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IAMAMOTO - PARTE II – ASPECTOS DA HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL (1930 – 1960)

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IAMAMOTO, Marilda Vilela e CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço 
Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 2a. Ed. 
São Paulo: Cortez, 1983.PARTE II – ASPECTOS DA HISTÓRIA DO SERVIÇO 
SOCIAL NO BRASIL (1930 – 1960) 
 
Capítulo I – A Questão Social nas Décadas de 1920 e 1930 e as bases 
para a implantação do Serviço Social 
 
 A Questão Social na Primeira República 
 
A “questão social” relaciona-se à generalização do trabalho livre, numa 
sociedade com marcas da escravidão. Destaca-se o longo processo de 
transição, através do qual se forma um mercado de trabalho em moldes 
capitalistas, em especial ao momento em que a constituição desse mercado 
está em amadurecimento nos principais centros urbanos. Momento em que o 
capital já “se liberou” do custo de reprodução da força de trabalho, limitando-se 
a procurar, no mercado, a força de trabalho tornada mercadoria. 
A manutenção e a reprodução dessa força de trabalho está a cargo do 
operário e de sua família, através do salário, advindo da venda da força de 
trabalho à classe capitalista e não a um único senhor. 
A partir do momento em que a sociedade burguesa vê como ameaça a luta 
defensiva do operário à exploração abusiva a que é submetido, há necessidade 
que o controle social da exploração da força de trabalho seja feito pelo Estado, 
através de uma regulamentação jurídica do mercado de trabalho. 
As Leis Sociais aparecem, então, para responder aos movimentos sociais 
que lutam por uma cidadania social. Esses movimentos refletem e são 
elementos dinâmicos das profundas transformações da sociedade, quando da 
consolidação de um pólo industrial, pois colocam os problemas e exigem 
modificação na composição de forças dentro do Estado e no relacionamento 
deste com as classes sociais. Portanto, o desdobramento da questão social é 
também a questão da formação da classe operária e de sua entrada no cenário 
político, de seu reconhecimento em nível de Estado, da implementação de 
políticas que atendem seus interesses. Sendo assim, a “questão social” 
constitui-se, essencialmente, da contradição entre burguesia e proletariado. 
Proletariado este em que os laços de solidariedade política e ideológica 
perpassam seu conjunto. 
A implantação do Serviço Social ocorre no decorrer desse processo 
histórico, surgindo da iniciativa particular de grupos e frações de classe, que se 
manifestam por intermédio da Igreja Católica. Enquanto que as leis sociais são 
resultantes da pressão do operariado pelo reconhecimento de sua cidadania 
social, a legitimação do Serviço Social diz respeito a grupos e frações restritos 
das classes dominantes e a sua especificidade na ausência quase total de uma 
demanda a partir das classes e grupos a que se destina prioritariamente. 
A análise do posicionamento e das ações assumidas e desenvolvidas pelos 
diferentes grupos e frações dominantes e pelas instituições que mediatizam 
seus interesses na sociedade, permite apreender o sentido histórico do Serviço 
Social. 
A crise do comércio internacional de 1929 e o movimento de 1930 
aparecem como movimentos centrais de um processo que leva a uma 
reorganização das esferas estatal e econômica, apressando o deslocamento 
do centro motor da acumulação capitalista das atividades de agro-exportação 
para outra de realização interna. 
O histórico das condições de existência e de trabalho do proletariado 
industrial mostra a extrema voracidade do capital por trabalho excedente: * A 
população operária amontoava-se em bairros insalubres junto às aglomerações 
industriais, com falta absoluta de água, luz e esgoto; * as empresas 
funcionavam em prédios sem condições mínimas de higiene e segurança; * 
salários insuficientes para a subsistência; * o preço da força de trabalho, 
constantemente pressionada para baixo devido ao exército industrial de 
reserva; * a pressão salarial força a entrada no mercado de trabalho de 
mulheres e crianças; * a jornada de trabalho, é, no início do século de quatorze 
horas; * não se tem direito a férias, descanso semanal remunerado, licença 
para tratamento de saúde etc; * dentro da fábrica está sujeito à autoridade 
absoluta de patrões e mestres; * não possui garantia empregatícia ou contrato 
coletivo; * com as crises do setor industrial há dispensas maciças e 
rebaixamentos salariais. 
Frente a estas condições de trabalho e de existência, o operariado se 
organiza para se defender. Uma organização diferenciada em seus diversos 
estágios de desenvolvimento, desde o caráter assistencial e cooperativo ao de 
resistência operária organizada. 
A luta reivindicatória está centrada na defesa do poder aquisitivo dos 
salários, na duração da jornada de trabalho etc. As duas primeiras décadas são 
marcadas pelas greves e manifestações operárias. No período de 1917 a 1920 
a densidade e a combatividade das manifestações de inconformismo marcam, 
para a sociedade burguesa, a presença ameaçadora de um proletariado à beira 
do pauperismo. 
O “liberalismo excludente” do Estado e a elite republicana da Primeira 
República, dominados pelos setores burgueses ligados a agro-exportação, são 
incapazes de tomar medidas de peso em prol do proletariado. Somente em 
1919 que é implantada a primeira medida ampla de legislação social, 
responsabilizando as empresas pelos acidentes de trabalho, contudo, não 
representa mudança substantiva na situação dos trabalhadores. 
Na década de 20, são aprovadas leis que abrem caminho à intervenção do 
Estado na regulamentação do mercado de trabalho e leis que cobrem uma 
parcela chamada “proteção ao trabalho”, férias, acidente de trabalho, código de 
menores, seguro-doença etc. 
A dominação burguesa implica a organização do proletariado, ao mesmo 
tempo em que implica sua desorganização enquanto classe, isto porque ela 
necessita de estabelecer mecanismos de integração e controle. Sendo assim, 
na Velha República, as medidas parciais que são implantadas visam mais à 
ampliação de sua base de apoio e a atenuação do conflito social, sem 
implicarem um projeto mais amplo de canalização das reivindicações operárias. 
Por um lado, para o Estado e para setores dominantes ligados a agro-
exportação, as relações de produção são um problema de empresa, por outro, 
o movimento operário também não consegue estabelecer laços politicamente 
válidos com outros segmentos da sociedade que constituem a maioria da 
população. Assim, a classe operária, apesar de seu progressivo adensamento, 
permanece sendo uma minoria fortemente marcada pela origem européia, 
estando social e politicamente isolada. 
A preocupação do empresariado com o social aparece apenas a partir da 
desagregação do Estado Novo e término da Segunda Guerra Mundial e 
representa uma adaptação a nova fase de aprofundamento do capitalismo. O 
patronato, a burguesia industrial, que está solidificando sua organização 
enquanto classe está ancorada nos princípios do liberalismo do mercado de 
trabalho e no privatismo da relação de compra e venda da força de trabalho, 
como pressuposto essencial de sua taxa de lucro e acumulação. A adesão às 
novas formas de dominação e controle do movimento operário será dada pelo 
populismo e desenvolvimentismo da era Vargas. 
