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Aula 05 Introdução histórica sobre o direito coletivo do trabalho

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Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
69
Aula 05
1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA SOBRE O DIREITO COLETIVO DO 
TRABALHO 
O estudo do Direito Coletivo pressupõe o estudo do trabalho “livre” e não do trabalho 
“escravo”.
O trabalho livre e de forma organizada surge na idade média com os pequenos 
artesãos, que formas as chamadas corporações de ofício.
Ocorre que as corporações de ofício tinham uma formação dualista, ou seja, em 
uma classe estavam os mestres que detinham o conhecimento sobre a prática de certo ofício, 
e, esses mestres aceitavam aprendizes, os quais tinham por objetivo aprender sobre aquela 
prática e com isso, tornarem-se mestres também.
Ocorre que, conforme mais e mais aprendizes fossem adquirindo o conhecimento 
necessário para tornarem-se mestres, mesmo assim estes últimos não permitiam que os 
aprendizes progredissem para o cargo mais elevado (até como forma de evitar a concorrência), 
assim, esses aprendizes passaram a ser chamados de companheiros (um estágio entre aprendiz 
e mestre).
Conforme os tais companheiros não admitissem mais essa condição de subordinados, 
aconteceu a famosa “revolta dos compagnólius” (revolta dos companheiros).
Muitos doutrinadores indicam a revolta dos companheiros como o marco histórico 
inicial do surgimento do Direito Coletivo do Trabalho, o que o prof. Otávio entende que não 
é o correto.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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Na revolta dos companheiros não existiu o propósito de luta pelos Direitos do grupo, 
mas sim de propósitos individuais.
Com a Revolução Francesa foram extintas as corporações de ofício, porque as 
mesmas retiravam os direitos dos aprendizes.]
A Revolução Francesa pregava a liberdade nas relações de trabalho, como forma de 
se evitar a exploração que feita pelos mestres das corporações de ofício.
Porém com o tempo, e o advento da revolução industrial, aqueles mesmos que 
pregavam a liberdade nas relações de trabalho, perceberam que essa liberdade não se 
sustentava na prática diante do poder do capital.
Daí que foi surgindo o entendimento de que era necessário aos trabalhadores 
buscarem uma forma de contrapor-se àquela força de seus empregadores.
Esse é o momento histórico em que se dá o início do Direito Coletivo do Trabalho, 
e do próprio Direito do Trabalho.
As aglomerações que foram surgindo nos parques fabris das industrias era onde 
se discutia a possibilidade dos trabalhadores, em conjunto, vindicarem melhores condições 
de trabalho.
Através das reuniões que eram realizadas nos parques fabris é que se formava a 
consciência coletiva da classe dos trabalhadores, de que poderiam reivindicar em conjunto a 
solução dos seus problemas, que no geral eram comuns a todos eles (v.g.: extensa jornada de 
trabalho, remuneração ínfima, discriminação do trabalho de mulheres, crianças e adultos).
Com as manifestações surgidas nesse período é que se firmou o entendimento de que 
a autonomia da vontade nas relações de trabalho teria que ser mitigada, pela ingerência Estatal 
na relação de trabalho, estabelecendo parâmetros mínimos que deveriam ser observados pelos 
empregadores.
Temos ai, portanto, o surgimento do Direito Coletivo do Trabalho.
1.1 DENOMINAÇÃO DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Há uma discussão doutrinária sobre qual a nomenclatura correta para a disciplina do 
Direito Coletivo do Trabalho.
Há quem defenda que a disciplina deva chamar-se: Direito Sindical (que tem em 
vista o sujeito do Direito).
Ficamos com a definição Direito Coletivo do Trabalho (que tem em vias o objeto 
do Direito) que foi adotado pelo TST em seu programa para o concurso de Juiz do Trabalho.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
71
1.2 AUTONOMIA DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Há uma discussão sobre se o Direito Coletivo do Trabalho pode ou não ser considerado 
uma ciência autônoma.
O que tem prevalecido em sede doutrinária é que o Direito Coletivo do Trabalho é 
sim uma ciência autônoma em relação aos demais ramos do Direito.
