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SER LÍDER E O ATO DE LIDERAR Amanda de Sousa da Silva dos Santos 1.INTRODUÇÃO O mundo em sua história , tem presenciado a ascensão de grandes líderes que em diversas épocas, situações e lugares, têm impactado e influenciado gerações a través dos seus feitos. Líderes com certeza bem sucedidos em sua forma de liderar. Ao observarmos a história de grandes nomes como Nelson Mandela, Martin Luther King, Bill Gates e outros, nos perguntamos: o que haveria de ímpar em ambos para se tornarem líderes tão notáveis? Como obtiveram tanto êxito em sua liderança? Para compreender algumas dessas indagações, precisamos analisar primeiro o conceito de liderança ,o que de fato ela é .A partir de então poderemos aprender a como exercê-la com excelência, e a como ser um verdadeiro líder. As teorias que existem hoje acerca do ato de liderar e de ser líder são muitas, mas serão elas de fato comprovadas? Compararemos as teorias já existentes com a forma como os líderes de hoje estão liderando a fim de obtermos uma resposta. Se há características específicas que privilegiam alguém para ser líder ou se qualquer pessoa pode chegar a sê-lo , são alguns assuntos nos quais iremos nos aprofundar no decorrer deste trabalho. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Analisaremos algumas das mais diversas teorias existentes sobre ser líder e o ato de liderar. 2.1 A PESSOA DO LÍDER Será que qualquer pessoa pode tornar-se um líder? Ou determinadas pessoas nascem com características específicas, traços de personalidade definidos que as levam ao cume da liderança? Quais são os comportamentos comuns, habilidades e atitudes que identificam um líder? Com base em estudos e análises feitas no decorrer dos anos, podemos citar alguns aspectos que sugerem a pessoa de um líder: - Iniciativa nas relações pessoais, habilidade de comunicação, senso de identidade pessoal (ou seja, a habilidade de reconhecer em si próprio a capacidade e a motivação para liderar e apreciá-las) (Maximiano,2014) - Consciência e receptividade a novas experiências, ambição e energia, o desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, elevada capacidade de automonitoramento e conhecimentos profissionais (Robbins,2009) Contudo, as características e traços de personalidade e atributos pessoais, não podem garantir com precisão quem é ou não líder. Habilidades podem ser desenvolvidas. Há líderes que não são autoconfiantes por natureza, mas tornam-se devido as circunstâncias com as quais precisam lidar, dentre outros exemplos de aptidões que uma pessoa pode desenvolver e exercer a partir de então, liderança. Maximiano (2014) declara sobre esse assunto que a liderança não é um atributo singular inato, mas uma família de aptidões que podem se transformar em competências, desse que a pessoa tenha as motivações, a experiência, e o treinamento adequado. Assim, a liderança é uma competência acessível a quem tem a motivação para exercitá-la, dependendo das oportunidades. 2.2 O QUE É LIDERANÇA? Há muitas definições sobre o que é liderança,dentre as quais destaco: “ Liderança,é o processo de influenciar e conduzir pessoas para a realização de objetivos.” Maximiano (2014, p.266) Liderança para Maximiano (2012) caracteriza-se também como sendo o uso da influência não coercitiva para dirigir as atividades dos membros de um grupo e levá-los à realização de seus próprios objetivos. Liderança também pode se definida,ainda segundo Maximiano (2012), como a realização de metas por meio da direção de colaboradores.A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas,é líder. De acordo com Robbins (2003), liderança é o processo de influência pelo qual indivíduos,com suas ações, facilitam o movimento de um grupo de pessoas rumo a metas comuns ou compartilhadas. Conforme Stoner(1985), liderança pode ser definida como o processo de dirigir e influenciar as atividades relativas às tarefas dos membros do grupo.” Segundo as definições encontradas,percebemos que liderança está intrinsecamente relacionada com a habilidade de influenciar