Dentre os diversos aspectos da prática social do empresariado 
durante o período de 1920 a 1930, destacam-se dois elementos 
relacionados com a implantação e desenvolvimento do Serviço Social: 
1. Crítica do empresariado a inexistência de mecanismos de 
socialização do proletariado, ou seja, da inexistência de instituições que 
tenham por objetivo produzir trabalhadores integrados física e 
psiquicamente ao trabalho fabril; 
2. O conteúdo diverso da políticaassistencialista desenvolvida pelo 
empresariado no âmbito da empresa. 
 
A negativa constante no reconhecimento das organizações sindicais, a não 
aceitação do operariado como capaz de participar das decisões que lhes dizem 
respeito, a intransigência para as reivindicações e sua aceitação apenas em 
última instância, seu relacionamento com a polícia, a prática normal de usar 
repressão etc., aparecem como a face mais evidente do comportamento do 
empresariado da Primeira República. 
Ao mesmo tempo, se verifica a existência de uma política assistencialista 
que se acelera a partir dos grandes movimentos sociais do primeiro período 
após a guerra. A maioria das empresas de maior porte propicia a seus 
empregados uma séria de serviços assistenciais como: vilas operárias, 
assistência médica etc. Isto significa o controle social aliado ao incremento da 
produtividade e o aumento da taxa de exploração. 
2 – A Reação Católica 
Após os grandes movimentos sociais, a “questão social” fica 
definitivamente colocada para a sociedade. Há que analisar a posição da Igreja 
frente à “questão social” considerando a Igreja não só como Instituição social 
de caráter religioso, mas também o seu engajamento na dinâmica dos 
antagonismos de classe da sociedade na qual está inserida. 
Após a Contra Reforma, os Estados nacionais europeus são forçados a 
conceder aos movimentos políticos e ideológicos burgueses uma parcela do 
anterior monopólio mantido pela Igreja. Portanto, a religião católica perde sua 
ampla hegemonia enquanto concepção de mundo das classes dominantes. 
Para a desagregação da sociedade civil tradicional e para o declínio de sua 
influência, a Igreja Católica reage. Essa reação tem por base, através de 
métodos organizativos e disciplinares, a constituição de poderosas 
organizações de massa. 
2.1. Primeira Fase da Reação Católica 
No Brasil, a partir da segunda metade da República Velha, a Igreja inicia o 
processo de reformulação de sua atividade política religiosa, a fim de 
recuperara os privilégios e as prerrogativas perdidos com o fim do Império. 
Esse movimento condensa-se nos primeiros anos da década de 20. O então 
Bispo, Dom Sebastião Leme, lança documentos contendo as bases do que 
seria o programa de reivindicações católicas, com a finalidade de restabelecer 
as bases da noção de Nação Católica. 
Altera, substancialmente, a estrutura e a imagem da Igreja, dois processo: 
1. A mudança interna de sua estrutura, com a sua centralização; 
1. A “romanização” do catolicismo brasileiro, ou seja, a referência em 
Roma, que atinge tanto o clero como o movimento leigo. Sendo assim, a 
mobilização do laicato, que se fará a partir desse momento, terá por modelo as 
organizações que se formaram na Europa, especialmente na Itália e França. 
Na década de 20, a revista “A Ordem” e o Centro Dom Vital serão os 
principais aparatos de mobilização do laicato, que procuram recrutar uma 
“aristocracia intelectual” capaz de combater política e ideologicamente 
manifestações que Igreja considere perigosas para seu domínio. A “questão 
social” não atrai a atenção das lideranças católicas. E, ao findar-se a República 
Velha, é cada vez maior a identidade entre Igreja e Estado. 
Com o movimento de 1930, inicia-se um novo período de mobilização do 
movimento católico laico, visto estarem criadas as condições para que a Igreja 
seja chamada a intervir nas dinâmicas sociais de forma muito mais ampla. A 
hierarquia, explorando a nova situação conjuntural, irá compor com o novo 
bloco dominante que emerge. O movimento laico vive uma fase de 
identificação com o espírito das Encíclicas Sociais, o sentido do 
“Aggiornamento”, ou seja, a Igreja passa a se envolver nas causas sociais 
emergentes da população. 
2.2. O Movimento Político-Militar de 1930 e a Implantação do 
Corporativismo 
O desenvolvimento capitalista, tendo por núcleo central da acumulação a 
economia cafeeira, traz contraditoriamente o aprofundamento da 
industrialização, a urbanização acelerada, com a diferenciação social e 
diversificação ocupacional resultantes da emergência do proletariado e da 
consolidação dos estratos urbanos médicos. 
A política de defesa permanente do café permite, ainda no primeiro 
qüinqüênio de 1920, um período de apreender prosperidade. A burguesia 
ligada ao complexo cafeeiro, que dirige o Estado, constantemente é ameaçada 
por outras parcelas da classe dominante, que procuram redefinir, em proveito 
de sua própria expansão, as diretrizes e benesses da política econômica e, 
pela tensão das classes dominadas, que pela sua luta em prol da cidadania 
social abre mais uma área de contradição entre o setor industrial e a fração 
hegemônica, isto porque algumas medidas sociais são implementadas. 
Portanto, o fim da década de 20 é marcado pela decadência da economia 
cafeeira e pelo amadurecimento das contradições econômicas e complexidade 
social advindas do desenvolvimento capitalista baseado na expansão do café. 
A crise de 1929 acelera o surgimento das condições que possibilitam o fim 
da supremacia da burguesia cafeicultora, porque mantém uma política de 
equilíbrio financeiro, abandonando a política de defesa de preços e subsídios 
aos produtores. Aglutina as oligarquias regionais não vinculadas à economia 
cafeeira, setores do aparelho do Estado e fração majoritária das classes 
médias urbanas que reclamavam o alargamento da base social do regime, a 
fim de assegurar área de influência para defesa de seus interesses 
econômicos. Assim, forma-se uma coalizão heterogênea sob a bandeira da 
diversificação do aparato produtivo e da reforma política, que desencadeia o 
movimento político-militar de 1930, pondo fim a Velha República. 
Não há uma substituição imediata do bloco hegemônico e nem de uma 
classe por outra, em relação ao acesso ao poder. O que ocorre, no processo 
de transição, é que a política econômica é orientada para além de preservar a 
cafeicultura, favorecer também o sistema produtivo voltado para o mercado 
interno e para diversificar a pauta de exportações. Para tanto, estabelece-se 
um “Estado de Compromisso”. Só que este está ligado aos interesses mais 
globais que resultam do fortalecimento de um novo polo hegemônico e de uma 
redefinição da inserção na economia mundial. 
