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Apostila 4 art. 338 359 H CP

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1 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
 
 
Apostila 4. Título XI. Capítulo III. Dos crimes contra a administração da justiça. Capítulo 
IV. Dos crimes contra as finanças públicas 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CAPÍTULO III 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
 
Art. 338 Reingresso de estrangeiro expulso 
Art. 339 Denunciação caluniosa 
Art. 340 Comunicação falsa de crime ou de contravenção 
Art. 341 Auto-acusação falsa 
Art. 342 Falso testemunho ou falsa perícia 
Art. 343 Corrupção ativa de testemunha ou perito 
Art. 344 Coação no curso do processo 
Art. 345 Exercício arbitrário das próprias razões 
Art. 346 Supressão ou dano em coisa própria em poder de terceiro 
Art. 347 Fraude processual 
Art. 348 Favorecimento pessoal 
Art. 349 Favorecimento real 
Art. 349-A Ingresso de aparelho de comunicação em estabelecimento prisional 
Art. 350 Exercício arbitrário ou abuso de poder 
Art. 351 Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança 
Art. 352 Evasão mediante violência contra a pessoa 
Art. 353 Arrebatamento de preso 
Art. 354 Motim de presos 
Art. 355 Patrocínio infiel 
Art. 356 Sonegação de papel ou objeto de valor 
Art. 357 Exploração de prestígio 
Art. 358 Violência ou fraude em arrematação judicial 
Art. 359 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito 
 
Considerações iniciais 
Este Capítulo – Crimes contra a Administração da Justiça – ainda dentro do Título XI do Código 
Penal (Crimes contra a Administração Pública), visa o resguarda de condutas que atentem contra a 
regularidade da administração pública, agora no sentido especial de proteger a regularidade da 
Administração da Justiça, interesse de clara importância. Por Administração da Justiça deve-se 
entender toda atividade instrumental necessária à prestação jurisdicional, abrangendo desde a 
aquisição, manutenção, acompanhamento e controle dos bens materiais e dos serviços burocráticos 
correlatos até a própria tramitação física de papéis, publicações, certidões, intimações e autos de 
processos. 
 
 
 
2 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
 
 
REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO 
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. 
 
OJ: o ato oficial de expulsão, ato este inerente à administração da justiça, que é a proteção final da 
norma. 
SD: trata-se de crime próprio, somente o praticando o estrangeiro; sujeito passivo é o Estado. 
EO: “reingressar” que significa voltar, entrar outra vezes dentro dos limites do território nacional 
(território, marítimo ou aéreo). O estrangeiro deve ter sido expulso, ou seja, decretada sua expulsão 
mediante o decreto próprio pelo Presidente da República (art. 65/75 da Lei 6.815/80 – Estatuto do 
Estrangeiro (EE)) tendo esta sido cumprida, ou seja, saiu do país e retornou. Não tendo ainda sido 
cumprida sua expulsão, não há que se falar neste crime. 
���� Extradição: é instrumento de cooperação internacional em que um Estado entrega à outro 
pessoa acusada ou condenada para que seja processada ou cumpra uma pena já aplicada. Grosso 
modo, é a entrega do delinqüente por parte de um Estado a outro que é competente para julgá-lo ou 
para executar a sanção penal imposta. 
���� Deportação: saída obrigatória do estrangeiro para o país de sua nacionalidade ou procedência 
ou para outro que consinta em recebê-lo, por estar irregular em nosso país, podendo aqui 
retornar se regularizada sua situação (art. 58 e 64 EE). 
���� Expulsão: ocorre quando o estrangeiro atentar, de qualquer forma contra segurança 
nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia 
popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais 
(art. 65, § único EE). A consequência é que o estrangeiro ficará impedido de aqui retornar. O 
Decreto 98.961/90 dispõe sobre a expulsão de estrangeiro condenado por tráfico de drogas afins. 
O fato do agente ser casado com brasileiro ou ter filhos com brasileiro pode garantir sua 
mantença no Brasil, vejamos o teor da L. 6.815/80: 
Art. 75. Não se procederá à expulsão: 
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou 
II - quando o estrangeiro tiver: 
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha 
sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou 
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. 
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato 
que o motivar. 
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a 
qualquer tempo. 
“Estrangeiro. Existência de filha brasileira. Descendente que nunca viveu sob a guarda e 
dependência econômica do pai. Não ocorrência de causa impeditiva do ato. Risco de 
constrangimento ilegal inexistente. HC denegado. Precedentes. Inteligência do art. 75, caput, inc. II, 
3 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
 
 
b, da Lei nº 6.815/80. Não lhe obsta à expulsão o fato de o estrangeiro ter filho brasileiro que 
nunca viveu sob sua guarda nem dependência econômica.” (STF – HC – 94896 – Rel. Min. Cezar 
Peluzo – J. 18.11.2008). 
“A regra direciona à observância das normas em vigor no país em que cometido o crime - 
artigos 5º e 7º do Código Penal. Tráfico de Drogas. Para efeito de extradição, considera-se a 
modalidade ocorrida no país requerente que, ante o princípio da territorialidade e considerada 
convenção internacional, possua jurisdição própria à persecução criminal. Extradição - Família 
Constituída - Alcance. Ao contrário do que ocorre com o instituto da expulsão, a existência de 
família constituída no Brasil não é obstáculo à procedência do pedido de extradição.” (STF – 
Extradição 687 – Tribunal Pleno – Rel. Min. marco Aurélio – J. 05.11.2003). 
ES: previsão apenas de modalidade dolosa, e o dolo é genérico. 
CT: com a reentrada no território nacional, ou seja, ultrapassados os limites marítimos, territoriais 
ou aéreos. Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. Quer 
dizer, será processado por este crime, se condenado, cumprirá sua pena e novamente será expulso. 
 
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de 
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
OJ: interesse na correta prestação jurisdicional, a administração da justiça de forma primária; 
secundariamente a honra da pessoa maculada pela falsa imputação. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica. Sujeito passivo primário é o Estado, e 
secundariamente protege-se também a pessoa acusada caluniosamente. 
Diferença da calúnia (art. 138 CP): 
A diferença entre calúnia e denunciação caluniosa é que a primeira contenta-se com a verbalização 
da imputação ou divulgação desta seja diretamente a terceiros ou por meio de imprensa, enquanto 
que na segunda o sujeito dá um passo a mais, dando causa à instauração de investigação policial 
(notitia criminis ao MP, inquérito policial ou boletim de ocorrência, ou mesmo dá ensejoa uma 
apuração administrativa contra alguém) ou processo judicial. Inclusive, na denunciação caluniosa, 
admite-se esta no caso de contravenção penal (art. 339, § 2º CP). 
EO: “dar causa”: significa provocar, motivar, dar ensejo, originar investigação por crime ou 
contravenção penal (vide § 2º), independentemente do desfecho da denúncia. Não exige-se 
qualquer formalidade, bastando que origine a instauração de procedimento contra alguém 
determinado. Este crime não recai somente sobre procedimentos judiciais, mas, insere-se como 
denunciação caluniosa a instauração de procedimentos administrativos como inquérito policial, 
inquérito civil (apuração em ação civil pública), sindicâncias ou procedimentos administrativos 
dentro de repartições públicas e corregedorias etc. 
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Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
 
 
ES: o crime é doloso, exigindo dolo direto pois o tipo faz expressa referência que o autor imputa 
algo “de que o sabe inocente”. Assim, se o autor da denúncia acredita que o sujeito é o autor do fato ao 
qual denuncia, não há que se falar em crime. Entendemos haver dolo específico por isso, ou seja, 
demanda conhecimento da inocência e, quem assim age, só pode querer prejudicar alguém. 
CT: com a efetiva instauração de procedimento (judicial ou administrativo) de investigação. A 
tentativa é admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 2 a 8 anos, e multa. 
Forma agravada (§ 1º): aumenta de 1/6 se o denunciante se vale de anonimato (sem 
identificação) ou nome suposto (nome fictício). A razão disso é a dificuldade da identificação da 
autoria da denúncia. 
Forma privilegiada (causa de redução de pena - § 2º): reduz-se de ½ se a denúncia recai sobre 
contravenção penal (dec. Lei 3.688/41). Como vimos acima, o legislador puniu primeiramente a 
denunciação por crime, mas, reconheceu que a falsa denúncia por contravenção penal também 
merece reprimenda, pois, de qualquer forma, uma ou outra atentam contra o interesse na correta 
prestação jurisdicional. Porém, tendo em vista o desvalor da conduta, verificando a menor 
potencialidade lesiva que propicia a vítima uma acusação por contravenção penal, o legislador 
reconheceu essa causa de redução de pena. 
 
