própria natureza humana, razão pela qual a ninguém (nem mesmo a ONU) cabe legitimidade para retirá-los de qualquer indivíduo. 
Nesse ponto, a Declaração Universal apresenta nítido avanço em relação à concepção de direitos humanos, seja depreendendo-os do relacionamento do homem com o meio social, seja projetando-os muito além das relações entre os indivíduos e o Estado ou da mera preocupação com a conservação de direitos. Prova disso é o artigo 22 do texto, que faz repercutir o direito de todo ser humano à segurança social e à realização “dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade”. 
Em abreviado, o exame dos artigos da Declaração desvenda três primaciais características: a certeza dos direitos (com a prévia e cristalina fixação de direitos e deveres), a segurança dos direitos (impondo normas para sua respeitabilidade) e a possibilidade dos direitos (exigindo os meios para todos terem acesso ao gozo dos direitos). 
A Declaração de 1948 não só atualizou o rol dos direitos, em face das características da sociedade industrial, como também preceituou como compromissos de todos – Estados e indivíduos, governantes e governados – a tarefa permanente da construção de um mundo onde
todos os homens possam usufruir de uma vida digna, com pleno atendimento de suas necessidades primárias, materiais e espirituais. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não possui, tecnicamente, normatividade para os Estados. Ela não é um tratado, mas sim um conjunto de recomendações, conquanto na forma qualificada de “proclamação”. Conseqüentemente, o seu valor é meramente moral, indicando diretrizes a serem seguidas nesse assunto pelos Estados. Mesmo assim, deve-se frisar que os direitos e liberdades nela exaltados já são princípios gerais de direito ou direito costumeiro. 
Tais ponderações remetem a uma dupla conclusão: a da ampliação do conceito de direitos humanos e da fragilidade daquela Declaração no que concerne a sua eficácia, notadamente quanto aos direitos coletivos. Verifica-se, pois, que os problemas relativos à institucionalização dos direitos humanos não se encontram no plano de sua realização concreta e no plano de sua exigibilidade. 
Essa preocupação esteve presente nos debates travados na ONU após 1948, levando a uma paciente elaboração do “Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais” aprovado pela assembléia Geral, em 16 de dezembro de 1966, e que consagrou Segunda dimensão dos direitos humanos, pertinentes ao princípio da igualdade jurídica. Ou seja, da fase de reclamar direitos ou de os proteger frente ao Estado, que toda pessoa possui por sua qualidade como tal, passou-se a outra, de reivindicar os meios para que os direitos se tornem efetivos. 
E, via de conseqüência, entendeu-se um dever do Estado possibilitar amplamente os recursos devidos à satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais. Com o Pacto, aliás, esses direitos se projetaram acima do patamar de pretensões individuais e coletivas perante o Estado, cabendo a este o papel de agente promotor das garantias e direitos chamados sociais (art. 2º). 
O referido Pacto Internacional, que os especialistas consideram se de “aplicação progressiva”, entrou em vigor em 1976. Dentre os direitos por ele consagrados, importa destacar: direito ao trabalho; direito a uma remuneração eqüitativa e que proporcione ao trabalhador e sua família “condições dignas de existência”; direito à previdência social; d) direito às condições de segurança e higiene no trabalho; direito à organização sindical (“fundar e se filiar a sindicatos”); direito de greve; direito à cultura e ao lazer; proteção e assistência à família; cuidados especiais à gestante e à infância; direito de toda pessoa a uma qualidade de vida adequada para si e sua família, inclusive alimentação, vestuário e moradia adequados e uma melhora contínua das condições de existência; direito de toda pessoa estar protegida contra a fome; direito de toda pessoa ao “mais alto nível possível de saúde física e mental”; direito à educação, devendo o ensino primário (1º Grau, no nosso caso) ser obrigatório e gratuito, e o ensino secundário (II Grau) “generalizado e fazendo-se acessível a todos”. 
Já a dicotomia entre os direitos proclamados (na Declaração Universal e no Pacto de 1966) e a realidade internacional, dá origem, nas últimas décadas do século XX, a uma nova etapa no alargamento da noção de direitos humanos, como resultado direto da preocupante divisão do mundo entre países ricos e países pobres. 
Os direitos da segunda dimensão merecem um exame mais amplo. Dominam o século XX� do mesmo modo como os direitos da primeira dimensão dominaram o século passado são: os direitos sociais; culturais; econômicos; bem como os direitos coletivos ou de coletividades.
Documentos constitucionais mais importantes do período (2a. Dimensão), que começa a se difundir no começo do século XX: Constituição Mexicana (1917); Constituição de Weimar (1919) – Alemanha; Constituição Russa (1919)�: nesse caso não se pode deixar de registrar que essa Carta revogou inteiramente todas liberdades públicas, fato que reduz sua importância história no tocante aos direitos humanos.
ORIGENS DO ESTADO SOCIAL
O Tratado de Versailles foi assinado em 28 de junho de 1919, composto por 440 artigos. Através desse Tratado a Alemanha, vencida na Guerra, perdeu 13,5% de seu território e todas suas possessões. A alsácia-lorena, por exemplo, retornou para o domínio da França e a Bélgica teve seu território expandido. O exército alemão ficou limitado a ter no máximo 100.00 homens e não poderia utilizar armamentos bélicos. 
A seção sobre a vida econômica abre-se com uma disposição de princípio, que estabelece como limite à liberdade de mercado a preservação de um nível de existência conforme à dignidade humana. 
 
A função social da propriedade foi marcada por uma fórmula que se tornou célebre: “a propriedade obriga”. 