pessoas, quer sejam indivíduos ou grupo, e direcioná-las para um determinado objetivo a ser alcançado. Maximiano (2012) enfatiza que não se deve enxergar a liderança apenas como habilidade pessoal,mas como processo interpessoal dentro de um contexto complexo,no qual outros elementos estão presentes.A liderança não é apenas um atributo da pessoa,mas uma combinação de quatro variáveis ou elementos: (1) as características do líder,(2) as características dos liderados,(3) as características da missão ou da tarefa a ser realizada e (4) a conjuntura social,econômica e política. Ou seja,o ato de saber exercer liderança vai além de atributos pessoais,características da personalidade do líder ou do acaso.Deve ser considerado esse conjunto de fatores que cooperam para o ato de liderar. 2.3 LIDERANÇA X AUTORIDADE FORMAL É conveniente ressaltar ,antes de tudo,que a liderança é diferente da autoridade formal.A autoridade formal é uma das bases das organizações e um atributo dos cargos gerenciais. Segundo Maximiano(2012), o cargo concede à quem o ocupa o direito de tomar decisões e de se fazer ser obedecido,durante o período em que exercer o cargo em questão.O seguidor(funcionário) obedece ao líder (gerente.) porque tem a obrigação de fazê-lo. Essa diferença entre autoridade formal e liderança se dá a partir das bases nas quais se assentam as motivações dos seus seguidores. Na autoridade formal são estabelecidos os “chefes” que são diferentes de líderes.Os chefes,apesar de ocuparem uma posição de autoridade formal,podem não ter liderança informal sobre os seus colaboradores e liderados,e até mesmo,nem precisar dela,ao mesmo ponto em que líderes informais,podem não ocupar cargos com autoridade formal correspondente,e nem mesmo precisar dele.Há muito grupos que precisam de líderes mas não de chefes,como por exemplo associações,condomínios e grupos sociais organizados. Na figura 1(apêndice) ,vemos algumas das muitas diferenças existentes entre liderança e autoridade formal,e que caracterizam chefes e líderes distintamente. 2.4 ESTILOS DE LIDERANÇA Existem diferentes meios para se alcançar o êxito no desempenho da liderança, e isso de acordo com o estilo de liderança que o líder possui.De acordo com Chiavenato (2010), as teorias sobre estilos de liderança prescrevem um estilo particular de conduta do líder que provoque resultados finais e satisfação nas pessoas. Cada líder deve observar qual estilo serve para determinado grupo de liderados,de acordo com a situação.O uso inadequado de um determinado estilo de liderança,em uma situação errada ou não coerente com o grupo que se está liderando,pode gerar uma liderança ineficaz. Analisaremos a seguir os estilos de liderança e como procedem os líderes adeptos de tais estilos: liderança bidimensional,liderança transformacional ou carismática,liderança transacional. 2.4.1 LIDERANÇA AUTOCRÁTICA – O PODER CENTRALIZADO NO LÍDER Os estilos de liderança dizem respeito à forma como os líderes usam a autoridade que possuem,centralizando-a ou compartilhando-a com seus liderados.Dependendo da forma como usam a autoridade,podem ser caracterizados basicamente como líderes autocráticos ou democráticos.A diferença entre liderança autocrática e democrática,está esclarecida na figura 2(apêndice). A liderança autocrática,diretiva ou orientada para a tarefa, indica o estilo em que o poder de tomar decisões está concentrado no líder. Na figura 3 (apêndice),vemos algumas das características da liderança autocrática ou orientada para a tarefa.O comportamento do líder autocrático,segundo Maximiano (2012) pode ser exemplificado nos seguintes pontos: . Toma decisões sem consultar sua equipe . Está muito mais preocupado com a tarefa do que com o grupo que a executa . Concentra sua atenção no desempenho do funcionário ou grupo, enfatizando o cumprimento de prazos, os padrões de qualidade e a economia de custos . Insiste na necessidade de cumprir as metas . Insiste na necessidade de superar a concorrência ou um rival dentro da mesma organização, ou o desempenho passado . Define com precisão as responsabilidades individuais e designa tarefas específicas para pessoas específicas . Dá ênfase à cobrança e avaliação do desempenho de seus funcionários . Mantém à distância de seus funcionários ou sua equipe Chiavenato (2010) descreve a liderança autocrática ou orientada para a tarefa como um estilo de liderança preocupado com a execução da tarefa e com os seus resultados imediatos. Como se pode observar,o líder autocrático mantém o controle de tudo e de todos em suas mãos,e autoridade que possui,quando utilizada de forma desmedida, pode ainda defini-lo como um líder tirano ou ditador. 