Frente à necessidade de redefinição da política econômica, a fim de 
garantir a acumulação e, uma conjuntura de acirramento das contradições 
entre as oligarquias regionais, que brigam entre si pela supremacia, a 
mobilização dos setores urbanos médios e o ascenso da organização política e 
sindical do proletariado, o Estado assume paulatinamente uma organização 
corporativa, canalizando para sua órbita os interesses divergentes. 
A política social do Estado Novo está vinculada a uma estrutura 
corporativista, em que reprime e desmantela a organização política e sindical 
autônoma. As medidas de legislação social e sindical são relacionadas à crise 
de poder e a redefinição das relações do Estado com as diferentes classes 
sociais, acompanhadas de mecanismos que visam integrar os interesses do 
proletariado através de canais dependentes e controlados, com o objetivo de 
expandir a acumulação, intensificando a exploração da força de trabalho. 
Em termos ideológicos, isola-se a classe proletária e afirma-se o mito do 
Estado acima das classes e representativo dos interesses gerais da sociedade, 
da harmonia social, benfeitor, protetor do trabalho. Pode-se apresentar a 
criação do Ministério do Trabalho, na década de 30 como uma ação que veio a 
contribuir para tal imagem do Estado. 
2.3. Relações Igreja-Estado 
A conjuntura política e social (crise de hegemonia entre as frações 
burguesas e amovimentação das classes subalternas) abre à Igreja um campo 
de intervenção na vida social, visto desempenhar um importante papel para a 
estabilidade do novo regime e também por disputar com ele a delimitação das 
áreas e competências de controle social e ideológico, visto ter como objetivo a 
conquista de sólidas posições na sociedade civil. 
O Estado, necessitando de apoio da força disciplinadora da Igreja, procura 
atrair sua solidariedade tomando medidas favoráveis a esta, como a 
oficialização do ensino do catolicismo nas escolas. A partir daí, Igreja e Estado 
se empenham, através de projetos corporativos, estabelecer mecanismos de 
influência e de controle na sociedade civil. A Igreja se lança a mobilização da 
opinião pública católica e à reorganização do laicato, por meio de um projeto de 
cristianização de ordem burguesa. Valendo-se da adaptação à realidade 
nacional do espírito das Encíclicas Sociais Rerum Novarum e do 
Quadragésimo Anno, de posições, programas e respostas aos problemas 
sociais via uma visão cristã corporativa de harmonia e progresso da sociedade. 
Tendo por base as instituições criadas na década de 20, em especial o 
Centro Dom Vital e a Confederação Católica, surge a Ação Universitária 
Católica, a Liga Eleitoral Católica e outras com o fim de implementar a Ação 
Católica. 
A questão social não é monopólio do Estado. A Igreja tem a tarefa de 
reunificar e recristianizar à sociedade burguesa, harmonizando as classes em 
conflito e estabelecendo entre elas relações de amizade. Deve prevalecer o 
comunitarismo cristão. A sua ação política será conduzida pela mobilização do 
eleitorado católico e do apostolado social. 
A campanha antipopular e anticomunista, que se desencadeia na segunda 
metade da década de 30, estreita ainda mais os laços entre a Igreja e o 
Estado, pois os dois se empenham contra o comunismo. 
As instituições através das quais é mobilizado o laicato, reproduzem os 
modelos europeus do início do século, modelos estes autoritários, elitistas e 
cooperativistas, submetidas ao controle da hierarquia católica. Também têm 
intima ligação com a Ação Integralista Brasileira (fascismo nacional, ex: TFP – 
Tradição Família e Propriedade). 
CAPÍTULO II – PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 Grupos Pioneiros e as Primeiras Escolas de Serviço Social 
 
As instituições assistenciais que surgem após o fim da Primeira Guerra 
Mundial possuem uma diferenciação face às atividades tradicionais de 
caridade. Contam com um aporte de recursos e contatos em nível de Estado 
que lhes permite o planejamento de obras assistenciais de maior envergadura 
e eficiência técnica. 
A importância dessas instituições consiste no fato de ter sido a partir 
delas que se criaram as bases materiais (organizacionais e humanas) 
para a expansão da Ação Social e para o surgimento das primeiras 
escolas de Serviço Social. Assim, a mescla entre as antigas Obras Sociais e 
os novos movimentos do apostolado social permitem o surgimento do Serviço 
Social. 
O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a Necessidade de 
uma Formação Técnica Especializada para a Prestação de Assistência. 
O Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) de São Paulo surge em 1932, 
com o incentivo e sob o controle da Igreja, a partir do “Curso Intensivo de 
Formação Social para Moças”, promovido pelas Cônegas de Santo Agostinho, 
para o qual foi convidada a Mademoselle Adéle Loneux, da Escola Católica de 
Serviço social de Bruxelas. As atividades do CEAS se orientarão para a 
formação técnica especializada de quadros para a ação social e para a difusão 
da doutrina social da Igreja. 
Em 1936, a partir dos esforços desenvolvidos por esse grupo e do 
apoio da Igreja, é fundado a Escola de Serviço Social de São Paulo. Além 
das atividades do CEAS, começa a aparecer outro tipo de demanda, partindo 
de certas instituições estatais e são vistas como conquistas significativas, por 
exemplo: o trabalho junto à Diretoria de Terras, Colonização e Imigração. 
Em 1938, é organizada a Seção de Assistência Social, com a finalidade 
de “realizar o conjunto de trabalhos necessários ao reajustamento de certos 
indivíduos ou grupos às condições normais de vida”. Organização parcial: o 
Serviço social dos Casos Individuais, a Orientação Técnica das Obras Sociais, 
o Setor de Investigação e Estatística e o Fichário Central de Obras e 
Necessitados. O método central: Serviço Social de Casos 
Individuais. Nesse ano passa a chamar Departamento de Serviço Social. 
A criação desta Escola não pode ser considerada apenas como fruto do 
Movimento Católico Laico, pois já existe uma demanda do Estado que assimila 
a formação doutrinária própria do apostolado social, que é, inclusive, funcional 
às necessidades do Estado e das empresas. 
Já em 1935, o Estado cria o Departamento de Assistência Social do 
Estado, através da Lei n. 2497, de 24.12.35, onde a maior parte dos artigos é 
dedicada à assistência ao menor. Apenas um único artigo se refere ao Serviço 
de Proteção ao Trabalhador. Mais tarde, além de sua intervenção na 
regulamentação do trabalho e da exploração da força de trabalho, passa à 
gestão da assistência social, adotando a formação técnica especializada 
desenvolvida pelas instituições particulares. 
Assim, o Estado regulamenta, incentiva e institucionaliza o trabalho 
dos Assistentes Sociais. 
A Escola de Serviço Social passa por rápidos processos de adequação 
para atender à demanda do Estado. É importante apontar que ocorre um 
processo de “mercantilização” dos portadores dessa formação técnica 
específica. Ou seja, os assistentes sociais começam a se constituir em uma 
força de trabalho que pode ser comprada. Progressivamente, o portados dessa 
qualificação, se transformam num componente de Força de Trabalho, 
englobada na divisão social e técnica do trabalho. 