 
Tal como a Constituição mexicana de 1917, os direitos trabalhistas e previdenciários são elevados ao nível constitucional de direitos fundamentais (arts. 157 e s.). nesse conjunto de normas, duas devem ser ressaltadas. A do art. 162 chama a atenção pela sua extraordinária antecipação histórica: a preocupação em se estabelecerem padrões mínimos de regulação internacional do trabalho assalariado, tendo em vista a criação, à época ainda incipiente, de um mercado internacional de trabalho. No art. 163, é claramente assentado o direito ao trabalho, que o sistema liberal-capitalista sempre negou. Ele implica, claramente, o dever do Estado de desenvolver a política de pleno emprego, cuja necessidade, até mesmo por razões de estabilidade política, foi cruamente ressentida pela recessão dos anos 30. 
Nos arts. 165 e seguintes foi instituída a participação de empregadores na regulação estatal da economia. O movimento fascista tomou por base disposições da Constituição de Weimar para deformá-las, criando a organização corporativa da economia, sob a dominação do partido único. 
A sociedade plural e organizada corporativamente revela uma realidade diversa da pacífica sociedade de pequenos, sobre a qual foi tecida a doutrina liberal. Nas palavras de VIEIRA DE ANDRADE, “a construção da harmonia liberal é destruída pela erupção de uma luta entre preferências diversas, onde certas contraposições se manifestam com tal intensidade que algumas doutrinas e teorias descobrem na sociedade antagonismos radicais e historicamente determinantes”�. Diante da crise do modelo de igualdade formal puro, o qual se revela insuficiente à resolução aceitável dos conflitos sociais existentes, faz-se necessária uma forma alternativa de regulação dos interesses sociais, a qual demanda um câmbio na forma de concepção de alguns direitos. 
À tensão ideológica do modelo de Estado liberal fundada na igualdade formal, soma-se à crise econômica demandada pela aglomeração urbana da sociedade. Tal como explica FORSTHOFF, a aglomeração social potencializada no século XIX trouxe consigo uma dependência que o indivíduo antes não possuía. A diminuição do espaço vital impede que o indivíduo já saque a água que necessita do poço, cultive na horta alguns alimentos que necessita; separa o indivíduo de sua estrutura familiar, enfim, coloca o indivíduo numa situação de constante dependência e necessidade. O indivíduo depende agora, de um posto de trabalho e, não o tendo, de uma assistência para prover suas necessidades mínimas que antes buscava em seu “espaço vital”�. Diante do desamparo do indivíduo e da ausência de outro ente estruturado e com capacidade para suprir o desamparo de determinados grupos de indivíduos em condição de necessidade, assume o Estado o compromisso de intervir no domínio econômico, assim como organizar estruturas de amparo social�.
Estes direitos de proteção social que buscam já não possuem mais a característica de proteção do indivíduo contra o poder do Estado, mas a “transição das liberdades formais abstratas para as liberdades materiais concretas”�. Têm, assim, seu reconhecimento constitucional no início do século XX, com destaque às precursoras constituições do México, em 1917, e Alemanha, em 1919.
Vale destacar que esses
direitos de cunho social, principalmente os de conteúdo prestacional, encontram no seu princípio graves problemas de reconhecimento. Tal ocorre não somente por apresentar normas de lógica diversa dos direitos liberais até então conhecidos, como também porque passam os direitos sociais a limitar os direitos civis e políticos�. Tais direitos possibilitam uma intervenção estatal (na forma de regulação legislativa ou com ações materiais) em determinados campos que se entendam problemáticos, restringindo a autonomia social até então existente e intocável. Essa atribuição de poderes ao Estado, vale destacar, só veio a crescer no século XX, levanto a regimes de governo quase que totalitários até a retomada de determinados atores sociais e o esgotamento de recursos necessários para que o Estado ocupasse tamanho espaço social, o que acabou por gerar a chamada crise do Estado social. Adiciona-se à complexidade do modelo social de direitos a controvérsia natural no trato com a solidariedade. Até quando dividir? Em que termos dividir? Quanto dividir? O que dividir? Quem deve contribuir e quem tem direito a beneficiar-se? Estes são sempre temas polêmicos que acompanham desde sempre os direitos sociais e que, no caso nacional, não se observa muita atenção aos mesmos, conforme se abordará. 
A essa imprecisão natural no sentido de que qualquer questão envolvendo a solidariedade comove, ou ao menos sensibiliza, a todos, soma-se o fato de que na positivação dos direitos sociais prestacionais em geral adotam os constituintes um enunciado normativo de caráter aberto, geralmente mais próximo de uma estrutura de princípios que de regras. Tal fato, longe de ser uma tentativa de que tais normas tenham interpretação em forma das ultrapassadas “normas programáticas” ou “diretrizes políticas”, tem fundamento porque as conseqüências a serem adotadas no caso de sua incidência em uma situação fática, não comportam um comando padrão. A idéia de positivação dos direitos sociais sob a forma de princípios parte de pressuposto que estes possuem como destinatários a um grupo indeterminado de pessoas, o que somente permite a sua identificação no caso concreto. De outro lado, o objeto da prestação é, em geral, muito amplo, pelo que precisa ser especificado no caso concreto (inclusive quanto à sua proporcionalidade), e cotizado com as possibilidades do pretenso titular do direito e do obrigado em prestá-las. Por isso sua positivação na forma de regra é muito difícil.
O que interessa para a definição dos direitos sociais prestacionais é o fato de que as intervenções estatais necessárias à construção de uma seguridade social na sociedade de massa pode ocorrer de diferentes formas. Segundo ALEXY, a escala de ações positivas do Estado que podem ser objeto de um direito a prestações se estende desde a proteção do cidadão frente aos demais, através de normas de direito penal, passando pela edição de normas de organização e procedimento, até prestações em dinheiro e bens�. 
