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ADVOGADO X ADEVOGADO, QUAL DELES VOCÊ QUER SER?

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Advogado
x
“Adevogado”
Qual deles você quer ser?
Geraldo Cossalter
Advogado
x
“Adevogado”
Qual deles você quer ser?
Direção Editorial: 
Marco Aurélio Lucchetti
Edição:
Marco Aurélio Lucchetti
Programação Visual:
Gabriel “Billy” Castilho
Copidesque e Revisão do Texto: 
Marco Aurélio Lucchetti
Ficha catalográfica elaborada por Kamila Veronese (CRB 8/7335)
C836a
Cossalter, Geraldo Domingos
 Advogado x adevogado, qual deles você quer ser? 
/ Geraldo Domingos Cossalter. – Ribeirão Preto : 
Paradoxo Editorial, 2014.
 102 p. 
 ISBN 978-85-917905-0-0
 Inclui bibliografia
 
 1. Direito. 2. Direito – Língua portuguesa. I. 
Título. 
 CDU: 340
SUMÁRIO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO 
ESCLARECIMENTO SOBRE A PRONÚNCIA 
“ADVOGADO” 
O ADVOGADO E O “ADEVOGADO” 
O CONCEITO DA CHAVE MESTRA 
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA 
A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS ORAIS E ESCRITOS 
A PRODUÇÃO DE TEXTOS 
A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
O POLIGLOTA DA LÍNGUA MÃE 
TEXTOS ÉTICOS E OBJETIVOS 
A ORATÓRIA COLOQUIAL, CULTA E TÉCNICA 
A ARTE DA PERSUAÇÃO ORAL E ESCRITA 
A ANÁLISE HUMANA 
A REFLEXÃO 
A ALTERIDADE 
A VOCAÇÃO 
A HUMILDADE, A SIMPLICIDADE E A SOBERBA 
EPÍLOGO 
21 
23 
29 
31 
35 
39 
43 
49 
53 
59 
63 
67 
73 
77 
81
85
91 
95 
99 
7
Geraldo Cossalter
HOMENAGEM
Peço licença ao caro leitor para homenagear minha querida 
Nita (Tânia), pelos 33 anos de cumplicidade. 
Eu amo você, Tânia; sua fidelidade me faz um homem 
honrado e feliz. Obrigado pelas noites mal dormidas, pelas manhãs 
de trabalho árduo, pelos dias de estudo e inúmeros finais de semana 
sem lazer, quando estive debruçado sobre os livros. Obrigado por me 
incentivar e por acreditar em meu trabalho!
Quero também prestar uma homenagem ao Rafael, nosso 
menininho, que há 23 anos se foi. 
Fruto do nosso amor, sua presença é constante em tudo o 
que faço. E, por esta razão, jamais irei desistir de lutar pela vida.
Eu amo você, meu filho, anjinho que Deus nos emprestou 
um pouquinho!
9
Geraldo Cossalter
DEDICATÓRIA
“A humanidade quer sempre ir além de seus limites.
Isto é uma grande mentira! A grande verdade é que a 
maioria dos homens teme ir além de seus limites.”
Geraldo Cossalter, 2013
Eu sempre tive o desejo de cursar Direito. E, sem que 
haja uma explicação qualquer, passei pelo menos dez anos indo de 
faculdade em faculdade, com a intenção de me matricular; mas, 
quando chegava o momento de começar o curso, eu acabava deixando 
para o ano seguinte. No momento em que definitivamente fui cursar 
Direito, eu contava cinquenta anos e acabara de me aposentar. 
Isto ocorreu no final do ano de 2011, quando conheci o Prof. 
Alexandre Meneghin Nutti. Naquela época, o Prof. Nutti era o vice-
coordenador do curso de Direito da UNIP, Campi Vargas, Ribeirão 
Preto, SP. Em 2012, quando comecei o curso, ele havia se tornado 
o coordenador do curso de Direito. Voltando em 2011, tão logo o 
Prof. Nutti me contou a história de seu pai, um grande advogado que 
se formou com mais de quarenta anos, percebi que minha hora havia 
chegado finalmente. Eu poderia ficar pelo resto da vida aposentado, 
vivendo uma vida sem perspectivas, já que viver da aposentadoria 
10
Advogado x Adevogado 
em nosso país é tarefa muito difícil. Eu também poderia ficar sem 
fazer nada ou pescar vez ou outra; entretanto, não era exatamente 
o que eu queria fazer. Apesar de estar aposentado, continuava a 
trabalhar como administrador, mesmo assim me faltava algo. Após 
experimentar muitas dúvidas, concluí que cinquenta anos não é idade 
para estar apenas aposentado, pelo menos para mim, porque sei que 
eu morreria pouco a pouco, se deixasse meu desejo passar em branco 
por esta vida. Diante disto, decidi finalmente iniciar a realização do 
maior projeto que sempre tive desde minha juventude; aliás, acabei 
por descobrir que o Direito não era apenas um projeto, e sim minha 
verdadeira vocação. Acabei descobrindo que o Direito é uma missão 
nobre e não apenas uma profissão. Descobri que a missão social do 
profissional do Direito tem relação direta com a essência humana. 
E foi aí que enxerguei a razão de estar vivo, pois em vão será minha 
vida, se jamais puder exercer o Direito em prol das pessoas. Quando 
eu era um adolescente, a vida me levou para muitos caminhos, já 
que precisava trabalhar e não podia seguir o caminho dos estudos; 
porém, nunca esqueci o Direito. Todavia, antes de iniciar o curso, eu 
jamais havia imaginado que pudesse encontrar uma forma de pensar 
tão ampla, pois sempre enxerguei o Direito bem direito, até porque 
sempre me achei direito. No entanto, chegando ao lançamento desta 
obra, posso assegurar que o Direito continua direito e eu também. 
Hoje, sei que nem tudo o que eu acreditava ser direito é direito. 
Não apenas para o Direito, uma vez que na vida somos muitas vezes 
levados a acreditar em um mundo irreal e cheio de falsas verdades. 
Mas o que é realmente ser direito? Que é o Direito? Quando passei a 
11
Geraldo Cossalter
enxergar o Direito sob um prisma que nunca imaginei existir, pude 
ver que há um conceito inicial para este mundo. Fiquei pasmo pela 
sua simplicidade. Não pelo seu conteúdo, visto que este é bastante 
complexo; mas exatamente por ser tão simples de enxergá-lo. Fiquei 
empolgado e ao mesmo tempo preocupado. Quando cheguei para a 
primeira aula, eu me sentia tranquilo, acreditando que minha idade 
e experiência de vida certamente iriam contribuir muito com meu 
desempenho. Ledo engano! Então, por meio das aulas e das lições 
de meus mestres, a realidade humana e a abrangência do Direito, 
pude ver o quanto eu preciso estudar, pois, geralmente, o assunto 
principal desta obra é desprestigiado por muitos, podendo ser 
calouros, veteranos e até mesmo profissionais do Direito. Olhando 
sempre por este prisma, fundamentei em meus pensamentos que 
existe uma matéria que conceituo como a porta de entrada para o 
complexo mundo do Direito. Tal porta de entrada intitulei
“o conceito da chave mestra”; e tal
“chave mestra” 
me foi apresentada pela Profª Dra. Ana Dorotéia Arantes Medeiros, 
a quem dedico esta obra.
13
Geraldo Cossalter
AGRADECIMENTO
Foram muitas horas de trabalho e reflexão. Estou feliz e 
agradecido. A publicação desta obra de natureza muito simples foi 
possível graças ao aprendizado que pude obter de meus mestres. A 
influência que cada um deles exerceu em meus pensamentos é o 
combustível que gerou este resultado. Minha responsabilidade é 
maior de agora em diante, pois, ao reunir citações, pensamentos 
e matérias que com eles aprendi, consegui dar início a uma nova 
forma de pensar. Reconheço a importância de tê-los ouvido e, 
principalmente, por ter absorvido a essência de seus ensinamentos. 
 Posto isto, tenho a honra de relacionar seus nomes em 
ordem alfabética como forma de lhes render a minha eterna gratidão:
Dr. Alexandre Meneghin Nutti
Dr. André Luiz Carrenho Géia
Dra. Ana Dorotéia Arantes Medeiros
Dr. Humberto Rocha
Mestra Juliana Souza Lopes
Prof. Leandro Vila Torres 
Dr. Luiz Henrique Beltramini
Dr. Luiz Vicente Ribeiro Corrêa
Dr. Marcelo Velludo Garcia de Lima
Dra. Maria Ester V. A. Monteiro de Barros
14
Advogado x Adevogado 
Dr. Matheus Marques Nunes
Dr. Ricardo Velasco Cunha
Dr. Rodrigo Forcenette
Dr. Samuel Nobre Sobrinho
Dra. Tríssia Maria Fortunato Paes de Barros.
Suas lições jamais serão esquecidas.
15
Geraldo Cossalter
OUTRO AGRADECIMENTO
A UNIP, Campi Vargas, Ribeirão Preto, SP, me acolheu, 
oferecendo estrutura, atendimento, recursos para o aprendizado e, 
acima de tudo, uma equipe de profissionais exemplares em todas as 
áreas. Este conjunto denota a cultura voltada para o ser humano, 
razão de meu orgulho em carregar o seunome pelo resto de minha 
vida. 
Na pessoa da vice-reitora Profª Melânia Dalla Torre, 
agradeço e enalteço a Universidade Paulista pelas oportunidades que 
aqui pude encontrar.
Obrigado, UNIP. Seu nome é o meu escudo!
17
Geraldo Cossalter
ÚLTIMO AGRADECIMENTO
Há vários anos, fui indicado ao Dr. Cristiano, um jovem 
e competente advogado. Na ocasião, eu necessitava de orientação 
jurídica; e ele pensou que eu fosse um advogado. Com o passar dos 
anos, tornamo-nos amigos; e, por diversas vezes, ele me incentivou 
a cursar Direito. 
Quando eu comecei a cursar Direito, tive o privilégio de ser 
convidado pelo Dr. Cristiano, a participar de palestras e atividades 
promovidas pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), 12ª 
Subsecção de Ribeirão Preto, SP. E, por seu intermédio, conheci e 
tenho conhecido pessoas que muito têm ajudado em minha trajetória 
como estudante de Direito.