Fundamenta-se tal entendimento em que o Direito Coletivo do Trabalho possui 
princípios próprios, e instrumentos de atuação diferentes daqueles utilizados pelo Direito 
Individual do Trabalho.
1.3 PROBLEMATIZAÇÃO 
O sistema judiciário deve integrar o objeto político do Estado, atuando como um 
instrumento de efetivação dos Direitos fundamentais.
Como o Estado-Juiz pode contribuir para a promoção da liberdade, igualdade e 
dignidade das pessoas?
Como proteger o meio ambiente (incluindo o do trabalho), o consumidor e os grupos 
vulneráveis (mulheres, negros, homoafetivos, crianças, idosos, trabalhador escravo, sem-
terra, indígenas, entre outros)?
A politização da Justiça ou a judicialização da política podem contribuir para a 
criação de um sistema juridicamente justo?
E o que dizer do movimento de constitucionalização do processo, especialmente do 
processo do trabalho?
Como fazer para que o processo contribua para o efetivo acesso substancial à Justiça?
A resposta desses reclamos perpassa pela análise da própria evolução histórica do 
Direito do Trabalho, e das transformações do Estado ao longo dos anos e dos respectivos 
sistemas jurídicos criados a partir dessa ideologia prevalescente.
2. A TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO
Nos primeiros tempos da humanidade o trabalho sempre foi exercido de forma 
rudimentar, fracionado e no âmbito familiar, sem portanto grande repercussão social, para 
uma sociedade então preocupada em estabelecer outros Direitos fundamentais, como o Direito 
à Vida, à Liberdade, entre outros.
A transformação da forma de trabalho, será decisiva para que o mesmo passe a ser 
enxergado de forma diferente pela sociedade, desaguando no Direto e Processo do Trabalho 
que conhecemos hoje.
Os fatos significativos desse período histórico são os seguintes:
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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	 REVOLUÇÃO INDUTRIAL INICIADA NO SÉCULO XVIII: a utilização 
de forças mecânicas em substituição à força humana, foi um fato que gerou a concentração 
da produção em larga escala, constituiu-se assim na evolução do maquinismo. O marco 
inicial da evolução industrial foi o surgimento da MÁQUINA A VAPOR (em Soho, em 
1775, para trabalhar em uma mina de coarvão);
	 Embora a máquina a vapor tenha marcado o início definitivo da evolução do 
maquinismo, já antes, desde 1738 já havia sido inventada a MAQUINA DE FIAR, que foi 
seguida por novas máquinas que por sua vez eram instaladas em grandes parques fabris e com 
isso surgiram as indústrias;
	 Finalmente o advento da ELETRICIDADE em 1880 acelerou ainda mais os 
meios de produção, e gerou ainda maiores transformações nos meios de trabalho;
Esses fatos modificaram as condições de trabalho então vigentes, passava-se de 
uma condição de trabalho manufatureiro e familiar, para um trabalho de produção 
sistematizada e de larga escala.
O uso das máquinas na produção, na qual os obreiros normalmente exerciam tarefas 
repetitivas, acabou gerando duas conseqüências, constantes acidentes de trabalho, troca 
indiscriminada da mão de obra, pois mulheres e crianças eram capazes de executar tarefas 
simples de mover uma manivela ou outras tarefas repetitivas.
Com o advento das fábricas surgem uma nova classe social:
	 PROLETARIADO: (na Roma antiga o termo proletariado designava os 
cidadãos da classe mais baixa, que não pagava impostos e era considerado útil apenas 
pelos filhos que gerava), modernamente era o trabalhador que vivia exclusivamente de sua 
força de trabalho, prestava serviços nas fábricas, em jornadas que variavam entre 14h e 16h 
diárias, eram trabalhadores que emigravam dos campos para as cidades em busca de melhores 
condições de vida inspirados pelo surgimento das indústrias;
Com as fábricas começaram a se formar as aglomeraçõesdas massas operárias, nas 
fábricas existiam trabalhadores com um mesmo ponto de vista sobre a realidade então 
reinante, ou seja, como estavam submetidos às mesmas condições de vida, também possuíam 
a mesma forma de ver os fatos. Esse é o ambiente propicio e que serviu de embrião para 
o surgimento do Direito Coletivo do Trabalho.