1.2. O Serviço Social no Rio de Janeiro e a Sistematização da 
Atividade Social. 
O Rio de janeiro, além de ser o pólo industrial mais antigo da região 
sudeste, é também o grande centro de Serviços e onde se centram os 
principais aparatos da Igreja Católica. Por isso se desenvolve mais a infra-
estrutura de Serviços básicos, inclusive serviços assistenciais, com forte 
participação do Estado. 
A participação das instituições públicas é intensa, na criação do Serviço 
Social, além do apoio explícito da alta administração federal, da cúpula da 
Igreja e do movimento laico. 
Em 1937, surgem o Instituto de Educação Familiar e Social composto 
das Escolas de serviço Social e Educação Familiar, por iniciativa do Grupo 
de Ação Social (GAS), em 1938 a Escola Técnica de Serviço Social, por 
iniciativa do Juízo de Menores e, em 1940 é introduzido o curso de Preparação 
em Trabalho Social na Escola de Enfermagem Ana Nery. Este curso dá origem 
à Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil. 
A Primeira Semana de Ação Social do Rio de Janeiro, em 1936, é 
considerada marco para a introdução do Serviço Social, tendo como objetivo 
dinamizar a Ação Social e o apostolado laico. Neste encontro aparece 
claramente o entendimento de uma política comum entre a Igreja e o Estado, 
em relação ao proletariado. A Igreja recomenda a tutela estatal para o 
operariado e o Estado reafirma o princípio de cooperação. Esse espírito vai 
presidir as obras sociais, com o objetivo de reerguimento das classes 
trabalhadoras. 
Discute-se também a necessidade de formação técnica especializada para 
a prática da assistência, não só restrita ao movimento laico, mas enquanto 
necessidade social que também envolve o Estado e o empresariado. 
Partem também de um setor específico da Assistência Pública - o Juízo de 
Menores - iniciativas tendentesà formação de pessoas especializadas na 
assistência, já que necessitava de pessoal para auxiliar os Serviços Sociais do 
Juízo de Menores. Assim, também em 1936, realiza-se o primeiro Curso 
“Intensivo de serviço Social”, com ênfase para o problema da “Infância 
abandonada”. Ao mesmo tempo, realiza-se um curso prático de Serviço social, 
com a participação de duas Assistentes Sociais paulistas, recém formadas na 
Bélgica. 
Em 1938, começa a funcionar, sob orientação leiga o Curso regular da 
Escola Técnica de Serviço Social. 
 Campos de Ação e Prática dos Primeiros Assistentes Sociais 
A demanda por Assistentes Sociais diplomadas excedia o número de 
profissionais disponíveis. Os mecanismos de cursos intensivos para Auxiliares 
Sociais e as bolsas de estudos foram à forma encontrada para acelerar a 
formação de Assistentes Sociais. Ao mesmo tempo, alargou-se a base de 
recrutamento, deixando de ser um privilégio das classes dominantes e da 
classe média alta, para abarcar também parcelas da pequena burguesia 
urbana. 
A luta dos Assistentes Sociais é pelo reconhecimento da profissão e pela 
exclusividade para Assistentes Sociais diplomados, das vagas no serviço 
público e em instituições para-estatais e, não pelo mercado de trabalho. 
As atividades desenvolvidas pelos Assistentes Sociais se dedicam através 
de inquéritos familiares, pesquisar as condições de moradia, situação sanitária 
econômica e moral do proletariado. 
Em Serviço Social de Empresa, os Assistentes Sociais atuam, em geral, na 
racionalização dos Serviços Assistenciais e na sua implantação, assim como 
em atividades de cooperativismo, ajuda mútua e organização de lazeres 
educativos. Ao mesmo tempo, interferem nos encaminhamentos necessários à 
obtenção dos benefícios da legislação social. 
No campo do Serviço Social médico, as iniciativas estão ligadas à 
puericultura e à profilaxia de doenças transmissíveis e hereditárias. As funções 
se referem à triagem, à elaboração de fichas informativas sobre o cliente, a 
conciliação do tratamento com os deveres profissionais do cliente etc. 
Portanto, a atuação prática dos Assistentes sociais está voltada para 
a organização da assistência, educação popular e pesquisa social. Tendo 
como alvo preferencial as famílias operárias. 
3 – Elementos do Discurso do Serviço social 
As primeiras tentativas de sistematização da prática e do ensino do Serviço 
Social foram expostas, principalmente, nos encontros e nas conferências 
promovidos pelo movimento católico. 
A caridade passa a utilizar os recursos da ciência e da técnica, além 
dos sentimentos, inteligência e vontade a serviço da pessoa humana. Isto 
distingue o Serviço Social das antigas formas de assistência. 
O Serviço Social tem por objetivo remediar as deficiências dos indivíduos e 
das coletividades, não afetando os grupos sociais em sua estrutura. Quanto a 
um entendimento mais amplo da sociedade, o discurso é essencialmente 
doutrinário e apologético, baseado no pensamento católico europeu. Para os 
Assistentes Sociais que procuram observar a sociedade, em especial as 
condições de vida do proletariado urbano, há uma situação de crise, de 
anomia, um “estado de pobreza verdadeiramente calamitoso”. E a melhor 
forma de enfrentar o problema seria começar por compreendê-lo. 
As péssimas condições de vida do proletariado se devem, segundo a visão 
que têm, ao desapego ao lar, a falta de formação doméstica da mulher etc. 
Logo, é necessário começar pela reforma do homem, para tanto, a 
necessidade de campanhas educativas e do aumento da fiscalização sanitária. 
A ignorância e a pobreza são “as duas causas principais da subnutrição no 
Brasil”. Concluindo, os diversos problemas sociais são vistos a partir da 
ótica da “anormalidade social”. 
Os Assistentes Sociais criticam a transposição de legislação do exterior, 
sem a adaptação local. Mas não vêem a legislação social como fruto da luta do 
proletariado, mas como outorga paternalista e demagógica do Estado. 
Os Assistentes Sociais reconhecem as condições infra-humanas de 
trabalho e atuam, ao mesmo tempo, no sentido de garantir ao trabalhador e a 
sua família um nível de vida moral, físico e econômico normal e a correta 
aplicação das leis trabalhistas, objetivando combater o absenteísmo, o 
relaxamento no trabalho, promover a conciliação dos dissídios trabalhistas, 
adaptar o trabalhador a sua função na empresa etc. Portanto, as propostas 
para melhoria das condições do proletariado são ambíguas. Considera-se 
também, que os Assistentes Sociais agem de acordo com a sua própria 
posição de classe. 
Revendo, em sua totalidade, o discurso que os Assistentes Sociais e seus 
porta-vozes produzem durante a fase de implantação, verifica-se a existência 
de um projeto de intervenção nos diversos aspectos da vida do proletariado, 
tendo em vista a reorientação do conjunto da vida social. 