O conceito é amplo, abrangendo o conceito de direitos sociais e de toda a atividade interventiva do Estado. Tem-se, então, os direitos a meras prestações normativas, os quais não se confundem com os direitos de inspiração liberal, porquanto constituem uma intromissão estatal na regulação de determinadas matérias com destaque especial aos direitos trabalhistas, áreas antes deixadas à intocada regulação social�. Além dos direitos a prestações normativas (direitos prestacionais lato sensu), os quais são insuficientes por si só para garantir a construção de um sistema de seguridade social, constitui a atividade interventiva do Estado, também, a necessidade de prestações materiais, assim como elaboração de uma estrutura para uma atuação interventiva e protetiva na área social. É para garantir e autorizar a criação dessa estrutura que atuam direitos a prestações em sentido estrito.
IGUALDADE MATERIAL COMO FUNDAMENTO DOS DIREITOS SOCIAIS PRESTACIONAIS
Tais direitos consistem na possibilidade de o indivíduo exigir do Estado prestações materiais/concretas que, se possuísse meios financeiros suficientes ou se encontrasse no mercado uma oferta suficiente, poderia também obter por seus próprios meios (daí a razão de as constituições modernas darem tanta evidência ao valor social do trabalho – conforme a nossa CF, em seus arts. 1º, IV e 170).
Essa é relevante na medida em que assinala de modo mais nítido as funções do Estado em relação a tais direitos, algo que dificilmente é considerado no trato da matéria. O que importa é a função do Estado em viabilizar o acesso a esses bens quando: 
i) a pessoa não tiver condições financeiras para acessá-los e 
ii) quando esses bens não estiverem disponíveis no mercado (referência à atividade de fomento, que tem por objeto uma prestação de fazer ou dar, com evidente custo econômico).
São os direitos sociais prestacionais stricto sensu direitos de singular estatura, uma vez que tratam não apenas de respeitar limites em razão da pobreza de um determinado sujeito de direito, mas de ofertar-lhe bens de valor econômico, através do Estado, o que constitui um passo adiante na integração jurídica do valor solidariedade e que, de outro lado, cria problemas políticos e jurídicos, sobretudo diante da escassez de recursos. Desse ponto, as referências são apenas aos direitos oponíveis contra o Estado, na situação do indivíduo buscando prestações fáticas: de bens de valor econômico, excluídos os direitos a prestações normativas.
Ao se examinar a estrutura e o fundamento dos direitos fundamentais pode-se observar com nitidez que os direitos fundamentais de inspiração liberal possuem íntima ligação com a igualdade formal, enquanto os direitos sociais prestacionais encontram seu fundamento na própria igualdade material. Aplicar-lhes a mesma lógica constitui grave equívoco. Luis Prieto SANCHÍS observa que a igualdade de fato somente tem sentido se considerado o “homem concreto”, ou seja, o homem em seu contexto social, uma vez que este é o único capaz de sofrer com a desigualdade fática. Tivessem os direitos prestacionais como objeto o “a pessoa humana abstrata” nenhuma desigualdade jurídica poderia ser constitucionalmente justificada, uma vez que a pessoa em sua condição abstrata ou metafísica é, por essência, igual e, portanto, digna da mesma consideração. Por uma análise inversa, pode-se também dizer que a igualdade formal demanda em sua proteção um tipo de direito diverso da igualdade material, uma vez que para sua proteção, ou seja, a manutenção de um contexto de igualdade, necessita apenas de deveres de abstenção ou de não discriminação�. 
Enquanto isso, a igualdade material demanda direitos de estrutura mais complexa, diretamente ligados à existência de um Estado social e condicionada a possibilidades materiais, o que faz com que muito custosamente permita a existência de posições subjetivas de desigualdade jurídica ou normativa. No mesmo sentido a lição de PECEZ-BARBA quando afirma que “são direitos fundados no valor da igualdade e que utilizam a técnica da equiparação se os vemos desde o ponto de vista dos meios empregados. O que identificará, ao menos imediatamente, a esses direitos é essa técnica de diferenciação: tratar desigualmente aos desiguais”�.
Esses direitos vêm escorados em um conceito de solidariedade ou de afetividade. A finalidade de intervenção do Estado em áreas antes relegada exclusivamente à autonomia privada é unicamente a de garantir que alguns grupos de indivíduos não fiquem desprotegidos ou desamparados diante dessa nova situação social na qual se vêem abarcados. PECES-BARBA apresenta fundamento que está estreitamente ligado à autonomia do indivíduo, a qual resta comprometida por problemas econômicos. Supõe uma intervenção no contratualismo clássico, de modo a possibilitar que o indivíduo esteja apto a relacionar-se com os demais com alguma liberdade de escolha. O que se realça nesse pensamento é que não se cuida de uma solidariedade fundada num alijamento da personalidade
individual em prol do coletivo, mas, muito pelo contrário, numa forma de garantir a liberdade individual.
Resta evidente a substancial diferença entre as normas protetivas de valores liberais e normas consagradoras de direitos sociais prestacionais, porquanto as primeiras partem de um pressuposto de igualdade anterior à condição social, enquanto as últimas de um contexto de desigualdade onde a igualdade formal há, de certa forma, falhado, fazendo-se necessária a intervenção estatal de forma a reduzir um nível de desigualdade já intolerável, pois coloca em risco a dignidade e a própria liberdade do indivíduo, que não pode mais determinar-se. Se nos direitos liberais há direitos de limitação ao poder estatal, direitos contra o Estado, existe nos direitos prestacionais direitos através do Estado.
