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Aula 03 Modelos sindicais

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Direito do Trabalho II - Ewerton Araújo de Britto - UNIGRAN 
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Aula 03
MODELOS SINDICAIS
De certo modo, ao tratar de limites à liberdade sindical, este estudo antecipadamente 
tangenciou a questão relacionada aos modelos de organização sindical, assim entendidos os 
desenhos estruturais que orientam e que regulam a atividade das entidades representativas de 
trabalhadores e de empregadores. Assim, apenas com o objetivo de dar completude ao objeto 
desde capitulo serão apreciados, de modo destacado, os modelos de unicidade e de plurali-
dade sindical. 
a) Modelo de unicidade sindical
A unicidade sindical é um modelo organizacional que autoriza a existência de apenas 
uma entidade representativa de categoria profissional ou econômica dentro de determinada 
base territorial. Esse é o modelo adotado pela constituição de 1988 e que se encontra clara-
mente inserido no seu artigo 8, II.
Reitere-se que o modelo de unicidade sindical, segundo o dispositivo citado, atinge, 
indistintamente, qualquer organização sindical, em qualquer grau – sindicatos, federações 
e confederações -, implicando absoluto monopólio de representatividade em determinada 
base, que jamais poderá ser inferior a um município e nem superior a um espaço territorial 
da nação. Assim, se existente um “sindica dos padeiros do município de Recife”, não se po-
derá admitir outro atuando na mesma área territorial. Nada, entretanto, impedirá a criação do 
“Sindicato dos padeiros do município de Olinda”, a despeito de ambas as cidades estarem 
praticamente conglobadas. E se na situação sobre exame existir um “Sindicato dos Padeiros 
do Estado de Pernambuco”? Será possível a fundação de um sindicato em Recife ou Olinda? 
A resposta é simples: sim, desde que ocorra o desmembramento territorial do sindicato origi-
nário, conforme expendido em tópico superior.
Não se confunda, entretanto, unicidade sindical com unidade sindical. A primeira 
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traduz o sistema pelo qual se impõe a presença de uma única entidade sindical dentro de 
determinada base territorial. Já a segunda, por conta da maturidade e de livre opção sindical, 
uma única entidade representando todos os trabalhadores de determinação segmento ou cate-
goria em todo território nacional. Assim, mesmo num modelo de unicidade sindical, podem 
ser evidenciados, pelo consenso dos integrantes sindicatos nacionais, por exemplo, o Sindi-
cato Nacional dos Aeronautas ou Sindicato Nacional dos Aeroviários.
b) Modelo de pluralidade sindical
A pluralidade sindical é um modelo organizacional que autoriza a coexistência de 
mais de uma entidade sindical dentro da mesma base territorial ou dentro da mesma categoria 
profissional ou econômica. ¬¬¬¬¬¬¬
Costuma-se dizer que o Brasil viveu uma experiência de pluralidade sindical de 
1934 a 1937, sendo certo que a Constituição de 1934, no parágrafo único do art. 120, previu, 
expressamente, que a lei asseguraria a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sin-
dicatos. Há de questionar, entretanto: qual foi a lei que assegurava a pluralidade? Como essa 
pluralidade estava disposta na lei?
A lei que tratava do tema era o Decreto n. 24.694 de 12 de Julho de 1934. Ele, entre-
tanto, garantia apenas a pluralidade sindical limitada, se se considerar o sindicalismo obreiro, 
porque no artigo quinto do referido decreto exigia para a constituição de sindicatos de em-
pregados a reunião de associados que representem, no mínimo, um terço dos que exercessem 
a mesma profissão na respectiva localidade. A limitação residia no fato de que “somente 
poderiam caber três sindicatos, no máximo, em cada profissão. A rigor, viriam a existir uni-
camente dois, porque, dada a exigência de um terço para cada sindicato, dificilmente se daria 
a divisão ótima desta quantidade para a constituição de cada nova associação. Bastava não 
coincidir a número perfeito – e é o que se dava na realidade – para desfalcar o último sindi-
cato, que poderia ser criado, no mínimo exigido por lei”.
O Professor José Carlos Arouca lembrou que a pluralidade “não se aplica [...] nem 
aos empregados, nem aos profissionais liberais e trabalhadores autônomos”. Para os pri-
meiros, a constituição de uma entidade sindical dependia do apoio de cinco empresas, pelo 
menos, e, para os demais, o consórcio de dez associados, no mínimo,
Nunca é demais lembrar, com base na obra de Evaristo de Moraes Filho, que o Bra-
sil, depois de 1930, não teve propriamente uma pluralidade sindical. Esta somente se deu 
no regime do Decreto n. 1.637/1907, perante o qual bastavam sete associados para dar por 
constituído um sindicato, sem outra exigência além do registro no cartório competente.
 ORGANISMOS SOCIAIS
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Entende-se por organismo, a reunião de partes que concorrem para certo fim. Nesse 
sentido, os organismos sindicais são estruturas formadas a partir da união voluntaria de al-
guns integrantes, que objetivam o estudo, a defesa e a coordenação de interesses econômicos 
ou profissionais.
Antes de tratar especificamente sobre os organismos sindicais, porém, será impor-
tante conhecer uma estrutura que, desde a promulgação do texto constitucional de 1988, não 
se apresenta mais como etapa necessária para a constituição dos sindicatos: as associações 
profissionais. Elas merecem destaque, porque apesar de não mais terem a função prevista na 
CLT, foram expressamente mencionadas no caput do art. 8 do texto constitucional. Em segui-
da, serão analisadas as demais estruturas que compõem o chamado “sistema confederativo”, 
nesta ordem incluídas as entidades sindicais de grau inferior (ou sindicatos) e as entidades 
sindicais de grau superior (federações e confederações). Fora da estrutura confederativa serão 
estudadas as centrais sindicais e a sua função política no contexto das relações de trabalho.
1. Associação profissional
A leitura do artigo 8º do texto constitucional produz um questionamento imediato: 
enfim, por que se afirma que PE livre a associação profissional ou sindical? Porque o dispo-
sitivo em exame não trata apenas entidade sindical?
Antes de responder essas perguntas é importante lembrar que, no sistema originário 
da CLT, antes de ser reconhecida como associação sindical, a entidade precisava existir du-
rante certo tempo, em estado embrionário, como associação profissional. Essa idéia é facil-
mente colhida mediante a leitura dos arts. 512, 515, 517 e 518 a 520 e 526 da CLT. 
O texto constitucional de 1988, porém, com vedação a interferência e a intervenção 
estatal na organização sindical, pôs fim à imposição de preexistência da associação profissio-
nal para o reconhecimento da associação sindical. A fundação da entidade sindical passou, 
então, a estar condicionada unicamente à verificação formal da unicidade. Uma entidade, 
portanto, pode, tão logo nasça, postular o seu registro como entidade sindical, desde que não 
exista outra, na mesma base territorial, como representante da mesma categoria. 