2.4.2 LIDERANÇA DEMOCRÁTICA – O PODER COMPARTILHADO Segundo Chiavenato (2010), na liderança democrática,o líder trabalha e toma decisões em conjunto com os subordinados, ouvindo, orientando e impulsionando os membros. Na liderança democrática, o poder decisório não se centraliza no líder, mas é compartilhado com os liderados . Quando os subordinados tem certo grau de participação ou influência no poder do líder ou em suas decisões , estão sob uma liderança democrática. O líder democrático também almeja os resultados,atingir metas e alcançar os objetivos estabelecidos nos prazos determinados.Ele também se preocupa com a forma com a qual a tarefa está sendo realizada e busca que haja um padrão de qualidade no que está sendo feito.Porém,não deixa de valorizar e estimar as pessoas responsáveis pela execução das tarefas,dando-lhes espaço para que participem e colaborem com suas ideias e opiniões. Conforme Maximiano (2012) as características do comportamento do líder democrático são as seguintes: . Acredita que deve criar um clima em que as pessoas sintam-se confortáveis. . Focaliza sua atenção no próprio funcionário ou no grupo, enfatizando as relações humanas e o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe. . Pede opiniões ou sugestões de decisões, ouve, presta atenção e usa as ideias do grupo. . Dedica parte significativa de seu tempo à orientação dos integrantes de sua equipe. . É amigável. . Apoia e defende os funcionários. . Insiste com os integrantes de sua equipe para que aceitem responsabilidades e tomem a iniciativa de resolver problemas. Porém,como a autocracia tem seus extremos (tirania e ditadura), também a liderança democrática o tem,onde o líder pode acabar tornando-se permissivo ou omisso. 2.4.3 LIDERANÇA BIDIMENSIONAL - AUTOCRACIA E DEMOCRACIA AO MESMO TEMPO Apesar de apresentarem características bem peculiares e distintas e serem consideradas completamente opostas,a liderança autocrática e democrática podem ser exercidas ao mesmo tempo. A liderança bidimensional consiste nessa combinação dos dois estilos. Maximiano (2012) cita que todos nós podemos combinar diversos graus de autocracia e democracia em nossa maneira de lidar com funcionários e equipes.O estilo tarefa e o estilo pessoas não são pontos opostos de uma mesma régua,mas duas réguas que se combinam e formam os limites de um território. Na figura 4 (apêndice), temos exemplificada a explicação de como se dá essa conexão de ambas que acaba por identificar não somente dois estilos de liderança,mais sim quatro,de acordo com a muita ou pouca ênfase que o líder confere às pessoas ou às tarefas ao mesmo tempo. Um modelo popular utilizado para explicar essa combinação de dois estilos de liderança,e que propõem a partir destes,cinco estilos,é a grade gerencial de Blake e Mouton,onde também foi estipulado determinado valor para cada estilo (figura 5,apêndice) 1 – Líder- tarefa: orientado para a produção (9,1) 2 – Líder-pessoas: orientado para as pessoas (1,9) 3- Lider negligente: que não se preocupa nem com a tarefa nem com as pessoas (1,1) 4- Líder-equipe: orientado simultaneamente para pessoas e tarefas (9,9) 5- Líder “meio-termo”: medianamente preocupado com resultados e pessoas (5,5) Qual estilo de liderança é mais eficaz? Bem, isso é avaliado de acordo com o desempenho e satisfação do liderado, ao mesmo tempo. Se , ao mesmo tempo em que o liderado está tendo bom desempenho no que faz , ele sentir-se também satisfeito com a forma com a qual está sendo liderado, então, o estilo utilizado é considerado eficaz. Qualquer estilo de liderança tem suas vantagens e desvantagens, podendo ser ou não eficaz dependendo da situação. A escolha do tipo adequado para a situação é chamada de LIDERANÇA SITUACIONAL, onde o líder deve identificar qual melhor estilo se ajustará à situação em questão. 