Nesse contexto, poder-se-ia dizer que a necessidade de intervenção estatal determinada por um contexto de desigualdade intolerável, o que se consolida através de direitos sociais prestacionais, implica em uma restrição à igualdade formal por uma situação de exceção causada pelo contexto social do homem. Tal desigualdade demanda uma dupla concepção do direito à igualdade, que se subdivide em formal e material (substancial). Não se há mais de falar sobre igualdade material como norma de exceção, mas como elemento integrante da própria concepção de igualdade constitucionalmente reconhecida, uma vez que já não mais é suficiente a igualdade formal. A própria constituição, ao reconhecer os direitos sociais, ou seja, os direitos do homem socialmente situado, passa a reconhecer a igualdade material como elemento integrante do conceito de igualdade.
Assim, evidente o fato de que os direitos prestacionais possuem matriz diversa dos direitos liberais clássicos, não somente em relação à sua forma de atuação, mas também em relação aos seus próprios fundamentos. Estão intimamente ligados à idéia de uma igualdade material, muito embora não se abandone critérios de igualdade formal. É dessa tensionada relação que se passa a tratar.
Identificação (possível) da Desigualdade nos Direitos Sociais Prestacionais
Uma vez estabelecido o fundamento dos direitos prestacionais na igualdade material, impõe-se a análise de um dos processos necessários à implementação da igualdade material através de uma política de Estado. A implementação de política visando à igualdade material implica necessariamente em um reconhecimento de uma situação de desequilíbrio social que, por sua vez, faz reconhecer uma desigualdade intolerável entre indivíduos em determinado contexto social. Necessita, portanto, não apenas de uma justificação necessária a tal intervenção, como, principalmente, o estabelecimento do critério de desigualdade a ser considerado. Esses juízos, advirta-se, são sempre parciais uma vez que a situação de desigualdade diagnosticada é tão-somente um dos vários aspectos de um indivíduo�, que pode estar em situação de igualdade com os demais em vários outros aspectos. Conforme coloca RUBIO, a igualdade ou desigualdade a ser analisada para definir a necessidade de intervenção deve ser analisada não em sua existência em um sentido global, mas em um dos seus vários traços, quais sejam, os termos de comparação que se tomaram em consideração para afirmar o negar a igualdade entre eles. A desigualdade é, portanto, a relativa tão-somente a uma tertium comparationis� (comparação entre duas situações).
Não obstante o complexo problema de eleger qual o traço da situação social a ser utilizado como parâmetro à definição de uma situação de igualdade ou desigualdade, tema tão relevante aos direitos sociais (principalmente os normativos), deve-se ter presente que o objeto de estudo não apresenta tão sérios problemas nesse aspecto, embora inegavelmente seja mais complexa sua forma de efetivação. Assim se dá porquanto, conforme antes definido, os direitos sociais prestacionais caracterizam-se na necessidade de alcançar a determinados indivíduos bens de valor econômico que poderiam obter por si mesmos, mas dos quais estão privados em razão de falta de condições econômicas.
Dessa forma, o parâmetro a ser utilizado na aferição de uma situação de igualdade e desigualdade é evidente: o critério é econômico. Dessa maneira, embora se possa ter a desigualdade como conceito relativo, tal como visto acima em relação à dependência de um parâmetro de comparação, pode-se dizer também que a pobreza é uma categoria que, ainda se possa ter diferentes concepções sobre seu conceito que variam em época e sociedades, conforme o grau de desenvolvimento econômico de cada uma, possui um sentido absoluto. Uma vez definidos os índices para medir a pobreza surge uma linha, na qual passam a estar divididos ricos e pobres ou, melhor dito, os incluídos e excluídos (nesse caso não só do acesso aos bens econômicos, mas também aos próprios direitos civis).
Ao se tratar de satisfazer uma demanda social no sentido de proporcionar a determinados grupos o acesso a bens econômicos básicos dos quais estão privados do acesso por falta de condições preponderantemente econômicas, resta evidente que o critério de comparação será necessariamente um: o econômico. Se nosso intuito é incluir determinadas classes de população excluídas do conceito de cidadania em razão da falta de meios econômicos para alcançar necessidades sociais básicas, o critério econômico parece mais que razoável. A eleição do critério de discriminação, nesse caso, é deveras facilitada e conforme tanto ao conceito de direito fundamental como em relação à solidariedade e igualdade material que o fundamenta.
Tais direitos foram introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social, depois que germinaram por obra da ideologia e da reflexão antiliberal deste século. Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar, pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e estimula. 
De juridicidade questionada nesta fase, foram eles remetidos à chamada esfera programática, em virtude de não conterem para sua concretização aquelas garantias habitualmente ministradas pelos instrumentos processuais de proteção aos direitos da liberdade. Atravessaram, a seguir, uma crise de observância e execução, cujo fim parece estar perto, desde que recentes Constituições, inclusive a do Brasil, formularam o preceito da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais. 
Com efeito, até então em quase todos os sistemas jurídicos, prevalecia a noção de que apenas os direitos da liberdade eram de aplicabilidade imediata, ao passo que os direitos sociais tinham aplicabilidade mediata, por via do legislador. A consciência de um mundo partido entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas ou em fase de precário desenvolvimento deu lugar em seguida a que se buscasse uma outra dimensão dos direitos fundamentais, até então desconhecida. Trata-se daquela que se assenta sobre a fraternidade, conforme assinala Karel Vasak, e provida de uma latitude de sentido que não parece compreender unicamente a proteção específica de direitos individuais ou coletivos.