Tenho participado de diversos eventos. E asseguro que 
estas oportunidades têm sido importantes para aprimorar o meu 
conhecimento. É a Casa da Advocacia cumprindo o seu papel 
social democraticamente. Penso que o aluno de Direito e o cidadão 
deveriam participar dos eventos lá realizados, já que promover a 
cidadania é o principal objetivo desta casa. Com certeza, a OAB já 
faz parte de minha formação e continuará a fazer sempre, até porque, 
lá tenho encontrado respostas para muitas dúvidas e muitas dúvidas 
para novas respostas. 
18
Advogado x Adevogado 
Na pessoa do Dr. Cristiano Jacob Shimizu (aquele 
jovem advogado do início da história), da Dra.Thaís Helena 
Cabral Kourrouski, da Dra. Marília Constantino Vaccari e do 
atual presidente, Dr. Domingos Assad Stocco, enalteço o trabalho 
e agradeço a receptividade de todos os membros da OAB, 12ª 
Subsecção de Ribeirão Preto SP, casa, onde já me sinto em casa.
19
Geraldo Cossalter
MENSAGEM ESPECIAL
Geraldo, especial aluno:
Percebi que você construirá pela vida de aluno, futuro 
profissional, aos poucos na UNIP, lutando e vivendo cada momento, 
absorvendo experiências de vida, cultura e tudo que há de melhor na 
vida universitária. 
Simplicidade é a sua tônica, e será sua vitória!
Obrigada por honrar a UNIP!
Melânia Dalla Torre – Vice-Reitora, Campi Vargas, Ribeirão 
Preto, SP
21
Geraldo Cossalter
PREFÁCIO
O bom vernáculo no exercício profissional é o tema deste 
livro-manual, de autoria do admirável acadêmico do curso de Direito 
da UNIP – Universidade Paulista, Campi Vargas, Ribeirão Preto, 
Geraldo Cossalter. É uma obra voltada não só para o acadêmico em 
Direito, mas também para todo e qualquer profissional, quer ainda 
estudante ou não.
Livro bom deve ser lido por todas as pessoas. Este, do qual 
tenho a honra de prefaciar, deve ser lido por todos os operadores do 
Direito e especialmente pelos universitários do curso de Direito, já 
que a palavra ou a boa verve é a arma de quem tudo na vida quer 
fazer benfeito, isto é direito. 
Embora o livro nos mostre as razões para ter uma boa 
redação na atuação do estagiário de Direito e do advogado, esta obra, 
pelas considerações que lhe foram dedicadas, a objetividade, síntese 
e a preocupação do autor para com os universitários, bacharéis em 
Direito em tempo de prestar o exame de ordem, diz respeito não 
apenas à Advocacia, mas também a outras pessoas que diuturnamente 
tentam a efetivação do Direito e a conquista do ideal de justiça. 
Valor este buscado pelo homem de há muito e muito tempo.
Por oportuno, vivemos momentos que os cidadãos estão 
exigindo vertiginosas mudanças na sociedade brasileira, que cada 
22
Advogado x Adevogado 
vez mais se faz monossilábica nos seus relacionamentos pessoais 
e eletrônicos. E o autor, com este manual, procurou mostrar a 
necessidade da boa escrita. E, neste passo, este livro é um presente 
para os universitários, sobretudo para aqueles que desejam ingressar 
no mundo do Direito, na OAB, pois se trata, consoante dito, de 
um manual de fácil compilação, entendimento e com alguns 
pronunciamentos de seus professores da UNIP.
Portanto, antevejo e auguro excelente sucesso no mercado 
livreiro (embora este não seja o seu objetivo) para esta obra de 
autoria de Geraldo Domingos Cossalter, acadêmico que conheci na 
universidade e que com ele também aprendo, respeito, admiro e de 
cuja amizade tenho o privilégio de hoje usufruir.
Ribeirão Preto, agosto de 2014
Luiz Vicente Ribeiro Corrêa, advogado há 33 anos; professor 
universitário há trinta anos; e ex-presidente (2001-2003) da OAB 12ª 
Subsecção de Ribeirão Preto, SP
23
Geraldo Cossalter
INTRODUÇÃO
“A compaixão consiste em abdicar da arrogância e 
compreender que também sou imperfeito.” 
Geraldo Cossalter, 2012
No mundo do Direito, o glamour é valorizado por muitos, 
ou quem sabe até seja o principal motivo para grande parte daqueles 
que pretendem um dia se tornar bacharel em Ciências Jurídicas e 
depois advogado (a). Sim, o glamour, pois se trata de uma profissão 
reconhecidamente respeitada, admirada e – por que não dizer? 
incompreendida; mas glamorosa, sempre glamorosa. Afinal, a 
profissão pode representar um sonho, uma tradição de família ou 
pode ser uma opção para realizações financeiras. É também uma 
forma de participar de concursos e se tornar um funcionário publico 
com uma carreira estável. Não importa, até porque existe uma 
infinidade de razões; entretanto, ter vocação para o Direito implica, 
acima de tudo, dedicação, estudo e pesquisas constantes e amor pela 
humanidade. 
 Provavelmente existam muitos outros motivos; porém, 
o fato é que o caminho dos estudos e do conhecimento deve ser 
percorrido de uma maneira única, já que um (a) advogado (a) mal 
24
Advogado x Adevogado 
informado (a) e malformado (a) enfrentará dificuldades imensas. 
Todo universitário precisa compreender que, para se tornar um 
grande profissional do Direito, deve incorporar e assimilar muitas 
etapas; aliás, são tantas etapas, que chego a me perder se for enumerá-
las uma a uma, pois não existe uma sequência lógica ou um manual 
que nos leve diretamente ao ponto do total conhecimento do Direito, 
uma vez que o Direito requer um aprendizado que jamais terá fim! 
Não existe um caminho predeterminado que levará o estudante 
ao conhecimento total e exato do Direito. Isto é impossível, razão 
pela qual o legítimo profissional do Direito deve ser, antes de tudo, 
um eterno estudante. O futuro profissional do Direito, a partir da 
data que inicia o curso, passa a ter a necessidade permanente de 
estudar. Não apenas até o quinto ano, ou até conseguir a tão sonhada 
carteira da OAB; mas deverá estudar e pesquisar sempre, já que o 
Direito é muito amplo. O Direito não é rígido e nem tampouco 
tem as mesmas respostas ou os mesmos resultados em situações 
que aparentemente são iguais. A propósito, nada no Direito é 
igual, nada no Direito é constante, nada no Direito é certeza. A 
única certeza que podemos ter é a necessidade da constante busca 
do conhecimento e aprimoramento profissional e pessoal. Para 
aquele que quer se tornar um grande profissional do Direito, para 
aquele que tem vocação para o Direito, deixo aqui uma pequena, 
porém valiosa dica, que poderá fazer toda a diferença durante a 
vida: jamais deixe de “estudar, pesquisar, compreender e interpretar o 
Direito” pelo resto de sua vida, sempre mantendo a mente preparada 
para enxergar horizontes novos todos os dias, porque jamais haverá 
25
Geraldo Cossalter
algum tipo de tecnologia que possa substituir o pensamento e o 
conhecimento. Tecnologia alguma poderá substituir a linguagem ou 
a língua, tecnologia alguma irá substituir a expressão. A eficiência do 
aprendizado dependerá exclusivamente de seu interesse individual 
e da forma como irá progredir dia a dia, seja na sala de aula, seja 
fora dela e principalmente nas relaçõeshumanas, afinal; ninguém 
aprende isolado ou sozinho.
 Jamais espere que tudo venha com facilidade, pois sua 
responsabilidade como estudante de Direito é muito grande e tem 
início desde a primeira aula. Jamais eleja os mestres como culpados 
pelo seu fracasso, já que, para um mestre, o sucesso de seus discentes 
é o maior prêmio que pode receber. Portanto, tenha sempre a certeza 
de que você é o grande responsável pela sua trajetória e pelo sucesso 
ou fracasso que atingir. Muitos, quando entram em sala de aula pela 
primeira vez, ficam imaginando e pensando diversas coisas, tais como 
as matérias, como são os mestres, como serão os trabalhos, a pausa 
para o lanche, as paqueras, as festas, os livros mais importantes, a 
formatura, a festa de formatura, enfim existem tantas dúvidas, tantas 
vontades, tantas necessidades que chegam a deixar alguns confusos 
e outros inseguros. Pois bem, diante do exposto, posso afirmar que 
existe uma matéria que é a “chave mestra” que abre a porta para 
o mundo do Direito. Quando passei a enxergar esta matéria sob 
este prisma, pude começar a enxergar pelo mesmo prisma todas as 
demais matérias. Obviamente que todas as matérias são de extrema 
importância; mas, como tudo na vida tem um início, passei a refletir 
sobre o assunto e, agora, decidi exteriorizar o “conceito da chave 
mestra”. 
26
Advogado x Adevogado 
Mas que conceito é este? 
Que é a chave mestra? 
Talvez as leis, os códigos?
Não seria a Filosofia? 
Talvez a Psicologia?
Que tal as Instituições Judiciárias? 
Direito civil, trabalhista, penal?
Direito público ou privado?
Seriam os direitos fundamentais?
Direito penal ou História do Direito?
Direito constitucional?
Direito processual civil, penal?
Sim, todas elas e muitas outras formam o conjunto que 
deverá ser compreendido e assimilado, pois individualmente todas 
são importantes; porém, em conjunto elas se completam, haja vista 
que o Direito é um só. O Direito é subdividido para promover 
uma melhor compreensão didática; todavia, é um único bloco. De 
qualquer maneira, o “conceito da chave mestra” elege uma matéria 
como sendo aquela que deverá receber uma atenção especial desde o 
início do curso de Direito, visto que, sem o seu domínio, dificilmente 
se conseguirá dominar as outras matérias. Talvez ela possa ser a mais 
desprezada pelos universitários e até mesmo por muitos profissionais 
do Direito; entretanto e sem qualquer dúvida, sempre será a matéria 
que, desde que seja compreendida e aplicada corretamente, fará do 
27
Geraldo Cossalter
estudante de Direito um (a) futuro (a) advogado (a). Caso contrário, 
o que acabaremos vendo será um (a) “adevogado (a)”. 
 Qual deles você quer ser?
29
Geraldo Cossalter
ESCLARECIMENTO SOBRE A PRONÚNCIA 
“ADVOGADO”
Quando se tem, em determinado vocábulo,  p+e, 
pronuncia-se pe; já p+i  soa, logicamente, pi. Psozinho, todavia, 
não seguido de vogal alguma na palavra, não é pe nem pi; constitui 
apenas um ruído, e não um som, uma vez que este se caracteriza 
pela presença de uma vogal (a, e, i, o, u).