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO 
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de 
contravenção que sabe não se ter verificado: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Essa conduta é muito próxima ao delito anterior, sendo que apenas comentaremos as principais 
diferenças. 
EO: a conduta é “provocar”, que tem sentido de dar causa, ocasionar, motivar. Incrimina-se o 
comportamento daquele que motiva a ação de autoridade (policial ou judiciária), comunicando-lhe 
ocorrência de crime ou contravenção. Enquanto na denunciação caluniosa o sujeito denuncia 
pessoa determinada por crime ou contravenção que sabe não ter cometido, neste delito há denúncia 
de infração que sequer existiu, não apontando seu autor, ou seja, o agente sabe que o delito não 
ocorreu. Aqui são punidos os chamados “trotes”. 
ES: dolo direto de comunicar infração que sabe que não ocorreu. Inerente a este crime o dolo 
específico contido na expressão “provocar ação de autoridade”, ou seja, comunica falso crime ou 
contravenção para que aja a autoridade. 
CT: consuma-se o crime com a efetiva ação da autoridade (Provocar a ação...). Admite-se a 
tentativa. 
Pena: detenção de 1 a 6 meses, ou multa. 
 
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AUTO-ACUSAÇÃO FALSA 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
OJ: interesse na correta prestação jurisdicional, a administração da justiça. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica. Sujeito passivo primário é o Estado. 
EO: “acusar-se”: significa atribuir a si próprio, imputar-se crime (não contravenção) inexistente 
(não houve) ou que foi praticado por outra pessoa (sem co-autoria ou participação pelo agente), 
seja doloso ou culposo. Indispensável que a auto-acusação de dê perante a autoridade competente 
para essa apuração (policial ou judicial), e não para qualquer outra pessoa, como particulares ou 
funcionários públicos sem qualidade de autoridade. É a confissão ou declaração do agente, que 
pressupõe seja escrita e assinada. 
ES: o crime é doloso, exigindo dolo direto, com consciência que o crime não existiu ou que foi 
cometido por outrem, sem um fim especial de agir, bastando a mera auto-acusação (dolo 
genérico). Autodefesa: se confessa um crime para livrar-se de outro, trata-se de exercício de 
autodefesa e não haverá crime por força de garantias constitucionais – direito ao silêncio (art. 5º, 
LXIII e § 2º CF, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, art. 8º, 2, “g”). 
CT: quando a autoridade toma conhecimento da auto-acusação. Admite-se a tentativa, apesar de ser 
de difícil verificação. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 3 meses a 2 anos, ou multa. 
 
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA 
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, 
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo 
arbitral: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa (L. 12.850/13 alterou pena) 
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se 
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo 
civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. 
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente 
se retrata ou declara a verdade. 
 
OJ: administração da justiça, a especial proteção da veracidade sobre as provas. 
SD: trata-se de crime de mão própria, pois somente pode ser praticado por testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, administrativo, inquérito policial ou juízo 
arbitral, não admitindo co-autora, apenas participação (moral ou material). Sujeito passivo é o 
Estado, e secundariamente a pessoa prejudicada pela falsidade. 
EO: três são as condutas: 
“fazer afirmação”: tem sentido de afirmar algo falso. 
“negar a verdade”: o sujeito nega aquilo que sabe. 
“calar a verdade”: o sujeito silencia, omite o que sabe. 
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Direito Penal 
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OM: o objeto material do crime é a falsidade, que pode ser objetiva (quando o falso será o que não 
corresponde ao que aconteceu) ou subjetiva (falso será o que não corresponde ao que o agente 
percebeu). Demanda algumas observações: 
1. fato relevante: deve recair sobre fato juridicamente relevante ou com potencialidade lesiva, pois, 
em se tratando de circunstância irrelevante, sem prejuízo para qualquer um pois em nada influi, não 
há crime. 
2. feita em processo judicial, administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral. 
3. necessidade de compromisso: reza o art. 203 do CPP sobre o compromisso da testemunha: “a 
testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber ou lhe for perguntado.” Do 
contrário, não serão compromissados os ascendentes, descendentes, o afim em linha reta, o 
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão, o pai, a mãe, o filho adotivo do acusado (art. 206 CPP). 
4. falsidade para evitar auto-incriminação: mentindo, negando ou calando para evitar sua auto-
acusação, trata-se de inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a culpabilidade do agente, ante 
seu direito de autodefesa para evitar sua incriminação. 
ES: previsão apenas de modalidade dolosa, exigindo apenas a consciência de que falta com a 
verdade, semum fim especial de agir. Não pune-se a simples contradição, mas a prova de que tem 
consciência da falsidade. O dolo é genérico. 
CT: com o encerramento do depoimento ou da interpretação pelo tradutor ou com a entrega do 
laudo contábil ou da tradução ou da perícia médica. Como trata-se de crime de mão própria, ou há 
o falso e o crime está consumado, ou não há, e não há crime. Difícil imaginar tentar mentir, pois, se 
mentiu, mesmo que imediatamente descoberto, praticou a conduta. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 1 a 3 anos, e multa. 
Forma agradava (§ 1º): aumento de 1/6 a 1/3 se o falso é praticado (exige-se tenha ocorrido o 
falso): 
1. mediante suborno: recebimento de alguma vantagem. 
2. fim de obter prova em processo penal. 
3. fim de obter prova em processo civil quando for parte (autor ou réu) entidade da 
administração pública direta ou indireta. 
Retratação (§ 2º): retratação é causa que extingue a punibilidade do agente – art. 107, VI CP, ou 
seja, impedem o Estado, apesar de ter ocorrido um crime punir o agente, pois a punibilidade é a 
consequência do crime. Exige-se: 
1. total e completa: deve o sujeito retirar e esclarecer tudo o quanto foi falado, esclarecendo a 
inverdade afirmada, ou, no caso de ter calado, falando o que sabe ou, no caso do tradutor ou 
intérprete, retratar a verdadeira interpretação do ato,e, na perícia, esclarecê-la integralmente de 
acordo com os achados verificados pelo perito. 
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Direito Penal 
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2. ocorra antes da sentença: quer dizer, antes da sentença onde ocorreu o ilícito, no processo em 
que o sujeito falseou a verdade e, no caso de processo administrativo ou juízo arbitral, até as 
respectivas decisões administrativas. No procedimento do Júri por sentença entende-se a sentença 
em que ocorre o julgamento após reunião dos jurados, e não a sentença de pronúncia. 
3. voluntariedade: deve o agente se desdizer pessoalmente, sendo indiferente a espontaneidade ou 
o receio de ser preso, etc. 
Comunicabilidade da retratação: apesar de ser crime de mão própria, havendo mais de um falso 
praticado e sendo esclarecido por uma das testemunhas, entendemos que deve ser estendida a 
retratação a todas as demais, pois, o interesse é a administração da justiça, que, de fato, uma vez 
esclarecido o falso, desapareceu o perigo que representava. 
 
CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA OU PERITO 
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em 
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: 
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim 
de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta. 
 