É importante anotar que as associações profissionais não deixaram de existir. Elas 
podem ser fundadas, independentemente da existência de outras, na mesma base categorial 
ou territorial. Para as associações profissionais – de empregadores ou de trabalhadores – não 
há unicidade. Elas estão regidas por uma razão de pluralidade. 
Para que se entenda bem, veja-se um exemplo: Imagine-se que existe em uma deter-
minada cidade um sindicato que represente os operários de construção civil. Este sindicato 
segundo normas constitucionais, será único dentro da base territorial onde atua, não sendo 
admitida a criação de outra entidade no mesmo âmbito. Apesar disso, pode surgir uma asso-
ciação dos operários da construção civil de uma determinada empresa ou bairro da referida 
cidade. Essa associação, conquanto livre paraexistir, não poderá assumir missões sindicais, 
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tais como negociar coletivamente, valer-se da contribuição sindical prevista em lei ou, ainda, 
atribuir estabilidade aos seus dirigentes.
Nesses termos, é de nenhum sentido a menção ao nome da “associação profissional” 
no caput do art. 8º da Carta Magna. Basta declarar a liberdade da associação sindical, haja 
vista a existência de outro dispositivo constitucional – aquele constante no art. 5º, XVII -. 
Que garante a liberdade de associacionismo em sentido amplo. A indevida menção produziu 
algumas confusões jurisprudenciais, entre as quais a de imaginar que os dirigentes de asso-
ciações profissionais ainda teriam direito à estabilidade prevista nos incisos VIII do precitado 
art. 8. Para constatar isso, basta ver o conteúdo da Súmula 222 do TST, que, apesar de pro-
duzida em setembro de 1985, somente foi cancelada em agosto de 1998. Essa súmula previa 
que os dirigentes de associações profissionais, legalmente registradas, também gozariam de 
estabilidade provisória no emprego, quando, na verdade, desde o advento do novel texto 
constitucional, tal prerrogativa passou a ser restrita, como mencionado somente aos diretores 
das entidades sindicais.
2. Associação sindical de grau inferior: sindicatos
Na base sindical brotam os conflitos e surgem soluções. É justamente ali, na base, 
que a associação sindical tem a oportunidade de conviver com os indivíduos que a integram 
e de ponderar em torno das propostas que são oferecidas pelo segmento adversário. Ali estão 
os sindicatos, e neles a força de propulsionava o avanço nas condições sociais. São eles que, 
em regra, negociam acordos e convenções coletivas que deflagram os movimentos paredistas 
que instauram os dissídios coletivos que afloram as ações de cumprimentos, que assistem os 
integrantes da categoria em assuntos jurídicos e socioeconômicos. São eles que, em regra, 
fazem o sindicalismo.
a) Definição e natureza jurídica
Sindicatos são associações autônomas, constituídas em caráter permanente e sem 
fins lucrativos, criadas com o objetivo de promover o estudo, a defesa e a coordenação dos 
interesses econômicos e profissionais daqueles que exerçam a mesma atividade ou profissão 
ou atividades e profissões similares ou conexas. Como qualquer associação, os sindicatos têm 
a natureza jurídica de pessoas jurídicas de direito privado e são assim formados a partir da 
inscrição de seu ato constitutivo num cartório de registro civil, e, posteriormente, no Minis-
tério do trabalho e Emprego, segundo o procedimento previsto na Portaria TEM n. 186, de 
10 de abril de 2008.
Anota-se, com base na reiterada jurisprudência do STF, que a exigibilidade do regis-
tro da entidade sindical funciona apenas como formalidade protetora do princípio da unici-
dade sindical, visando impedir a existência de mais de uma entidade sindical representativa 
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de categoria profissional ou econômica na mesma base territorial. Pode-se, então, dizer que o 
registro promovido pelo MMTE não autoriza nem reconhece a entidade sindical, mas apenas 
disciplina a unicidade sindical.
b) Denominação
A denominação sindicato é utilizada no ordenamento jurídico brasileiro tanto para 
identificar associações de trabalhadores quanto de empregadores. O curioso é que, no sistema 
sindical europeu continental, a palavra “sindicato” é exclusivamente utilizada para designar 
as entidades que cuidam dos interesses operários.
Os organismos que cuidam de representação dos interesses dos empregadores nos 
referidos sistemas jurídicos são denominadas simplesmente de associações patronais, e não 
de sindicatos patronais.
Acrescenta-se que o vocábulo sindicato provém do grego syndikós, que significa 
“ad-vogado”, “defensor”. Tal palavra nasceu em 1477 e foi utilizada a partir de 1649 para 
designar os agrupamentos de indivíduos. Nos países de língua anglo-saxonica a entidade aqui 
analisada é denominada trade union, labor unionou, simplesmente, union¸ que revela, até 
mais fortemente, o propósito do associonismo através da ideia de união, de soma de esforços. 
c) Estrutura
Considerada a liberdade de organização das entidades sindicais, elas podem ter, a 
princípio, a estrutura que entendam necessária, desde que as criem por meio de seus estatutos. 
Devem as referidas associações sindicais, porém, observar a existência dos órgãos expres-
samente previstos na legislação constitucional e infraconstitucional recepcionada. Assim, 
pode-se afirmar que os sindicatos devem ter uma estrutura mínima composta de, pelo menos, 
um órgão de deliberação, um órgão de administração ou de comando e um órgão de fiscali-
zação.
I) Órgão de Deliberação
A assembléia geral é o órgão responsável pela criação da própria entidade sindical e 
que, em ultima análise, delibera sobre todas as mais importantes matérias da vida associativa. 
A rigor, apesar da sua força constituinte, o mencionado órgão está submetido a um estatuto 
que delimita todo o procedimento necessário as apurações dos votos e à formalização das 
decisões. 
Anote-se que o quorum necessário às deliberações é aquele previsto no estatuto da 
associação sindical, não mais sendo exigível o cumprimento do numero mínimo de votantes, 
previsto no art. 524 e, da CLT para pronunciamentos sobre relações ou dissídios de trabalho, 
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porque indicativo de um procedimento de interferência estatal (legislativa) na autonomia 
sindical organizacional. 
O mesmo raciocínio é aplicado ao quórum previsto no art. 612 da CLT para cele-
brar convenções ou acordos coletivos de trabalho, havendo clara manifestação do TST nesse 
sentido. 