Deve-se ter em mente essa realidade, quando se está diante 
de palavras com consoantes desacompanhadas de vogais: absoluto, 
administração, admirar, advogado, captar, optar, pneu, psicologia.
 Tente o leitor, como exercício, pronunciar, diferenciando 
pe,  pi  e simplesmente  p. Quando notar a diferença, verá, por 
exemplo, que a pronúncia não será  p(i)neu  nem  p(e)neu, mas 
apenas  pneu. Em seguida, tente exercitar-se na pronúncia de 
outras palavras que tenham consoantes desacompanhadas de 
vogais, como as da lista anterior.
Quando isso ocorrer, há de verificar, para o caso específico 
da consulta, que não se pronuncia ad(e)vogado nem ad(i)vogado, 
mas apenas advogado.
Acrescente-se, ainda, que a parte da Gramática que cuida da 
correta pronúncia dos vocábulos chama-se ortoepia (ou ortoépia). 
E Eliasar Rosa, a respeito de advogado, faz a seguinte advertência:
30
Advogado x Adevogado 
“É comum ouvir o barbarismo:  adevogado.”1 Epêntese 
viciosa que até advogados cometem, porque não proferem 
muito ligeiramente o  d, mas lhe acrescentam, na pronúncia, 
um e inexistente.
Esclareça-se, por fim, que  epêntese viciosa  é a inserção 
equivocada de um ou mais fonemas no meio de uma palavra, 
geralmente para facilitar a pronúncia.
1Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 
9ª. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1993, p. 23.
31
Geraldo Cossalter
O ADVOGADO E O “ADEVOGADO”
“Quanto mais advogados bons, pior para você; a 
concorrência será grande.” 
Prof. Matheus Marques Nunes, 2012
Quando falamos do advogado, logo imaginamos um 
profissional muito bem trajado, conceituado, respeitado e, acima de 
tudo, bem-sucedido. Isto vale para todos os profissionais da área do 
Direito, homens e mulheres, pois não estou distinguindo sexo e sim 
falando do profissional. 
 O (a) advogado (a), para obter o título precisa ser 
necessariamente bacharel em Ciências Jurídicas, ter aprovação nas 
duas fases do exame da OAB, pagar uma anuidade e assim estar apto 
para advogar.
 Sabemos muito bem que o (a) advogado (a) necessita 
passar por todas estas fases, mas e o (a) “adevogado (a)”?
Obviamente que o “adevogado (a)” não existe e é apenas 
uma forma de expressão que poderá ter muitos significados. No 
nosso caso, trata-se de uma forma folclórica de descrever o mal 
profissional.
32
Advogado x Adevogado 
Obviamente que, em toda e qualquer profissão, iremos 
encontrar aqueles que de alguma forma acabam se tornando 
exemplos que não devem ser seguidos; porém, não pretendo falar 
dele, mas do verdadeiro profissional do Direito, o (a) advogado (a). 
Tal profissional do Direito tem premissas que devem fazer parte de 
sua vida cotidiana, pois é um formador de opinião e, pelo fato de 
conhecer as leis, tem a obrigação de ser um agente da e na sociedade.
 A ética, o caráter, a civilidade, a cortesia, a boa-fé, a 
integridade, as boas relações, o respeito e a verdade são alguns deveres 
de todo cidadão; entretanto, o (a) advogado (a), por ser exemplo a 
ser seguido e formador de opinião, tem a responsabilidade de jamais 
abdicar de tais práticas. O (a) advogado (a) tem uma nobre missão 
social e, por esta razão, deve carregar consigo, por toda a vida, o 
compromisso de sempre cumprir deveres, antes de exigir direitos. 
 Como nos ensina o Prof. Luiz Henrique Beltramini, 
“o (a) advogado (a) tem por obrigação ser parte da solução e não do 
problema que lhe é apresentado”.
Muitos profissionais do Direito acabam por acumular erros 
— seja pelo despreparo, seja pela falta de conhecimento ou até de 
informação — e acabam perpetuando erros nos processos. Erros 
esses que muitas vezes prejudicam o cliente e a si mesmos. Tais erros 
estão ligados diretamente ao “conceito da chave mestra”. 
Praticar o Direito é estudá-lo e jamais abandoná-lo, pois 
está aí o cerne de todo o conhecimento jurídico. Está aí o epicentro 
de todo o conhecimento que todo profissional do Direito deve ter, 
pois, sem tal prática, o profissional, com certeza, estará fadado ao 
33
Geraldo Cossalter
fracasso perante seus pares, perante magistrados e promotores e 
perante seus clientes.
 O fascinante mundo do Direito deixa qualquer calouro 
em estado de ansiedade desde a primeira aula, já que são muitas 
dúvidas, são muitas expectativas, são muitos pensamentos que fazem 
deste momento tão especial algo indescritível e ao mesmo tempo 
temeroso. 
 Juiz ou Promotor?
 Delegado ou Cartorário? 
 Concursos públicos?
 Profissional liberal?
 Consultor?
 Advogado (a) especialista em que área?
 São tantas oportunidades, que muitos chegam ao ponto 
da incerteza até mesmo quando estão próximos de se formarem ou 
até quando já estão formados. 
 Logo no início do curso muitostêm em mente que as 
principais matérias são as relacionadas às leis. Outros acreditam que 
interpretar as leis é o fator preponderante para se tornar um bom 
profissional. Outros ainda acreditam que seguir a lei corretamente 
bastará para se tornar um profissional exemplar. 
 Pense comigo:
 São tantas matérias, tantos trabalhos, tantos livros, tantos 
questionamentos, que muitas vezes o estudante não consegue 
compreender a importância do conjunto formado pelas matérias 
que se completam com o passar do tempo e do aprendizado. 
34
Advogado x Adevogado 
Quando o aluno não consegue tal compreensão, 
provavelmente deixou algo passar despercebido, deixou passar algo 
de grande importância. E é aí que a compreensão do Direito acaba 
ficando difícil para alguns e impossível para outros. 
Muito bem, já descobriram o “conceito da chave mestra”?
Ainda não? 
Pois bem. Em nosso próximo capítulo, finalmente iremos 
começar a tratar deste assunto, razão desta obra. E o leitor começará 
a compreender o tamanho de sua importância, haja vista que, sem 
ela, e absolutamente sem ela, jamais iremos compreender todas as 
demais matérias.
35
Geraldo Cossalter
O CONCEITO DA CHAVE MESTRA
“Aconselho o universitário do curso de Direito a ter sempre 
consigo um bom dicionário da Língua Portuguesa e um bom 
dicionário de termos jurídicos, além de estabelecer um aprendizado 
dos termos em Latim.”
Profª Ana Dorotéia Arantes Medeiros, 2012
Muitos poderão não entender hoje, mas no futuro irão 
compreender o tamanho de sua importância:
Como nos ensina a Profª Ana Dorotéia Arantes Medeiros, 
a Língua Portuguesa, a linguagem, a Literatura e um vocabulário rico 
formam o “conceito da chave mestra”. Podemos acrescentar o Latim 
como acessório importante para a profissão, e assim formamos por 
completo tal conceito.
 Espantado, espantada? Simples demais, não é? O incrível 
é que tenho visto com muita frequência que o desconhecimento 
e o desinteresse por nossa língua mãe tem sido o fator gerador de 
reprovas, não só nas provas da OAB, mas também em concursos e 
na seleção de candidatos às diversas áreas no mercado de trabalho. 
Não é apenas no Direito, mas em muitas áreas; entretanto, para o 
36
Advogado x Adevogado 
(a) advogado (a), isto é inconcebível, pois sem compreender a nossa 
língua mãe, jamais saberemos as demais matérias do Direito. Jamais!
 É preciso compreender que nossa língua mãe é a grande 
porta de entrada para o Direito.
 Isto é real e certo, pois imaginemos daqui a alguns anos a 
diferença entre aqueles que tiverem um grande vocabulário e os que 
não tiverem. Imaginemos uma petição com erros de acentuação e 
de Português. Imaginemos qual será o comentário de um (a) colega 
advogado (a). Imaginemos o conceito que o magistrado terá deste 
profissional. Imaginemos um texto mal redigido, que servirá para 
perpetuar os erros deste (a) profissional. Imaginemos o tipo de 
advogado (a) que este (a) profissional será.
 O “conceito da chave mestra”, a chave que abre todas as portas 
para o mundo do Direito, tem na língua, na linguagem, na leitura, 
no vocabulário, na interpretação de textos, na produção de textos e 
na expressão oral e até corporal o seu grande segredo. E aqueles(as) 
que dominarem todas estas técnicas certamente compreenderão as 
outras matérias do curso, pois, além da compreensão propriamente 
dita, irão esbanjar conhecimento da forma mais difícil que existe, ou 
seja, “colocando no papel”, para que possa ser compreendido(a) por 
quem lê. 
Um profissional jamais poderá cometer erros primários, 
que comprometam a sua reputação, uma vez que produzir um texto 
jurídico recheado de erros será o mesmo que perpetuar a própria 
incapacidade profissional, será o mesmo que perpetuar a própria 
falta de conhecimento, algo inconcebível para um profissional 
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Geraldo Cossalter
do Direito. Pense bem e não deixe que isto aconteça em sua vida, 
porque, apesar da tecnologia que pode ser usada para corrigir textos 
– leiam-se programas de correção ortográfica –, o conhecimento 
sempre será insubstituível.
 Segure a sua “chave mestra” e abra todas as portas do 
mundo do Direito, começando por conhecer a nossa língua e a nossa 
linguagem.
 Desenvolva um vocabulário rico e seja um(a) profissional 
admirado(a) e respeitado(a), pois o início de tudo deverá ser “a 
primeira palavra dita e a primeira palavra escrita”.
 E, sendo assim, “bem dita e bem escrita” farão de sua 
reputação o seu maior patrimônio.
 Aliás, existe ainda um componente da maior importância. 