Vigia a plena liberdade de pactuação sobre as formas do trabalho, quase sempre 
ditadas unilateralmente pelos donos das fábricas, já que nesse período a mão-de-obra era 
abundante.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
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Essa suposta “liberdade” na forma de contratar na verdade se revelava uma relação 
meramente impositiva/adesiva. O tomador da mão-de-obra estabelecia as regras de execução 
do trabalho (horários, forma de pagamento, etc), enquanto os trabalhadores tinham apenas 
uma oportunidade de negociação, aceitar ou não.
Como não havia contrato escrito o empregador podia dar o contrato por rescindido 
a qualquer momento, mas haviam também contratos verbais de longo prazo, até mesmo 
vitalícios (uma servidão velada, comumente praticada no trabalho em minas e subsolo –na 
indústria escocesa os trabalhadores das minas costumavam serem comprados e vendidos com 
seus filhos, tanto que em 1774 e 1799 surgiram decretos proibindo essa forma de servidão).
AMAURI MASCARO NASCIMENTO preleciona sobre as condições de trabalho 
nessa época:
O Trabalho das mulheres e menores foi bastante utilizado sem maiores precauções. 
Na Inglaterra, os menores eram oferecidos aos distritos industrializados, em troca de 
alimentação, fato muito comum nas atividades algodoeiras de Lancashire. Aliás, as 
próprias paróquias –unidade administrativa civil inglesa, subdivisão territorial do condado 
criada pela denominação Lei dos Pobres –encarregava-se, oficialmente, de organizar 
esse tráfico, de tal modo que os menores se tornaram fonte de riqueza nacional. Houve 
verdadeiros contratos de compra e venda de menores, estabelecidos entre industriais e 
administradores de impostos dos pobres, fato relatado pelo historiador Claude Fohlen, que 
assim se expressa:
“Se lhes afirmava seriamente, de modo mais positivo e mais solene, que iriam 
transformar-se todos, desde o momento de seu ingresso na fábrica, em damas e cavalheiros, 
assegurando-lhes que comeriam ‘roastbeef’ e ‘plum-pudding’, que poderiam montar 
cavalos de seus amos, que teriam relógios de prata e os bolsos sempre cheios, e não eram 
os empregadores ou seus subalternos os autores de tão infame engano, senão os próprios 
funcionários das paróquias.”
No sórdido intercâmbio, tal paróquia podia especificar que o industrial teria que 
aceitar, no lote de menores, os idiotas, em proporção de um para cada vinte. O industrial 
de algodão Samuel Oldknow contratou, em 1796, com uma paróquia a aquisição de um 
lote de 70 menores, mesmo contra a vontade dos pais. Yarranton tinha, a seu serviço, 
200 meninas que fiavam em absoluto silencio e eram açoitadas se trabalhavam mal ou 
demasiado lentamente. Daniel Defoe pregava que não havia nenhum ser humano de mais 
de quatro anos que não podia ganhar a vida trabalhando. Se os menores não cumpriam 
suas obrigações na fábrica, os vigilantes aplicavam-lhes brutalidades, o que não era geral, 
mas, de certo modo, tinha alguma aprovação dos costumes contemporâneos. Em certa 
fábrica, a cisterna de água pluvial era fechada à chave1.
1 Ibidem, p. 16.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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Ainda sobre as condições de trabalho, vejamos o relato do escritor KARL MAX:
Quanto mais êxito tiverem as pretensões do capital para alongar a jornada de 
trabalho, maior será a quantidade de trabalho alheio de que se apropriará. Durante o 
século XVII, e até mesmo durante os primeiros dois terços do XVIII, a jornada normal de 
trabalho, em toda Inglaterra, era de 10 horas. Durante a guerra contra os jacobitas, que, 
foi, na realidade, uma guerra dos barões ingleses contra as massas trabalhadoras inglesas, 
o capital viveu dias de orgia e prolongou a jornada de 10 para 12, 14 e 18 horas. (...). Alguns 
anos antes da generalização dos novos inventos mecânicos, cerca de 1765, veio à luz na 
Inglaterra um folheto intitulado An Essay on Trade [“Um Ensaio Sobre o Comércio”]. O 
anônimo autor deste folheto, inimigo jurado da classe operária, clama pela necessidade 
de estender os limites da jornada de trabalho. Entre outras coisas, propõe criar, com este 
objetivo, casas de trabalho para pobres que, diz ele, deveriam ser “casas de terror”. E qual 
é a duração da jornada de trabalho proposta para estas “casas de terror”? Doze horas, quer 
dizer, precisamente a jornada que, em 1832, os capitalistas, os economistas e os ministros 
declaravam não só vigente de fato, mas também o tempo de trabalho necessário para as 
crianças menores de 12 anos2.