Este delito trata-se de conduta criminosa próxima ao crime de falso testemunho e à corrupção ativa 
(art. 333 CP). Aqui pune-se aquele que dá, oferece ou promete dinheiro ou qualquer vantagem 
para que pessoa que servirá como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete pratique o 
crime de falsa testemunho ou falsa perícia. Não há crime se faz simples pedido. Estas ações 
referem-se aos processos anotados no delito anterior (processo judicial, ou administrativo, inquérito 
policial, ou em juízo arbitral). Ou seja, incrimina-se aquele que corrompe a testemunha ou perito 
para que minta. Assim, verificaremos somente as peculiaridades inerentes a este delito: 
SD: crime comum, qualquer um o pratica. A vítima é o Estado primariamente, bem como a pessoa 
prejudicada pelo falso, secundariamente. Corromper a vítima para que altere seu depoimento e 
minta não configura este crime pois esta não é compromissada a dizer a verdade, e não comete 
crime de falso testemunho. 
ES: o crime é doloso, havendo um fim especial de agir consistente na intenção de que a testemunha 
ou perito faça afirmação falsa, negue ou cale a verdade, logo, há dolo específico. 
CT: com qualquer das condutas (dar, oferece ou prometer), independentemente da testemunha ou 
perito aceitar ou não. Claro que aceitando e vindo a falsear, a testemunha ou perito respondem pelo 
art. 342 CP, enquanto que aquele que deu, ofereceu ou prometeu o dinheiro ou qualquer outra 
vantagem responde pelo art. 343 CP. É crime formal, não havendo necessidade de qualquer 
prejuízo para Administração ou para particulares. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 3 a 4 anos, e multa. 
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Forma agravada (§ único): aumenta-se de 1/6 a 1/3: 
1. fim de obter prova em processo penal. 
2. fim de obter prova em processo civil quando for parte (autor ou réu) entidade da 
administração pública direta ou indireta. 
 
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO 
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, 
contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em 
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
OJ: administração da justiça, a especial proteção da veracidade sobre as provas. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica. Sujeito passivo é o Estado, e secundariamente 
a pessoa coagida. O tipo informa as pessoas pelo qual é dirigida a coação (física ou moral) para sua 
configuração: autoridade (juiz, delegado etc.), parte (autor da ação, réu, advogado), qualquer pessoa 
que é chamada a intervir (escrivão, perito, tradutor, testemunha, intérprete, testemunha, jurado etc.). 
EO: a conduta é ‘usar”, que tem sentido de empregar, utilizar. Para configuração deste crime o 
sujeito usa violência (física) ou grave ameaça (promessa de mal sério e grave). A ação recai em 
processo judicial (cível, penal, trabalhista), policial (inquérito, boletim de ocorrência) ou 
administrativo (sindicância) ou juízo arbitral. O fato de uma pessoa afirmar a outra que se não falar 
a verdade a processará por falso testemunho, não configura este crime, tratando-se de mera 
advertência. 
ES: há previsão de dolo específico consistente na vontade de favorecer interesse próprio ou alheio 
exigido pelo tipo. 
CT: com o uso da violência ou da grave ameaça, independentemente do resultado ser alcançado ou 
não, trata-se de crime formal. A tentativa é admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente a violência. Observa-se com 
isto que aplica-se a regra do concurso material de crimes (art. 69 CP) entre o crime de coação e 
a violência. 
 
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo 
quando a lei o permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 
 
OJ: administração da justiça, interesse estatal em evitar a justiça privada. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica. Sujeito passivo é o Estado, e secundariamente 
a pessoa prejudicada. 
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EO: a conduta é “fazer justiça com as próprias”, que tem sentido de punir a pessoa que acredita ter 
direito contra outra pessoa e arbitrariamente satisfaz sua pretensão ao invés de recorrer a justiça, 
usando violência, grave ameaça, fraude, subtração etc. O legislador se utilizou da expressão 
pretensão assim fazendo entender que para configuração deste crime é pressuposto queo sujeito 
tenha interesse em satisfazer um direito que acredita ter em relação a outra, seja legítimo ou 
ilegítimo. É indiferente a natureza deste direito (real, pessoal, de família etc.). 
ES: há previsão de dolo específico consistente na vontade de satisfazer pretensão, exigido pelo tipo. 
Exclusão da ilicitude: a ressalva prevista na parte final deste tipo indica que não haverá este crime 
quando a lei permitir a busca da pretensão pessoalmente pelo agente. São hipóteses em que a 
própria lei permite que o particular aja imediatamente, independentemente de busca de 
instrumentos legais, como no caso das excludentes de antijuridicidade do Código Penal (art. 23 CP) 
ou, no cível, a defesa ou desforço imediato para resguardo da posse invadida etc. Daí porque o 
próprio nomem juris deste tipo exige seja o exercício “arbitrário”, pois patente a possibilidade do 
agente agir em diversas hipóteses. 
CT: a consumação dá-se com a efetiva satisfação da pretensão pois o tipo exige “fazer justiça” 
significando que o agente deve conseguir sua pretensão. A tentativa é admitida. 
AP (§ único): pública incondicionada se há emprego de violência (física), pois, não havendo 
violência a ação será privada, mediante queixa crime. 
Pena: reclusão de 15 dias a 1 mês, ou multa, além da pena correspondente a violência. Aplica-se 
a regra do concurso material de crimes (art. 69 CP) entre o crime de coação e a violência. 
 
SUPRESSÃO OU DANO EM COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por 
determinação judicial ou convenção: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
OJ: administração da justiça, interesse estatal em evitar a justiça privada. É uma modalidade muito 
próxima a anterior, mas, especialmente prevendo as hipóteses de exercício arbitrário das próprias 
razões. 
SD: no tocante ao sujeito ativo, trata-se de crime próprio, pois somente o proprietário da coisa 
pratica este crime. Sujeito passivo é o Estado, e secundariamente a pessoa prejudicada. 
EO: trata-se de um tipo misto alternativo, prevendo diversas condutas criminosas: tirar (subtrair, 
retirar), suprimir (fazer desaparecer), destruir (tornar inexistente) ou danificar (estragar, tornar 
pior). 
OM: a conduta recai sobre a “coisa própria”, isto é, aquela de propriedade do sujeito ativo, mas 
que se acha em poder de terceiro por uma ordem judicial (v.g., busca e apreensão) ou por 
convenção (acordo, contrato firmado entre as partes, locação etc.). 
ES: é a vontade de praticar qualquer das ações, sabendo que existe uma ordem judicial ou 
convenção, sem um fim especial de agir, há dolo genérico. 
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CT: a consumação dá-se com a efetiva tirada, supressão, destruição ou danificação. A tentativa é 
admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
FRAUDE PROCESSUAL 
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de 
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não 
iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
 
OJ: administração da justiça. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica, o autor da ação, o réu, alguma das partes, 
mesmo terceiros, sendo indiferente que tenha interesse direto no processo. Sujeito passivo é o 
Estado, e secundariamente a pessoa prejudicada. 
EO: a conduta é “inovar”, que tem sentido de mudar, alterar ou modificar. Para caracterização da 
inovação, exige-se: 
1. deve recair em processo cível ou administrativo em curso: já instaurado ou iniciado. 
Observando que se a conduta recai sobre processo penal, há previsão de aumento de pena (§ único) 
onde, ademais sequer exige-se tenha sido este iniciado. 
2. praticada artificiosamente: mediante ardil ou artifício, indicando meio enganoso ou 
fraudulento. 
3. recai sobre: 
a) estado do lugar: local. Ex: abertura de janelas, retirada de manchas etc. 
b) coisa: móvel ou imóvel. Ex.: alteração de limites de imóveis. 
c) pessoa: aspecto físico. Ex.: cirurgia plástica. 
ES: há previsão de dolo específico consistente na vontade de induzir a erro juiz ou perito, exigido 
pelo tipo. 
CT: a consumação dá-se com a efetiva inovação, desde que comprovada seja idônea para levar a 
erro o juiz ou perito, sendo indiferente que consiga efetivamente a indução a erro, trata-se de crime 
formal. A tentativa é admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 3 meses a 2 anos, e multa. 
Forma agravada (causa de aumento de pena - § único): no caso de a inovação recair sobre 
produção de provas em processo penal, ainda que não iniciado (quer dizer, mesmo que em fase de 
inquérito, ou antes mesmo da instauração deste), as penas serão aplicadas em dobro. 
 
 
 
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FAVORECIMENTO PESSOAL 
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena 
de reclusão: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica 
isento de pena. 
 