E tal componente chamamos de mestres. Sim, os nossos mestres, 
pois tenham a certeza de que eles sempre estarão lá para ajudá-lo 
(a), bastando criar um relacionamento honesto com cada um deles; 
eles irão retribuir com lições que o (a) tornarão um (a) profissional 
gabaritado (a). Quando falo em um relacionamento honesto, eu falo 
de honestidade consigo mesmo (a), isto mesmo, consigo mesmo (a), 
pois os mestres não são ingênuos e sabem perfeitamente quando estão 
sendo enganados; porém, o (a) grande enganado (a) nesta história 
será você mesmo (a), já que o resultado final, sendo ele bom ou 
ruim, será destinado 100% a você. Seja honesto (a) consigo mesmo 
(a) e terá para sempre os mestres. Seja honesto (a) consigo mesmo 
(a) e terá para sempre seus amigos e futuros clientes. Seja honesto 
(a) consigo mesmo (a) e tenha o privilégio de se tornar um exemplo 
38
Advogado x Adevogado 
a ser seguido. Seja honesto (a) e colha uma safra tão abundante que 
você irá se surpreender com você mesmo (a). O (a) maior esperto (a) 
de todos (as) é o honesto (a). 
 
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Geraldo Cossalter
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
“Habituem-se aos termos técnicos do Direito, pois eles são 
vitais para o desempenho da profissão.”
Prof. Samuel Nobre Sobrinho, 2013
Para o (a) advogado (a), ler deve ser o mesmo que respirar. 
O hábito da leitura deve sempre começar na infância; porém, não é 
bem isto o que ocorre na vida de muitos, pelo menos foi assim comigo. 
Entretanto, ainda é possível na universidade começar a prática diária, 
não importando a preferência do leitor, já que todo tipo de obra 
pode ser considerada essencial para o conhecimento e gradualmente 
o crescimento do vocabulário. Quando falo em leitura, falo em 
bons livros, bons informativos, boas revistas e jornais. Bons livros, 
além de ajudar a evoluir o vocabulário, nos abrem os horizontes, 
que, de uma forma ou de outra, acabam por contribuir para o 
aprimoramento da cultura e o conhecimento. Sim, o conhecimento 
que acabamos adquirindo por meio da leitura muitas vezes nos leva 
a viajar sem sair do lugar, o que irá resultar em mais conhecimento, 
cultura e vocabulário. Criar e cultuar o hábito da leitura é ponto 
fundamental para o sucesso profissional, pois, além da construção de 
um vocabulário rico, o leitor poderá se tornar culto, o leitor poderá 
40
Advogado x Adevogado 
se tornar diferenciado; e estes diferenciais são muito procurados e 
respeitados no mercado de trabalho. Imaginemos um profissional 
do Direito com um vocabulário ruim, com uma escrita ruim, sem 
noção de pontuação e consequentemente sem nenhuma aptidão 
para interpretar ou produzir textos. Fatalmente, tal profissional 
terá dificuldades que não serão poucas e nem tampouco pequenas. 
Portanto, caro leitor, leia muito. Leia livros clássicos, de História, 
Direito, doutrinas, romances, política, revistas e jornais. Não 
importa, o importante é ler sempre e sempre ler bons assuntos. O 
leitor habitual adquire confiança e oralidade, razão de se beneficiar 
triplamente. Triplamente, por ser dono de um vocabulário rico, 
por ser dono de uma oratória confiável e finalmente por conseguir 
interpretar o que ouve e lê, já que o hábito o leva a isto. Vejamos o 
que nos ensina a Profª Maria Ester ViannaArroyo Monteiro de 
Barros: 
“Vocês precisam ler; quem não lê, não tem conteúdo.”
Portanto, leia, leia muito, pratique o hábito da leitura 
diariamente. Pratique conhecer e compreender as palavras por meio 
do dicionário ou outros meios de pesquisa. Jamais perca as boas 
oportunidades, pois a leitura está disponível a todos; porém, os que se 
esforçarem em praticá-la diariamente e constantemente certamente 
acabarão atingindo um nível que poucos irão atingir. Não pense que 
será fácil, tenha a certeza de que será uma luta árdua e constante; 
mas tenha a absoluta certeza de que, quando você estiver praticando 
a leitura, já terá dado um passo muito grande rumo a uma forma de 
aprendizado que jamais terá fim. Jamais leia por ler, tenha sempre 
41
Geraldo Cossalter
como meta uma leitura de pesquisa. Conforme lemos, devemos 
pesquisar, já que ler e deixar de entender determinadas palavras de 
nada adiantará. Pesquise lendo e leia pesquisando sempre. Nunca 
deixe de tirar dúvidas com os mestres, visite bibliotecas, utilize a 
internet como ferramenta de aprendizado, construa a sua biblioteca 
a partir do primeiro livro e não tenha pressa. Leia calmamente, 
serenamente, compreendendo e interpretando o texto, vivendo o 
texto. “Viver o texto” significa “mergulhar” na leitura. E uma leitura 
com estes ingredientes certamente trará benefícios com o passar do 
tempo. O tempo é preponderante para um aprendizado consistente 
e eficiente. Crie o hábito da leitura em momentos que geralmente 
são desperdiçados. Faça uma análise de seu dia a dia e descubra que 
existem muitos momentos que podem ser aproveitados para a leitura. 
Crie um roteiro para organizar os momentos diários, semanais e até 
mensais. Isto irá lhe beneficiar muito. 
 Ao praticar o hábito da leitura, certamente estará 
perseguindo um objetivo que o (a) levará a altitudes jamais 
imaginadas. E jamais pare de ler, visto que a subida é lenta e difícil, 
mas a descida é muito rápida. Leia e jamais deixe de ler, pois a 
leitura é gratuita e seus benefícios valem um tesouro que ladrão 
algum conseguirá lhe roubar. Com o tempo, isto será perceptível; 
e somente aqueles que praticarem a leitura poderão conhecer o seu 
verdadeiro e incontestável valor.
 Encerramos assim este capítulo, com uma técnica que 
muito irá contribuir para a boa leitura. Quem nos ensina é a Profª 
Ana Dorotéia Arantes Medeiros. 
42
Advogado x Adevogado 
Veja:
Leia e verifique se compreendeu; 
Escreva perguntas sobre o texto; 
Quando o texto não for compreendido, leia novamente;
Destaque as principais ideias; 
Após ler, repita o texto, usando suas próprias palavras;
Grife termos desconhecidos e consulte o dicionário;
Escreva um resumo; 
Consulte seu mestre sempre.
Bons estudos...
43
Geraldo Cossalter
A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS ORAIS E 
ESCRITOS
“Não comprem uma falsa realidade. Não queiram apenas 
um diploma.”
Profª Maria Ester Vianna Arroyo Monteiro de Barros, 2014
“Se eu perdesse a voz, estaria morto”, diz Lula a jornal (Portal 
Terra, terça-feira, 30 de março de 2012).
Observando esta frase do ex-Presidente Luis Inácio Lula 
da Silva, fica demonstrada a importância da fala dentro da sua 
profissão. Ele chegou a afirmar que teve mais medo de perder a voz 
do que de morrer. Por incrível que possa parecer, no caso dele, a 
fala é a principal forma de expressão e comunicação. A fala o levou 
a se tornar conhecido mundialmente. Existem casos como o do 
também ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, um intelectual 
que, apesar de dominar a fala, tem na escrita seu trunfo maior, 
inclusive por ter diversos livros publicados. Sem comparações 
políticas, mas comparando as diferentes formas de textos utilizados 
por cada um deles, podemos afirmar que Lula é conhecido por 
falar uma linguagem popular, com uma oratória envolvente, o 
que o tornou conhecido no mundo todo. Observando FHC, 
44
Advogado x Adevogado 
vemos que é um político de intelecto refinado, bom orador e com 
grande destaque como escritor desde 1969. A partir desta pequena 
comparação, podemos enxergar de uma forma prática as diferenças 
importantes entre um texto oral e um texto escrito, pois no nosso 
dia a dia, os textos orais são corriqueiramente usados em todos os 
tipos de comunicação. Como futuros profissionais do Direito, nossa 
responsabilidade muda radicalmente, visto que a Língua Portuguesa 
escrita passa a ser uma exigência, passa a ser uma necessidade dentro 
do ambiente jurídico, uma vez que são inaceitáveis linguagens 
grotescas, é inaceitável uma linguagem que leve o profissional ao 
ridículo ou ao descrédito. Obviamente que se faz necessária uma 
adaptação constante para cada caso, pois existem muitas diferenças 
entre os inúmeros ambientes onde o profissional irá militar, haja 
vista que nosso país tem dimensões continentais e não é incomum 
encontrar pessoas de localidades com costumes e formas de expressão 
diferentes.
É fundamental evidenciar que a linguagem se materializa 
por meio de textos, tanto orais quanto escritos; entretanto, cada tipo 
tem suas características próprias, pois não têm a mesma gramática 
nem os mesmos recursos expressivos. Na linguagem oral, muitas 
vezes usamos textos vagos, o que é próprio deste tipo de linguagem, 
já que a interação entre os interlocutores da conversa produzem o 
entendimento da linguagem. Isso é impossível no texto escrito, visto 
que na linguagem oral ambos (emissor e receptor da mensagem) 
partilham o conhecimento que possuem do assunto.
45
Geraldo Cossalter
No cotidiano, convivemos mais com textos orais. Aliás, 
todos os povos são assim; e a escrita não pode reproduzir muitos 
fenômenos do texto oral, na qual temos os gestos, a mímica, os 
olhos e outros movimentos do corpo (na linguagem escrita, temos o 
tamanho das letras e seu tipo, suas cores e pontuações diversas). Para 
se ter uma ideia, se transcrevermos um texto oral de uma reunião 
de cerca de trinta pessoas, provavelmente não entenderemos muita 
coisa, uma vez que o diálogo é extremamente repetitivo e não tem 
uma composição lógica; e, por esta razão, torna-se inapropriado para 
ser transcrito. De modo geral, fala e escrita apresentam distinções 
que, se forem bem interpretadas, nos fazem compreender suas 
diferenças.
A fala é uma forma de texto que, completada por gestos, 
mímica e movimentos do corpo, transmite ao ouvinte o seu sentido, 
enquanto a escrita é um modo de comunicação textual que se 
caracteriza pela sua constituição gráfica e trata-se de uma linguagem 
complementar à fala. Existem muitos textos escritos próximos ao 
da fala (exemplos: bilhetes curtos, cartas familiares), bem como o 
inverso, quando é possível se observar textos falados que também se 
aproximam do texto escrito. É comum acreditarmos que a verdadeira 
linguagem é a escrita, sendo a fala muitas vezes enxergada como um 
complemento da linguagem escrita. E, devido à aparente autoridade 
que emana da escrita, acabamos por acreditar que a escrita é a 
principal forma de linguagem. Há quem diga que devemos “falar 
como escrevemos”. Ledo engano! 