3. O MODELO DE MERCADO
Nesse período histórico de transformação do mundo do trabalho, o modelo econômico 
que predominava era o PENSAMENTO LIBERAL CAPITALISTA, cujas principais 
teorias foram:
	 o TRABALHO era visto como um dos FATORES DA PRODUÇÃO;
	 a doutrina MERCANTILISTA: riqueza estava na acumulação do ouro e da 
prata, admitindo-se pequena ingerência do Estado para facilitar as práticas mercantis, após 
começou-se a dar mais importância às indústrias;
	 doutrina da ESCOLA FISIOCRÁTICA: surge em 1750 em oposição ao 
mercantilismo, pugna por uma ordem social e econômica sem excessivo protecionismo e 
regulamentação detalhada, exaltando-se o princípio de uma ordem natural e espontânea. 
Deram origem ao adágio LAISSER FAIRE, LAISSER PASSER (deixe fazer, deixe passar);
	 doutrina LIBERAL: predomina com o pensamento da igualdade entre os 
homens e prega a menor ingerência possível do Estado nas relações comerciais e de trabalho, 
reforçou o LAISSER FAIRE, LAISSER PASSER (deixe fazer, deixe passar). O contrato era 
2 MAX, Karl, Salário, Preço e Lucro, p. 40.
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sinônimo de liberdade, acreditava-se no equilíbrio das relações econômicas e trabalhistas. O 
liberalismo firmou-se de vez como paradigma político e econômico predominante com 
o advento da REVOLUÇÃO FRANCESA (1789). Nas relações econômicas acreditava-se 
na existência de uma mão imaginária (o mercado) que regularia e resolveria os problemas 
advindos das relações econômicas: “uma mão invisível capaz de regular os problemas 
sociais e econômicos”.
Sobre o contexto da REVOLUÇÃO FRANCESA:
O poder na França era concentrado nas mãos do Rei que o exercia de forma absoluta.
A nobreza e o alto clero possuíam as melhores e mais extensas propriedades, além 
de gozarem de uma série de privilégios, pois somente seus membros mais tinham acesso aos 
cargos da corte, aos comandos militares e às dignidades eclesiásticas.
De outro lado, oprimidos pelo poder reinante, estavam os camponeses (esmagados 
pelo sistema feudal e altos impostos), os burgueses (a classe mais rica e instruída, mas que 
não detinha o poder político), e os operários (trabalhadores nas fábricas e que reinvidicavam 
melhores salários).
O conflito desses fatores reais de poder desencadeou a revolução francesa, inspirada 
pelos princípios que veremos a seguir, sendo que muitos destes incorporam o ordenamento 
jurídico de atualmente.
Os principais PRINCÍPIOS inspiradores da REVOLUÇÃO FRANCESA:
	 igualdade de todos os homens perante a Lei;
	 Ausência de um Direito natural que obrigasse um homem a tornar-se escravo 
de outro;
	 Que o poder existe no interesse do povo e não dos seus governantes;
	 Que todos os homens tem liberdade de crença;
O principal instrumento jurídico proveniente da Revolução Francesa:
	 a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO é 
produto da revolução francesa ocorrida em 1789 (queda da bastilha em 14.07.1789); Ocorreuem 26 de julho de 1789, como produto de um processo revolucionários iniciado em 14 de 
julho do mesmo ano (o Rei havia convocado uma assembléia geral com representantes 
supostamente populares, mas não concordou com algumas de suas decisões e decidiu fechá-
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lo o que provocou o cume da revolução francesa em 14.07.1789 quando a população invadiu 
a prisão de Bastilha para tomarem mais armas, diante disso pressionaram o Rei e houve a 
convocação de uma Assembléia Constituinte que votou a declaração dos Direitos do Homem 
em 26 de julho de 1789);
Nesse contexto começaram a surgir de forma isolada várias Leis regulando a 
matéria de Direito do Trabalho, e o que marca o declínio do apogeu do paradigma 
liberalista.