OJ: administração da justiça. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica, exceto se estiver se autofavorecendo pois 
trata-se de um direito não produzir prova contra si, ou for ascendente, cônjuge ou irmão do 
criminoso, pois há isenção de pena por força expressa do § 2º. Sujeito passivo é o Estado. 
Autor de crime: em nosso sistema penal só temos a autoria certa do crime quando há condenação 
definitiva transitado em julgado, assim, entendemos que, o favorecimento ao ‘acusado’ é atípico, 
enquanto não seja este definitivamente condenado. Tal se dá pois não podemos fazer interpretação 
extensiva ao CP e aplicar este art. 348 àquele que auxilia acusado. 
EO: a conduta é “auxiliar a subtrair-se”, quer dizer qualquer forma que vise favorecer aquele que 
é perseguido ou será perseguido pela autoridade pública (policial, judicial ou administrativa), como a 
ocultação do autor do crime, auxílio a sua fuga, despistamento dos policiais etc. Pune-se o 
favorecimento ao autor do crime, e não ao próprio crime, onde então haveria participação (art. 29 
CP). Assim, para configuração do favorecimento pessoal, o auxilio deve ser prestado depois de 
praticado o crime (e não contravenção penal), e não antes ou durante. Desinteressa que seja o crime 
doloso ou culposo, consumado ou tentado. Ademais, exige-se que o auxílio recaia sobre crime onde 
a pena cominada seja de reclusão. Não haverá favorecimento pessoal se houve quanto ao crime 
anterior: 
1. extinção da punibilidade (art.107 CP); 
2. exclusão da ilicitude (art. 23 CP); 
3. inimputabilidade (art. 26 CP); 
4. crime anterior for de ação penal privada ou condicionada a representação e não houver o 
ofendido intentado a queixa crime ou representação. 
ES: em nosso entender a própria conduta prevista (auxiliar a subtrair) remonta e vontade especial 
de pretender a impunidade do autor do crime, logo, há previsão de dolo específico. 
CT: a consumação dá-se com o idôneo auxilio, demonstrando ser conduta hábil à impunidade do 
autor do crime, independentemente de conseguir ou não o intento. A tentativa é admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 1 a 6 meses, ou multa. 
Forma privilegiada (§ 1º): o caput somente pune o crime de favorecimento pessoal se o auxílio 
recai a autor de crime cujo seja cominada pena dereclusão. Porém, neste parágrafo, pune mais 
beneficamente se o auxilio se dá a autor de crime cujo não seja cominada pena de reclusão, ou seja, 
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seja previsto apenas pena de detenção. Assim, apena será de detenção de 15 dias a 3 meses, e 
multa. 
Escusa absolutória (exclusão da punibilidade - § 2º): se quem presta o auxilio é ascendente, 
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso ficará isento de pena. Tal causa de exclusão da 
punibilidade se dá em razão de não ser exigível outra conduta de pessoas tão próximas ao 
criminoso. Entendemos que na hipótese de outras pessoas não arroladas pela lei (amásia, filho ou 
pai adotivo) auxiliarem ao criminoso teria excluída sua culpabilidade por inexigibilidade de conduta 
diversa. 
 
FAVORECIMENTO REAL 
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a 
tornar seguro o proveito do crime: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
 
OJ: administração da justiça. 
SD: trata-se de crime comum, qualquer um o pratica, exceto se este for co-autor ou partícipe do 
crime anterior, onde, claramente apenas estaria exaurindo o crime anterior já praticado ao adotar 
condutas que visassem tornar seguro o proveito do crime. Sujeito passivo é o Estado. 
EO: a conduta é “prestar auxilio”, isto é, ajudar aquele que praticou crime anterior a tornar seguro 
o proveito do crime anterior na posse ou gozo do proveito do crime anterior. A conduta recai 
sobre proveito que significa qualquer vantagem material ou mesmo moral obtida ou esperada em 
razão do crime anterior praticado, incluindo-se a recompensa, o produto e o resultado do crime 
precedente. Claro que o auxilio deve ser dado após a prática do crime anterior, pois se é anterior ou 
mesmo durante o cometimento daquele crime haverá co-autoria ou participação. Aliás, o próprio 
legislador exclui a hipótese de prática do favorecimento real se há co-autoria ou receptação, no 
primeiro caso porque o sujeito sendo co-autor responderá pelo crime anterior praticado na forma 
do art. 29 CP, no segundo caso pois a receptação afigura-se já uma forma de favorecimento real 
especial para crimes contra o patrimônio, e não haveria como se punir o receptador pelo art. 180 e 
por este delito, pois configuraria grosseiro bis in idem. 
ES: há vontade especial de agir contido na expressão “destinado a tornar seguro o proveito do crime”, logo, 
há previsão de dolo específico. Logo, ignorando tratar-se de proveito de crime anterior, não há 
crime. 
CT: a consumação dá-se com o idôneo auxilio que sirva a tornar proveito ou produto, ou seja, 
pela própria leitura do tipo verifica-se que o legislador se contentou com o “auxilio destinado”, 
demonstrando que, basta à consumação do crime seja a conduta é hábil a tornar seguro o proveito 
do crime, independentemente de conseguir ou não o intento (crime formal). A tentativa é 
admitida. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 1 a 6 meses, ou multa. 
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INGRESSO DE APARELHO DE COMUNICAÇÃO EM ESTABELECIMENTO 
PRISIONAL 
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico 
de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
Trata-se de uma espécie de favorecimento real. Este delito foi acrescentado ao Código Penal através 
da Lei 12.012, de 06.08.2009. Na verdade é um crime muito próximo ao delito previsto no art. 319-
A já estudado, que diz respeito a omissão do diretor de penitenciária e/ou agente público do dever 
de vedação a acesso a aparelho telefônico, tratando-se de crime próprio praticado por funcionário 
público contra a Administração. A punição neste art. 349-A recai sobre a pessoa que insere ou 
facilita a inserção de aparelho de comunicação dentro do estabelecimento prisional. Quanto ao 
preso que detém ou recebeu o aparelho, apesar de poder ser sujeito ativo deste crime, ainda 
configura-se falta disciplinar grave a posse de aparelho de comunicação, prevista na LEP em seu 
art. 50, VII, levando a diversos prejuízos no tocante ao cumprimento de pena, como perda dos dias 
remidos, configuração de mau comportamento carcerário que é impeditivo de progressão de regime 
ou livramento condicional, regressão de regime etc. alguns destaques: 
OJ: visa resguardar a administração da justiça, com orientação voltada a regularidade do 
funcionamento e manutenção do sistema prisional. 
SD: crime comum, qualquer um o pratica, inclusive o próprio preso, v.g., em regime semi-aberto, 
retorna ao estabelecimento prisional após alguma saída temporária ingressando com um aparelho 
telefônico. Sujeito passivo é o Estado. 
EO: as condutas são ingressar (entrar, adentrar), promover (realizar), intermediar (mediar), 
auxiliar (ajudar) e facilitar (tornar mais fácil). 
OM: as condutas recaem sobre aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar. 
EN: a expressão sem autorização legal significa exatamente que existem hipóteses autorizadas de 
ingresso de aparelho nestes estabelecimentos, como no caso daqueles de propriedade da direção ou 
de comunicação entre os próprios agentes, claramente revestidos de legalidade por razões óbvias. 
ES: o crime é doloso, sem existir um fim especial de agir por parte do agente, o dolo é genérico. 
CT: com a localização do aparelho dentro do estabelecimento prisional. Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano. 
“1. A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984) institui um amplo sistema de deveres, direitos e 
disciplina carcerários. O tema que subjaz a este habeas corpus diz com tal sistema, especialmente com as 
disposições normativas atinentes à disciplina penitenciária. Disciplina que o legislador entende ofendida 
sempre que o condenado “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, 
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo” (inciso VII do art. 50 da LEP). 2. 
Em rigor de interpretação jurídica, o que se extrai da Lei de Execução Penal é a compreensão de que o 
controle estatal tem de incidir sobre o aparelho telefônico, mas na perspectiva dos seus componentes. É 
dizer: a Lei 11.466/2007 encampou a lógica finalística de proibir a comunicação a distância intra e 
extramuros. Pelo que a posse de qualquer artefato viabilizador de tal comunicação faz a norma incidir de 
pleno direito. 3. Tal maneira de orientar a discussão não implica um indevido alargamento da norma 
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proibitiva. Norma que faz menção expressa à posse, ao uso e ao fornecimento de “aparelho telefônico, de 
rádio ou similar”. E o fato é que o chip faz parte da compostura operacional do telefone celular. Não tem 
outra serventia senão a de se acoplar ao aparelho físico em si para com ele compor uma unidade funcional. 
Donde se concluir que o referido artefato nem sequer é de ser tratado como mero acessório do aparelho 
telefônico, sabido que acessório é aquilo “que se junta ao principal, sem lhe ser essencial; detalhe, 
complemento, achega”. Ele se constitui em componente do aparelho e com ele forma um todo operacional 
pró-indiviso. 4. Ordem denegada, cassada a liminar.” (STF – HC 105973/RS – 2ª Turma – Rel. Min. Ayres 
Britto – J. 30.11.2010) 
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER 
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais 
ou com abuso de poder: 
Pena - detenção, de um mês a um ano. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: 
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de penaprivativa de liberdade ou de medida de segurança; 
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo 
oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; 
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. 
 