46
Advogado x Adevogado 
Existem razões para a supervalorização da escrita em 
detrimento da oralidade, visto que os que dominam a escrita 
geralmente se sobressaem exatamente pelo fato de dominar a escrita. 
Texto oral é natural. Basta uma criança conviver com 
familiares que aprenderá a falar, enquanto o texto escrito dependerá 
de interpretação, pois uma única vírgula poderá mudar totalmente 
o sentido da frase.
Os que dominam textos escritos geralmente são vistos 
como intelectuais, pois passam a falsa imagem de “mais inteligentes”; 
e, por esta razão, poderá ocorrer uma segregação, já que os que não 
dominam este tipo de linguagem podem ser excluídos naturalmente 
por não conseguirem compreender o sentido do texto.
Se concluirmos que a escrita édominante em relação 
à oratória, estaremos cometendo um equívoco, uma vez que, na 
prática, não é exatamente assim. Uma boa oratória geralmente 
proporciona a vantagem da rapidez para o orador frente aos ouvintes. 
Discursos e sermões são exemplos de linguagem oral que identificam 
e posicionam o orador. No caso dos sermões, geralmente ouvimos 
explicações de textos litúrgicos que não dominamos. No caso dos 
discursos, o mesmo ocorre. Quem de nós se atreveria a questionar 
um determinado assunto que não domina? A mesma coisa será em 
um tribunal, onde o (a) advogado (a) tem a obrigação de não apenas 
dominar a escrita ou a lei, mas também a oralidade.
Por outro lado, linguagem oral sofre rápidas mudanças, 
até porque novas formas de comunicação surgem geralmente 
pela oralidade, enquanto na linguagem escrita isto demora algum 
47
Geraldo Cossalter
tempo a ser incorporado. Refletindo, vemos que a escrita é mais 
conservadora; e a fala muda, indo ao encontro de épocas, modismos 
e acontecimentos, enquanto na escrita a incorporação é mais 
demorada. Talvez esse seja o maior choque daqueles que se aventuram 
no mundo da escrita, visto que a riqueza da linguagem falada fica 
reduzida à linguagem padrão. O falante regional sempre procura 
identificar-se com a língua padrão, pois é histórico que aprendemos 
na escola que a língua falada é a língua errada e a escrita, a certa. Por 
outro lado, quando conversamos, mudamos de assunto sem nenhum 
tipo de rigidez, sendo que, ao escrever, dependemos de frases mais 
longas que possam passar a devida compreensão do texto. Quando 
falamos, usamos nossa linguagem corporal, diferentemente do que 
acontece quando escrevemos, em que temos de expressar tudo “no 
papel”. Como já foi dito, uma criança aprende a falar naturalmente, 
vivendo dentro de um grupo familiar, enquanto a escrita depende de 
estudo e é preciso um duro trabalho prolongado de aprendizado e de 
mestres que nos ensinem.
Tais razões apresentadas até aqui confirmam a teoria 
da “chave mestra”, pois para o profissional do Direito sempre será 
inconcebível os textos (tanto orais quanto escritos) praticados de 
forma equivocada e que irão servir apenas para contribuir para a 
desvalorização do profissional.
A tarefa é árdua e constante. Mas é a partir de agora que se 
inicia a maior tarefa a ser realizada; porque, além da compreensão 
das demais matérias, a língua e a linguagem devem ser estudadas e 
compreendidas, para que se possa estudar e compreender as demais 
matérias.
48
Advogado x Adevogado 
Longe de afirmar que todas as outras matérias do Direito 
não são importantes, muito pelo contrário. Mas com a mais 
absoluta certeza é possível afirmar que “a chave mestra” abrirá as 
portas das outras matérias do Direito muito mais facilmente, muito 
mais claramente, fazendo do (a) futuro (a) advogado (a) um (a) 
profissional que saberá utilizar corretamente palavras, frases e textos, 
bem como saberá interpretar textos, criar textos e ser compreendido 
(a) por seus interlocutores. Acima de tudo, o importante é tornar-se 
um profissional ímpar. Pense nisto.
Portanto, caro leitor, mãos à obra, ou melhor, olhos nos 
livros, atenção nos mestres, atenção às dúvidas e estude muito, pois 
um dos segredos do bom profissional do Direito está bem diante de 
nossos olhos. Basta olhar para frente e para a lousa que ele estará lá. A 
lousa atrás e o mestre à frente dela. Porém, vale lembrar que depender 
apenas e tão somente de nossos mestres é um enorme engano, visto 
que de nada valerá ser um universitário exemplar e respeitoso, que 
escuta o mestre, que acompanha o raciocínio nas aulas, mas que não 
tem o hábito da leitura. Ler e compreender o conteúdo das matérias 
é fundamental, tanto para o aprendizado quanto para a evolução 
do vocabulário, porque, além da compreensão propriamente dita 
do conteúdo, aumentará as chances de o universitário se tornar um 
profissional exemplar. Assim, nunca se esqueça destes ingredientes: a 
lousa, os mestres, os livros, a dedicação e, acima de tudo, a vontade 
de aprender. Aprender sempre, este é o verdadeiro desafio e o 
verdadeiro objetivo.
49
Geraldo Cossalter
A PRODUÇÃO DE TEXTOS
“O tempo passa muito rápido. Estudem, estudar muito é 
o caminho.” 
Prof. Marcelo Velludo Garcia de Lima
Produzir textos que consigam exprimir ideias e que consigam 
traduzir pensamentos e sentimentos são, na verdade, o resultado do 
acúmulo de conhecimento obtido por meio da leitura, de pesquisas 
e estudos. Qualquer texto pode-se dizer que foi produzido. Todavia, 
para que possamos produzir textos com conteúdo, é necessário 
praticar o conhecimento e desenvolver o talento individual que 
possuímos naturalmente. Todos nós somos dotados de inteligência 
e raciocínio; entretanto, desenvolver o talento se faz necessário para 
a produção de textos diferenciados, o que certamente irá privilegiar 
com resultados surpreendentes os que se dedicarem com afinco. No 
geral, produzir textos significa ser compreendido, significa obter 
entendimento por parte daqueles que irão ler e interpretar o texto. 
Quando desenvolvemos uma ideia, é necessário que usemos de todo 
conhecimento obtido, além do talento que é natural em todos os 
seres humanos. Todos os seres humanos são diferentes uns dos outros 
e, portanto, têm talentos diferentes. Pode até ser o mesmo talento; 
50
Advogado x Adevogado 
porém, sempre será diferente. Como assim o mesmo talento; porém, 
diferente? Sim, podemos ter um determinado talento e outra pessoa 
o mesmo talento, mas de forma diferente. Explicando melhor: “A” 
tem talento para o desenho e “B” também tem. Mas “A” estabelece 
uma forma de desenhar que acaba determinando uma espécie de 
superioridade em relação ao desenho de “B”, exatamente pelo fato 
de conseguir ser compreendido pelos que olham o desenho de “A”.
No caso da produção de textos é a mesma coisa, ou seja, 
temos um talento que geralmente ainda não foi descoberto ou 
desenvolvido. Descobrir os próprios talentos sempre será essencial 
para o exercício do Direito; porém, desenvolver o talento para a 
produção de textos é algo tão grandioso que chego ao extremo de 
afirmar que aqueles que desenvolverem realmente este talento e, por 
consequência, conseguirem colocá-lo em prática certamente serão 
totalmente diferenciados perante seus pares e perante o mercado de 
trabalho. Produzir textos é muito mais que simplesmente escrever. 
Produzir textos significa pensar no resultado final do texto. Significa 
conseguir enxergar quais resultados podem ser obtidos pela redação 
do texto em questão. Produzir textos implica em conhecimento, 
talento, análise, pensamento e direcionamento, pois, para cada 
ocasião, temos de estudar especificamente. Produzir textos implica 
em traduzir a situação em questão, de forma a ser compreendido. 
Para o (a) advogado (a), produzir textos é o mesmo que usar com 
precisão cirúrgica um bisturi. Em síntese, o bisturi do advogado 
é o texto que irá produzir. O bisturi é a principal ferramenta do 
médico, assim como o texto é a principal ferramenta do advogado. 
51
Geraldo Cossalter
Produzir textos corretos é o mesmo que obter cirurgia de sucesso; 
portanto, não há de se falar em erros. O médico pode salvar ou não 
o paciente com um bisturi, enquanto o advogado pode salvar ou 
não o seu cliente com um texto. Portanto, o texto é essencial para a 
prática do Direito, independentemente de ser este ou aquele cliente, 
independentemente de ser esta ou aquela situação. A produção de 
textos corretos é essencial para um resultado positivo e tornar o (a) 
advogado (a) um profissional admirado e respeitado. Não significa 
“preencher espaços vazios”, pois a quantidade de linhas e páginas 
necessariamente não significa que se trata de um bom texto. Muitas 
vezes um texto bem construído tem exatamente na objetividade o 
seu principalfundamento. Deste modo, pensar, analisar, aplicar o 
conhecimento obtido, desenvolver o talento próprio e, acima de 
tudo, aplicar uma dose de filosofia certamente farão de você um 
profissional que irá construir e produzir bons textos. Pense bem 
e coloque em prática todo conhecimento que obter. Pense bem e 
coloque-se no lugar daqueles que estão vivenciando a situação, 
obviamente que sem qualquer tipo de envolvimento e de forma 
a obter subsídios que facilitem a construção do texto. Pense bem, 
analise caso a caso e construa textos que certamente farão de você 
um profissional exemplar e admirado. Jamais deixe de aprender 
e jamais se esqueça das lições da sala de aula. Pense bem nisto e 
comece já a construir bons textos, provando para você mesmo que 
você tem talento.
53
Geraldo Cossalter
A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
“Hoje, vocês são amigos; amanhã, serão concorrentes. 
Portanto, façam tudo da melhor forma, não façam mais ou menos 
benfeito, pois o mercado de trabalho é exigente e você poderá se 
arrepender.” 
Prof. Ricardo Velasco Cunha, 2013
 
Que significa exatamente interpretar textos? Significa 
apenas ler e compreender? 
No mundo do Direito, um texto não é uma história ou 
uma fábula, pois trata da realidade humana.