– Os direitos fundamentais como direitos a prestações�
Vinculados à concepção de que ao Estado incumbe, além da não-intervenção na esfera de liberdade pessoal dos indivíduos, assegurada pelos direitos de defesa (ou função defensiva dos direitos fundamentais), a tarefa de colocar à disposição os meios materiais e implementar as condições fáticas que possibilitem o efetivo exercício das liberdades fundamentais, os direitos fundamentais a prestações objetivam, em última análise, a garantia não apenas da liberdade-autonomia (liberdade perante o Estado), mas também da liberdade por intermédio do Estado, partindo da premissa de que o indivíduo, no que concerne à conquista e manutenção de sua liberdade, depende em muito de uma postura ativa dos poderes públicos. Enquanto os direitos de defesa se dirigem, em princípio, a uma posição de respeito e abstenção por parte dos poderes públicos, os direitos
a prestações, que, de modo geral, e ressalvados os avanços que podem ser registrados ao longo do tempo, podem ser reconduzidos ao "status positivus" de Jellinek, implicam uma postura ativa do Estado, no sentido de que este se encontra obrigado colocar à disposição dos indivíduos prestações de natureza jurídica e material (fática).
Os direitos fundamentais a prestações, inobstante possam ser referidos alguns precedentes, ainda que isolados e tímidos, enquadram-se no âmbito dos assim denominados direitos de segunda dimensão (ou dimensão), correspondendo à evolução do Estado de Direito, na sua matriz liberal-burguesa, para o Estado democrático e social de Direito, consagrando-se apenas neste século, principalmente após a segunda guerra mundial. 
Na Constituição em vigor, os direitos a prestações encontraram uma receptividade sem precedentes no constitucionalismo pátrio, de modo especial no capítulo dos direitos sociais. Além disso, verifica-se que mesmo em outras partes do texto constitucional (inclusive fora do catálogo dos direitos fundamentais), encontra-se uma variada lista de direitos a prestações. Basta, neste contexto, uma breve referência aos exemplos do art. 17, § 3º, da CF (direito dos partidos políticos a recursos do fundo partidário), bem como do art. 5º, incs. XXXV e LXXIV (acesso à justiça e assistência jurídica integral e gratuita), para que se possa perceber nitidamente que até mesmo entre os direitos políticos e direitos individuais (para utilizar a terminologia de nossa Carta), encontram-se direitos fundamentais que exercem precipuamente uma função prestacional.
Para além do exposto, importa ter presente que também os direitos a prestações abrangem um feixe complexo e não necessariamente uniforme de posições jurídicas, que podem variar quanto a seu objeto, seu destinatário e até mesmo quanto à sua estrutura jurídico-positiva, com reflexos na sua eficácia e efetivação. Assim, conforme o seu objeto, poder-se-á distinguir os direitos a prestações em direitos a prestações materiais ou fáticas e direitos a prestações normativas ou jurídicas. Neste contexto, há que atentar para o fato de que os direitos a prestações não se restringem aos chamados direitos sociais, entendidos como direitos a prestações fáticas, englobando também os direitos à proteção e direitos à participação na organização e procedimento. 
Distingue-se, portanto, entre os direitos a prestações em sentido amplo (direitos à proteção e participação na organização e procedimento), que, de certa forma, podem ser reconduzidos primordialmente ao Estado de Direito na condição de garante da liberdade e igualdade do "status negativus", e os direitos a prestações em sentido estrito (direitos a prestações sociais materiais), vinculados prioritariamente às funções do Estado social. 
Costuma-se classificar, sob outro critério, os direitos a prestações em direitos derivados e direitos originários a prestações, classificação esta que alcança tanto os direitos prestacionais em sentido amplo e restrito. Sob a rubrica de direitos derivados a prestações, compreendem-se, em síntese, de acordo com a formulação de Gomes Canotilho, tanto o direito de igual acesso, obtenção e utilização de todas as instituições criadas pelos poderes públicos, quanto o direito de igual participação nas prestações que estas instituições dispensam à comunidade. Já no que diz com os direitos originários a prestações, estes podem ser definidos como direitos dos cidadãos ao fornecimento de prestações estatais, independentemente da existência de um sistema prévio de oferta destes bens e/ou serviços por parte do Estado, em outras palavras, direitos que podem ser deduzidos diretamente das normas constitucionais que os consagram.
Os direitos fundamentais sociais como direitos negativos (defesa) e direitos positivos (prestações)
A Constituição de 1988 – e isto pode ser admitido como mais um de seus méritos – acolheu os direitos fundamentais sociais expressamente no título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), concedendo-lhes capítulo próprio e reconhecendo de forma inequívoca o seu "status" de autênticos direitos fundamentais, afastando-se, portanto, da tradição anterior do nosso constitucionalismo, que, desde a Constituição de 1934, costumava abrigar estes direitos (ao menos parte dos mesmos), no título da ordem econômica e social, imprimindo-lhes reduzida eficácia e efetividade, ainda mais porquanto eminentemente consagrados sob a forma de normas de cunho programático. 
Basta uma olhada sobre o extenso rol de direitos sociais da nossa Constituição, para que não se possa desconsiderar que o nosso Constituinte, sob a denominação genérica de "Direitos Sociais"�, acolheu dispositivos (e, portanto, normas neles contidas), da natureza mais diversa possível, o que evidentemente suscita uma série de dificuldades quando se cuida da tarefa de obter uma definição constitucionalmente adequada, assim como uma correta classificação dos direitos fundamentais sociais na nossa ordem constitucional vigente. 
Diversamente de outras ordens constitucionais, inexistem dúvidas quanto à terminologia a ser adotada, já que o legislador Constituinte expressamente utilizou a expressão "direitos sociais" (ou, direitos fundamentais sociais). O problema restringe-se, portanto, à interrogação sobre qual o sentido ( ou qual o conteúdo) a ser colhido da expressão, inquirição que remete para outro questionamento, este afeto à classificação dos direitos fundamentais sociais.