Revogação tácita: segundo domina no entendimento doutrinário, esse dispositivo foi revogado 
tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade (L. 4898/65), onde, em seu art. 4º, letras “a” e “b” 
regulam expressamente essas condutas, reproduzindo este art. 350 CP. Mas, faremos algumas 
breves considerações. 
OJ: administração da justiça. 
SD: crime próprio, só o responsável em ordenar a ordem ou o funcionário responsável em executá-
la. Sujeito passivo é o Estado e secundariamente o detido. 
EO: pune-se no caput as condutas de ordenar (determinar, desde que tenha poder para isso) e 
executar (fazer cumprir a ordem), ou seja, relativas aquele que leva o detido à prisão: sem as 
formalidades legais (elemento normativo, onde deve-se verificar as formalidades para haver a 
prisão, v.g., existência de mandado de prisão) ou com abuso de poder. No parágrafo único 
encontram-se as figuras equiparadas que pune aquele que: 
1. ilegalmente recebe ou recolhe alguém: quer dizer, aceita e mantém presa a pessoa sem as 
formalidades exigíveis 
2. prolonga o cumprimento da medida (pena ou medida de segurança): deixa de expedir (ao 
juízes competem a expedição) ou executar (cumprir) o alvará de soltura. 
3. submete a pessoa que está sob sua guarda a vexame ou constrangimento não autorizado 
por lei: óbvio que existem hipóteses em que condutas que seriam constrangedoras ou vexaminosas 
são autorizadas em estabelecimentos prisionais, como a nudez em algumas revistas a presos, desde 
que justificada e fundada na segurança no próprio estabelecimento e dos próprios presos e visitas. 
4. realiza diligências com abuso de poder: ato judicial ou policial que configura abuso de poder. 
ES: o crime é doloso, sem existir um fim especial de agir por parte do agente, o dolo é genérico. 
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CT: com a efetiva ou manutenção da prisão (caput, I e II) com o constrangimento ou vexame 
praticado (III) e com a diligência abusiva (IV). Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 1 mês a 1 ano. 
 
FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA 
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de 
segurança detentiva: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante 
arrombamento, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à 
violência. 
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja 
custódia ou guarda está o preso ou o internado. 
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de 
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
 
OJ: administração da justiça. 
SD: crime comum, qualquer pessoa o pratica. Quanto ao próprio preso que foge, não se aplica este 
crime pois o tipo pune quem promove ou facilita fuga de outrem, pois a fuga (sem violência) em si 
não constitui crime algum. É possível aplicar-se este crime ao preso que promove ou facilita a fuga 
de outros presos. Sujeito passivo é o Estado. 
EO: pune-se no caput as condutas de “promover” (realizar) ou “facilitar” (auxiliar) a saída (ainda 
que rápida ou temporária) de pessoa legalmente presa (seja cautelar ou definitivamente presa) ou 
submetida a medida de segurança detentiva (manicômio judiciário). A prisão tem sentido de 
clausura física, e não a mera detenção pelos policiais em via pública, que consistira em crime de 
resistência (art. 329 CP). Ainda, exige-se que a prisão seja “legal”, ou seja, revestida das 
formalidades e no tempo, pois, caso contrário torna-se abusiva e criminosa, passível, inclusive de 
suscitar legítima defesa ou estado de necessidade de terceiro contra a prisão ilegal. 
ES: o crime é doloso, sem existir um fim especial de agir por parte do agente, o dolo é genérico. 
CT: com a efetiva fuga, ainda que rápida ou temporária. Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 6 mês a 2 anos. 
Forma qualificada (§ 1º e 3º): 
1. emprego de armas, concurso de duas ou mais pessoas ou mediante arrombamento (§ 1º): 
reclusão de 2 a 6 anos. 
2. crime praticado pelo responsável pela custódia ou guarda do preso ou internado (guarda, 
carcereiro, agente penitenciário etc.) (§ 3º): reclusão de 1 a 4 anos. 
Concurso material (§ 2º): havendo violência contra pessoa (lesão corporal ou morte), o agente 
responderá também por estes crimes na forma do art. 69 CP. 
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Modalidade culposa (§ 4º): no caso de fuga resultante da falta de dever de cuidado necessário 
pelo funcionário incumbido da custódia ou guarda, a pena será de detenção de 3 meses a 1 ano, 
ou multa. Interessante que como este parágrafo é expresso em responsabilizar pela culpa do 
funcionário na fuga, não aplica-se este delito para o caso de colocação do preso em liberdade pelo 
próprio carcereiro pela identificação errônea do preso, pois, não há fuga neste caso. 
 
EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA 
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança 
detentiva, usando de violência contra a pessoa: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 
 
SD: é crime próprio, o pratica somente o preso, submetido à prisão ou a tratamento em medida 
de segurança detentiva. Sujeito passivo é o Estado, e secundariamente a pessoa que sofreu a 
violência. 
EO: os verbos são evadir-se (fugir, escapar) ou tentar evadir-se (tentar fugir), classificando-se de 
crime de atentado ou empreendimento uma vez que tanto a consumação quanto a tentativa 
possuem a mesma pena. Tal gera certa perplexidade pois a tentativa, segundo a regra geral do art. 
14, II CP, é punida com causa de redução de pena, o que não ocorre neste crime. Essa evasão deve 
obrigatoriamente dar-se mediante violência contra a pessoa, ou seja, violência real, não havendo 
este crime se há violência contra coisa ou mesmo grave ameaça. Claro que a fuga do preso (com ou 
sem violência), ainda é considerada falta grave pela LEP (art. 50, II), levando a consequências no 
cumprimento de sua pena. 
ES: o crime é doloso, não revelando qualquer finalidade especial de agir do sujeito, logo, o dolo é 
genérico. 
CT: com a prática da violência comprovada como meio usado para fim de evasão. A tentativa é 
punida da mesma forma que o crime consumado. 
AP: pública incondicionada 
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, além da pena correspondente a violência (concurso material) 
 
ARREBATAMENTO DE PRESO 
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência. 
 
EO: pune-se neste delito a conduta daquele que arrebata (toma a força) o preso (provisório, 
definitivo, cumprindo medida de segurança) que está sobre a guarda (detido por policiais, fora de 
estabelecimento prisional) ou custódia (detido em estabelecimento prisional), com o fim de 
maltratá-lo, quer dizer, agredi-lo. São os casos de punição do linchamento que ainda hoje costumam 
ocorrer. 
ES: há dolo específico, pois o arrebatamento dá-se com a finalidade de maltratar o preso. 
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Prof. Danilo PereiraCT: no momento em que o preso é retirado, com violência, de quem o escolta ou da guarda do 
carcereiro ou agente penitenciário. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos, além da pena correspondente a violência (concurso material) 
 
MOTIM DE PRESOS 
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
 
OJ: visa resguardar a administração da justiça, com orientação voltada a regularidade do 
funcionamento e manutenção do sistema prisional. 
SD: é crime próprio, o pratica somente o preso, submetido à prisão ou a tratamento em medida 
de segurança detentiva. Sujeito passivo é o Estado. 
EO: a conduta é “amotinarem-se” que tem sentido de revoltarem-se, levantarem-se 
conjuntamente contra os funcionários e as instalações do estabelecimento prisional. Como o tipo é 
expresso quanto ao plural “presos”, deve haver numero razoável de pessoas detidas para 
configuração deste crime e, aliás, prova de que era suficiente para perturbar a ordem ou disciplina 
da prisão. A amotinação constitui falta grave (art. 50, I LEP). 
ES: o crime é doloso, não revelando qualquer finalidade especial de agir do sujeito, logo, o dolo é 
genérico. 
CT: com a efetiva perturbação da ordem e disciplina. A tentativa é teoricamente admitida. 
AP: pública incondicionada 
Pena: detenção de 6 meses a 2 anos, além da pena correspondente a violência (concurso 
material). 
 