Na verdade, todos os textos jurídicos contêm fatos 
verdadeiros, explícitos e muitas vezes implícitos. Como 
profissionais, deveremos identificar sentimentos, fatos ocorridos, 
verdades, inverdades e situações que jamais poderemos deixar passar 
despercebidas. Tal afirmação jamais deverá ser esquecida, pois um 
texto bem compreendido e acima de tudo bem interpretado garantirá 
ao profissional o seu sucesso, já que pelo conteúdo do texto será 
possível compreender e interpretar o sentimento e as intenções e 
vontades da outra parte.
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Advogado x Adevogado 
Em uma história ou um conto, podem existir sentimentos e 
fatos ocorridos, bem como verdades e inverdades. Porém, a diferença 
entre um texto jurídico e uma história ou conto está no resultado 
final, uma vez que uma história ou conto serve como lazer ou cultura, 
diferentemente do texto de um processo, que é a realidade vivida por 
uma ou mais pessoas. É verdade que histórias ou contos contribuem 
para se obter conhecimento e cultura; mas jamais irão provocar um 
resultado ruim ou bom, pois não envolvem a realidade de um cliente, 
que é um ser humano, com expectativas e sentimentos.
Geralmente, não conseguimos obter o entendimento 
de tudo o que lemos na primeira vez, razão pela qual temos a 
necessidade do conhecimento aprofundado e constante da língua 
e da linguagem, além de uma dose generosa de reflexão. Refletir 
sobre o tema lido irá proporcionar um fator de diferenciação para o 
profissional. Refletir significa analisar, significa filosofar sobre o tema. 
Sem tal aprofundamento, dificilmente será possível compreender e 
interpretar as verdadeiras intenções e vontades contidas no texto de 
um processo.
Muitas vezes uma pontuação fará toda a diferença, outras 
vezes uma palavra colocada em determinada ordem fará a diferença.
O importante é ter atenção redobrada para tais situações, já 
que os que atentam para isto inevitavelmente terão grande vantagem 
diante de outros que não atentam para o fato.
Analise as frases abaixo:
 Sócrates bebeu a morte.
 Sócrates bebeu à morte!
55
Geraldo Cossalter
Perceberam a diferença? 
Temos aqui exatamente as mesmas palavras; porém, 
com significados diferentes, que demonstram a necessidade da 
interpretação correta, o que irá garantir sucesso na vida profissional.
O primeiro exemplo nos mostra em sentido figurado que 
Sócrates ao tomar a cicuta bebeu a morte, ingeriu a morte.
O segundo exemplo nos mostra que Sócrates comemorou 
a morte, tudo por conta de uma “simples crase”. 
Interpretar textos é uma arte. Interpretar textos é uma 
ciência que requer imaginação e, acima de tudo, um permanente 
conhecimento com uma dose de filosofia. Como nos ensina o Prof. 
Luiz Vicente Ribeiro Corrêa, “filosofar sobre uma determinada frase 
ou um determinado texto não é exagero algum; pelo contrário, pois se 
trata de uma ciência que irá expandir os horizontes”.
Quando falo em expandir horizontes, falo da forma 
que devemos enxergar o que o texto nos apresenta muitas vezes 
implicitamente. Pois um pequeno detalhe fará a diferença.
É muito comum comprarmos um jornal ou revista devido a 
uma manchete e, ao lermos a notícia, acabamos por nos decepcionar, 
já que a manchete era melhor que a notícia.
Da mesma forma, assim são os textos que iremos encontrar 
em nosso dia a dia profissional.
Cuidado! Todo cuidado é pouco, porque muitas vezes 
lemos o que não está escrito e entendemos o que não foi dito, ou 
melhor, acabamos por entender de uma forma equivocada.
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Advogado x Adevogado 
Compreender primeiro é melhor que ser compreendido por 
outrem, visto que, ao compreendermos o outro lado primeiramente, 
estaremos abrindo uma margem de novas possibilidades, em que 
iremos aplicar o nosso entendimento do que foi compreendido.
Melhor dizendo: quando consigo compreender primeiro 
o que meu interlocutor diz, consigo raciocinar e conduzir a 
situação para um desfecho favorável a mim. Então, posso utilizar 
meus argumentos com maior força, contra-argumentando meu 
interlocutor e produzindo, com isto, resultados positivos, já que, ao 
compreender o outro, consigo estar ao mesmo tempo dos dois lados.
Mas o que é estar dos dois lados?
Significa me antecipar ao pensamento de meu interlocutor, 
interpretando e compreendendo o texto oral ou escrito de forma 
ampla, o que somente é possível quando compreendemos o 
significado das palavras e dos textos. Enfim, quando procuramos 
entender exatamente o que nosso interlocutor deseja dizer.
Não basta compreender a língua e a linguagem. 
Não basta compreender os textos orais e escritos.
É necessário que, além disso tudo, saibamos compreender a 
essência do que iremos ler ou escrever. Devemos também saber sobre 
a essência do que iremos ouvir ou falar, pois como já foi dito, falar, 
ouvir, escrever ou ler é uma ciência que requer “filosofar”, imaginar 
o verdadeiro significado dos sentimentos e pensamentos nossos e de 
outrem.
Portanto, a teoria do aprendizado é a forma mais correta e 
o caminho mais curto para se conseguir o acesso amplo ao campo 
57
Geraldo Cossalter
jurídico, visto que, incorporando tais conceitos e compreendendo 
a finalidade deste aprendizado, você estará “recebendo a sua chave 
mestra”, aquela que abrirá todas as portas para o mundo do Direito. 
Sem qualquer tipo de exagero, já tive o sentimento de que, para 
muitos, falar e escrever corretamente nossa língua mãe é motivo de 
“segregação” ante os grupos sociais ou “tribos” que geralmente têm 
uma linguagem padrão diferente, cheia de gírias ou significados que 
são normais dentro dos seus respectivos ambientes. Sem dúvida, para 
a convivência de tais grupos, tudo isto é perfeitamente normal, assim 
como os signos ou a linguagem da internet, o chamado “internetês”; 
porém, para o profissional do Direito, isto tudo é inconcebível. Os 
magistrados têm sido muito criteriosos quanto ao uso da linguagem 
e da língua como sempre foram; entretanto, tenho percebido uma 
mudança no volume de palavras utilizadas nos processos, ou seja, os 
(as) advogados (as) que estão preparados (as) e que dominam nossa 
língua e nossa linguagem precisam ir além, pois a objetividade está 
em alta nos dias de hoje. Não adianta o (a) advogado (a) desprezar 
a objetividade em detrimento de “rechear” páginas e páginas, que 
apenas irão servir para prejudicá-lo(a) na tentativa de demonstrar 
conhecimento e profissionalismo. Pensem comigo: um (a) advogado 
(a) que tem domínio da língua e da linguagem e produztextos 
objetivos e consistentes tem uma vantagem grande, já que passa a 
ter naturalmente uma visão mais objetiva do cliente, do processo 
e da outra parte por consequência. O conteúdo de nossa língua e 
nossa linguagem deve ser estudado muito. Requer afinco, atenção 
e, acima de tudo, paixão para compreendê-lo e dominá-lo. Aliás, 
58
Advogado x Adevogado 
dominar totalmente é algo grandioso demais, diria impossível, pois 
a língua e a linguagem sofrem modificações com o passar do tempo; 
no entanto, a paixão será o diferencial daqueles que realmente têm o 
desejo de ser um profissional “ímpar”. 
Nossa língua mãe tem uma infinidade de tópicos; todavia, 
não tenho como objetivo ensinar tais tópicos, até porque não tenho 
autoridade para tal. Mas sei que posso contribuir, alertando por 
meio desta obra, que tem como objetivo único aumentar o campo 
de visão do leitor, despertando-o para a verdadeira e correta forma 
de entrar definitivamente no mundo do Direito. 
Nos próximos capítulos, irei apresentar outros tópicos do 
nosso tema central, além de garantir ao leitor a oportunidade de 
refletir sobre tão vasto e complexo tema. 
Vamos lá?
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Geraldo Cossalter
O POLIGLOTA DA LÍNGUA MÃE
“A Ciência Jurídica apresenta uma constante evolução 
e complexidade. Somente os que verdadeiramente se dedicarem 
durante todo o curso de Direito a perseguirem contínuo e profundo 
aperfeiçoamento estarão aptos para enfrentar os desafios da vida 
profissional.”
Prof. Alexandre Meneghin Nutti, 2012
Certa vez, ouvi uma entrevista com o Prof. Pasquale 
Cipro Neto, na qual ele afirmava que deveríamos ser “poliglotas do 
Português”; então, comecei a desenvolver um raciocínio, em que 
acabei por concluir que, antes de sermos poliglotas em outras línguas, 
deveríamos ser “poliglotas” de nossa própria língua. Inicialmente me 
parecia ser uma loucura, mas a grande verdade é que muitos não se 
preocupam com a nossa língua nativa e até a desrespeitam em favor 
de outras línguas. 
Em meus tempos de escola nos anos 1960 e 1970, ensinava-
se o Francês e o Inglês, sendo que o primeiro foi extinto dos currículos 
escolares e o segundo permanece até hoje. Vejo com imensa tristeza 
a importância dada a uma segunda língua, sem que se dê a mesma 
ou maior importância à nossa língua mãe. A grande verdade é que 
60
Advogado x Adevogado 
muitos aprendem um segundo ou até terceiro idioma, sem sequer 
saber corretamente o nosso Português. Isto é realmente incrível, mas 
é a mais pura verdade. É comum nos dias atuais vermos crianças, 
jovens e adultos aprenderem novas línguas, enquanto praticam 
o Português de forma errada e equivocada. Para a infelicidade de 
muitos, saber outras línguas para o ambiente jurídico é muito bom; 
porém, não dominar o Português é péssimo. A má notícia será 
dada ao universitário que tem esta dificuldade no exame da OAB. 