Admite-se, apenas, um o padrão criado pela lei seja um referencial para a construção 
do modelo estatutário, que, uma vez edificado, há de ser integralmente cumprido, sob pena de 
nulidade das deliberações. No mesmo sentido andam as regras que, dizem respeito à maneira 
de como são colhidas às votações, restando clara a não impositividade da tomada de delibera-
ções por escrutínio secreto, nada obstante seja esse o molde sugerido pela lei e aplicado para 
fins de integração. 
Como qualquer assembleia, que visa à garantia e a segurança daqueles em nome de 
quem se delibera, a ata que legitima a atuação da entidade sindical deve registrar obrigato-
riamente, a pauta reivindicatória, produto da vontade expressa da categoria. Igualmente, em 
nome da segurança e da ampla publicidade, o edital de convocação dos integrantes da catego-
ria deve ser publicado em jornal que circule em cada um dos municípios componentes da base 
territorial. Evidentemente, se a base territorial for apenas um município, unicamente nele há 
de circular o edital de convocação. 
Tanto o edital de convocação da categoria quanto a correspondente ata de assem-
bléia geral constitui peças essenciais à instauração do processo de dissídio coletivo. Será 
por meio dessas peças que restará demonstrada a intenção de tentar negociar pressuposto de 
acesso à jurisdição coletiva nos termos do art. 114 da Constituição.
II) Órgão de direção ou representação
Os órgãos de direção são aqueles incumbidos da administração da chefia do contro-
le ou da gerencia de assuntos atinentes à entidade sindical. Os órgãos de representação, por 
outro lado, são aqueles legitimados para falar em nome da própria entidade sindical ou dos 
integrantes da categoria. Por previsão legal expressa contida no parágrafo terceiro do art. 
522 da CLT, a direção e a representação sindicais estão amalgamadas num mesmo centro de 
poder, razão pela qual, nos limites estatutários, qualquer diretor representa a entidade sin-
dical, e quando no exercício de suas atribuições negociais, também obriga os integrantes da 
categoria.Por tratarem com poder, os cargos de direção ou de representação sindical são neces-
sariamente alcançados mediante processo eleitoral sindical, como, aliás, consta claramente 
no parágrafo quarto do art. 543 da CLT. 
II.I) Administração do sindicato
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Por conta da liberdade organizacional estabelecida pela constituição de 1988, as en-
tidades sindicais podem criar seus sistemas de administração na maneira que melhor consulte 
seus interesses, promovendo-os em nome de um grupo dirigente. Esses dirigentes – integran-
tes da diretoria- escolherão seu presidente (Art. 522 CLT), quando este não tenha sido defini-
do antecipadamente na própria chapa eleitoral ou por um modo especial previsto no estatuto. 
Anote-se que a regra constante do caput do art. 522 da CLT, que, por consenso dou-
trinário e jurisprudencial, não foi recepcionado pelo texto constitucional, teve de ser mantida 
no ordenamento jurídico apenas como baliza para evitar abusos de direito. Esse tema será 
aprofundado em sobre tópico a seguir exposto, que apreciará a problemática sobre o rotulo 
“número de diretores e abuso de direito”.
As entidades sindicais tem, ainda, ampla liberdade de criar seu procedimento elei-
toral, não mais estando submetida às restrições previstas nos parágrafos 1 à 5 do art. 524 da 
CLT. Tampouco às ingerências incertas ali e nos art. 529 à 532 no mesmo diploma legal. O 
sistema constitucional vigente, em suma, por repugnar a intromissão na atividade sindical, 
não apenas a proibiu em relação aos particulares, como também, e especialmente, a vedou em 
relação ao Estado, que antes tudo podia. 
Acrescente-se que, como qualquer atividade organizada, a entidade sindical pode 
contar também, com empregados, contratados pela diretoria ad referendum da assembléia 
geral, salvo quando o próprio estatuto, dentro de um limite de alçada, ofereça autonomia 
para os diretores independentemente do precitado referendum de confirmação. Nesse pon-
to é merecedora de registro a revogação do parágrafo único do art. 526 da CLT pela Lei nº 
11.295/2006. Afirma-se isso porque o menciona “sindicato dos trabalhadores em sindicatos”. 
Na revogação tornou sem sentido a existência da Orientação Jurisprudencial 37 da SDC do 
TST, que, por conseguinte, foi cancelada em 18 de agosto de 2006.
II.II) Atuação e Garantias dos Dirigentes Sindicais
A atuação sindical é extremamente expositiva. Aquele que aceita o múnus de dirigir 
uma entidade sindical e de representar uma categoria passa ser o alvo visível dos estilhaços 
decorrentes dos conflitos entre trabalho e capital. Os dirigentes sindicais são vistos como 
estorvos, verdadeiros obstáculos humanos ao regular desenvolvimento das atividades patro-
nais, e tanto mais assim são considerados quanto mais são aguerridos. O Estado, portanto, 
consciente do conflito e da desconfiável posição assumida pelos dirigentes e representantes 
sindicais – que não atuam em nome próprio, mas em nome de toda a categoria com o nobre 
objetivo de promover a progressividade dos direitos sociais -,n assumiu a responsabilidade 
por sua proteção. A lei, então, ofereceu alguns escudos para os dirigentes sindicais com o 
objetivo de blinda-los contra as incessantes tentativas de dissuasão egressas do poder eco-
nômico. Entre as garantias oferecidas aos dirigentes sindicais encontram-se as que dizem 
respeito ao licenciamento para a realização da atividade sindical ao recebimento de honorá-
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rios equivalentes a remuneração profissional, a inamovibilidade temporária e a estabilidade 
provisória. 
II.III) Licenciamento para a realização da atividade sindical e rece-
bimento de honorários equivalentes à remuneração profissional
Nos termos do parágrafo II do art. 543 da CLT, o tempo em que o empregado au-
sentar-se do trabalho no desempenho das funções sindicais – participação em reuniões, as-
sembléias, fóruns e demais atividades – é considerado de licença não remunerada. Durante 
esses ínterins – que pode não corresponder a todo o período da atividade laboral, mas, apenas, 
a parte da sua jornada -, o dirigente ou responsável sindical não receberá salário do empre-
gador, e sim honorários de atuação pagos pela própria entidade sindical, conforme previsão 
constante do parágrafo único do art. 521 da CLT. Há, entretanto, situações em que o próprio 
empregador oferece espontaneamente licença remunerada ou a tanto é obrigado por norma 
coletiva. Nesses casos, que, em regra beneficiam os principais diretores (o diretor presidente, 
por exemplo), o trabalhador ficará integralmente a disposição da entidade sindical.