2.4.4 LIDERANÇA CARISMÁTICA OU TRANSFORMADORA e LIDERANÇA TRANSACIONAL Até aqui, foram abordados estilos de liderança que se baseiam na divisão do poder de decisão entre líder e liderados. Mas há outros estilos de liderança, cujo foco não é a forma como as decisões são tomas, e sim, o tipo de recompensa que é oferecida pelo líder.Estes estilos são o CARISMÁTICO E O TRANSACIONAL,que analisam o estilo motivacional do líder com base nas gratificações que ele proporciona aos seus liderados. 2.4.4.1 LIDERANÇA CARISMÁTICA De acordo com Maximiano (2012), um líder é carismático quando oferece recompensas de conteúdo moral e tem seguidores fiéis (em contraposição aos mercenários). O líder carismático faz seus seguidores superarem seus próprios interesses e trabalhar excepcionalmente para realizar a missão, meta ou causa. O líder carismático é: . Inspirador . Transformador . Revolucionário . Agente de Mudanças . Renovador Alguns exemplos de líderes carismáticos: Franklin Roosevelt, Bill Clinton, Mary Kay Ash (fundadora da Mary Kay Cosmetics), Steve Jobs, entre outros. Segundo Robbins (2009), há cinco características que diferenciam os carismáticos: - Têm uma visão - Estão dispostos à correr riscos por essa visão (enfrentar altos custos e o sacrifício próprio) - São sensíveis tanto às limitações ambientais - Também são sensíveis às necessidades de seus liderados - Exibem comportamentos diferentes dos comuns Os líderes carismáticos encorajam seus seguidores a darem o máximo de si, a contribuírem com novas ideias, além de dar inspiração aos seus seguidores, levando-os a olharem para os desafios e problemas de forma diferente. Algumas recompensas que caracterizam a atuação de um líder carismático de acordo com Maximiano (2014): . Satisfação intrínseca proporcionada pelo projeto . Satisfação intrínseca proporcionada pela associação com o líder, ainda que distante . Crescimento pessoal decorrente da participação em um projeto de elevado conteúdo técnico e grau de inovação e descoberta . Agradecimentos, reconhecimento do desempenho . Promessa de participação em novos projetos, mais desafiadores; reforço do sentido de pertencer ao grupo dos “eleitos” Maximiano (2014) explica que a liderança carismática pode ter fundamento pessoal ou institucional. O fundamento é pessoal quando a recompensa provém do próprio líder e de suas qualidades, que tornam atraente fazer parte do seu grupo. O fundamento é institucional quando a recompensa provém do projeto e de sua atração intrínseca, que se sintonizamcom os interesses e aptidões da equipe. Robbins (2003) aponta que a liderança carismática nem sempre é necessária para alcançar o melhor nível de desempenho do funcionário. Pode ser muito apropriada quando a tarefa do seguidor tiver um componente ideológico. Os líderes carismáticos tendem a surgir na política, na religião, em tempos de guerra ou quando uma empresa estiver introduzindo um produto radicalmente novo ou enfrentando crise que ameace sua sobrevivência. 2.4.4.2 LIDERANÇA TRANSACIONAL O líder transacional, segundo Maximiano (2014), oferece recompensas materiais aos seus liderados, tais como: promoções, aumentos salariais, autonomia e liberalidade no uso do tempo, atendimento de solicitações relacionadas a transferências e designação para outros projetos e dispensas, patrocínio da participação dos integrantes da equipe em programas de treinamento. Ele é um negociador que apelas aos interesses e especialmente, às necessidades de seus seguidores/liderados. A base desta liderança está em prometer recompensas materiais ou psicológicas aos seguidores para conseguir que eles realizem as metas estabelecidas. Na liderança transacional, a troca de contribuições e recompensas que existe entre líder e liderados tende a ser racional, sem o fundo emocional característico da liderança carismática. 