4. O ESTADO LIBERAL
O modelo de Estado desse período histórico era o liberal, em que não havia 
intervenção do Estado na sociedade, devendo prevalecer o pactuado entre os particulares, 
portanto o sistema jurídico criado nesse período era essencialmente aberto, sem normas que 
regulassem a atividade particular das pessoas.
As normas então existentes eram aquelas assecuratórias de Direitos Fundamentais 
de primeira dimensão, ligados à vida a liberdade das pessoas e a política, no demais o Estado 
era ausente das discussões que envolvessem as pessoas.
O processo é marcado pelas características do tecnicismo, legalismo, positivismo 
jurídico acrítico, formalismo e “neutralismo” do poder judiciário.
A ação do Estado nada mais é do que a derivação do direito de propriedade em juízo. 
Daí a supremacia, quase absoluta, do princípio do dispositivo.
5. ESTADO SOCIAL
Atuaram para a evolução de um Direito Social mínimo regulador das relações de 
trabalho, a ação de trabalhadores reunindo-se em associações para defesa dos interesses 
comuns.
Foram fatos relevantes deste período:
	 o grande número de acidentes de trabalho: foram várias as mortes e mutilações 
desse período;
A partir destas várias tensões da sociedade industrial em formação é que surgiu a 
necessidade de evoluir do modelo político liberal para se chegar ao ESTADO SOCIAL (ou 
ESTADO PROVIDENCIA, ou ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL).
Ocorre que a implantação deste modelo de ESTADO SOCIAL não pode ser visto 
apenas como a concretização de pleitos da sociedade proletária, antes de mera conquista 
social, referido modelo de Estado serviu também como resposta do modelo liberalista 
em contraponto com a doutrina socialista (novo modelo de economia de mercado, que 
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colocava em cheque o modelo liberal), que se alastrava por todo o Leste Europeu.
Daí que após o advento da primeira guerra mundial (1914-1919)..., firmou-se 
o entendimento por uma maior preocupação do Estado liberal com a questão social, 
nascendo assim o ESTADO SOCIAL.
CARLOS ROBERTO CUNHA, faz um resumo do que fora esse período:
Um esforço adicional para implementar o desenvolvimento combinado com o bem-
estar, por meio de agressiva política econômica-social, se justificava como contra-ofensiva 
do Ocidente não-socialista ao espectro do comunismo, na conhecida disputa hegemônica 
da época, travada entre Estados Unidos e a então União Soviética.3.
5.1 PRIMEIROS DIPLOMAS JURÍDICOS
Nesse tempo surgiram os primeiros diplomas jurídicos relevantes na seara do 
trabalho, são eles:
	 TRATADO DE VERSALHES DE 1919: colocou fim à primeira guerra 
mundial, criou a OIT (organização voltada para a proteção do trabalho e formação de um 
Direito Internacional do Trabalho, assegurador de condições mínimas de trabalho em todos 
os países). O art. 427, do Tratado assim dispunha: “o trabalho não deve ser considerado 
como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas como colaboração livre e eficaz na 
produção de riquezas”.
Nesse mesmo período surge o constitucionalismo social, que marca definitivamente 
um compromisso do Estado e da sociedade com o implemento e satisfação de tais interesses, 
os principais diplomas desse período são:
	 CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917: estabelecia jornada de 8 horas 
–proibição do trabalho de menores de 12 anos – 6 horas de jornada para menores de 16 
anos –descanso semanal –jornada máxima noturna de 7 horas –descanso semanal –proteção 
à maternidade –salário mínimo –adicional de horas extras –proteção contra acidentes do 
trabalho, entre outros;
	 CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR DE 1919: considerada como a base 
das novas democracias sociais, assegurava direitos mínimos e abertos: -trabalho sob a 
proteção do Estado –garante o direito de liberdade de associação –permite a participação do 
trabalhador no processo político –institui conselhos nas empresas, entre outros.