 Modernos Agentes da Justiça e da Caridade 
A implantação do Serviço Social relaciona-se às transformações 
econômicas e sociais que a sociedade atravessa e à ação dos grupos, classes 
e instituições que interagem com essas transformações. A formação dos 
agentes sociais especializados é quase monopólio do bloco católico, por um 
longo período. 
4.1. O Serviço Social e Bloco Católico 
A reorganização do bloco católico, que cria as bases para o surgimento do 
Serviço Social, é influenciado pelo modelo europeu. Isto significa que a 
transposição e a reelaboração desses modelos – autoritário, doutrinário etc. – 
está condicionada à existência de uma base social que possa assimilá-los, isto 
é, que tenha uma ideologia e interesses de classe semelhantes. 
O posicionamento político do movimento católico, seu conservadorismo, 
sua proximidade com a Ação Integralista Brasileira, também não podem ser 
relacionados apenas à aliança entre o Vaticano e o fascismo italiano e a 
orientação da hierarquia católica. Retrata o comportamento de um setor da 
sociedade, num momento de grande radicalização e acirramento das tensões 
políticas e sociais. 
A forma de intervenção do Serviço Social está relacionada também ao tipo 
de educação familiar e religiosa a que estavam sujeitas as moças da 
sociedade. O discurso das pioneiras demonstra a certeza de estarem 
investidas de uma “missão de apostolado”, decorrente não só da adesão aos 
princípios católicos, como de sua origem de classe. 
4.2. Humanismo Cristão e Vocação 
A origem no bloco católico e na ação benévola e caridosa de senhoras e 
moças da sociedade, embrincamento da teoria e metodologia do Serviço Social 
com a doutrina social da Igreja e com o apostolado social, constituem em 
elementos centrais de esquema de percepção e formas de comportamento e 
desempenho profissional dos Assistentes Sociais. 
Após a primeira fase das mobilizações do laicato, as Escolas de Serviço 
Social começam a se reorganizar para se se adaptar ao novo tipo de demanda. 
Perderam a anterior homogeneidade, devido à ampliação da base de 
recrutamento, ou seja, do ingresso de alunos funcionários de grandes 
instituições sociais. As formas e métodos de intervenção e enquadramento dos 
setores populares transformam-se em matéria de formação escolar. 
Sobressai, na produção teórica do Serviço social desta época, a 
preocupação com a formação profissional, com influência franco-belga. A 
formação do Assistente Social consistia em quatro aspectos principais: 
científica, técnica, moral e doutrinária. Quanto ao aspecto científico e 
técnico, os programas da época demonstram que havia uma extrema carência 
de objetividade e coerência. 
Devido, principalmente, à origem de formação do corpo docente, percebe-
se, no Serviço Social, além de influênciaeuropéia, a norte –americana. Como 
marco da influência norte-americana, situa-se o Congresso Interamericano de 
Serviço Social, realizado em 1941, em Atlantic City. É a partir desse evento que 
se estreitam os laços entre as principais escolas de Serviço Social brasileiras 
com as grandes instituições e escolas norte-americanas e com os programas 
continentais de bem-estar-social. 
CAPÍTULO III – INSTITUIÇÕES ASSISTENCIAIS E SERVIÇO SOCIAL 
 O Estado Novo e o Desenvolvimento das Grandes Instituições 
Sociais 
A partir de 1937, a fase que se abre é marcada pelo aprofundamento do 
modelo corporativista e por uma nítida política industrialista. A participação da 
burguesia industrial na gestão do Estado aparece no quadro corporativo 
através de suas entidades representativas, que indicam delegados para 
planejar e implementar as políticas estatais. 
A consolidação progressiva da supremacia industrial, baseada numa 
aliança com as forças políticas e econômicas ligadas à grande propriedade 
rural, traduz o caráter não antagônico de suas contradições ao nível econômico 
e político. O afluxo continuado de populações advindas da agricultura altera a 
composição política e social da cidade. E a utilização delas é um elemento 
dinâmico que a estrutura corporativista canaliza para o fortalecimento de seu 
projeto, neutralizando seus componentes autônomos e revolucionários. 
A Legislação Social tem papel essencial nessa integração ao regulamentar 
e disciplinar o mercado de trabalho, trazendo o avanço da subordinação do 
trabalho ao capital. 
A repressão varguista ataca os componentes autônomos e revolucionários 
do proletariado e, sobre tudo aquilo que ameace fugir aos canais institucionais 
criados para absorver e dissolver esses movimentos dentro da estrutura 
corporativa. 
O Estado, por sua vez, procura a integração e a mobilização controladas 
dos trabalhadores urbanos pela incorporação e falsificação burocrática de suas 
reivindicações. A paz social do Estado corporativo pressupõe o surgimento 
constante de novas instituições: Seguro Social, salário Mínimo, Assistência 
Social, Justiça do Trabalho, dentre outras. 
A Legislação Sindical (1939) e o Imposto Sindical estão ligados à 
preocupação de impedir o esvaziamento dos sindicatos e de recriar em seu 
interior condições de mobilização – controladas pelo Estado. Inclusive, em 
1943, é criada a Comissão de Orientação Sindical a fim de atuar junto à massa 
não sindicalizada para esclarecer e aglutiná-la em torno de seus “direitos”. Os 
sindicatos não podem organizar e liderar lutas, mas são crescentemente 
dotados de equipamentos sociais, sobressaindo os Departamentos Jurídicos. 
O surgimento das grandes instituições sociais está relacionado ao 
aprofundamento das contradições desencadeadas a partir da Segunda Guerra 
Mundial e à crise política e social que precede a desagregação do Estado 
Novo. Após 1939, assiste-se a uma retomada do aprofundamento capitalista 
(expansão da produção industrial, atividades produtivas e agro-exportação), 
que exige do Estado maior intervenção no mercado de trabalho. Surge o 
SENAI para responder à necessidade básica de qualificação da força de 
trabalho necessária a expansão industrial. 
A pretexto do engajamento do país na Segunda Guerra, surge a primeira 
campanha assistencialista de âmbito nacional a partir da criação da Legião 
Brasileira de Assistência. 
Apesar da manutenção de aspectos essenciais da estrutura corporativa 
para a organização sindical dos trabalhadores urbanos e dos limites impostos à 
participação política de sua vanguarda (liderança), a desmoralização e o 
desmoronamento de uma série de mecanismo de controle, a atenuação da 
repressão, e, principalmente, a necessidade de legitimação do poder junto às 
grandes massas, faz com que a redemocratização de 1945 represente um 
momento importante da redefinição das formas de dominação política. 
Após a Segunda Guerra, com a tentativa de implantação do Plano 
Beveridge nos países capitalistas periféricos, o papel das instituições sociais e 
assistenciais é reafirmado a tem importância crescente, numa estratégia do 
capitalismo no pós-guerra. Assim, a construção de um novo modelo de 
dominação política dentro de uma conjuntura nacional e internacional dinâmica 
aponta constantemente pontos críticos que devem ser enfrentados e onde 
umas das opções será o reforço ao assistencialismo como instrumento político. 