O conhecimento de outras línguas, sem dúvida, é importantíssimo 
para a carreira e o currículo; no entanto, o Português deverá ser o 
ponto de partida para qualquer um que queira realmente ser um 
bom profissional do Direito. Ser poliglota da própria língua pode 
parecer uma incoerência ou uma piada muito engraçada, mas é uma 
grande verdade ou uma forma incomum de dizer o quão devemos ter 
de conhecimento profundo de nossa língua mãe. Talvez até não seja 
uma loucura tal afirmação, pois nossa língua é bastante complexa; 
e não seria exagero algum dizer que, ao obtermos o conhecimento 
abrangente, poderemos nos considerar poliglotas de nossa própria 
língua; basta se lembrar do Prof. Pasquale, que é autoridade no 
que diz. A grande verdade é que em nosso país existe uma grande 
influência de outras línguas e uma má influência em relação ao 
Português, ou seja, nossa língua muitas vezes é desprezada. Muitos 
exemplos são corriqueiros, muitos exemplos acontecem no dia a dia 
de qualquer brasileiro; porém, o pior de tudo é a forma como são 
discriminados os que falam corretamente e escrevem corretamente 
nossa língua. Incrível isto! Mas é uma triste realidade que, além 
61
Geraldo Cossalter
de se tratar de um desrespeito ao nosso velho Português, se trata 
também de uma forma de tentar nivelar por baixo os que falam e 
escrevem corretamente. Para muitos, usar corretamente o Português 
é motivo de vergonha, ou melhor dizendo, é motivo até de chacota 
perante os amigos, as “tribos” ou comunidades em que vivem. As 
gírias são bastante antigas; entretanto, elas não cabem no mundo 
jurídico. O mundo jurídico exige conhecimento do Português e 
uma prática constante, pois, diferentemente de outros profissionais, 
o (a) advogado (a) talvez seja o único profissional que eterniza os 
erros que comete. Principalmente com a tecnologia, que possibilita 
uma acessibilidade muito maior, ou seja, até então os textos ficavam 
apenas em pastas e mais pastas e hoje ficam visíveis na tela do 
computador. Com a chegada da tecnologia, o profissional da área 
jurídica, além de ter por obrigação o conhecimento de nossa língua 
mãe, passa a ter a obrigação do conhecimento de tais tecnologias. Já 
temos em muitas comarcas a implantação dos processos eletrônicos. 
E, com isso, certamente haverá uma tendência de melhoria quanto 
ao tempo dos processos, aliás, isto já está ocorrendo; todavia, 
tenho a percepção de que mudanças rápidas e consistentes deverão 
ocorrer na rotina do (a) advogado (a). Caso contrário, haverá 
um comprometimento no resultado do seu trabalho. Diria até 
que é iminente a necessidade de investimento em Informática e 
a tecnologia apropriada. Obviamente que a Informática não irá 
substituir os livros, nem tampouco o conhecimento do nosso bom 
e velho Português. Entretanto, o (a) advogado (a) contemporâneo 
(a) deve ser aquele (a) que aprende em sala de aula, somado àquilo 
62
Advogado x Adevogado 
que pratica e lê todos os dias, somado às novas tecnologias que estão 
chegando e sendo implantadas. Não adianta tentar se enganar, pois 
certamente aqueles que dominarem nossa língua mãe saberão usar 
a tecnologia em seu proveito, pois somente a tecnologia não fará 
deste o melhor profissional. Temos de somar tudo e jamais esperar 
que a tecnologia substitua o conhecimento obtido. Portanto, caros 
colegas, vamos à luta! O caminho é longo e árduo, mas gratificante. 
Boa sorte! 
63
Geraldo Cossalter
TEXTOS ÉTICOS E OBJETIVOS
“Não se deixe influenciar por ideias conturbadoras ou 
negativas, faça o bem e dê o melhor de si em cada ato praticado, 
pois as oportunidades aparecem a todo momento. Lembre-se: se os 
seus objetivos não foram conquistados ainda, é porque o que Deus 
tem guardado pra você é muito maior.” 
Prof. Rodrigo Forcenette, Subcoordenador do curso de 
Direito/Unip, Campus Vargas, Ribeirão Preto, SP 
Um texto ético é, acima de tudo, uma forma de expressar 
a essência do seu autor, pois, apesar de estar o (a) advogado (a) 
interpretando e expressando a realidade de um cliente, certamente 
serão as suas palavras transcritas que irão explicar o fato. Além deste 
pensamento, imaginemos um (a) advogado (a) que confunde uma 
expressão por outra ou que acaba por cometer o erro imperdoável 
de deixar por conta de um auxiliar a digitação de um texto, sem 
observar se este foi corretamente digitado, acabando por formalizar 
tal texto sem ler. Imperdoável não é mesmo? Atualmente, temos os 
processos eletrônicos sendo implantados pelo Brasil afora. Que dizer 
de uma petição inicial postada com uma página que foi inserida 
64
Advogado x Adevogado 
por engano? Além de problemas operacionais deste tipo, temos 
também a ética propriamente dita como causa de problemas futuros 
para o autor, porque, por exemplo, nem sempre se consegue mudar 
o que já foi escrito em momentos de distração. Que fazer em tal 
situação? Não há o que fazer! Quando a ética é deixada de lado, 
geralmentesurgem problemas dos mais graves, o que implicará 
no descrédito do profissional. Textos éticos denotam a verdade do 
fato, já que, apesar de ser parte da solução e não do problema, o (a) 
advogado (a) pode acabar sendo um problema para a solução, razão 
da necessidade da ética nos textos, porque, na verdade, eles devem 
descrever fria e fielmente o fato ocorrido. A forma de comunicação 
com o magistrado é o texto. A oralidade também; no entanto, esta 
poderá não ser considerada em determinadas situações, pois o texto 
é que determina o início de toda a comunicação com o judiciário. 
Podemos considerar que, na atualidade, os textos mais 
“enxutos”, mais simples, mais curtos, porém bem elaborados, sempre 
se usando da formalidade necessária para com o magistrado, sem 
exageros e termos desnecessários, serão certamente vistos como 
resultado do trabalho de um profissional competente. Com a mais 
absoluta certeza, textos com tais características irão surtir efeitos mais 
eficientes, haja vista que textos aéticos e principalmente recheados 
de palavras e frases inúteis deixarão com certeza uma imagem ruim e 
desnecessária para aqueles que irão interpretá-lo. Ética não significa 
apenas utilizar palavras e termos que não ofendam o decoro. Ética 
significa analisar a realidade do cliente, significa refletir, significa 
filosofar sobre a questão, orientando o cliente e aplicando as palavras 
65
Geraldo Cossalter
no texto, de forma a explicar ao magistrado com transparência, 
de forma clara, de forma objetiva, sem a necessidade de tentar 
demonstrar ao magistrado o conhecimento de artigos e leis, ou até 
termos em Latim. Não estou, com isto, afirmando que jamais se use 
termos, leis ou o Latim em um texto, ao contrário, digo que tudo isso 
deve ser usado de maneira equilibrada. “Todo exagero é desperdício; e 
todo desperdício é uma oportunidade que não se recupera.” Obviamente 
que, na ocasião certa, o (a) advogado (a) competente saberá utilizar 
termos, leis ou artigos, a fim de resguardar os interesses do cliente. 
Um texto ético nada mais é que um texto simples, objetivo, 
transparente, livre de termos complicados e desnecessários, visto que 
mais vale uma palavra bem interpretada do que mil palavras bem 
ditas. Mil palavras não irão garantir resultado algum, até porque um 
argumento sólido não significa que tenha de ser um texto longo. 
É obvio que, durante o andar de um processo, textos e mais textos 
poderão aumentar o seu volume; porém, é importante assimilar que, 
atualmente, a coesão e a concisão são fatores preponderantes para o 
bom andamento de um processo. Há petições iniciais que chegam ao 
absurdo de ter páginas e mais páginas desnecessárias, que podem até 
“emperrar” de alguma maneira o seu andamento e, portanto, acabam 
atrapalhando o cliente, o (a) advogado (a) e o judiciário. 
Pensem bem nisto; afinal, um texto ético e conciso 
certamente irá construir e consolidar uma imagem profissional, a 
não ser que a ação tenha o tamanho do famoso caso Hatfields e 
McCoys, que durou de 1863 a 1891. Eis aí, por sinal, uma boa 
dica de filme para estudantes de Direito. A fita Hatfields e McCoys, 
66
Advogado x Adevogado 
produzida em 2013 e estrelada por Kevin Kostner e Bill Paxton, 
tem cerca de cinco horas de duração (no Brasil, ela foi lançada em 
três DVD´s) e enfoca fato verídico no qual vemos muitas facetas 
do Direito inglês. Além dos princípios jurídicos, a história também 
mostra a ausência da ética, já que o enredo está focado tanto na 
autotutela (fazer justiça com as próprias mãos) e na busca pela justiça 
nos tribunais americanos e disputas pelo poder. É uma história 
ímpar, já que podemos constatar que a ausência da ética provocou 
uma tragédia incomum. Também é possível traçar um comparativo 
entre o Direito inglês e o Direito brasileiro, que é originário do 
Direito romano-germânico.
“Por ser filha da subjetividade, a ética se materializa com 
atitudes positivas.” 
Portanto, caros amigos, materializar a ética por meio de 
textos éticos não é uma qualidade apenas do bom profissional; mas, 
antes de tudo, um dever de todo cidadão. Diria até que materializar 
a ética exigirá coragem e respeito ao semelhante. Vejamos o que nos 
ensina o Prof. Matheus Marques Nunes:
“A ética é a reflexão da moral.”
Boa sorte nesta empreitada, talvez uma das mais difíceis, 
tendo em vista que o predomínio de nossas fraquezas induz muitas 
vezes o ser humano a cometer erros irreparáveis, por conta da 
ausência da ética. 
67
Geraldo Cossalter
A ORATÓRIA COLOQUIAL, CULTA E TÉCNICA
“O bom advogado jamais pode ser um comerciante, pois 
lida com pessoas e não com mercadorias.” 
