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Fichamento CHAUÍ São Ciências Humanas

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CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. SP: Editora Ática, 2000. p. 345-353.
“Capítulo 4 – As ciências humanas”
Têm o ser humano como objeto.
São ciências “especiais”, pois:
O ser humano como objeto científico é ideia recente, surgida apenas no séc. XIX. Até então, a Filosofia compreendia os estudos sobre o ser humano.
Surgiram depois das ciências matemáticas e naturais já consolidadas com métodos científicos, que foram inicialmente utilizados nas ciências humanas;
Surgiram na época do empirismo da ciência, com seus modelos experimentais. Mas no estudo do ser humano, não era possível aplicar integralmente os métodos das outras ciências, que lidam com fatos observáveis e em condições especiais de laboratório. O ser humano é complexo e subjetivo, razão pela qual as ciências humanas acabaram trabalhando por analogia com os métodos das ciências naturais.
Isso e outras objeções levaram cientistas e filósofos a duvidar que as ciências humanas fossem ciência:
Como observar-experimentar a consciência humana individual ou coletiva?
Como estabelecer leis objetivas quando o ser humano é essencialmente subjetivo? Como estabelecer leis universais para algo particular, como a sociedade humana? Como estabelecer leis necessárias para algo que ocorre uma única vez, como um acontecimento histórico?
A ciência opera por análise (decomposição de um fato complexo em elementos simples) e síntese (recomposição do fato complexo com seleção dos elementos essenciais dos acidentais): como analisar e sintetizar o ser humano, a coletividade, ou um fato histórico?
A ciência lida com fatos regidos pela necessidade causal. Como dar explicação científica ao ser humano, que age por liberdade?
A ciência lida com fatos objetivos filtrados dos elementos subjetivos. Como proceder com o ser humano, que é dotado de subjetividade como característica principal?
As ciências humanas são recentes. Do século XV ao início do século XX, a investigação do ser humano realizou-se de 3 maneiras:
Período do humanismo: considera o ser humano um ser natural diferente dos demais, por ser animal racional, livre, ético, político, técnico e artístico. 
Período do positivismo: homem como ser social. A sociologia deve estudar os fatos humanos através de métodos empregados pelas ciências da Natureza.
Período do historicismo: as ciências humanas devem criar o método de explicação e compreensão do sentidos dos fatos humanos, encontrando a causalidade histórica que os governa. O historicismo resultou em dois problemas:
Relativismo: numa época em que as ciências humanas buscavam a universalidade de conceitos e métodos, verificou-se que as leis científicas só seriam válidas para uma determinada época e cultura, impossível a universalização.
Subordinação a uma filosofia da história: numa época em que as ciências humanas pretendiam desgarrar-se da Filosofia, o ser humano e as instituições culturais só seriam compreensíveis através de um estudo subordinado a uma teoria geral da História. Para escapar desse problema, o sociólogo alemão Max Weber propôs que as ciências humanas trabalhassem seus objetos não como fatos empíricos, mas como “tipos ideais”: ideias gerais que permitem compreender e interpretar fatos sociais observáveis.
Três correntes de pensamento contribuíram para a consolidação das ciências humanas e demonstraram que os fenômenos humanos são dotados de sentido e significação, são históricos, possuem leis próprias, são diferentes dos fenômenos naturais e podem ser tratados cientificamente:
Fenomenologia: permitiu a definição e a delimitação dos objetos das ciências humanas. Introduziu a noção de essência ou significação como um conceito que permite diferenciar internamente uma realidade de outras. Distinguiu a essência “Natureza” da essência “Homem”. Desta, diferenciou internamente as essências do psíquico, social, histórico e cultural. Com isso, permitiu a validade dos campos de investigação da psicologia, sociologia, história, antropologia, linguística, economia.
Estruturalismo: permitiu uma metodologia que chega às leis dos fatos humanos, sem que seja necessário imitar ou copiar os procedimentos das ciências. O estruturalismo mostrou que os fatos humanos formam estruturas ou sistemas que criam seus próprios elementos, dando sentido ao todo. Pôde demonstrar que sociedades diferentes podem possuir formas distintas de organização das relações sociais, sem que uma delas possa ser chamada de mais primitiva que a outra. São diferentes.
Marxismo: permitiu compreender que as mudanças históricas não resultam de ações súbitas e espetaculares de alguns indivíduos, mas de lentos processos sociais, econômicos e políticos, baseados na forma assumida pela propriedade dos meios de produção e pelas relações de trabalho. 
Campos de estudo das ciências humanas
Psicologia: estudo das estruturas e do desenvolvimento das operações da mente humana e suas perturbações, dos comportamentos e das relações entre os seres humanos.
Sociologia: estudo das estruturas de origem e forma das sociedades, relações sociais e suas transformações.
Economia: estudo da estrutura de produção, distribuição, circulação e consumo de riquezas, e das crises e transformações daí decorrentes.
Antropologia: estudo das estruturas culturais em suas particularidades.
História: estudo da origem, desenvolvimento e transformações das sociedades em seus aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais.
Linguística: estudo das estruturas da linguagem e suas relações com outros sistemas de signos ou de comunicação.
Psicanálise: estudo do aparelho psíquico do ser humano.
Notas: cada uma das ciências humanas se subdividiu em vários ramos, definidos pela especificidade crescente de seus objetos e métodos, exemplo: sociologia política, sociologia do trabalho, sociologia rural, sociologia urbana, sociologia econômica. Mas as ciências humanas apresentam resultados mais completos e satisfatórios quando trabalham interdisciplinarmente, abrangendo múltiplos aspectos dos fenômenos estudados.

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