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Comissões de Conciliação Prévia no Direito do Trabalho

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Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
95
Aula 08
3.1.3.1.1 COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
As comissões de conciliação prévia foram criadas pela Lei 9.958/00, que 
acrescentou os artigos 625-A até art. 625-H à CLT, e encerram modalidade de 
mediação para solução de conflitos trabalhistas.
Grosso modo podem ser apontados como fundamentos que levaram a 
criação das CCP:
	 tentativa de desafogar o poder judiciário trabalhista: os vários 
acordos firmados nas CCP impediriam a propositura de novas ações trabalhistas, 
desafogando o poder judiciário;
	 maior celeridade na satisfação do crédito trabalhista: com o acordo 
nas CCP o empregado receberia mais rápido seu crédito trabalhista, e assim não 
teria de esperar a demora de um processo judicial;
As principais características das CCP são:
	 as comissões são de composição paritária1 e tem por objeto 
mediar a solução dos conflitos do trabalho: (art. 625-A, CLT) quer dizer devem 
ter o mesmo número de representantes de empregados e empregadores;
	 podem ser constituídas no âmbito de uma ou mais empresas, ou 
no âmbito de sindicatos: parágrafo único do art. 625-A, CLT;
	 CCP constituídas em empresas tem no mínimo 02 e no máximo 
10 membros e respectivos suplentes, mandado de até 01 ano (com uma 
recondução): art. 625-B, I, II, III;
1 Paritário. [De par + o final de majoritário, minoritário.] Adj. 1. Constituído 
por elementos pares a fim de estabelecer igualdade. 2. Diz-se dos órgãos 
judicantes da Justiça do Trabalho (q. v.) em cuja constituição há vogais 
que representam, em pé de igualdade, a classe dos empregados e a dos 
empregadores. (Dicionário Aurélio Eletrônico –século XXI, versão 3.0, novembro 
de 1.999).
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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	 os representantes dos empregados em CCP, titulares e suplentes, 
possuem garantia de emprego de até um ano após o fim do mandato, salvo 
justa causa: §1º, art. 625-B, CLT;
	 a CCP constituídas no âmbito sindical tem sua constituição 
regulada por negociação coletiva: art. 625-C, CLT.
	 as CCP têm prazo de dez dias para a realização da sessão de 
tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado: art. 625-F, 
CLT. Esgotado esse prazo sem a realização da tentativa de conciliação, ou tendo 
sido realizada a tentativa mas não tendo havido acordo, deve ser dada certidão 
atestatória da frustração da negociação às partes (§2º, art. 625-D e §único, art. 
625-F, CLT);
	 há SUSPENSÃO do prazo prescricional desde a provocação da 
CCP até a frustração da negociação ou decurso do prazo de 10 dias: art. 625-G, 
CLT.
	 existindo concorrência de CCP (em sindicatos e empresas) o 
empregado tem liberdade para optar por uma delas: §4º, art. 625-D, CLT;
	 a demanda deve ser escrita ou reduzida a termo, assim como 
eventual acordo deve ser reduzido a termo: §1º, art. 625-D, CLT e art. 625-E, 
CLT;
	 o termo de acordo lavrado nas CCP tem natureza de TÍTULO 
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: parágrafo único do art. 625-D, CLT. Poderá ser 
executado na Justiça do Trabalho;
	 o termo de acordo tem EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL, salvo 
quanto as parcelas expressamente ressalvadas: parágrafo único, art. 625-E, CLT. 
Há dissenso doutrinário sobre o significado dessa terminologia eficácia liberatória 
geral;
Parte da doutrina defende que a terminologia eficácia liberatória geral tem 
relação abrange todos os títulos descritos no acordo bem como todo os direitos do 
contrato de trabalho, quer dizer, a conciliação na CCP abrangeria a liberação 
sobre todos os direitos do contrato (nesse sentido ver acórdão do TRT 24 que 
deu quitação de danos morais por causa de acordo em CCP).