3. METODOLOGIA Tendo agora conhecimento das teorias sobre o que é ser líder e o que é liderar, estabeleceremos um paralelo entre estas e as atuais formas de liderar das quais os lideres contemporâneos estão se valendo. Para isso, realizou-se uma entrevista com um líder, via e- mail, no mês de junho de 2015, onde ele respondeu à um questionário com perguntas referentes ao seu estilo de liderança. O líder entrevistado foi o Sr. Carlos Fortes, 34 anos, residente em Novo Hamburgo/RS, palestrante e conferencista, especialista em desenvolvimento de equipes. É diiretor há 6 anos da Forte Treinamentos, empresa especializada em treinamentos de vendas e atendimento ao cliente, Liderança e Motivação de equipes. Também apresenta o programa MOMENTO EMPRESARIAL na NET, programa voltado para o empresariado gaúcho, com histórias de vendedores que se destacam nas suas áreas de atuação e dicas nas áreas de vendas, motivação e gestão e liderança de equipes. Atualmente, atende diversas empresas por todo o Brasil. Iniciou sua carreira como instrutor de Informática em uma rede de escola de cursos profissionalizantes, e em 6 meses, recebeu sua primeira promoção para ser gerente (aos 20 anos de idade) da primeira filial dessa escola , onde atuou por 8 anos. Ao final desse período, saiu como diretor de expansão do grupo, ocupando o segundo lugar mais alto da empresa, sendo que o primeiro era do presidente fundador. O roteiro da entrevista realizada, contendo todas as perguntas, encontra-se no apêndice no final deste trabalho. 4.ANÁLISE DA ENTREVISTA A primeira questão feita a Carlos Fortes, foi referente ao seu estilo de liderança, ao qual ele definiu-se como sendo liberal, em virtude de a equipe que administra atualmente ser pequena e enxuta. O líder liberal, de acordo com Chiavenato (2010), é aquele que permite total liberdade para a tomada de decisões individuais ou grupais, delas participando apenas quando solicitado pelo grupo. Entende-se então, que o líder entrevistado dá autonomia aos seus liderados para que decidam, sem ter de depender essencialmente da sua interferência. Porém Carlos também ressaltou que em outra circunstância, adotava o estilo democrático de liderar (onde as diretrizes são debatidas pelo grupo), onde na ocasião, liderava um grupo com grande número de colaboradores. Esta declaração é muito relevante, pois comprova que o líder pode sim variar o seu estilo de liderar, de acordo com o grupo que lidera e a situação em questão. Robbins (2003, p.379) comenta acerca dessa flexibilidade da parte dos líderes com relação ao estilo de liderança que adotam: O argumento contrário (ao argumento de que o estilo dos líderes são fixos) parte da flexibilidade inerente aos seres humanos de se adaptarem às mudanças nas condições. Propõe que as pessoas são livres para escolher seu estilo de liderança e podem alterá-lo conforme necessário. É evidente que se um líder se sente mais à vontade com determinado estilo de liderar, irá adotá-lo com mais frequência. Mas nada impede que esse estilo possa ser substituído por outro quando necessário e cabível. No que diz respeito aos traços de sua personalidade que favorecem a liderança, salienta a habilidade de comunicação. Um líder que não sabe expressar sua visão aos seus liderados, certamente não irá exercer uma boa liderança. Sobre os parâmetros que utiliza para estabelecer metas, vale-se do nº de contatos diários que são feitos, através de ligações ou visitas, e também pelas ações que serão desenvolvidas durante o mês, como envios de e-mail marketing, anúncios em jornais, revistas, rádios, e qualquer outra forma de divulgar a empresa. Assim, através dessa publicidade para sua empresa, amplia-se o número de clientes interessados no tipo de serviço que ela fornece (treinamentos e palestras). Quanto maior a divulgação, melhores serão os resultados. A meta estabelece-se então a partir da divulgação que a empresa tem. Quando perguntado sobre a forma que utiliza para manter sua equipe