Estão postas assim, as bases para o Welfare State, ou seja, para o Estado de 
Bem-Estar. 
A desmoralização dos círculos operários e de outras formas de intervenção 
no movimento operário contribui para o surgimento e para a orientação de 
instituições assistenciais, como o SESI. As primeiras experiências de eleições 
democráticas – no período de 1945 a 1946 – que dão ao Partido Comunista 
uma votação expressiva, contribui para o aparecimento de outras instituições, 
como a Fundação Leão XIII. 
A implantação e o desenvolvimento das grandes instituições sociais e 
assistenciais criam as condições para a existência de um crescente mercado 
de trabalho, permitindo um desenvolvimento rápido do ensino de Serviço 
Social. Ao mesmo tempo, implica em processo de legitimação e de 
institucionalização da profissão e dos profissionais de Serviço Social. 
2. O Conselho Nacional de Serviço Social e a LBA 
A primeira referência explícita na legislação federal com respeito a Serviços 
Sociais consta na Carta Constitucional de 1934, onde o Estado fica obrigado a 
assegurar o amparo aos desvalidos e se fixa a destinação de 1% das rendas 
tributárias à maternidade e à infância. 
A primeira medida legal nesse sentido será dada em 1938 (Decreto-Lei n. 
525, de 01.07.30). Estatui a organização nacional do Serviço Social, enquanto 
modalidade de serviço público. Cria-se, também, junto ao Ministério da 
Educação e Saúde, o Conselho Nacional de Serviço Social, com as funções de 
órgão consultivo do governo e das entidades privadas, e de estudar os 
problemas do Serviço Social. 
A Legião Brasileira de Assistência (LBA) é organizada em seqüência ao 
engajamento do país na Segunda Guerra Mundial. Seu objetivo inicial é dar 
assistência “às famílias dos convocados”, passando depois a atuar 
praticamente em todas as áreas de assistência social. Nesse sentido, ela se 
constitui em mecanismo de grande impacto para a reorganização e incremento 
do assistencial privado e desenvolvimento do Serviço Social. Oferecem um 
sólido apoio às escolas especializadas existentes e viabilizando o surgimento 
de escolas de Serviço Social nas capitais de diversos estados, atuando, 
geralmente, em convênio com os movimentos de ação social católica. 
 O SENAI e o Serviço Social 
Em 1942, é criado o SENAI, com o objetivo de organizar e administrar 
nacionalmente escolas de aprendizagem para industriários. Atribuindo à 
Confederação Nacional da Indústria a função de geri-lo. Está entre as primeiras 
instituições a incorporar e teorizar o Serviço social, não apenas enquanto 
serviços assistenciais corporificados, mas enquanto “processos postos em 
prática, para a obtenção de fins determinados”, utilizando para tal as práticas e 
as técnicas de Caso e de Grupo. 
Sobressaem dois elementos do Serviço Social no SENAI: 
1. A ação ideológica de ajustamento; 
2. A coordenação da utilização dos serviços assistenciais corporificados. 
Há uma mudança no comportamento assistencial do Estado e do 
empresariado, em relação ao proletariado, de atitudes “paternalistas” a uma 
política mais global, representativa de uma nova racionalidade. Educação e 
saúde aparecem como consumo produtivo na produção, conservação e 
reprodução da força de trabalho. A adequação da forçade trabalho às 
necessidades do sistema industrial se reveste de dois aspectos: 
1. O atendimento objetivo ao mercado de trabalho; 
2. A produção de uma força de trabalho ajustada psicossocialmente ao 
estágio de desenvolvimento capitalista. 
O Assistente Social, integrante do quadro de técnicos manipuladores de 
técnicas sociais englobadas no processo educacional, aparece também como 
assalariado, produtor de serviços necessários à existência e à maior 
produtividade dos trabalhos diretamente produtivos. 
 O SESI e o Serviço Social 
Em 1946 é oficializado o SESI, com a atribuição de estudar, planejar e 
executar medidas que contribuam para o bem estar do trabalhador na indústria. 
Tendo por base a experiência do SENAI, o surgimento do SESI faz parte da 
evolução da posição do empresariado em relação à “questão social” que se 
aprofunda no pós-guerra. 
Apesar da adesão do empresariado à política de controle social, ele 
constantemente procura fugir do ônus daí decorrente, reclamando o 
financiamento integral por parte do Estado e aceitando apenas em última 
instância a participação que lhe é imposta. 
O II Congresso Brasileiro de Direito social, em 1946, marca novas posições 
de Ação Social Católica. A partir daí, o Direito Social tem o papel de articular os 
diferentes grupos sociais de forma a que estes se submetam ao bem comum.O 
Serviço Social é reafirmado como o elemento essencial para a 
harmonização entre capital e trabalho. 
Para o funcionamento do SESI o empresariado fica legalmente obrigado a 
uma contribuição mensal equivalente a 2% da folha de pagamento que, sob a 
intervenção do Estado, estatui a compulsoridade da contribuição, realizando 
ele mesmo o recolhimento e a fiscalização do encargo. O SESI é a primeira 
instituição com recursos e sob a direção do empresariado que tem por objetivo 
a prestação de serviços assistenciais e o desenvolvimento de relações 
industriais abrangendo uma parcela da população urbana. 
O arcabouço institucional e o trabalho coletivo que se realiza no SESI 
viabiliza a passagem das técnicas sociais utilizadas pelos Assistentes 
Sociais, de forma dispersa, a mecanismos de controle social e político de 
uso extensivo. O Serviço Social deixa de ser ater apenas às atividades de 
coordenação dos serviços assistenciais para se vincular mais profundamente 
ao confronto direto entre o capital e o trabalho. 
O que caracteriza as práticas sociais desenvolvidas no SESI é a 
radicalização na sua utilização como instrumento de contraposição à 
organização autônoma da classe operária e de luta política anticomunista. A 
incorporação e a institucionalização do Serviço Social pela burguesia 
industrial aponta para um dos extremos que o compõem: seu 
funcionamento declarado e explícito como instrumento político-
repressivo. 
 Fundação Leão XIII e o Serviço Social 
Surge em 1946, oficializada por Decreto-Lei da presidência da República, a 
Fundação Leão XIII, como primeira grande instituição assistencial com o 
objetivo explícito de atuação ampla sobre os habitantes das grandes favelas do 
Rio de Janeiro, principalmente no grande centro urbano, onde o Partido 
Comunista se torna força política nas eleições de 1946. Essa instituição conta 
com forte apoio institucional do Estado e da Igreja Católica para coordenar os 
serviços assistenciais a serem prestados à população. O Serviço Social tem 
por responsabilidade todas as atividades fora do campo médico: 
1. Serviço Social de Casos Individuais; 
2. Auxílios; 
3. Recreação e Jogos; 
4. Educação Popular. 
Além dessas modalidades, o Serviço Social de Grupo deve ser aplicado a 
partir dos Centros de Ação Social (CAS) e de Associação de Moradores. 