De acordo com a tradição doutrinária, os direitos fundamentais sociais têm sido compreendidos como direitos a prestações estatais, havendo ainda quem os enquadre na doutrina das liberdades públicas, conceituando os direitos sociais como a liberdade positiva do indivíduo de reclamar do Estado certas prestações. Considerados os resultados de uma evolução que radica na antes mencionada Constituição Francesa de 1793 e que passa pela denominada "questão social" do século XIX, os direitos fundamentais sociais passaram a ser entendidos como uma dimensão específica dos direitos fundamentais, na medida em que pretendem fornecer os recursos fáticos para uma efetiva fruição das liberdades, de tal sorte que tem por objetivo (na condição de direitos prestacionais) a garantia de uma igualdade e liberdade reais ou concretas, que apenas pode ser alcançada pela compensação justa (constitucionalmente imposta) das desigualdades sociais. 
Justamente em razão de sua conexão com a concepção de um Estado social e democrático de Direito, como fiador da justiça material, os direitos fundamentais sociais reclamam uma postura ativa do Estado, visto que a igualdade material e a liberdade real não se estabelecem por si só (numa primeira análise: não seriam auto-aplicáveis), carecendo de uma realização. Mais do que disso, cumpre observar – arrimados na expressiva lição de Jorge Miranda - que por meio dos direitos sociais objetiva-se atingir uma liberdade tendencialmente igual para todos, que apenas pode ser alcançada com a superação das desigualdades e não por meio de uma igualdade sem liberdade.
 Ainda que se possa partir da premissa de que os direitos fundamentais sociais - na condição de direitos a prestações – encontram-se, de certa forma, a serviço do efetivo gozo dos direitos fundamentais em geral (e, portanto, a serviço da liberdade e igualdade material), não há como desconsiderar a evidência de que a conceituação dos direitos fundamentais sociais como direitos a prestações estatais – ao menos do ponto de vista de nosso direito constitucional positivo – é manifestamente equivocada. Com efeito, se já se logrou demonstrar que os direitos a prestações, tomados em sentido amplo, não se restringem a direitos a prestações materiais, de tal sorte que nem todos os direitos a prestações são direitos sociais, também os direitos sociais não se limitam a uma dimensão prestacional. Basta, neste sentido, apontar para os diversos exemplos que podem ser encontrados apenas no âmbito dos assim denominados "direitos dos trabalhadores", localizados
nos arts. 7º a 11 da nossa Constituição. 
Percebe-se, com facilidade, que vários destes direitos fundamentais sociais não exercem a função precípua de direitos a prestações, podendo ser, na verdade, reconduzidos ao grupo dos direitos de defesa, como ocorre com o direito de greve (art.9º e 37, VII, da CF), a liberdade de associação sindical (art. 8º, da CF), e as proibições contra discriminações nas relações trabalhistas consagradas no art. 7º, incs. XXXI e XXXII, de nossa Lei Fundamental�. O mesmo fenômeno ocorria, ao menos em parte e na sua formulação original, na Constituição Portuguesa de 1976, onde diversos dos direitos fundamentais dos trabalhadores, inicialmente contidos no título dos direitos econômicos, sociais e culturais, foram integrados, na revisão de 1982, no título dos direitos, liberdades e garantias. Esta categoria de direitos fundamentais sociais, de cunho notoriamente negativo (já que precipuamente dirigidos uma conduta omissiva por parte do destinatário, seja ele qual for, Estado ou particular), tem sido oportunamente denominada de "liberdades sociais", integrando o que se poderia chamar – inspirados na concepção de Jellinek – de um "status negativus socialis" ou "status socialis libertatis".
Os direitos sociais a prestações, por sua vez (direitos de cunho positivo), que não esgotam o grupo dos direitos prestacionais, já que excluem os direitos a prestações em sentido amplo (integrantes de um "status positivus libertatis"), compõe o grupo dos direitos a prestações em sentido estrito, formando o que oportunamente já se chamou de "status positivus socialis". Podendo ser considerados (também) como fatores de implementação da justiça social, por se encontrarem vinculados à obrigação comunitária para com o fomento integral da pessoa humana, percebe-se, desde logo, que os direitos sociais prestacionais (positivos) constituem expressão direta do Estado Social e, portanto, produto, complemento e limite do Estado liberal de Direito e dos direitos de defesa, especialmente dos clássicos direitos de liberdade de matriz liberal-burguesa. 
Os direitos sociais (em sua dimensão prestacional), encontram-se, neste contexto, intimamente atrelados às tarefas do Estado como Estado Social, o qual justamente deve zelar por uma adequada e justa distribuição e redistribuição dos bens existentes. É por esta razão que se justifica a opção por excluir do âmbito dos direitos sociais a prestações (direitos prestacionais em sentido estrito, portanto), os direitos a prestações em sentido amplo, que apesar de sua dimensão positiva, dizem respeito principalmente às funções tradicionais do Estado de Direito. 
Constata-se que os direitos fundamentais sociais na nossa Constituição também não formam um conjunto homogêneo, não podendo ser definidos restritivamente como direitos a prestações estatais. Esta ausência de homogeneidade não se baseia apenas no objeto diferenciado dos direitos sociais, que abrangem tanto direitos a prestações como direitos de defesa, mas também na diferenciada forma de positivação no texto constitucional, assim como assumem feições distintas no que diz com a problemática da eficácia e efetividade, aspecto sobre o qual se voltará a manifestar de modo mais cuidadoso. Demais, também os direitos sociais não se limitam aos expressamente positivados no catálogo, podendo ser sustentada, à luz do disposto no art. 5º, § 2º, da nossa Constituição, não apenas a existência de direitos não escritos (implícitos e decorrentes do regime e dos princípios), quanto direitos sociais positivados em tratados internacionais e, principalmente, localizados em outras partes do texto constitucional, especialmente na ordem social. 