O pagamento da remuneração equivalente ao salário para o dirigente sindical ou do 
próprio salário em caso de assentimento do empregador é um fator promotor de tranqüilidade 
para o exercício da atividade associativa. Entretanto, não há duvidas de que as garantias mais 
relevantes para o exercício da direção ou da representação sindical são aquelas que dizem 
respeito à inamovibilidade temporária e à estabilidade do emprego, conforme a seguir expla-
nadas.
II.IV) Inamovibilidade temporária
Segundo o caput do art. 543 da CLT, o empregado eleito para o cargo de administra-
ção sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de liberação coletiva, não 
poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que 
lhe dificulte ou torne impossível o desempenho da suas atribuições sindicais.
Observam-se no mencionado dispositivo três comportamentos vedados ao emprega-
dor: o primeiro, impedir o exercício das funções sindicais; o segundo, transferir o dirigente 
ou representante sindical para lugar que dificulte ou torne impossível o desempenho de suas 
atribuições; e terceiro, transferir o referido trabalhador para mister (incumbência) que difi-
culte ou torne impossível o desempenho de suas funções.
O primeiro comportamento é extremamente genérico e diz respeito a todas as ativi-
dades que compõem o plexo de atividades sindicais, entre as quais se destacam, por exem-
plo, conhecer a situação meio ambiental do trabalho e divulgar as razões dos movimentos 
reivindicatórios. Os dirigentes e representantes sindicais, por isso, não pode se ver privados 
de acessar o local de trabalho, tampouco de dialogar com trabalhadores. Perceba-se que essas 
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atividades impõem o contato físico, que somente é alcançado mediante a convivência com 
os integrantes da categoria da base territorial da entidade sindical. 
A segunda conduta patronal vedada diz respeito à transferência do dirigente sindical 
de sua localidade originaria para outra distante a base territorial de sua entidade sindical. Os 
eleitos desse ato são tão nocivos ao sindicalismo que, diante a situação como está, o prejudi-
cado poderá prejudicar a concessão de tutela antecipada para tornar nulo o ato e, consequen-
temente, continuar vinculado ao território originário. Anote-se, porém que o empregado per-
derá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita. Situação 
que muitas vezes produz a anuência voluntaria do empregado quanto ao ato de transferência 
diz respeito à drástica hipótese de extinção da atividade essencial no âmbito da base territo-
rial do sindicato. Nesse caso, ao acompanhar seu empregador que não mais possui atividade 
em determinar base territorial (exemplo: construtores que cumprem seus contratos em um de-
terminado espaço geográfico), o empregado terá de abandonar o encargo sindical passando-o 
para outro colega que permaneça na região.
A terceira conduta está relacionada a alteração do contrato de empregado do dirigen-
te sindical com o objetivo de lhe outorgar incumbência capazes de dificultar ou tornar impos-
sível o desempenhodas funções associativas. Nessa situação o empregador não o transfere de 
localidade, mas altera sua função (obviamente com afronta ao dispositivo constante do artigo 
468 da CLT) produzindo os efeitos semelhantes aos de uma verdadeira transferência de local 
de trabalho. Exemplo desse comportamento está na atribuição de atividades que impõem 
constantes viagens ao dirigente sindical, inclusive para o exterior, com o objetivo de alijá-lo 
de suas atividades associativas. 
II.V) Estabilidade temporária
A estabilidade, como se viu no capítulo em que se trata das “formulas de garantia 
de emprego e do tempo de serviço”, é uma formula de proteção caracterizada pela vedação 
a resilição por iniciativa patronal. Por meio dela o empregador fica impedido de desligar o 
empregado, sob pena de ver-se compelido a reintegra-lo.
Não há duvidas de que a estabilidade é a mais importante das garantias outorgadas 
ao dirigente sindical que, durante um período, ver-se-á protegido contra o desligamento sem 
justo motivo. Trata-se de uma proteção fundamental ao exercício da atividade sindical, pois a 
exposição excessiva daqueles que administram os interesses coletivos os coloca em posição 
de vulnerabilidade, como alvos de perseguições e represálias patronais. 
Apesar dessa máxima evidência a estabilidade em favor dos dirigentes sindicais so-
mente foi positivada e generalizada no sistema jurídico brasileiro através do art. 25 da lei n.° 
5.107/66 e, posteriormente, de modo mais claro e abrangente, pelo Decreto-Lei n.°229/67 e 
por dispositivos substituintes. Antes disso, a redação do art. 543 da CLT apenas previa que o 
exercente de cargo de administração sindical ou representação profissional não poderia, por 
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motivo de serviço, ser impedido do exercício de suas funções, nem transferir sem causa jus-
tificada, a juízo do ministério do trabalho da época, para lugar ou mister que lhe dificultasse 
ou tornasse impossível o desempenho da comissão ou do mandato. 
A ultima redação a ser inserida pela CLT relativa à questão da estabilidade sindical 
foi dada pela lei n.° 7.543, de 10/10/1986 e assim consta no art. 543, da CLT. 
O texto constitucional de 1988 cristalizou a estabilidade de dirigente sindical e a fez 
constar no seu art. 8, VIII.
Note-se que, comparando o texto do parágrafo terceiro do art. 543 da CLT com 
aquele inserido no texto constitucional, desapareceu a estabilidade que antes se outorgara a 
quem ocupava cargo de direção ou representação de associação profissional. Isso aconteceu 
conforme adiantado em tópico anterior, porque a associação profissional deixou de ser etapa 
obrigatória do processo de constituição das entidades sindicais. Como pode existir uma ple-
tora de associações profissionais sem as mesmas prerrogativas de entidades sindicais, estar-
-se-ia distribuindo estabilidades provisórias para dirigentes que, em regra, poderia não estar 
atuando em favor da categoria. 
Outra mudança dada por forca do texto constitucional foi a que diz respeito à ex-
pressão “empregado sindicalizado ou associado”, constante do precitado parágrafo 3° do art. 
543 da CLT. Note-se que a constituição de 1988 resolveu incluir os possíveis participantes do 
processo eleitoral sob um conceito único: “empregado sindicalizado”. A opção do legislador 
constitucional criou mais duvida do que consenso. Diz-se isso porque a CLT estabelece con-
fusão vocabular no que diz respeito ao sentido do termo “sindicalizado”. Há momentos em 
que a CLT utiliza (sindicalizado) para tratar daqueles que são associados à entidade sindical 
(vide caput do art. 544 da CLT), e há outros momentos em que a referida palavra é aplicada 
para designar o integrante da categoria associado ou não associado (vide o parágrafo 1° do 
art. 540). Parece que a intenção do constituinte foi deixar a entidade sindical a vontade no 
tocante as exigências dirigidas à aquele que quer se candidatar a cargo de direções ou de re-
presentações. Diante do fato de o termo “sindicalizado” ser plurívoco, realmente o estatuto 
sindical que definirá os requisitos para a participação no processo eleitoral, vale dizer, se 
candidato precisa ou não ser associado a entidade sindical e durante quanto tempo antes da 
inscrição. Certo, entretanto, é que invariavelmente, o candidato deve integrar a categoria na 
qual disputara cargo de dirigente ou representante sindical. Em outras palavras, mediante 
uma ilustração: o texto constitucional não admite que um bancário seja candidato a diretor do 
sindicato dos metalúrgicos, uma vez que o referido bancário não é “sindicalizado” a entidade 
onde disputara as eleições. 