motivada, Carlos cita que a motivação vem da liberdade que ele concede em participar das principais tomadas de decisão. Isso está de acordo com o que Maximiano (2014) descreve acerca do tipo de recompensa que o líder carismático proporciona aos seus liderados, onde a satisfação intrínseca derivada da participação no processo decisório e na resolução de problemas é uma delas. A equipe sente-se satisfeita e entusiasmada ao poder dar sua opinião e participar das tomadas de decisão, desde as menos relevantes às mais importantes. Para encorajar sua equipe a ser mais criativa, Carlos aplica feedbacks contínuos e questionamentos sobre como ou o que se pode fazer a fim de melhorar o trabalho e os resultados da empresa. O significado de feedback diz respeito a dar um parecer sobre uma pessoa ou grupo de pessoas na realização de um trabalho com o intuito de avaliar o seu desempenho. É uma ação que revela os pontos positivos e negativos do trabalho executado tendo em vista a melhoria do mesmo. Para Carlos, dar esse parecer aos seus liderados de como estão se saindo no seu trabalho, e lhes dar a oportunidade de expressarem suas idéias referentes às melhorias no desempenho do trabalho realizado na empresa, estimula a sua criatividade para solucionar problemas e inovar processos. As questões 5 e 6 da entrevista estão relacionadas na resposta dada pelo entrevistado. Sabemos que líderes precisam saber lidar com diversos tipos de situações e desafios, e um dos maiores certamente é ter de desligar alguém da equipe (empresa). Quando a questão é contenção de gastos, a decisão torna-se ainda mais difícil, visto que o líder precisa analisar bem o desempenho e conduta de seus liderados, a fim de tomar a decisão correta. Nesta questão, foi proposto para Carlos uma situação em que ele deveria optar por desligar da empresa, ou um funcionário que tem dificuldade em cumprir horário porém possui grane produtividade, ou um funcionário que é pontual, porém fraco no quesito rendimento. Carlos, justificando sua decisão por ter uma gestão liberal, optou por desligar o funcionário que tem baixa produtividade, pois para ele, se o colaborador cumpre com as metas estabelecidas, não é relevante o horário. O que importa é atingir as metas determinadas. Certamente não são todos os líderes que adotam este tipo de pensamento, porém não é algo incomumo líder dar a preferência ao funcionário que melhor rende, que faz seu trabalho com excelência e que dá o seu melhor, do que aquele que simplesmente tem compromisso com o horário mas não produz bons resultados para a empresa. Ainda a respeito de desligar de alguém da equipe, o líder precisa ter sensibilidade para decidir qual é o melhor momento para fazê-lo, a fim de que os demais não sejam impactados de forma tão negativa e a equipe em si não acabe sendo comprometida. Para o líder entrevistado, o melhor momento para realizar esse procedimento é ao final do expediente do funcionário em questão, e preferencialmente nas sextas-feiras. Após a demissão, ele ressalta que também reúne os integrantes da equipe para explicar o desligamento. Isto também é ralizado ao final do expediente, pois para ele o impacto da notícia é digerido quando a equipe vai para casa, e no dia seguinte o clima não se encontra tão tenso, pelo fato da equipe já ter assimilado a notícia. o clima já não está tão tenso assim, pelo fato do pessoal já ter assimilado a notícia. Assim como é difícil para a equipe ter de lidar com o desligamento de um de seus membros, também há o fato de ter de se adaptar a novos membros que são integrados nela. Além de que, o próprio novo membro ao ser integrado à equipe, pode encontrar dificuldades de adaptação. Buscando facilitar essa integração um novo membro na equipe, ao ser questionado sobre o assunto, Carlos diz que usa de ambientação e treinamento, e na empresa que geria anteriormente, fazia uso também de manual de operação em cada setor. Sobre conciliar os interesses da sua equipe com os da empresa, Carlos concorda que de fato isso é importante. Para isso, mantém sempre o diálogo com seus liderados e faz