Mesmo nos dispositivos da ordem social que integram, entre outros, os direitos fundamentais sociais à saúde, educação, assistência e previdência social, encontram-se posições jurídico-fundamentais de natureza eminentemente defensiva e, portanto, negativa, como ocorre com o art. 199, "caput" (a assistência à saúde é livre à iniciativa privada), art. 201, § 5º (vedação de benefício previdenciário não inferior ao salário mínimo), bem como o art. 206, incs. I, II e IV (igualdade de acesso e permanência na escola, liberdade de ensino e aprendizagem e a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais).
Pode-se afirmar que a denominação de direitos sociais, ao menos à luz da Constituição, não se prende – ao menos não exclusivamente – ao fato de que se cuida de posições jurídicas a prestações materiais do Estado, mesmo que no cumprimento de sua função como Estado Social, ou mesmo ao fato de que se trata de direitos conferidos a uma determinada categoria social (como ocorre com os direitos dos trabalhadores). De qualquer modo, entende-se que a denominação de direitos fundamentais sociais encontrar sua razão de ser na circunstância – comum aos direitos sociais prestacionais e aos direitos sociais de defesa – de que todos consideram o ser humano na sua situação concreta na ordem comunitária (social), objetivando, em princípio, a criação e garantia de uma igualdade e liberdade material (real), seja por meio de determinadas prestações materiais e normativas, seja pela proteção e manutenção do equilíbrio de forças na esfera das relações trabalhistas. Neste sentido, considerando os aspectos referidos, poder-se-ía conceituar os direitos fundamentais sociais – na esteira da formulação de Jorge Miranda – como direitos à libertação da opressão social e da necessidade. 
Os direitos de Terceira Dimensão são marcados por mudanças na comunidade internacional (sociedade de massa, crescente desenvolvimento tecnológico e científico). Denominam-se os direitos de solidariedade internacional, ou seja, fraternidade, nos quais os beneficiários são, não só os indivíduos, mas também os povos. Estes últimos foram reconhecidos após a Segunda Guerra Mundial. Há quem acrescente a este rol de direitos, os direitos à paz, ao desenvolvimento, ao meio ambiente e qualidade de vida, bem como o direito à conservação e utilização do patrimônio histórico e cultural e o direito de comunicação pertencem a esta terceira dimensão (BOBBIO, Norberto em A era dos direitos).
Dotados de elevado conteúdo de humanismo e universalidade, os direitos da terceira dimensão ganharam novo fôlego nas últimas décadas enquanto direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado.
Corresponde aos direitos de fraternidade pois o Estado, além de proteger os interesses individuais e sociais, passou a preocupar-se com aqueles (direitos) voltados à sociedade de massa, surgidas em face dos processos de industrialização e urbanização.
 
São de terceira dimensão: os direitos humanos inerentes ao desenvolvimento; ao meio ambiente equilibrado; sobre o patrimônio comum da humanidade; e o direito à comunicação; a proteção ao consumidor; à infância e à adolescência; ao idoso; ao deficiente físico; Difuso, coletivo e individual homogêneo (relevância do MP no Brasil, na tutela desses direitos)
De modo mais amplo, como vimos, são os DIREITOS DOS POVOS e De SOLIDARIEDADE�, possuindo Dimensão Internacional.
Documentos mais importantes do período: Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU- 1948); Declaração de Viena, de 1993; Pacto de San José, de Costa Rica, de 1969 ( Decreto n. 678, de 06 de novembro de 1992); Proclamação de Teerã de 1968; Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966 (DECRETO Nº 65.810, DE 08 DE DEZEMBRO DE 1969). Pacto internacional sobre direitos econômicos, sociais e culturais, de 1966 (decreto n. 591, de 06 de julho de 1992); Declaração de direitos dos povos africanos, de 1981.
ESSES DOCUMENTOS CONSAGRAM, IGUALMENTE, OS DIREITOS HUMANOS DE 1ª DIMENSÃO (LIBERDADES) E OS DE 2ª DIMENSÃO (IGUALDADE MATERIAL - SOCIAIS)
Os direitos de terceira dimensão consolidaram definitivamente a internacionalização
ou a universalização dos direitos humanos, os quais eram vistos tão somente nacionalmente�, ou seja, valiam somente no ambiente interno de cada país, de modo que os direitos humanos não possuam contornos idênticos no ponto de vista global.
Todas as gerações acima estão inseridas na nossa constituição de modo expresso.
Paulo Bonavides vai mais além, e fala ainda numa quarta dimensão� de direitos, com o que se constitui os direitos fundamentais de quarta dimensão. Diz ele: 
"O Brasil está sendo impelido para a utopia deste fim de século: a globalização do neoliberalismo, extraída da globalização econômica. O neoliberalismo cria, porém, mais problemas do que os que intenta resolver. Sua filosofia do poder é negativa e se move, de certa maneira, rumo à dissolução do Estado nacional, afrouxando e debilitando os laços de soberania e, ao mesmo passo, doutrinando uma falsa despolitização da sociedade. Há contudo, outra globalização política, que ora se desenvolve, sobre a qual não tem jurisdição a ideologia neoliberal. Radica-se na teoria dos direitos fundamentais. Globalizar direitos fundamentais equivale a universalizá-los no campo institucional. Só assim aufere humanização e legitimidade um conceito que, de outro modo, qual vem acontecendo de último, poderá aparelhar unicamente a servidão do porvir. 
São direitos da quarta dimensão:
o direito à democracia participativa;
o direito à informação
o direito do pluralismo. 
pode-se incluir como de 4a dimensão o direito a uma vida saudável e em harmonia com 
Quanto ao direito à informação interesse abordar uma situação muito atual: com expansão das redes sociais na internet e com o avanço da telefonia móvel, as fronteiras da nacionalidade já não resistem a essas modernidades. No Irã, em 2009, as agressões sofridas pela população foram transmitidas ao vivo para o mundo todo, o que certamente conteve a violência. 