Perceba-se que, ademais, que não se concedera estabilidade provisória a quem dis-
pute cargos diversos daqueles funcionalmente considerados como “de direção” (de adminis-
tração, chefia, controle a gerencia) ou “de representação” (legitimados para falar em nome do 
sindicato ou dos integrantes da categoria). Por conta dessa distinção, para o TST o membro 
do conselho fiscal não tem estabilidade. 
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Também merece observação o fato de não se oferecer a estabilidade provisória aque-
les que alcançaram cargos de direção ou de representação sem se submeter a processo elei-
toral (veja-se a expressão: “e, se eleito, ainda que suplente”). Ficam fora dos limites dessa 
proteção ao emprego, por exemplo, os delegados sindicais não eleitos ou mesmo os adminis-
tradores eleitos pela diretoria executiva do sindicato. 
A estabilidade é provisória porque ela somente se estende da data de registro da can-
didatura a cargo da direção ou representação sindical e, se eleito, durante o mandato, até um 
ano após o final dele. Observe-se, também, que a estabilidade somente se estendera por mais 
de um ano se, e somente se, o dirigente sindical concluir o seu mandato. Se este não for con-
cluído (se o dirigente sindical for destituído ou se ele pedir para sair da direção do sindicato 
antes do final do mandato), não haverá falar na garantia de extensão da estabilidade por mais 
um ano, uma vez que, conforme claramente inserto no texto de lei, essa extensão somente 
será a ele autorizada “após o final do mandato”. 
II.VI) Comunicação
Segundo consta no art. 543 da CLT, para fins de aquisição da estabilidade aqui 
analisada, a entidade sindical comunicara por escrito a empresa, dentro de 24 horas o dia e 
a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, 
fornecendo, igualmente, a este comprovante o mesmo sentido. 
Anote-se que o TST, por meio da sua Súmula 369, I, entende ser “indispensável à 
comunicação pela entidade sindical, ao empregador, na forma do parágrafo 5° do art. 543 Da 
CLT”. Assim, segundo o TST, a ausência da forma escrita importaria a invalidade do ato de 
comunicação, nos termos do art. 104, III, do código civil, por inobservância de condição a de 
solemnitatem. Uma pergunta, entretanto, teima em contrariar a jurisprudência ora apresenta-
da: Essa formalidade foi recepcionada pelo texto constitucional de 1988? 
A resposta parece negativa. Perceba-se que a constituição de 1988 não condiciona 
a aquisição da estabilidade sindical a qualquer comunicação. Se a intenção do legislador co-
letista (e do TST) foi evitar fraudes, esta não poderia ser promovida mediante a restrição de 
um direito fundamental. 
A solução que se poderia oferecer aqui é de natureza probatória. Dever-se-á presu-
mir a regularidade da inscrição no processo eleitoral sindical até que prova em sentido con-
trario fosse produzida pelo empregador. Enfim, deve se presumir a boa-fé; jamais a má-fé. 
II.VII) Numero de diretores e abuso de direito
A questão que envolve o numero de diretores da entidade sindical tem-se acirrado 
pelo fato de que o exercício do direito de livre organização e, consequentemente,de livre de-
finição do numero de dirigentes sindicais protegidos pela estabilidade provisória tem criado 
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obrigações de dimensões ilimitadas contra quem não participou da deliberação, vale dizer, 
contra o empregador. 
Essa preocupação em definir os limites entre o uso e o abuso da liberdade organiza-
cional restaurou referencial que, por lógica interna, não poderia mais existir, aquele contido 
no caput do art. 522 da CLT. 
Afirma-se isso porque, quando se analisa um direito posto no texto constitucional, 
deve-se considerar a exata dimensão nele contida, não se admitindo qualquer restrição, no-
tadamente quando constante de norma de hierarquia inferior. Assim, embora apareça bem 
evidente que o sindicato pode criar uma diretoria compatível com sua representatividade 
numérica e com sua base territorial, a jurisprudência entendeu por bem construir uma tese 
restauradora da recepção do supracitado art. 522 da CLT pela ordem constitucional vigente. 
O TST confirmando o posicionamento do STF produziu, inclusive, item de súmula sobre a 
matéria. (ver súmula 369 do TST).
Note-se, porem, que, mesmo diante da subjetividade do que seja justo ou injusto, é 
difícil aceitar ante uma irrestrita liberdade organizacional, que o numero de dirigentes pro-
tegidos na forma do art. 8°, VIII, da constituição, seja igual tanto para um grande sindicato, 
com larga base territorial e imensa representatividade, quanto para um minúsculo sindicato, 
representante de uma pequena categoria adstrito a base territorial do menor dos municípios 
brasileiros. A solução desse impasse somente se daria mediante a adoção, por parte do jul-
gador, de critério variável baseado nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 
Registra-se que a proporcionalidade tem fundamento na ponderação com base na qual são 
avaliados eventuais excessos, e que razoabilidade tem apoio no ótimo equilíbrio entre os 
valores em conflito.
Reconheça-se que apesar dessa reflexão, que é a preocupação da jurisprudência do-
minante tem sido justamente buscar um critério fixo (e não variável) ainda que se torne difícil 
sustentar a incolumidade da liberdade sindical. 
A intenção do judiciário é, sem dúvida, acomodar os interesses em colisão, uma vez 
que a resistência patronal tem normalmente por limite mínimo, e aceito antecipadamente, o 
referencial constante do precipitado art. 522 da CLT. A adoção desse posicionamento, mais 
político do que jurídico, objetivou, de modo claramente perceptível, balizar, de um lado, o 
direito de livre organização sindical (Constituição de 1988, art. 8º, I e VIII) e, de outro, o 
direito de os empregadores terem os ônus a eles imputados regulados e limitados por lei, e 
não pelo arbítrio de terceiros (Art. 5º, II, CF).