Doutrina majoritária defende que essa quitação apenas libera quanto os 
valores expressamente pagos, não liberando quanto aos títulos/direitos que 
estão sendo pagos (o que permite ao obreiro rever tais valores em juízo), tampouco 
dá quitação de todo o objeto do contrato de trabalho.
A doutrina majoritária se socorre do Direito Civil para respaldar sua 
conclusiva, primeiro porque o art. 320 do CCB exige que a quitação seja específica 
quanto a natureza dos valores que estão sendo pagos, quer dizer, não liberação 
daquilo que não foi pago.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
97
Em segundo lugar porque conforme o CCB a transação sempre deve ser 
interpretada restritivamente (art. 843, CCB). Em terceiro lugar também é regra 
que os negócios jurídicos benéficos também se interpretam estritamente (art. 114, 
CCB).
Outro fundamento está no princípio da indisponibilidade dos Direitos 
trabalhistas que veda que o empregado possa renunciar seus Direitos, cabendo 
aplicação analógica do entendimento da súmula 330 do TST.
	 a demanda trabalhista deve ser submetida à CCP antes de levada 
à juízo: art. 625-D, CLT. Há enorme dissenso doutrinário e jurisprudencial sobre ser 
ou não obrigatória a passagem forçada pelas CCP.
Duas correntes doutrinárias e jurisprudenciais sobre a passagem forçada da 
demanda trabalhista perante as CCP, uma que entende obrigatória, outra que não.
Fundamentos da doutrina que entende que É OBRIGATÓRIA A PASSAGEM 
PELAS CCP:
	 Não há exclusão da competência judiciária para conhecer a 
lide (apenas uma demora maior), bem como não há obrigação das partes se 
conciliarem: pelo que deve-se concluir que não há qualquer infringência ao Direito 
de Petição previsto no texto constitucional;
	 É de competência da legislação infraconstitucional a criação das 
leis que regulam o acesso ao judiciário: logo, se a norma infraconstitucional 
não está estabelecendo uma condição intransponível, não poderá ser tida como 
inconstitucional;
	 A própria Constituição já havia estabelecido uma tentativa de 
conciliação como pressuposto para propositura do Dissídio Coletivo: é o que 
se vê na redação original do §2º do art. 114 da CF, atual §3º, do art. 114 da CF, 
assim, houve recepção dos §2º e §4º do art. 616 da CLT;
	 A vontade do legislador é de que as C.C.P sejam obrigatórias, sob 
pena de extinção da ação que não passar por elas: assiste questionar que se a 
vontade foi essa, porque não foi declarada expressamente como previa o projeto de 
lei;
	 As C.C.P possuem menos casos, logo, poderá se dedicar mais 
a tentativa de conciliação: como seja, as partes poderão ter mais assistência no 
tocante a realizar a conciliação;
	 A passagem pelas C.C.P constituem importante instrumento de 
corroboração do princípio da celeridade processual: afinal menos casos seriam 
levados à Justiça do Trabalho;
	 Trata-se o art. 625-D de mais um pressuposto processual 
objetivo de desenvolvimento válido e regular do processo: nesse caso, seu 
desatendimento ensejaria a pena do art. 267, IV do CPC (“IV - quando se verificar 
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular 
do processo;”);
	 O STF já julgou ser Constitucional a previsão de tentativa de 
conciliação nos casos de dissídios coletivos: logo, por analogia, deverá julgar 
agora;
	 Como pressuposto processual é matéria de ordem pública 
podendo ser conhecida de ofício pelo juízo em qualquer tempo ou grau de 
jurisdição;
	 É uma condição da ação: daí o processo será extinto com fulcro no 
art. 267, VI do CPC (“VI - quando não ocorrer qualquer das condições da ação, 
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;”)
Fundamentos da doutrina que entende que É FACULTATIVA A PASSAGEM 
PELAS CCP:
•	 O artigo 625-D afronta o Direito de Petição previsto no texto 