No dia 11 de fevereiro de 2011, o Presidente egípcio Mubarak, ditador há mais de trinta anos, foi obrigado a renunciar vítima de uma história revolução cibernética, não através de mísseis intercontinentais ou da espionagem característica da guerra fria, mas das informações entre toda a população. Esse direito a informação traduz-se, nesse viés, em instrumento para a democratização, contra a autocracia que oprime várias nações da África e da Ásia. A Tunísia também promoveu essa revolução “sem armas e sem sangue”; a Argélia certamente será a próxima. É a informação – fio condutor da comunicação em massa – a arma mais eficiente contra a opressão e a tirania, pois expõe ao vivo a violência perpetrada pelo Estado.
O direito a natureza; ao desenvolvimento sustentável; a Bioética e a Manipulação genética (Biotecnologia e Bioengenharia); bem como os Direitos advindos da Realidade Virtual compõem esse painel da 4ª dimensão.
Desses direitos em espécie depende a concretização de uma sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência. Os direitos da quarta dimensão não somente culminam a objetividade dos direitos das duas gerações antecedentes como absorvem – sem, todavia, removê-la – a subjetividade dos direitos individuais, a saber, os direitos da primeira dimensão. 
Tais direitos sobrevivem, e não apenas sobrevivem, senão que ficam opulentos em sua dimensão principal, objetiva e axiológica, podendo, doravante, irradiar-se com a mais subida eficácia normativa a todos os direitos da sociedade e do ordenamento jurídico. Enfim, os direitos da quarta dimensão sintetizam o futuro da cidadania e a posteridade da liberdade de todos os povos. Somente com a consagração desses direitos é que será legítima e possível a globalização política". 
Rejeita-se, como antes averbado, que se as gerações de direitos induzem à idéia de sucessão ou hierarquia através da qual uma categoria de direitos sucede ou tem primazia sobre a outra – historicamente o que se observa e no sentido da concomitância do surgimento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma ou outra natureza. Internamente a consagração dos direitos sociais nas Constituições ocorreu a posteriori à das Cartas que recepcionaram os direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional o surgimento da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, permitiu a elaboração de diversas convenções no sentido de serem os direitos sociais dos trabalhadores assegurados, antes mesmo da internacionalização dos direitos civis e políticos no plano externo. 
O processo de desenvolvimento dos direitos humanos acontece em uma evidente acumulação, sucedendo-se temporalmente vários direitos que mutuamente aperfeiçoam-se, em conformidade com a concepção contemporânea desses direitos, alicerçada em sua universalidade, indivisibilidade e interdependência.
A percepção contemporânea dos direitos humanos alia a liberdade e a igualdade em direitos, do que deflui que esses direitos passam a ser acolhidos como uma unidade interdependente e indivisível. Não há como admitir que uma dimensão sucede a outra, repise-se, haja vista que há uma verdadeira interação e, porque não, uma fusão dos direitos humanos já consagrados com os trazidos mais recentemente. 
Refuta-se, então, a visão fragmentária e hierarquizada das várias classes de direitos humanos, para se encontrar uma concepção contemporânea, a qual foi nitidamente recepcionada ou inspirada com a Declaração Universal de 1948, posteriormente ratificada e aperfeiçoada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, além de outras pactuadas e já aludidas acima.
DIMENSÕES HISTÓRICAS DOS DIREITOS HUMANOS
DIREITO CONSTITUCIONAL III – 
DP - 2014
PROF.: Gassen Zaki Gebara
� Destacados mais adiante.
� O marco histórico desse estado é a segunda guerra mundial ou, claro, as constituições que vieram após esse conflito, baseadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, ONU, 1948.
� A despeito de algumas controvérsias sobre o precursor dessa visão dos direitos humanos em gerações ou dimensões, defende Antônio Augusto Cançado Trindade que essa foi utilizada inauguralmente em 1979, pelo tcheco Karel Vasak, em aula inaugural no Curso do Instituto Internacional dos Direitos do Homem, em Estraburgo, que busca tão somente estabelecer uma ordem cronológica em que surgiram essas gerações, com base no lema da revolução francesa (liberdade, igualdade e fraternidade).
� As constituições “liberais” previam tão somente os direitos individuais. Algumas exceções podem ser citadas, eis que as Constituições da França de 1791, do Império, de 1824 e da Bélgica, 1831 previam timidamente alguns direito sociais - Será criado e organizado um estabelecimento geral de socorros públicos para criar as crianças expostas, aliviar os pobres enfermos e prover trabalho aos pobres válidos que não o teriam achado. Será criada uma instrução pública comum a todos os cidadãos, gratuita em relação àquelas partes de ensino indispensáveis para todos os homens, e cujos estabelecimentos serão distribuídos gradativamente numa relação que combine com a divisão (administrativa) do reino. 
� A Estraneidade dos Direitos Humanos na América Latina, in Revista LatinoAmericana de Derechos Humanos – 2, Lima, Red LA / MIIC, Fev/1989.
� Encíclica Rerum Novarum, de 1891.
� FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição brasileira, 1º vol. São Paulo: Saraiva, 1989.
� HORTA, Raul Machado. Constituição e Direitos Individuais, Separata da Revista de Informação Legislativa. a. 20 n.- 79, Julho/Set., 1983, p. 147-148.
� [que foi confirmada seis vezes por Henrique III, três vezes por Eduardo I, catorze vezes por Eduardo III, seis vezes por Ricardo II, seis vezes por Henrique IV, uma vez por Henrique V e uma vez por Henrique VI].
� A multa a pagar por um homem livre, pela prática de um pequeno delito, será proporcional à gravidade do delito; e pela prática de um crime será proporcional ao horror deste,

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