3 CUNHA, Carlos Roberto, Flexibilização de Direitos Trabalhistas à Luz da 
Constituição Federal, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre:2004, p. 43.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
78
	 CARTA DEL LAVORO DE 1927: marcou definitivamente a interferência 
do Estado nas relações de trabalho, tendo servido inclusive de inspiração para a CLT. Tinha 
uma visão essencialmente corporativista, já que este paradigma era extremamente difundido 
nesta época. Na organização corporativa, a categoria profissional, os componentes do 
ordenamento corporativo, não são todos os cidadãos, mas apenas os produtores. Os 
sindicatos dependiam o reconhecimento do Poder Público, e não poderia haver mais de um 
sindicato reconhecido com poderes legais de representação da categoria respectiva.
6. SISTEMAS DE PRODUÇÃO E DERRUIÇÃO DO MODELO DE 
ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
Após esse período se destacam no mundo do trabalho os novos paradigmas 
de produção e organização do trabalho, que repercutem no Direito laboral, os principais 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO desse período são:
	 FORDISMO: durou de 1910 até 1960. Desenvolveu o modelo de linha de 
produção de automóveis, significava a especialização empresarial em um só produto e 
cada operário realizando determinada tarefa. O regime de acumulação fordista estava 
centrado na produção de massas, através de uma linha montagem em que o trabalho 
é fragmentado, assegurando uma unidade do processo de produção. Correspondia ao 
paradigma do Estado de Bem estar social;
Daí o conceito de Estado de bem estar social perdura até 1970, quando é colocado 
em cheque por três classes de fatores:
	 FATORES POLÍTICOS: JÁ NÃO HAVIA TANTA AMEAÇA AO 
MODELO CAPITALISTA: o neoliberalismo havia conseguido vencer seu principais 
inimigos tradicionais (p. ex.: movimento socialista, o ativismo dos operários);
	 FATORES PRODUTIVOS: INICIOU-SE A TERCEIRA REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL, A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: a tecnologia dinamizou os meios de 
comunicação e permitiu que o gerenciamento dos meios de produção se dessem à longas 
distancias, até mesmo de outros países, o que estabeleceu uma nova dinâmica nas relações 
de produção, FULCRADA NA DESCENTRALIZAÇÀO DA PRODUÇÀO, buscando 
mão de obra barata até mesmo em países diferentes;
	 FATORES ECONÔMICOS: INROMPE NA DÉCADA DE SETENTA 
UMA CRISE ECONOMICA MUNDIAL: influenciada pela globalização e abertura dos 
mercados e a competição dos produtos, e pela crise do petróleo de 1973.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
79
Tudo isso leva ao surgimento de um novo paradigma de meio de produção, no qual 
a tônica será a ruptura com o Estado do Bem estar Social do pós-guerra e a defesa da 
precarização das relações de trabalho, como instrumento de aumento da competitividade 
da produção pela diminuição dos custos da mesma.
Surge ai um novo modelo de sistema produtivo, o toyotismo:
	 TOYOTISMO: adotado pelos países do Ocidente. A atividade industrial se 
rege de acordo com a demanda. O consumo é a mola de impulso da produção (rompe-se 
com o padrão fordista da produçãoem série e em massa). A indústria possui um quadro de 
pessoal bastante enxuto, e conforme a demanda são contratados novos trabalhadores 
precariamente. Há uma acentuação da tecnologia e o operário manipula várias máquinas. 
Há a descentralização da produção para varias empresas, tudo sobre o gerenciamento 
de uma empresa mãe que cuida de manter a unidade da produção.
Essa mudança paradigmática, e novo ataque aos Direitos do Trabalho já estabelecidos 
iniciado n Europa nos anos 1970, irá repercutir na sociedade brasileira durante os anos 90, 
especialmente durante os anos do Governo FHC.