Prof. Leandro Vila Torres, 2012
O advogado é um profissional realmente diferenciado, ou 
pelo menos deve ser assim, pois às vezes será preciso ser ao mesmo 
tempo vários tipos de “profissional”. Como assim, vários tipos de 
profissional? Imagine, em uma sala de espera para uma audiência, o 
advogado e seu cliente tendo uma conversa. Dependendo do grau de 
conhecimento cultural e intelectual do cliente, o advogado certamente 
irá aplicar uma linguagem coloquial. Sim, aquela linguagem simples, 
aquela linguagem do povo, aquela linguagem singela que pode ser 
compreendida pelo cliente em questão, visto que muitas vezes uma 
linguagem culta não atingirá o efeito desejado. De nada servirá ao (à) 
próprio (a) advogado (a) aplicar uma linguagem culta, que o cliente 
não irá entender. Muitas vezes uma única palavra não fará sentido para 
o cliente; e isto poderá colocar em risco o futuro da lide, o futuro do 
processo. Imagine um advogado conversando com um cliente, que 
jamais estudou o suficiente para compreender certas palavras. De 
68
Advogado x Adevogado 
nada adiantará falar cultamente com ele. É mais fácil ser simples em 
uma situação como esta, falando pouco e usando palavras coloquiais 
para ser compreendido, ao invés de utilizar palavras desconhecidas 
do cliente (muitas vezes até palavras do cotidiano profissional 
jurídico, mas que não pertencem ao vocabulário do cliente). Vencer 
uma ação poderá ter relação direta com uma situação como esta, em 
que, mais que utilizar um palavreado culto com o cliente, significa 
compreender o palavreado coloquial do cliente. O (a) advogado (a) 
jamais poderá se colocar como alguém que não compreende tudo o 
que o cliente diz e deseja, até porque isto é fundamental para se saber 
quais os melhores caminhos jurídicos devem ser adotados. Como já 
dizia o mestre da viola caipira Tião Carreiro na música “O Mineiro 
e o Italiano”, a simplicidade e inteligência do mineiro venceram a 
arrogância do italiano. Tratava-se de uma demanda de terras, em 
que os personagens tinham diferenças enormes, pois o mineiro era 
muito pobre e o italiano muito rico. O mineiro temia perder a ação, 
e o italiano se gabava do poder financeiro que tinha e dizia que iria 
ver o mineiro voltar a pé para Minas Gerais. O mineiro pensou 
em pedir ao juiz que lhe desse razão na demanda e, em troca, lhe 
daria de presente a única leitoa que tinha. Nesta bela música raiz de 
nossa cultura interiorana, o advogado do mineiro impede que seu 
cliente mande uma leitoa de presente para o juiz, já que ambos (o 
advogado e o juiz) eram profissionais sérios e jamais iriam contrariar 
a lei e a ética. Por sua vez, o advogado explica ao cliente mineiro o 
sentido da ética em linguagem simples; e o mineiro compreende, 
mas é matreiro. Prestes a perder a ação, preocupado, o advogado 
69
Geraldo Cossalter
do mineiro tem uma surpresa, quando chega o dia do veredicto. O 
mineiro vence a ação! Perguntando ao mineiro o que havia ocorrido, 
o cliente responde: “Mandei minha leitoa para o juiz em nome do 
italiano.”
Esta pequena história nos mostra dois lados: o lado honesto 
e ético do juiz e do advogado; e o lado “matreiro” do mineiro, que 
soube compreendero fato e aproveitar-se da situação sem dizer uma 
só palavra, obviamente de forma aética. Certamente que não devemos 
utilizar o exemplo na vida real, até porque se trata de uma fantasia; 
porém, é interessante para refletir, pois, mesmo sendo um cliente 
simples, o mineiro soube compreender o sentido da ética do juiz e 
assim ganhar a ação usando um artifício não recomendável. É obvio 
que uma atitude destas poderá ser punida na vida real, uma vez que 
o mineiro se passou pelo italiano, o que não é correto. Obviamente 
que não iremos jamais utilizar isto como estratégia de trabalho, mas 
é uma forma de reflexão quanto à compreensão de uma determinada 
linguagem. Quanto à linguagem culta, desnecessário afirmar que ela 
é obrigatória dentro das situações profissionais do (a) advogado (a), 
seja com determinados clientes, seja com seus pares, seja diante do 
ministério público ou diante dos magistrados. A linguagem culta irá 
denotar o grau de conhecimento e, com isto, irá formar o conceito do 
(a) advogado (a) em questão. O mesmo vale para a linguagem técnica, 
que, sem ela, ou melhor dizendo, sem compreendê-la e sem aplicá-
la, certamente o (a) advogado (a) estará fora do rol de profissionais 
qualificados e prestigiados pelo próprio meio em que milita. Um 
(a) advogado (a) sem o domínio da linguagem técnica (tanto a sua 
70
Advogado x Adevogado 
compreensão, quanto a sua aplicação) certamente estará fadado ao 
fracasso, uma vez que não compreenderá e não se fará compreendido 
pelos demais profissionais e operadores do Direito. E olhe que não 
estamos falando do Latim, até porque existe hoje uma corrente que 
defende o uso cada vez menor de tal língua; porém, sua importância 
também é grande, pois, mesmo não usado com a mesma frequência 
de anos atrás, outros profissionais do Direito poderão usá-lo e será 
aí que se saberá quem o domina ou não. Imagine em uma audiência 
na qual um (a) advogado (a) decide aplicar uma frase em Latim. Já 
pensaram se o outro advogado não consegue compreender? Ruim, 
não é mesmo? Muito ruim. O mesmo pode acontecer com uma 
palavra técnica, com um termo técnico; e, somente com o domínio 
de tal linguajar, o (a) advogado (a) terá tranquilidade para enfrentar 
situações inesperadas e inusitadas. Pense bem nisto e aja sempre da 
seguinte forma:
É preciso utilizar a linguagem culta; porém, retrocedo e 
uso a linguagem coloquial para compreender meu cliente. Mas, 
no ambiente jurídico, jamais deixo de utilizar a linguagem culta 
e técnica. Entretanto, devo sempre observar a situação para assim 
me adaptar ao momento. Importante ressaltar que o correto é estar 
adaptado sempre ao momento, ao cliente, ao juiz, pois assim nos 
faremos compreendidos com maior facilidade.
Isto é uma arte; e os que praticarem tal arte certamente 
irão garantir prestígio e credibilidade frente ao meio que milita e, 
principalmente, estarão fazendo um bem para si mesmos e seus 
clientes.
71
Geraldo Cossalter
Boa sorte. Aprenda, pratique e seja sempre um aprendiz, 
com a mente sempre aberta para as mudanças, pois elas são a única 
certeza no “Mundo do Direito”.
73
Geraldo Cossalter
A ARTE DA PERSUAÇÃO ORAL E ESCRITA
“O bom advogado não precisa mentir, precisa saber 
argumentar.” 
Prof. Luiz Henrique Beltramini, 2013 
Persuadir significa convencer. Oralmente, talvez seja a 
forma que mais imaginamos ser difícil. Pois falar em público é uma 
tarefa bastante difícil para muitos. Falar em público é algo que chega 
a ser temeroso para alguns e impossível para outros. Na profissão de 
advogado, a persuação é fundamental, porque o bom profissional, 
além de todo conhecimento que necessita obter, também tem por 
obrigação ser um bom orador. É muito comum a oralidade entre 
os pares e a comunicação com o ministério público e com os 
magistrados; então, começa a nascer aí uma segunda necessidade, 
que é a persuação escrita. Esta é mais difícil até que a primeira, pois 
praticar a arte da persuação escrita é, sem dúvida, a forma mais 
complexa de demonstrar conhecimento e ao mesmo tempo aptidão 
persuasiva. O (a) bom (a) advogado (a) consegue transmitir por meio 
de uma síntese escrita o que é dito oralmente em poucas palavras, 
mas sintetizar no papel o que foi dito não é uma tarefa tão simples 
assim. Muitas vezes uma pequena frase necessita ser dita e explicada. 
74
Advogado x Adevogado 
Por exemplo: uma petição, que é o meio que o (a) advogado (a) se 
comunica formalmente com o magistrado, necessita muitas vezes 
de explicações detalhadas, porém sintética nos dias atuais, contendo 
ainda assim argumentos que possam convencer o magistrado a 
aceitar a ação. Classificar um (a) advogado (a) de “bom de papo” não 
significa que ele (a) seja um (a) bom (a) advogado (a), pois persuação 
nada tem a ver com ser “bom de papo”. Ao contrário, o (a) bom 
(a) advogado (a) persuasivo (a), que consegue o convencimento do 
magistrado, está baseado em ser eficaz quanto à fundamentação 
de seu pedido, sendo eficiente quanto ao texto que criou e sendo 
persuasivo quanto aos argumentos que utilizou para conceber tal 
texto. Um texto persuasivo ou uma fala persuasiva geralmente tem 
as mesmas bases; entretanto, a diferença está no fato da ausência ou 
presença do interlocutor. Ou seja, quando se fala para uma plateia, 
ou até para um interlocutor apenas, temos o fator “presença”, pois 
estamos diante de outras pessoas e geralmente acabamos por utilizar 
a entonação, os gestos, as expressões faciais e outros meios que, 
no caso da escrita, não podemos usar. Quando tratamos da forma 
oral de persuação, logo nos lembramos daquele vendedor que nos 
convenceu a comprar algo. Já na forma escrita, as necessidades de 
uma boa persuação são muito diferentes, pois é necessário despertar 
o interesse, apresentar motivos concretos, apresentar um texto ético 
e, acima de tudo, convincente, além de apresentar argumentos que 
irão concretizar literalmente o objetivo do texto. A arte da persuação 
significa conseguir ser persuasivo sob os aspectos da ética, da 
tolerância, da fundamentação no que se afirma e conhecimento do 
75
Geraldo Cossalter
que se fala, porque sempre iremos encontrar alguém que saberá algo 
que não sabemos. Geralmente, iremos encontrar alguém que sabe 
mais que nós; e isto nunca poderá ser descartado. Tanto oral quanto 
escrita, a boa persuação dependerá do conhecimento linguístico, 
do conhecimento filosófico, do conhecimento hermenêutico 
e do conhecimento dos códigos. A arte da persuação tem nos 
conhecimentos linguísticos, filosóficos, hermenêuticos, técnicos e 
humanos, sob o prisma da ética, o caminho para o sucesso neste 
campo tão importante do Direito. A arte da persuação não está 
ligada ao campo da mentira, jamais se esqueça disto; até porque 
a mentira não pode jamais estar contida na arte da persuação. 
Persuadir significa convencer com propriedade, com exatidão, com 
certeza, com meios lícitos que levem ao resultado pretendido. Ser um 
profissional brilhante também é meta para muitos; mas poucos são 
os que realmente conseguem compreender rapidamente o conceito 
da persuação, já que somos levados a ser persuadidos e nunca 
persuasivos. Assim é a sociedade que vivemos; entretanto, como 
futuros profissionais do Direito, é preciso compreender que a arte 
da persuação está para o (a) advogado (a), assim como o bisturi está 
para o (a) médico (a). Digamos que a arte da persuação tem de ter 
precisão cirúrgica, porque um pequeno engano poderá colocar em 
xeque todo o trabalho até então desenvolvido. Portanto, é preciso 
aprender e jamais esquecer que para ser persuasivo (a) é necessário 
compreender suas etapas e praticá-las sempre. Tenho um amigo que 
por meses a fio falava consigo mesmo diante do espelho, pois, apesar 
de saber os fundamentos da boa persuação, tinha muito medo de 
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Advogado x Adevogado

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