A educação popular, como instrumento principal da atuação do Serviço 
Social, assume o sentido de levantamento moral das populações 
faveladas. Este projeto tem como perspectiva o controle de massas semi-
escolarizadas, com vista à legitimação do poder no processo eleitoral. 
Ressalta-se também que a vinculação do poder, ou seja, vinculação deste 
projeto a lazeres educativos, visam o disciplinamento do tempo livre do 
proletariado, de foram ajustadora. 
O aprofundamento do capitalismo gera a formação de uma grande massa 
de marginalizados, cujo crescimento contínuo e o comportamento desviante 
aparecem como um desafio, um elemento de anomia dentro da ordem 
burguesa. Em face de esta população marginalizada, o Serviço Social da 
Fundação Leão XIII se propõe a regenerá-la. 
 Previdência Social e Serviço Social 
O Seguro Social começa a ser implantado ainda na fase final da República 
Velha. Enquadra-se nos marcos da dúbia política social desenvolvida pelos 
últimos governos dominados pela “oligarquia cafeeira”. A partir da Lei Eloy 
Chaves, de 1923, lançam-se às bases para a futura política de seguro social, 
cujos princípios permanecem até 1966, época da unificação das instituições de 
previdência. 
As primeiras tentativas de introdução do Serviço Social na previdência se 
dão num momento de reorganização e reordenação da legislação e 
mecanismos de enquadramento e controle do proletariado. Em 1943 surge a 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Ano que sob a influência do Plano 
Beveridge, procura-se modernizar e ampliar o Seguro Social, criando o Instituto 
de Serviço Social do Brasil (ISSB) que unificaria as diversas instituições 
previdenciárias. Esse projeto sofre oposições e é arquivado. 
A progressiva incorporação do Serviço Social nos diversos Institutos e 
Caixas de Pensões (IAP e CAP) ocorre de forma heterogênea e em ritmo 
bastante lento. Este fato está relacionado também a desconfiança dos 
primeiros Assistentes Sociais em relação ao Seguro e a Previdência estatal, ao 
fazer apologia das Caixas de Auxílio Mútuo e outras iniciativas de tipo 
corporativista particular. A primeira experiência oficial de implantação do 
Serviço Social na estrutura burocrática do Seguro Social ocorre em 1942, 
quando é organizada pelo Instituto de Pensões e Aposentadorias dos 
Comerciários a Seção de Estudos e assistência Social (Portaria 25, de 1943, 
do Congresso Nacional do Trabalho). 
O Serviço Social junto aos departamentos médicos, hospitais, 
ambulatórios, atuam sobre os aspectos sociais e morais da doença; na 
educação social e principalmente, na readaptação à vida familiar e à 
produção. Nos conjuntos residenciais a atuação é relacionada à defesa do 
patrimônio e ao aconselhamento dos orçamentos domésticos para que não 
falhem no pagamento das prestações. Junto ao setor de pensões e 
aposentadorias, o Serviço Social atua no sentido de prolongar a permanência 
em algum trabalho remunerado, a fim de complementar às irrisórias pensões. 
O processo de inserção do Serviço Social é lento, apesar da possibilidade 
de institucionalização do Serviço Social aberta pelo Departamento Nacional do 
Trabalho, em 1944. As Seções ou Turmas de Serviço Social apenas começam 
a generalizar-se pelas Delegacias Regionais das instituições previdenciárias no 
decorrer da década de 50. O início efetivo tem um de seus marcos na Portaria 
do Departamento Nacional da Previdência, que em 1945 organiza cursos 
intensivos de Serviço Social para os funcionários dos diversos IAP’s e CAP’s. 
Estes constituirão a base humana para a generalização das Turmas e Seções 
de Serviço social. 
O projeto de prática institucional do Serviço Social no âmbito do Seguro 
Social tem efeitos econômicos, políticos e ideológicos. A ação ideológica 
constitui no elemento de amortecimento de contradições das relações sociais 
dentro da própria instituição e contribui para a eficiência no desempenho e 
controle social. 
 Institucionalização da Prática Profissional dos AssistentesSociais 
A partir da década de 30, e especialmente da Segunda Guerra Mundial, 
concomitantemente ao aprofundamento do capitalismo, acentuam-se os 
mecanismos de disciplinamento e de controle social. O Estado assume as 
funções de zelar pelo disciplinamento e pela reprodução da força de trabalho, 
tarefas estas que as instituições assistenciais desempenham um papel 
fundamental. 
Com o aprofundamento cada vez maior do capitalismo há necessidade de 
uma nova racionalidade no atendimento da “questão social”. Os servidos 
assistenciais e educacionais tornam-se consumo produtivo para o capital e 
para o Estado. 
O processo de surgimento e de desenvolvimento das grandes entidades 
assistenciais é também o processo de legitimação e de institucionalização do 
Serviço Social, visto que a profissão de Assistente Social apenas pode se 
consolidar e romper o estreito quadro de sua origem no bloco católico a partir 
de sua inserção no mercado de trabalho, no momento em que seu trabalho 
passa a ser solicitado por aquelas instituições. 
O Serviço Social deixa de ser uma forma de intervenção política de 
determinadas frações de classes para ser uma atividade 
institucionalizada e legitimada pelo Estado e pelo conjunto do bloco 
dominante, constituindo-se numa das engrenagens de execução das 
políticas sociais do Estado e de corporações empresariais. Contudo, o 
Serviço Social mantém sua ação educativa e doutrinária de 
“enquadramento” da população cliente. 
Uma das especificidades desses novos agentes institucionais é o da sua 
integração ao tipo de equipamento já existente. Contudo, o domínio mais 
específico do Serviço Social é uma determinada parcela da população, 
clientela das instituições sociais e assistenciais, os segmentos mais carentes, 
cujo comportamento se torna mais desviante face ao padrão normal. Já o 
sentido mais geral da atuação do Serviço Social é dado essencialmente pelas 
funções econômicas, políticas e ideológicas que presidem o surgimento e o 
desenvolvimento das instituições às quais é incorporado. 
O Serviço Social atua como instrumento de esclarecimento e 
conscientização dos direitos, serviços e benefícios proporcionados pelas 
instituições e, que podem ser utilizados pela clientela para os quais são 
orientados. As demandas são vistas como manifestações de carências e não 
como direitos. 
As práticas de pesquisa e classificação assumem um caráter metódico e 
burocrático a partir da institucionalização do Serviço social. O que parece 
caracterizar o projeto de prática institucional do Serviço social é a ação de 
cunho educativo, ação persuasiva de inculcação. 