PATROCÍNIO INFIEL 
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo 
patrocínio, em juízo, lhe é confiado: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
Patrocínio simultâneo ou tergiversação 
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma 
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. 
 
OJ: administração da justiça, uma vez que a própria CF/88, em seu art. 133 considera o advogado 
indispensável á administração da justiça. 
SD: crime próprio, somente o advogado ou estagiário inscrito na OAB. Sujeito passivo é o Estado. 
EO: pune-se no caput a conduta de “trair” (ser infiel) os deveres da profissão, prejudicando 
interesse que lhe foi confiado, ou seja, exige-se: 
1. prejuízo de interesse: aquele concreto, tanto material como moral. 
2. patrocínio que lhe é confiado: deve existir um mandato, escrito ou verbal, gratuito ou oneroso, 
ou mesmo existir a nomeação de um juiz como advogado dativo ou ad hoc (para aquele ato). 
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3. em juízo: a ação deve ser praticada em causa judicial, cível ou penal. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir por parte do advogado, bastando a traição, 
independentemente do fim desejado, o dolo é genérico 
CT: com o efetivo prejuízo causado (crime material) no caput, ou, com a prática processual contra o 
cliente primitivo, no parágrafo único. Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 6 meses a 3 anos, e multa. 
Forma equiparada (§ único): 
Pune-se com a mesma pena o advogado que, na mesma causa (mesma pretensão, e não mesmo 
processo como no caso de cobrança de alimentos por períodos sucessivos) que defende partes 
contrárias cujos interesses colidem, ou seja, com teses antagônicas. Simultânea é a defesa feita ao 
mesmo tempo, e sucessivo é o patrocínio em que há tervigersação, com o advogado passando a 
tratar do interesse da parte contrária depois de abandonar ou ser dispensado pela parte primitiva. 
 
SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO 
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor 
probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: 
Pena - detenção, de seis a três anos, e multa. 
 
OJ: administração da justiça. 
SD: crime próprio, somente o advogado ou estagiário inscrito na OAB (procurador judicial). 
Sujeito passivo é o Estado, e secundariamente a parte prejudicada. 
EO: pune-se as condutas de “inutilizar” (tornar imprestável, que não mais serve), “deixar de 
restituir” (sonegar, deixar de devolver). Exige-se que o advogado tenha recebido, quer dizer 
regularmente retirado os autos da repartição pública mediante a identificação própria, pois se não 
havia autorização para retirá-lo (chamada “carga” dos autos), haverá o crime de subtração ou 
inutilização de livro ou documento (art. 337 CP). Ainda, sendo procurador concursado (funcionário 
público), como integrante da Advocacia Geral da União, Procuradoria da Fazenda Nacional, 
Defensoria Pública, haverá o crime praticado por funcionário público previsto no art. 314 CP 
(Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento). Essas condutas, que podem dar-se 
total ou parcialmente, recaem sobre: 
1. autos: tanto processo (cível, penal trabalhista, administrativo) como inquérito policial. 
2. documento de valor probatório: aquele comprobatório de fato juridicamente relevante. 
3. objeto de valor probatório: é a coisa capaz de comprovar algo 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir por parte do advogado, bastando a inutilização, 
ainda que parcial, ou a não restituição (não devolução), independentemente do fim desejado, o dolo 
é genérico. Como não é punida a modalidade culposa, comprovado ter pedido os autos, o fato é 
atípico. 
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CT: na modalidade inutilização, com a perda da aptidão probatória; na modalidade sonegação de 
autos quando deixa de restituí-los, após intimado a devolvê-los e, da mesma forma com a 
sonegação de documento ou objeto, consumando-se quando não o devolve em tempo 
juridicamente relevante depois de ter sido formalmente solicitada a devolução. A tentativa é 
admitida na modalidade inutilização (lembrando-se que mesmo a inutilização parcial já configura 
este crime) 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 6 meses a 3 anos, e multa. 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO 
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão 
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou 
utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. 
 
Este crime é muito próximo ao tráfico de influência já estudado (art. 332 CP) sendo este delito do 
art. 357, uma modalidade mais especial daquele, onde, as condutas lá previstas (solicitar, exigir, 
cobrar ou obter) servem para influir em ato praticado por qualquer funcionário público, e, neste 
delito (art. 357 CP), a solicitação ou recebimento serve para influir funcionários públicos 
determinados: juiz (autoridade judiciária, componente do poder judiciário), jurado, órgão do 
Ministério Público (promotor de justiça de 1ª instância ou procurador de justiça de 2ª instância), 
funcionário da justiça (funcionário público que exerce atividade no poder judiciário), tradutor, 
intérprete ou testemunha. É a venda de fumaça, onde há um pretexto do agente. 
EO: pune-se as conduta de “solicitar” (pedir) ou “receber” (aceitar) dinheiro ou qualquer 
utilidade, ou seja, qualquer benefício ou interesse do sujeito. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir, bastando a conduta (solicitar ou receber), 
independentemente do fim desejado, o dolo é genérico 
CT: com a só solicitação (ainda que rejeitada) ou o recebimento. Admite-se a tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: reclusão de 1 a 5 anos, e multa. 
Forma agravada (§ único): 
Aumenta-se de 1/3 se o agente alega ou insinua que o dinheiroou a utilidade também se destinam 
as pessoas referidas no caput. Assim, como o art. 332, visa punir mais gravemente aquele que 
compromete o bom nome do funcionário público e da própria Administração. 
 
VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL 
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou 
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
 
SD: crime comum, qualquer pessoa o pratica. A vítima é o Estado, e secundariamente o 
concorrente, o licitante ou terceiro prejudicado. 
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EO: existem duas partes este tipo, a primeira pune-se as condutas de: 
1. impedir: obstar, obstruir. 
2. perturbar: atrapalhar, embaraçar. 
3. fraudar: usar ardil para iludir. 
Essas condutas recaem sobre arrematação judicial, que é a venda em hasta pública promovida 
pelo poder judiciário. 
Na segunda parte, pune-se: 
1. afastar ou procurar afastar: afastar é por de lado, tirar do caminho, impedir, ou tentar impedir. 
Essa conduta recai sobre concorrente ou licitante, que é aquele que concorre, participa de 
concorrência ou licitação para consecução de alguma atividade ou obra pública. 
A forma de execução desta segunda parte do crime deste crime também foi descrita pelo legislador, 
mediante: 
1. violência: coação física contra pessoa, e não contra coisas. 
2. grave ameaça: é a intimidação séria e grave; 
3. fraude: é o ardil, para enganar. 
4. oferecimento de vantagem: é propor favor, lucro ou ganho. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir, independentemente do fim desejado, o dolo é 
genérico. 
CT: com a prática de qualquer das condutas (impedir, perturbar ou fraudar); na segunda parte, 
havendo violência, grave a ameaça, fraude ou com o só oferecimento de vantagem. Admite-se a 
tentativa. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa, além da pena correspondente a violência (concurso 
material – art. 69 CP) 
 
DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE 
DIREITO 
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por 
decisão judicial: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
EO: Trata-se de um delito que pune uma especial forma de desobediência, não obstante a previsão 
do crime de desobediência já estudado (art. 330 CP). Aqui pune-se o sujeito que exerce 
(desempenha com habitualidade) função, atividade, direito autoridade ou múnus (encargo) ao qual 
foi suspenso ou privado por uma decisão judicial. Decisão judicial é aquela proferida por 
autoridade judiciária de caráter definitivo, neste caso, referente aos efeitos da condenação. São 
hipóteses em que o sujeito teve cessado o direito de exercício por determinado período (suspenso) 
ou definitivamente (privado) como efeito de uma decisão judicial, como nos casos dos efeitos da 
condenação previstos no art. 92, I a III do CP: perda do cargo, função ou mandato eletivo; 
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incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela por crimes dolosos cometidos 
contra o filho, tutelado ou curatelado; a inabilitação para dirigir veículo automotor. 
SD: crime próprio, somente cometido por aquele que foi suspenso ou privado por decisão judicial 
de sua função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Sujeito passivo é o Estado. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir, o dolo é genérico. 
CT: com o efetivo exercício. Trata-se de crime habitual, exigindo a prova da constância do 
exercício, sob pena de uma única vez configurar fato atípico. 
AP: pública incondicionada. 
Pena: detenção de 3 meses a 2 anos, ou multa. 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CAPÍTULO IV 
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS 
 
Art. 359-A Contratação de operação de crédito 
Art. 359-B Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar 
Art. 359-C Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura 
Art. 359-D Ordenação de despesa não autorizada 
Art. 359-E Prestação de garantia graciosa 
Art. 359-F Não cancelamento de restos a pagar 
Art. 359-G Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura 
Art. 359-H Oferta pública ou colocação de títulos no mercado 
 
Considerações gerais 
Este Capítulo IV foi acrescentado integralmente pela Lei 10.028, de 19.10.2000. O legislador 
buscou estabelecer normas visando a responsabilidade na gestão fiscal, a fim de prevenir riscos e 
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. A proteção dispensada às 
finanças públicas, no Brasil da atualidade, é crescente, espalhando-se por várias leis 
infraconstitucionais, embora encontre na Carta Magna seu fundamento e vértice, conforme 
verificamos no Título VI, Capítulo II (Das Finanças Públicas), em seus artigos 163 as 169, 
fornecendo a diretrizes para proteção, regulação, objetivos e funcionamento das finanças públicas 
da dívida pública externa e interna, concessão de garantias por entidades públicas, emissão e resgate 
de títulos da dívida pública, fiscalização das instituições financeiras, operações de câmbio realizadas 
por órgãos e entidades da União, Estados, Municípios e Distrito Federal etc. Nessa linha o art. 165, 
§ 9º da CF estabeleceu que competia a lei complementar regular as normas de gestão financeira e 
patrimonial da administração direta e indireta. De fato, no ano de 2000, entrou em vigor a Lei 
complementar 101, de 4/05/2000, que dispõe sobre as responsabilidades da gestão fiscal. Portanto, 
é inegável a necessidade de leis para consecução dos objetivos orçamentários do país de modo a 
impedir o endividamento exagerado e daninho ao desenvolvimento econômico e social, tornando 
as gestões desastrosas à sociedade em geral. Sob tal prima, incluiu-se no Código Penal este Capítulo 
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IV, tendo por finalidade tipificar a conduta ilícita dos administradores irresponsáveis no trato do 
dinheiro público. 
 
CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO 
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização 
legislativa: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou 
externo: 
I - com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado 
Federal; 
II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. 
 
OJ: o equilíbrio das contas públicas, especialmente o controle legislativo do orçamento. 
SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para ordenar, 
autorizar ou realizar operação de crédito. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da Administração 
direta (União, Estado ou Município) atingido e, claro, a própria sociedade. Há possibilidade de co-
autoria ou participação do particular, desde que este saiba da condição de funcionário público 
do autor. 
EO: as condutas são: 
1. ordenar: tem significado de autorizar, determinar. 
2. autorizar: significa dar ou conferir autorização. 
3. realizar: tem sentido de pôr em prática, executar, contratar a operação de crédito. 
Estas condutas recaem sobre operação de crédito, segundo definição da Lei Complementar 
101/00, art. 29, III, trata-se do “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, 
emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valoresprovenientes de venda a 
termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos 
financeiros.” Interna é a operação feita dentro do país. Externa, é a realizada com o exterior. Exige-se, 
para configuração deste crime que as condutas sejam realizadas sem prévia autorização 
legislativa, ou seja, trata-se de elemento normativo do tipo onde deve-se verificar as normas que 
autorizam tais operações que devem constar na lei orçamentária ou através de uma lei específica 
que depende de prévia autorização da casa legislativa competente de acordo com a lei orçamentária 
da União, Estado ou Município. No caso do crime praticado por Presidente da República ou 
Prefeitos haverá crime de responsabilidade (Lei 1.079/50 e dec. Lei 201/67) e Improbidade 
Administrativa (L. 8.429/92). 
Formas equiparadas (§ único): equipara-se ao caput aquele que realiza aquelas condutas: 
I - com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução 
do Senado Federal; 
II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por 
lei. 
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Em ambas as condutas, ao contrário do caput, há autorização para a operação de crédito, mas o 
agente desrespeita limite, condição ou o valor estabelecido pela lei ou resolução do Senado Federal 
(I), ou quando os limites da dívida total assumidas pelo ente de Federação (União, Estados ou 
Municípios) são maiores do que o limite estabelecido pela lei (II). 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática de qualquer das 
condutas previstas no tipo para sua configuração, sabendo da inexistência de prévia autorização 
legislativa para a operação de crédito realizada (caput), ou, quando autorizada, ultrapassa o limite, 
condição ou montante autorizado por lei (I e II) (dolo genérico). 
CT: com a efetiva ordem, autorização ou realização da operação, tratando-se de crime formal, sem 
necessidade de ocorrência de um resultado naturalístico. Apesar disso entendemos que praticada 
qualquer das condutas mesmo que sem resultado naturalístico (logo, havendo só o perigo), ou, no 
caso de haver a realização da operação (logo, havendo resultado), em qualquer caso deve ficar 
comprovado que houve séria interferência no planejamento ou equilíbrio das contas públicas, sob 
pena de não atingir-se a objetividade jurídica deste tipo. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 1 a 2 anos. 
 
INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR 
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente 
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção das contas públicas, especialmente a normal escrituração das contas 
públicas. 
SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para ordenar 
e autorizar a inscrição de restos a pagar. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da Administração direta 
(União, Estado ou Município) atingido, e a própria sociedade. Há possibilidade de co-autoria ou 
participação do particular, desde que este saiba da condição de funcionário público do autor. 
EO: as condutas são: 
1. ordenar: tem significado de autorizar, determinar. 
2. autorizar: significa dar ou conferir autorização. 
Estas condutas recaem sobre restos a pagar, que segundo definição da Lei 4.320/64, art. 36, 
“consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as 
processadas das não processadas.” Em linhas gerais os restos a pagar constituem a despesa ainda não foi 
paga no exercício anterior, mas que já havia sido empenhada (comprometida) durante o período 
do exercício financeiro ou que, apesar de ter sido empenhada, excedeu o limite estabelecido na lei. 
Chamamos de restos a pagar uma conta flutuante que serve para pagamento destas despesas 
comprometidas no exercício financeiro anterior. Despesa é o emprego ou gasto de dinheiro para 
aquisição de coisas ou execução de serviços. Em matéria de administração de orçamento público, o 
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empenho é indispensável porque constitui a “programação” do panorama dos compromissos 
assumidos e as dotações orçamentárias disponíveis para seus pagamentos. É vedada a realização de 
despesas que não tenham sido previamente separadas (empenhadas) do orçamento para honrar o 
compromisso assumido. Dessa forma, evita-se deixar para o ano seguinte e, especialmente para 
outro administrador, as despesas que já constem expressamente como devidas e cujo pagamento há 
de se estender no tempo. Chamam-se restos a pagar processados as despesas que cumpriram o 
estágio de liquidação (são dívidas certas) e que deixaram de ser pagas apenas por circunstâncias 
próprias do encerramento do exercício fiscal. Os restos não processados são todas as despesas 
que deixaram de passar pelo estágio de liquidação. Em arremate, pune-se a ordenação ou 
autorização de pagamento de despesa na forma de restos a pagar, de despesa que não foi 
empenhada ou que tenha excedido o limite estabelecido por lei para o pagamento, sendo que o 
sujeito ativo pratica as condutas ordenando ou autorizando a inscrição de despesas que não se 
constituem restos a pagar. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática de qualquer das 
condutas previstas no tipo para sua configuração, sabendo da inexistência de prévia autorização do 
comprometimento da despesa ou que tenha excedido o limite estabelecido (dolo genérico). 
CT: com a efetiva ordem ou autorização tratando-se de crime formal, sem necessidade de 
ocorrência da efetiva operação de crédito e prejuízo ao erário. Ademais, é crime de forma 
vinculada, pois praticado das duas formas eleitas pelo legislador: inscrição de despesa como restos 
a pagar sem que tenha sido empenhada, ou que tenha excedido o limite legal. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 6 meses a 2 anos. 
 
ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA 
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do 
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela 
a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção das contas públicas, especialmente a normal escrituração das contas 
públicas. 
SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para ordenar 
e autorizar a assunção de obrigação, e, claro, ocupante do cargo ao qual foi eleito. Abrange tanto o 
chefe do Poder que exerce a função administrativa quanto o integrante do Poder Legislativo 
incumbido de autorizar gastos (v.g., vereador). Ainda, inclui-se todos os gestores que tem autonomia 
administrativa e financeira para deliberar sobre gastos, como o chefe do Ministério Público, Juiz 
Diretor do Fórum etc. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da Administração direta (União, Estado 
ou Município) atingido. Há possibilidade de co-autoria ou participação do particular, desde que 
este saiba da condição de funcionário público do autor. 
EO: as condutas são: 
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1. ordenar: tem significado de determinar. 
2. autorizar: significa dar ou conferir autorização. 
Estas recaem sobre a obrigação assumida, exigindo-se: 
1. a assunção de obrigação nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou 
legislatura cuja despesa que nãopode ser paga no mesmo exercício financeiro: significa 
assumir a contração de despesa cujo impedimento (quadrimestres = 8 meses) que vai de 1º de maio 
até o final da legislatura ou mandato. 
2. ou reste parcela a ser paga no exercício seguinte, sem disponibilidade suficiente de 
caixa: é todo o estoque de dívida existente até 30 de abril, independentemente do exercício em que 
foi gerada. Desse montante identifica-se o valor vencido e a vencer até 31 de dezembro para fins de 
projeção da disponibilidade de caixa naquela data. 
Na verdade, este crime quer conter a leviana contratação de obrigação cujo será paga pelo sucessor 
levando a constante inadimplência e desequilíbrio fiscal por parte dos órgãos públicos. Assim, evita-
se que o administrador transmita despesa sua ao seu futuro sucessor. Dessa forma, nessa primeira 
parte, proibi-se a assunção de dívida que não será paga no mesmo exercício, sendo complementada 
pela segunda parte, voltada a garantir que a dívida, caso reste para o exercício seguinte, ao menos 
tenha previsão de caixa suficiente para ser satisfeita. Visa este dispositivo moralizar a passagem do 
funcionário por determinado cargo, a fim de que gaste aquilo que pode e está autorizado em lei. 
Busca o equilíbrio fiscal. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática de qualquer das 
condutas previstas no tipo para sua configuração (dolo genérico). 
CT: com a efetiva ordem ou autorização tratando-se de crime formal, sem necessidade de 
ocorrência da efetiva assunção de obrigação da despesa. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos. 
 
ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA 
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção das contas públicas. 
SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para ordenar 
despesa. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da Administração direta (União, Estado ou Município) 
atingido. Há possibilidade de co-autoria ou participação do particular, desde que este saiba da 
condição de funcionário público do autor. 
EO: a conduta incriminada é “ordenar” que, como já visto nos delitos anteriores, tem sentido de 
determinar, mandar que se faça. O contexto deste dispositivo visa moralizar a administração 
pública, visando a punição daquele que ordena despesa não autorizada por lei ou em desacordo 
com a autorização legal, constituindo afronta ao disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
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complementar 101/00). Assim, fim precípuo desse tipo é ensejar ou maior proveito dos tributos 
recolhidos pelo Administrador em prol da coletividade, vontade esta que inspira ou deveria inspirar 
os governantes. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática da conduta 
previstas no tipo para sua configuração, ou seja, com ma só ordem (dolo genérico). 
CT: basta a efetiva ordem, tratando-se de crime formal, sem necessidade de ocorrência a efetiva 
despesa. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos. 
 
PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA 
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor 
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção da regularidade das contas públicas. 
SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para prestar garantia 
em operação de crédito. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da Administração direta (União, Estado ou 
Município) atingido. Há possibilidade de co-autoria ou participação do particular, desde que este saiba da 
condição de funcionário público do autor. 
EO: a conduta incriminada é “prestar garantia” que tem sentido de compromissar-se a satisfazer uma dívida 
assumida oferecendo algum tipo de caução destinada a conferir segurança ao pagamento. Garantia pode ser 
oferecida pelo próprio devedor, ou por terceiro estranho (garantidor) ao vínculo obrigacional que garantiu. 
Assim, por exemplo, a União pode ser chamada a dar alguma garantia no caso de operação junto a algum 
organismo internacional que deseje um empréstimo, sendo que compete ao funcionário competente exigir 
uma contragarantia (garantia sobre aquele empréstimo) que seja igual ou maior a garantia prestada pela União. 
Em arremate, a conduta típica objetiva neste crime é impedir que o administrador apto a prestar garantia em 
operação de crédito possa valer-se dessa faculdade sem a devida exigência de contragarantia, o que é 
indispensável, para conferir segurança ao ente que assegurou o compromisso alheio. Logo, pune-se o 
funcionário que preste a garantia por mera liberalidade. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática da conduta prevista no tipo 
para sua configuração, ou seja, com o só compromisso assumido - garantia prestada (dolo genérico). 
CT: basta o compromisso assumido, independentemente da efetiva realização da operação de crédito, 
tratando-se de crime formal. 
AP: pública incondicionada 
Pena: reclusão de 3 meses a 1 ano. 
 
NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR 
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar 
inscrito em valor superior ao permitido em lei: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção da regularidade das contas públicas. 
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SD: trata-se de crime próprio, o pratica somente funcionário público com atribuição para ordenar, 
autorizar ou promover o cancelamento dos restos a pagar. Sujeito é passivo é o Estado, órgão da 
Administração direta (União, Estado ou Município) atingido. Há possibilidade de co-autoria ou 
participação do particular, desde que este saiba da condição de funcionário público do autor. 
EO: as condutas incriminadas e tratam de delitos omissivos, ou seja, uma abstenção indevida por 
parte do administrador: 
1. deixar de ordenar: deixar de dar um comando, uma ordem. 
2. deixar de autorizar: significa deixar de aquiescer, fornecer consentimento. 
3. deixar de promover: fazer algo, gerar algo.O objetivo deste crime é complementar o art. 359-B 
(inscrição de despesas ao empenhadas em restos a pagar). Assim, aquele que ordena ou autoriza a 
inscrição de despesa não autorizada por qualquer razão em restos a pagar, responde pelo art. 359-B, 
enquanto que o agente administrativo que, podendo e tendo competência a tanto, toma 
conhecimento do que foi feito por outro e não determina o cancelamento dessa indevida inscrição, 
responde pelo art. 359-F. Ressalte-se que sendo o mesmo administrador embuído dessa 
competência (inscrição e cancelamento desta), este artigo 359-F é considerado um pós fato 
impunível (post factum não punível) por considerar-se exaurimento da conduta anterior (art. 359-B), 
logo o sujeito responderá apenas pelo art. 359-B CP. 
ES: o crime é doloso, sem um fim especial de agir do agente, bastando a prática de qualquer das 
condutas omissivas previstas (dolo genérico). 
CT: com a omissão prevista, independentemente de qualquer resultado, tratando-se de crime 
formal. 
AP: pública incondicionada 
Pena: detenção de 6 meses a 2 anos. 
 
AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU 
LEGISLATURA 
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento 
e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 
OJ: o equilíbrio e proteção da regularidade das contas públicas.

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