Modernamente a OIT, seguida por alguns países Europeus, primando pela salvaguarda 
de Direitos Sociais mínimos, tem se levantado postulando o estabelecimento de barreiras à 
produtos de países que não respeitam um mínimo de Direitos sociais de seus trabalhadores, 
cometem o chamado dumping social.
	 DUMPING SOCIAL: é a designação atribuída a sistemas produtivos marcados 
pela informalidade laborativa ou pelo implemento de fórmulas relacionais de acentuada 
desproteção e despojamento de Direitos do Trabalho, além da depredação do meio ambiente 
laboral, cujo maior expoente mundial são os Tigres Asiáticos e a China;
Estamos em um momento em que, pela E.C 45/04, o Direito do Trabalho dá mostras 
de sua auto afirmação? Ou não?
7. CRISE NO DIREITO DO TRABALHO
Há consenso doutrinário de que o processo do trabalho passa por um momento de 
crise em seus supostos, ruptura paradigmática e surgimento de novos postulados.
A compreensão deste fenômeno crítico pressupõe a análise do contexto histórico da 
origem do próprio Direito do Trabalho, para daí a compreensão de quais são os paradigmas 
até pouco vigentes e que agora se colocam em cheque e passam por este momento de crise.
Nesse sentir começaremos pela essência do próprio conceito do que seja Direito:
O Direito não é finito.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
80
Não há como conceber o Direito senão como o produto inacabado das constantes 
interações humanas, mas é possível dimensionar os campos de composição do Direito.
Grosso modo, admitido tal paradigma, podemos dizer que o Direito possui três 
dimensões de abordagem e análise:
	 Sob o aspecto dos fatos: o Direito ocorre e é formado a partir dos fatos havidos 
na sociedade. Ou seja, só há Direito pela ingerência dos fatos reais e concretos da vida social. 
São esses fatos reais e concretos que darão origem ao Direito. Daí falar-se em dimensão 
FÁTICA do Direito;
	 Sob o aspecto das idéias: o Direito é formado por idéias, e essas são 
estabelecidas a partir dos fatos vividos em sociedade. Ou seja, a forma de interpretação dos 
fatos da sociedade, o valor que se dá a esses, também influencia na formação do Direito. Daí 
falar-se em dimensão AXIOLÓGICA do Direito;
	 Sob o aspecto das normas jurídicas: os fatos da sociedade somados à 
valoração que é feita dos mesmos, inspiram a criação de estruturas jurídicas que servirão 
para regular essa convivência em sociedade. Daí falar-se em dimensão NORMATIVA do 
Direito;
Ocorre que não há uma relação estanque ou ordinariamente organizada entre esses 
vários ingredientes da formação do Direito, antes disso, se trata de uma relação simbiótica em 
que a constante interação de todos produz um efeito circular de continua transformação 
do Direito, v.g.: se certo fato inspira tal paradigma, e juntos deságuam na construção de 
determinada estrutura normativa, após o advento dessa, os demais fatos vindouros também 
serão influenciados pela nova norma, e com isso surgirá um novo paradigma, que poderá 
levar a realização de outros fatos, e esses exigirem a construção de nova estrutura normativa, 
e assim por diante.
AMAURI MASCARO NASCIMENTO preleciona sobre o engenho de criação do 
Direito:
Na gênese da norma jurídica está presente a energia dos fatos e valores que atuam 
reciprocamente, pressionando uns sobre outros, pondo-se a norma jurídica como a síntese 
integrante que se expressa como resultado dessa tensão4.
Estudar a História do Direito do Trabalho pressupõe conhecer essas dimensões 
formadoras do Direito, para daí enxergar na evolução temporal a influência de cada um desses 
elementos de construção do Direito laboral.
4 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho, ed. 
Saraiva, 20ª ed., São Paulo: 2005, p. 04.
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7.1 TRANSFORMAÇÃO DO CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO
Estudar a história do Direito do Trabalho pressupõe conhecermos seu conceito, e 
qual a implicância da modificação do mesmo para o processo do trabalho.
Não há consenso doutrinário sobre qual seja o conceito de Direito do Trabalho, 
para o professor Amauri Mascaro, “o direito do trabalho, tem sido mais vivido do que 
conceituado5”, o que é correto, a dinâmica da vida econômica é tamanha, que suas constantes 
transformações também implicam em constantes mudanças na conceituação do Direito do 
Trabalho (fato X valor X norma).