Constitucional: art. 5º, XXXV da CF (“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”)
•	 O art. 625-D é inconstitucional por infringência ao princípioda 
igualdade (art. 5º, caput da CF –“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”): pois aqueles empregados cujas 
empresas não estiverem ligadas à uma C.C.P não estarão sujeitos à essa condição 
para perpetrarem suas ações trabalhistas;
•	 Não existe obrigatoriedade das partes se conciliarem: isso é o que 
se abstrai da regra do art. 5º, II da CF; (“II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa se não em virtude de lei;”)
•	 O artigo 625-D é um preceito sem sanção: ou seja, embora determine 
que o trabalhador deverá passar pela C.C.P, não estabelece uma punição para os 
casos em que ele não o faça, logo, se não há punição prevista em Lei, não podemos 
criá-la; (essa interpretação pode ser debelada em face de uma interpretação 
analógica extensiva)
•	 A primeira tentativa de conciliação do Juízo, supre a ausência de 
conciliação tentada nas C.C.P: já que se as partes não se conciliaram frente o 
juízo, presume-se que também o fariam perante as C.C.P;
•	 Constitui uma faculdade das partes: é o trabalhador e o empregador 
quem devem escolher se querem ou não participar das CCP, logo, não podem ser 
punidos quando forem diretamente ao juízo;
•	 O projeto de Lei nº 4.694/98 previa a sanção pela ausência de 
passagem pelas C.C.P: como seja, o projeto de lei que visava instituir as C.C.P 
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
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previa a punição de extinção do feito sem julgamento de mérito para os casos em 
que o trabalhador não passasse pelas C.C.P, e, se esta punição não se transformou 
em Lei, é porque o legislador não queria que referida passagem fosse obrigatória;
•	 O acordo coletivo que cria uma C.C.P pode prever a não 
obrigatoriedade do trabalhador passar pela mesma;
•	 A defesa do reclamado, resistindo ao pagamento das verbas 
vindicadas, faz nascer o interesse de agir do reclamante: ora, se ele tem interesse 
de agir, não pode ver seu pleito obstado em face de uma outra condicionante, que 
inclusive não expressa tal punitiva;
•	 Se a C.C.P for em âmbito Estadual (firmada entre sindicatos), e não 
local, não é obrigatória: pois dessa forma estar-se-ia obrigando o trabalhador à um 
exercício por demais penoso, que seria o translado até a sede da C.C.P;
•	 A existência da C.C.P deve ser provada por documentos: os quais 
deverão ser juntados pela parte que alega sua existência como forma de postular a 
extinção do feito;
Ficamos com o entendimento de não ser obrigatória a passagem pela C.C.P, 
que aliás é o entendimento de nosso TRT (24ª R.), do TRT da 2ª Região. Sendo que 
o TST vinha se posicionando pela primeira corrente doutrinária, porém já dá mostras 
do arrefecimento desse entendimento.
TRT 02 (São Paulo/SP), súmula 02:
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE PROCESSO. O 
comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma faculdade 
assegurada ao obreiro, objetivando a obtenção de um título executivo 
extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo único da CLT, 
mas não constitui condição da ação, nem tampouco pressuposto processual 
na reclamatória trabalhista, diante do comando emergente do artigo 5º, XXXV, 
da Constituição Federal.
Em 13/maio/2009 STF concede liminar na ADI 2.160-5 para suspender a 
interpretação de passagem forçada pela CCP.
3.1.3.2 ARBITRAGEM
Na arbitragem (estatuída na Lei 9.307/96) uma terceira pessoa é escolhida 
para julgar a lide, seus poderes vão além da mediação, chegando a possuir poderes 
decisórios, todavia, não é capaz de executar suas sentenças, que são consideradas 
como títulos executivos judiciais.