Registre-se que esse posicionamento jurisprudencial tem sido aplicado apenas para 
limitar as ações do sindicato profissional em atos relacionados à ampliação do número de 
dirigentes detentores de estabilidade e do tempo de duração dessa garantia (tempo do man-
dato). Afora essas peculiaridades, entendidas como geradoras de lesão de direitos de outra 
parte, não são visíveis quaisquer outras limitações. Assim, caberá a entidade sindical, segun-
do orientação da jurisprudência reiterativa, indicar em seus estatuto quais serão entre muitos 
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possíveis e ilimitados diretores, aqueles que gozarão da vantagens contidas no art. 8º, VIII, 
da CF/88, até, consoante aqui analisado, o limite incerto no art. 522 da CLT. 
II.VIII) Membros do Conselho Fiscal
O conselho fiscal, nos termos do parágrafo II do art. 522 da CLT, é o órgão respon-
sável pela fiscalização da gestão financeira da entidade sindical. A ele cabe o controle dos 
atos administrativos da entidade sindical o controle dos atos administrativos da entidade sin-
dical, mas não propriamente a direção desta. Por este motivo, o TST entendeu que o membro 
do conselho fiscal não tem a estabilidade prevista no art. 8º, VIII, da CF. O posicionamento 
acima expendido consolidou-se com a publicação com a publicação da jurisprudência 365 da 
SDI. “Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista no art. 
543, parágrafo 3º da CLT e art. 8, inciso VIII da CF”.
A despeito desse posicionamento, é importante anotar que a pareceria razoável a 
extensão de estabilidade sindical aos integrantes do conselho fiscal, porque os integrantes 
do referido órgão consultivo e fiscalizador, se não protegidos pela estabilidade, podem ser 
pressionados pelos empregadores para atuar contra os interesses da entidade sindical a fim 
de objetar caprichosamente condutas administrativo-financeiras e de colocar sob suspeição 
contas legitimadas. Esse o magistrado, a despeito do teor da Orientação Jurisprudencial 365 
da SDI-I do TST, entender que o integrante do conselho fiscal tem estabilidade, terá o empre-
gador direito liquido e certo de obstaculizar reintegração? 
O assunto é realmente muito delicado, notadamente por conta da existência de uma 
orientação jurisprudencial que sinaliza contra a estabilidade do integrante do conselho fiscal. 
Apesar disso, consoante à orientação jurisprudencial 142 da SDI-II do TST, não há direito 
liquido e certo a ser oposto contra ato de magistrado, que, antecipando a tutela jurisdicional, 
determina a reintegração do empregado até a decisão final do processo, quando demonstrada 
a razoabilidade do direito subjetivo material. Isso significa apesar o entendimento constan-
te da orientação jurisprudencial 365 da SDI-I, o juiz pode desde que fundamentando suas 
razões, oferecer reintegração ao integrante do conselho fiscal sem que a decisão seja, por 
apenas isso, suscetível á mandado de segurança. 
II.IX) Delegados sindicais
Os delegados sindicais, nos termos do parágrafo II do art. 517 da CLT, são os agen-
tes incumbidos de representar a diretoria e de dar apoio remoto aos integrantes da categoria. 
Eles, como o próprio nome sugere recebem poderes por delegação e assim atuam em bases 
territoriais normalmente extensas. Os delegados sindicais geralmente não compõem as cha-
pas eleitorais porque, em regra, são meros prepostos, designados pela diretoria depois de 
eleita, selecionados dentre os associados radicados no território da correspondente delegacia. 
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Veja-se, nesse sentido, o disposto no art. 523 da CLT. 
Ordinariamente, então, delegado sindical participa da diretoria apenas por via deri-
vada. Se meramente indicado pela diretoria ele não gozara da estabilidade a que se refere o 
texto constitucional, sendo esse o entendimento constante da orientação jurisprudencial 369 
da SDI-I do TST. Essa vantagem, entretanto, poderá ser estendia excepcionalmente ao dele-
gado sindical se, na qualidade do legitimo representante sindical, tenha também se submetido 
ao processo eleitoral. Anote-se, porém, que este entendimento não é dominante na jurispru-
dência, que muitas vezes priva o delegado sindical da estabilidade, mesmo que eleito, salvo 
precisão contratual coletiva que lhe garanta a proteção ora em discussão. 
II.X) Necessidade de inquérito para apuração de falta grave
O inquérito para apuração de falta grave é um procedimento especial aplicado aos 
detentores da estabilidade definitiva decenal e aos dirigentes sindicais, estes últimos confor-
me dispostos na súmula 379 do TST. 
Perceba-se que em ambas as situações de estabilidades – decenal e sindical – o 
despedimento do trabalhador protegido somente se dá mediante a apuração de falta grave, 
estando tal conceito presente no art. 494 da CLT quanto no art. 8º, VIII da CF. 
Não se olvide que, nos moldes da orientação jurisprudencial 137 da SDI-II do TST, 
constituem direito liquido e certo do empregador a suspenção doempregado, ainda que de-
tentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a 
ele imputada, na forma do art. 494, caput e parag. Único da CLT. Anote-se, entretanto, que, a 
despeito da garantia dada ao empregador de suspender o empregado detentor de estabilidade 
sindical, nada pode impedi-lo de cumprir suas atribuições de dirigente. Mesmo suspenso, o 
dirigente sindical não pode ser privado de ter acesso a áreas onde atuam os integrantes da 
categoria porque esse entendimento turbaria o livre exercício do múnus sindical. 
d) Funções e prerrogativas
As prerrogativas são vantagens ou tratamentos diferenciados, inerentes a certas pes-
soas ou entidades, que foram conquistadas pela força institucional de seus dignitários para 
que estes exerçam bem suas funções. E a função, que é? A função, como já se disse no 
capítulo de introdução dessa obra, é a razão de existir coisas, pessoas ou instituições. Se 
se questiona a cerca da função do coração, por exemplo, pode se dizer que a função dele é 
bombear o sangue. Ele, enfim, existe para isso. Se se perguntar sobre a função do espelho, 
invariavelmente se dirá que é refletir imagens, justamente porque ele existe para cumprir tal 
finalidade. Se, por fim, a pergunta se dirigir em relação ao sindicato, dir-se-á que sua função 
é defender os integrantes da categoria e empreender melhorias em suas condições de vida 
social. Ele, afinal, existe para isso. 
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Vê-se, assim, que “função” e “prerrogativas” relacionam-se, respectivamente, como 
substancia e instrumento de modo que esta permita o alcance dos propósitos e das expectati-
vas daquela. Nesses termos, parece que o legislador trabalhista confundiu o sentido das men-
cionadas palavras, ao ditar no art. 513 da CLT as “prerrogativas do sindicato”. Na verdade, 
há ali, em regra, menção as funções sindicais, salvo no caso da alínea E, que, de fato, prevê 
uma prerrogativa para tributária, auferindo as entidades sindicais uma vantagem diferenciada 
para que exerçam bem suas funções. 