Para se definir um conceito de Direito do Trabalho é preciso ter em mente seus dois 
elementos indispensáveis:
	 Quanto aos SUJEITOS envolvidos no Direito do Trabalho: divide-se em 
duas correntes doutrinárias:
	 corrente RESTRITIVA: formada pela doutrina tradicional, entende que 
os sujeitos envoltos no Direito do Trabalho são apenas os empregadores e os empregados 
(urbanos, rurais e domésticos), este ultimo entendido como trabalhador subordinado, sendo 
que se trata de uma interpretação superada;
	 corrente AMPLIATIVA: modernamente se tem pensado o Direito do Trabalho 
como o ramo jurídico de regula as relações entre todas as espécies de tomadores de mão-
de-obra, e todas as espécies de trabalhadores por conta alheia, incluído os autônomos pessoa 
física, seja trabalho subordinado ou não, contínuo ou não;
	 Quanto ao CONTEÚDO regulado pelo Direito do Trabalho: do mesmo 
modo contrapõem-se duas correntes doutrinárias:
	 corrente RESTRITIVA: pela qual o Direito do Trabalho deveria apenas 
regular as relações de um tipo especial de trabalho: a relação de emprego, e outras formas de 
trabalho executadas por trabalhadores de pouca capacidade econômica: pequenos operários, 
trabalhadores avulsos e artífices. Essa corrente era a prevalecente até o advento da E.C 45/04;
	 corrente AMPLIATIVA: defende que o Direito do Trabalho deve cuidar de 
todas as formas de trabalho humano, seja por conta própria, seja subordinado, seja oneroso, 
seja gratuito. Trata-se da corrente prevalecente desde o advento da E.C 45/04;
5 Idem, p. 05.
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Assim, modernamente o Direito do Trabalho pode ser conceituado como o ramo 
autônomo do Direito que regula as relações jurídicas de trabalho lato sensu, havidas entre 
todas as espécies de tomadores de mão-de-obra, e todas as espécies de trabalhadores por 
conta alheia, incluídos os autônomos pessoa física, seja trabalho subordinado ou não, 
contínuo ou não.
OBS: Este trabalho compreende um estudo/síntese de propriedade intelectual de 
Wander Medeiros Arena da Costa e não pode ser utilizado para qualquer fim comercial 
sem autorização expressa.
__BIBLIOGRAFIA DA AULA
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves, e MAIOR, Jorge Luiz Souto, O que é Direito 
Social?, in Curso de Direito do Trabalho, vol. I, Teoria Geral do Direito do 
Trabalho, CORREIA, Marcus Orione Gonçalves (ORG.), ed. LTr, São Paulo: janeiro, 
2007.
DELGADO, Maurício Godinho, Princípios de Direito Individual e Coletivo do Trabalho, 
2ª ed., ed. LTr, São Paulo:2004.
DELGADO, Maurício Godinho, Direito do Trabalho e inclusão Social –O desafio 
brasileiro in Revista LTr, ed. LTr, Revista LTr, ano 70, nº 10, São Paulo:outubro/2006.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Curso de Direito Processual do Trabalho, ed. 
LTr, 8ª Ed., São Paulo:2010.NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho, ed. Saraiva, 20ª ed., 
São Paulo:2005.
MAIOR, Jorge Luiz Souto, Breves considerações sobre a história do Direito do 
Trabalho no Brasil, in Curso de Direito do Trabalho, vol. I, Teoria Geral do 
Direito do Trabalho, CORREIA, Marcus Orione Gonçalves (ORG.), ed. LTr, São 
Paulo: janeiro, 2007.
MAX, Karl, Salário, Preço e Lucro, p. 40
CUNHA, Carlos Roberto, Flexibilização de Direitos Trabalhistas à Luz da Constituição 
Federal, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre: 2004.
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LUTA,
Teu dever é lutar pelo direito, mas, se acaso um dia encontrares o direito em 
conflito com a justiça, luta pela justiça.
Decálogo do advogado (Eduardo Couture).

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