O processo de institucionalização, as novas e múltiplas atividades que o 
Serviço Social passa a desenvolver orientam uma reestruturação profunda em 
suas formas de organização e intervenção. O Assistente Social é um agente 
legitimado pelo Estado. A ação isolada é substituída por um trabalho 
coordenado e metódico, com o aparecimento de um agente coletivo que 
favorece a divisão técnica do trabalho e as especializações. Soma-se a isto o 
surgimento e a disseminação das equipes multidisciplinares, como alternativa e 
solução racionalizadora para o enfrentamento da “questão social” que se 
agrava, principalmente em relação às condições de saúde. A tônica dos 
programas é dada pelo conteúdo preventivista e educativo. 
CAPÍTULO IV – EM BUSCA DA ATUALIZAÇÃO 
A necessidade constante de produzir uma autojustificativa, em relação à 
definição de suas funções, a seus mantenedores institucionais e, 
secundariamente, à clientela, constitui-se num dos fatores explicativos da 
importância, para o meio profissional, de seus grandes encontros e reuniões. 
 Os Congressos de Serviço Social na década de 40. 
Em 1947 realiza-se o I Congresso Brasileiro de Serviço Social, promovido 
pelo CEAS, com o tema: “Preparação para o II Congresso Pan-Americano”. 
Em 1945, ocorre o I Congresso Pan-Americano de Serviço Social, 
realizado no Chile. Esse Congresso é considerado como o marco da influência 
norte-americana no Serviço Social Latino-Americano. O Congresso dividiu-se 
em três seções: 
1. Ensino de Serviço social; 
2. Temas Oficiais; 
3. Temas Livres. 
Em 1949 realiza-se o II Congresso Pan-Americano de Serviço social, no 
Rio de Janeiro e tem como tema “O Serviço Social e a Família”. 
Esses três Congressos refletem posição de diversos organismos que a 
nível internacional constituem as principais agências de divulgação e de 
incentivo à utilização dos métodos relacionados ao Desenvolvimento de 
Comunidade. Participam deles um grande número de pessoas que não são 
Assistentes Sociais e entidades que empregam Assistentes Sociais. 
 Expansão da Profissão e a Ideologia Desenvolvimentista 
Na década de 60 que o Serviço Social sofre acentuadas transformações, 
“modernizando-se” tanto o agente como o teórico, métodos e técnicas. Há 
também um alargamento das funções do Assistente Social, em direção a 
tarefas de coordenação e planejamento, que evidenciam uma evolução no 
status técnico da profissão. Assumem relevo os métodos de Serviço Social de 
Grupo e de Comunidade. Estas condições amadurecem dentro de um quadro 
mais amplo, de expansão e de afirmação do desenvolvimento como ideologia 
dominante. A ideologia desenvolvimentista se define pela busca da expansão 
econômica acelerada, no sentido da prosperidade, riqueza, grandeza material, 
soberania, ambiente de paz social e política e segurança. 
Destaca-se, dentre os diversos motivos do Serviço Social, se mostrar 
alheio a esta ideologia, até o fim da década de 50. O desenvolvimentismo 
juscelista (Juscelino Kubstchek) de subordinar a resolução da totalidade dos 
problemas à expansão econômica. Ao centrar a perspectiva de integração das 
massas marginalizadas nas virtualidades da expansão econômica, restringe-se 
o espaço para um reforço da ação assistencial e, portanto, a possibilidade de 
sua incorporação àquelas políticas. 
Aprofunda-se, no plano de ensino, a influência norte-americana, votando-
se o Serviço social ainda mais para o tratamento, nas linhas da psicologia e 
psiquiatria, dos desajustamentos psicossociais. O Serviço Social de Grupo 
começa a fazer parte dos programas nacionais do SESI, LBA etc., iniciando 
uma nova abordagem que relaciona estudos psicossociais do participante com 
os problemas da estrutura social e utilização de dinâmica de grupo. 
As atividades vinculadas ao Desenvolvimento de Comunidade apresentam, 
nesse período, franco desenvolvimento, com o surgimento de uma série de 
organismos – inspirados na experiência norte-americana – e realização de 
importantes seminários. Esses organismos estão, essencialmente, baseados 
em técnicas de Desenvolvimento de Comunidade e perseguem a 
modernização da agricultura brasileira, tendo por estratégia a Educação de 
Adultos. Os Seminários desempenham papel importante para o 
Desenvolvimento de Comunidade se solidificar como uma nova opção de 
política social para atuar nos meio sociais marginalizados. 
 O II Congresso Brasileiro de Serviço Social e a Descoberta do 
Desenvolvimentismo 
O II Congresso, realizado em 1961, tem como tema central 
“Desenvolvimento Nacional para o Bem-Estar Social”. Tem também caráter 
preparatório para a XI Conferência Internacional de Serviço Social, marcada 
para 1962, em Petrópolis/RJ. Realizado num ano em que a vitória de Jânio 
Quadros representava a possibilidade da formação de uma nação forte, com 
atuação especial no social. Portanto, numa nova estratégia desenvolvimentista. 
O Congresso se realiza sob o impacto do crédito de confiança dado à 
instituição pelo então presidente da República e, também, presidente de honra 
do Congresso. O ServiçoSocial é situado como instrumento de 
consecução dos objetivos nacionais e deve trabalhar as diversas 
modalidades de atuação em Desenvolvimento de Comunidade.Em face de 
essa realidade, o Serviço Social deve readaptar-se, procurando sintonizar seu 
discurso e métodos com as preocupações das classes dominantes e do 
Estado, em relação à “questão social”. Os métodos e as técnicas ligados ao 
Desenvolvimento de Comunidade e Desenvolvimento e Organização de 
Comunidades são apresentados como formas de participar das mudanças. 
As conclusões e as recomendações desse Congresso permanecem no 
campo da modernização – facilitar o movimento do capital e a permanência das 
relações capitalistas – da valorização do desenvolvimento com um mínimo de 
desestabilização. Situam-se dentro das proposições da Aliança para o 
Progresso, da Conferência de Punta Del Este, em 1961. 
Considerações Finais 
A partir da impossibilidade, cada vez mais evidente, de se intervir 
profissionalmente, de forma objetiva, no saneamento ou na eliminação das 
situações de “carências” da população cliente, o Serviço Social refugia-se 
numa discussão interna sobre seus elementos técnicos metodológicos. Outros 
fatores também contribuem para que a categoria passe a questionar o 
conteúdo de sua prática: 
1. A crise do “milagre”; 
2. O reaparecimento dos movimentos sociais; 
3. O surgimento de um sindicalismo operário independente; 
4. O pensamento e a prática de uma parcela a Igreja; 
5. Escolas de Serviço Social incorporando, em seus currículos, as Ciências 
Sociais; 
6. A base social do Serviço Social cada vez mais constituída a partir dos 
estratos médios da sociedade; 
7. A adaptação do discurso e do projeto de prática institucional à 
correlação de forças presentes nas diversas conjunturas históricas. 
8. Estão, assim, postas as bases para o movimento de renovação do 
Serviço Social.

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