As entidades sindicais têm múltiplas funções, todas elas de natureza institucional, 
porque ligadas as missões fundamentais que dão sentido a associacionismo laboral. Todas as 
funções sindicais decorrem da razão de existir no sindicato: defender os integrantes da ca-
tegoria e empreender melhorias em suas condições de vida social. Destacam-se daí funções 
secundarias de cunho representativo, negocial, assistencial e político, todas acompanhadas de 
algumas prerrogativas, (vantagens diferenciadas) capazes de tornar viáveis os propósitos le-
gais. Nos próximos tópicos serão analisadas as precitadas funções com a pretensão de definir 
seus contornos mediante a fixação de sua extensão e limites.
d.1- Funções representativas
A função representativa é a mais importante de todas as atribuições institucionais 
das entidades sindicais, pois, por conta dela, estas falam e agem em nome dos integrantes da 
categoria com o propósito de defender e coordenar seus interesses. A função representativa 
tem dois campos de atuação, o extrajudicial e o judicial.
Entende-se por atuação extrajudicial o desempenho da entidade sindical no campo 
das relações jurídicas na processuais. Nesse âmbito estão contidas as atuações perante as 
autoridades administrativas, em diálogo com a categoria adversária e em face da sociedade 
como um todo. Por outro lado, entende-se por atuação judicial o desempenho da entidade 
sindical no campo das relações jurídicas processuais. Nesse âmbito estão contidas as repre-
sentações perante as autoridades judiciárias, no curso de processos em que a categoria tenha 
algum interesse. 
- Representação Processual: A representação processual é uma forma de agir em 
demandas judiciais por meio da qual um sujeito atua em nome alheio na defesa de um direito 
igualmente alheio. Exemplo importante dessa atuação é identificado no art. 5, XXI da CF, 
segundo o qual “as entidades associativas quando expressamente autorizadas, tem legitimi-
dade para representar seus filiados judicial ou extrajudicial”. Assim, quando os associados 
autorizam suas associações a agir sem seus nomes, o fazem porque estabelecem essa restrição 
na certeza de que muitas pretensões decorrentes desse vínculo podem ser qualificadas como 
individuais heterônomas. 
Com as entidades associativas de natureza sindical, porém, o tratamento contido na 
constituição de 88 foi extremamente diferenciado. No art. 8, III, da CF, foi-lhes outorgada 
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uma reforma especial de agir, independentemente de qualquer autorização. A constituição, 
reconhecendo a importância histórica do sindicalismo, afirmou caber aos sindicatos à defesa 
dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, tanto em questões judiciais 
quanto nas contendas administrativas. Pergunta-se, então: esse dispositivo há de ser inter-
pretado a luz do quarto inciso no art. 5, XXI, do texto fundamental? A resposta parece ser 
negativa. Se se admitir que a lei não contenha palavras ou expressões ociosas, chegar-se-á a 
conclusão de que o art. 8º, III quis atribuir um plus em favor das entidades sindicais. Como 
bem destacou Homero Mateus, o art. 8º, III, seria regra inútil e redundante se houvesse ape-
nas repetido aquilo que o sindicato já obteve no art. 5º, XXI. Para o referido magistrado e 
professor paulista, a única razão de ser do art. 8º, III, e que justifica sua inserção no texto 
constitucional somente pode ser outorgada de um modo diferenciado de agir, independente-
mente de qualquer autorização dos integrantes da base. O art. 8, III, da CF, em suma, conferiu 
para as entidades sindicais bem mais do que o direito de representar os integrantes da cate-
goria que eventualmente se associassem; Conferiu-lhes o direto de substitui-los amplamente, 
independentemente de associação ou de outorga de poderes, desde que, evidentemente, o 
assunto diga respeito a interesse de natureza transindividual. 
O ingresso da regra constante do art. 8, III da CF no ordenamento jurídico brasileiro, 
tornou, então, não recepcionado os dispositivos que limitavam a atuação representativa da 
entidade sindical em favor unicamente de seus associados. Exemplo de não recepção parcial 
pode ser colhido na alínea do art. 513 da CLT, para o qual a entidade sindical teria a função 
de representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, “os interesses gerais da 
respectiva categoria ou profissão liberal, ou os interesses individuais dos associados relativos 
à atividade ou profissão exercida. Note-se que os interesses gerais mencionados no precitado 
dispositivo correspondem na linguagem do art. 8 da CF “aos interesses coletivos” e os in-
teresses individuais dos associados , aos interesses individuais da categoria , que, em última 
análise , correspondente aos interesses individuais homogêneos.
Para que não se diga inexistente situação de representação processual no âmbito 
sindical, indica-se como tal aquela prevista no parágrafo 2 do art. 843 da CLT. Nesse caso, 
a entidade sindical, efetivamente, representa um integrante da categoria que, por doença ou 
qualquer outro motivo ponderoso, devidamente comprovado, não tenha conseguido compare-
cer pessoalmente á audiência inaugural. Esse ato de representação, alias, é bastante limitado, 
uma vez que o diretor da entidade sindical ou algum preposto especialmente indicado por 
esta não poderá ser interrogado em lugar do reclamante ausente. Sua atuação representativa 
restringe-se à formulação de pedido de adiamento da sessão para nova audiência inaugural 
em momento oportuno ao comparecimento do acionante.
- Substituição Processual: É uma forma de agir em demandas judiciais por meio da 
qual um sujeito, devidamente autorizado por lei, atua em nome próprio, masna defesa de um 
direito alheio. Conforme antecipado no tópico anterior, o texto constitucional atribuiu a prer-
rogativa da substituição processual ampla e irrestrita em favor das entidades sindicais, Estas, 
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desde que em defesa dos interesses coletivos e individuais da categoria, têm legitimidade 
extraordinária de atuar em nome dos integrantes da categoria , independentemente da auto-
rização destes. Anote-se que esse é o firme posicionamento do STF, expedindo no Recurso 
Extraordinário n. 210.029-3/RS. O acórdão do mencionado recurso, datado de 12-6-2007, 
é claro no sentido de que as entidades sindicais podem atuar como substitutas processuais, 
independentemente de qualquer autorização dos substituídos, tanto na fase de conhecimento 
da ação coletiva quanto nos momentos que dizem respeito à liquidação e à execução.
Antes desse importante posicionamento, a Suprema Corte já emitia sinais no sentido 
de que o art. 8º, III da CF, de fato, oferecia ampla possibilidade de substituição processual 
para as entidades sindicais. Por isso, o TST, por meio da Resolução n. 119, de 25/9/2003, 
cancelou a súmula 310, que, logo no primeiro item, negava a garantia da substituição proces-
sual às entidades sindicais. 