Problemas de ordem prática, como a inexistência do duplo grau de jurisdição 
e desconfiança das partes, fazem com que a arbitragem não seja muito utilizada no 
Direito do Trabalho.
No que tange especificamente á arbitragem, temos que, sua utilização 
restou incentivada em alguns institutos do direito do trabalho, é o que ocorre 
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN
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nos casos de:
•	 participação nos lucros (Lei nº 10,101/00, artigo 4º, II);
•	 greve (Lei nº 7783/89, artigo 3º);
•	 trabalho portuário (Lei nº 8630/93, artigo 23, §1º).
•	 Solução de conflitos coletivos (§2º do artigo 114 da CR/88);
Pode-se assim afirmar que O ordenamento justrabalhista admite 
expressamente o uso da arbitragem para a solução de dissídios coletivos de 
trabalho (CRFB, art. 114, §§ 1º e 2º). 2
Há fundada posição doutrinária de que a arbitragem só teria cabimento nos 
conflitos coletivos de trabalho, já na seara do direito individual não teria aplicação 
diante da natureza indisponível dos direitos trabalhistas, pois o art. 1º, da Lei 
9.307/96 só admite a arbitragem nos direitos patrimoniais disponíveis.
Sérgio Pinto Martins entende ser cabível a arbitragem no âmbito do Direito 
individual do trabalho, ante a inexistência de vedação expressa na Lei 9.307/96 e 
pela omissão celetista nesse sentido.
Registre-se, ademais, embora minoritária na doutrina e até então não 
acolhida pela jurisprudência do TST, há a respeitável tese dos professores 
José Augusto Rodrigues Pinto e João de Lima Teixeira Filho segundo os quais, 
após a Emenda Constitucional nº45/2004, ao prever a possibilidade de dissídio 
coletivo de natureza econômica somente por “comum acordo”, a atividade 
judicante de resolução de conflitos coletivos do trabalho transmudou-se em 
arbitragem institucional. 3
OBS: Este trabalho compreende um estudo/síntese de propriedade intelectual de 
Wander Medeiros Arena da Costa e não pode ser utilizado para qualquer fim comercial 
sem autorização expressa.
BIBLIOGRAFIA DA AULA
BRANCO, Ana Paula Tauceda. A colisão de Princípios Constitucionais 
no Direito do Trabalho. Ed. LTr, São Paulo: fevereiro/2007.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: 
LTr, 4ª ed., Julho/2005.
DELGADO, Maurício Godinho, Princípios de Direito Individual e Coletivo 
do Trabalho, 2ª ed., ed. LTr, São Paulo:2004.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Curso de Direito Processual do Trabalho, 
2 GEMT R.15-08, conteúdo extraído das várias respostas à questão 03 da 
rodada, que por sua vez reproduzia a questão de segunda fase do concurso 
do TRT 14 de 2008.
3 GEMT R.15 de 2008, conteúdo extraído das várias respostas à questão 
03 da rodada, que por sua vez reproduzia a questão de segunda fase do 
concurso do TRT 14 de 2008.
Direito do Trabalho II - Rafael Medeiros Arena da Costa - UNIGRAN 
101
5ª edição, 1ª tiragem, Editora LTr, São Paulo: fevereiro/2005.
MARTINS, Sérgio Pinto, Direito Processual do Trabalho, 19ª edição, São 
Paulo: 2003, ed. Atlas.
SIMM, Zeno, Os Direitos Fundamentais e a seguridade social, ed. LTr, 
São Paulo: 2005.
SCHIAVI, Mauro, Manual de Direito Processual do Trabalho, Ed. LTr 71-
02, 2ª ed, São Paulo, Fevereiro: 2009.
LUTA,
Teu dever é lutar pelo direito, mas, se acaso um dia encontrares o direito em 
conflito com a justiça, luta pela justiça.
Decálogo do advogado (Eduardo Couture).

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