Sendo emissária dos interesses coletivos de toda a categoria, e não apenas dos inte-
resses daqueles que a ela se associam, a entidade sindical, enfim, não depende de autorização 
ou de outorga de poderes de agir. As ações aforadas pelas entidades sindicais em nome dos 
integrantes da categoria não induzem litispendência para as ações individuais, conforme pre-
visão contida no art. 104 do CDC, aplicado subsidiariamente. Se o integrante da categoria 
preferir aguardar o resultado da ação coletiva para depois disso aforar ação individual, ele 
precisará saber que, nos termos do art. 103, II, do CDC, a sentença coletiva fará coisa julgada 
ultra partes, limitadamente à sua categoria, salvo se o resultado for de rejeição da pretensão 
por insuficiência de provas, hipótese em que poderá ser aforada outra ação coletiva, com 
idêntico fundamento, valendo-se interessado de nova prova.
Outro dado importante: se o integrante da categoria preferia aguardar o resultado da 
ação coletiva e se for surpreendido com a declaração de ilegitimidade da entidade sindical 
que aforou a ação, ele não será apenado pelo decurso do prazo prescricional. O TST, median-
te a Orientação Jurisprudencial 359 da SDI-I, firmou entendimento no sentido de que “a ação 
movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, interrompe a prescrição, ainda 
que tenha sido considerado por parte ilegítima ad causam”.
d.2- Função Negocial
A segunda mais relevante função sindical, depois da representativa, é aquela que 
visa à produção de direitos suplementares, mais vantajosos do que aqueles previstos em lei. 
O sistema jurídico, cônscio dessa importante atribuição, outorgou às entidades sindicais a 
missão de “celebrar convenções coletivas de trabalho” e os trabalhadores o direito de ver 
reconhecidos os instrumentos coletivos negociados como fontes de direito.
d.3- Função Assistencial
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O assistencialismo foi um aliado do modelo corporativismo que serviu de inspiração 
para a organização sindical brasileira. Enfim, trazer o conflito trabalhista para perto do Es-
tado foi a maneira que o Poder Público encontrou para monitorar eventuais levantes capazes 
de comprometer o desenvolvimento nacional. Para agregar valor ao modelo, as entidades 
sindicais, por compromissos incertos na própria lei, transformaram-se em órgãos assisten-
ciais. Não há atualmente como imaginar uma entidade sindical sem a ela atribuir a atuação 
assistencial.
- Emissão e entrega de CTPS: Diante da importância doa atos de identificação pro-
fissional, as entidades sindicais foram chamadas a assistir os trabalhadores no processo de 
emissão e de entrega de carteiras de trabalho e previdência social (CTPS). A lei n. 56886 
incluiu o parágrafo único no art. 14 da CLT, com o objetivo de admitir convênio com os sin-
dicatos para o fim especial de emitir documento aqui mencionado.
O mesmo se pode afirmar no processo de entrega das CTPS. Nos termos do art. 26 
da CLT, os sindicatos poderão, mediante solicitação de suas respectivas diretorias, incumbir-
-se da entrega das CTPS pedidas por seus associados e pelos demais profissionais da mesma 
classe. Nesses casos, não poderão os sindicatos, sob pena das sanções previstas em lei, cobrar 
remuneração pela entrega das carteiras, cujo sérvio nas respectivas sedes será fiscalizado pela 
Superintendência Regional do Trabalho ou por órgãos autorizados. 
- Assistência Judiciária: A manutenção de serviços de assistência judiciária era 
um dever jurídico das entidades sindicais apenas para com os seus associados. Esse deve foi 
ampliado pela Lei n. 5.584/70, que, no art. 14, previu que a assistência judiciária constante 
da Lei n. 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, além de ser prestada para com os seus associa-
dos, seria prestada pela entidade sindical profissional em favor de qualquer trabalhador que 
percebesse salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal. Assegurou-se, porém, igual 
beneficio ao trabalhador de maior salário que provasse que sua situação econômica não lhe 
permitira demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou familiar. 
- Assistência nas cessações contratuais: Baseado nesse espírito assistencialista, o 
legislador do trabalho, por meio da Lei n. 7.855, de 24-10-1989, inseriu o parágrafo 7º nos 
art. 477 da CLT, deixando claro que o ato da assistência na rescisão contratual seria pratica-
do sem ônus para o trabalhador e o empregador. Apesar disso, algumas entidades sindicais 
insistiam nessa prática, incluindo em alguns casos a cláusula coletiva nos instrumentos co-
letivos negociados com o objetivo de cobrar taxa para homologação da rescisão contratual 
dos empregadores; agiam não somente contra a lei, mas também contra um comportamento 
social que delas se esperava. Por conta disso, a despeito de se tratar de um ato negocial, o 
TST editou a Orientação Jurisprudencial 16 da SDC, por meio da qual deixou claro ser “con-
trária ao espírito da lei e da fundação precípua do sindicato a cláusula coletiva que estabelece 
taxa para homologação de rescisão contratual, a ser paga pela empresa, a favor do sindicato 
profissional”. Apesar de não haver registro contra isso no texto da mencionada orientação 
jurisprudencial, parece inevitável a conclusão no sentido de que o TST entende ser nula a 
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clausula coletiva que estabelece obrigação contra lege. Em tais situações, os empregadores 
ou organizações patronais parecem estar autorizados a postular a nulidade da clausula ofen-
siva nos termos aqui analisados. 
Antes de assumir o múnus de assistir qualquer ato de rescisão contratual, os sindica-
tos já eram incumbidos conforme o disposto no art. 500 da CLT, de acompanhar os pedidos 
de demissão dos empregados estáveis para aferir se realmente decorriam de manifestação 
livre e espontânea. Segundo o citado dispositivo, “o pedido de demissão do empregado está-
vel só será valido quando feito com a assistência do respectivo sindicato e, se não o houver, 
perante a autoridade local competente do ministério do trabalho ou justiça do trabalho” (re-
vigorado e com redação dada pela Lei n. 5.584, de 16-06-1970). 
d.4- Função Política
A função política, como ressaltou Edilton Meireles, “é uma das subespécies da fun-
ção de representação já que, de uma maneira ou de outra, quando a entidade sindical atua 
politicamente, está representando os interesses da categoria”. Não há dúvidas, também que a 
política faz parte da vida social, na medida em que ela indica procedimentos relativosa polis 
ou a cidade-estado. 
Anote-se que as entidades sindicais não é vedada, nem mesmo a realização de ati-
vidades político-partidárias, não sendo ocioso lembrar que as condições previstas no caput 
do art. 521 da CLT não foram recepcionadas pelo texto constitucional de 1988. Acrescente, 
ainda, que, com a institucionalização das centrais sindicais, o papel político das entidades 
sindicais ficou claro e evidente.

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