as adaptações necessárias para que eles sintam-se felizes, pois estando contentes com o trabalho que estão realizando irão proporcionar melhores resultados à empresa e também lutar em favor dela. Verdade é que, um liderado que esteja se sentindo à vontade com o local em que desenvolve seu trabalho irá produzir muito mais. O líder carismático é o exemplo de líder que preocupa-se com o funcionário e não apenas com a tarefa a ser executada. Que considera importante quem realiza o trabalho, e não apenas o trabalho em si. Líderes têm desafios em sua trajetória de liderança. Algumas vezes encontram dificuldades em que suas decisões sejam bem aceitas pela sua equipe, outras vezes precisam lidar com conflitos que surgem dentro da sua própria equipe, enfim, são muitas as situações. O entrevistado coloca o início de sua caminhada como líder como sendo o período mais difícil, pois não sabia ainda como lidar com as pessoas, época esta em que, como ele descreve, haviam muitos conflitos entre os colaboradores. Com o passar dos anos, essa habilidade foi sendo desenvolvida. Isso confere com o que já foi declarado anteriormente acerca da personalidade e habilidades que identificam um líder, mostrando que, há sim a possibilidade de estas serem desenvolvidas. A ideia de que alguém “nasce” líder já não é coerente hoje em dia pois como no caso de Carlos, muitas pessoas que devido as circunstâncias são colocadas em posição de liderança,à frente de um grupo, com a experiência em lidar com os desafios que surgem podem se tornar hábeis lideres. Robbins (2003) descreve que, um dos papéis que um líder desempenha na liderança de equipe é o de controlador de conflitos. Quando são manifestos desacordos, os líderes ajudam a resolvê-los. Qual é a fonte do conflito, quem está envolvido, quais suas questões, as opções de solução disponíveis bem como suas vantagens e desvantagens, são algumas questões que devem ser analisadas na resolução de conflitos. Referente à isso, Carlos explica que, ao surgir um conflito entre os colaboradores, coloca os envolvidos no conflito de frente um para o outro e expõe que está acontecendo. Após ambos terem conhecimento do que se trata, ele aguarda que eles se resolvendo, observando quando intervir e administrando a discussão e conflitos que venham a surgir no momento. Enquanto a situação não é resolvida, todos permanecem ali. Para finalizar a entrevista, tratamos a respeito da pesquisa de clima, uma ferramenta que é utilizada para identificar o grau de satisfação e motivação dos colaboradores. O resultado dessa pesquisa de clima permite a realização de ações que contribuam para o crescimento e desenvolvimento das pessoas e principalmente para a máxima produtividade e qualidade da empresa. Carlos Fortes identifica como sendo importante a pesquisa de clima em empresas que possuem acima de 10 colaboradores. Como hoje a sua equipe é composta por 4 pessoas, ele não vê a necessidade de aplicar essa pesquisa, pois mantém um contato bem próximo com eles e sua gestão é bem aberta, proporcionando assim que todos fiquem bem à vontade para exprimir enventuais descontentamentos. 5.CONCLUSÃO Com base nas teorias acerca do que é liderança, da pessoa do líder e das formas que os líderes atuais lideram, conclui-se que há uma correlação entre elas. Os estilos que os líderes atuais utilizam para liderar, coincidem com o que já se havia declarado a respeito, existem sim líderes que são essencialmente autocráticos, democráticos, liberais, etc. Mas há aqueles que se utilizam da flexibilidade para experimentar novos estilos de liderar, tornando-se assim líderes dinâmicos, autocráticos, democráticos, liberais, entre outros, quando necessário. Constata-se também que não existem pessoas que sejam privilegiadas com aspectos específicos para se tornarem líderes. Há sim fatores, circunstâncias e eventos que contribuem para que surjam os líderes. Tornar-se líder não depende em essência das características de sua personalidade, local onde nasceu e foi criado, o tipo de educação que teve, cor da pele, religião, fator econômico. Os líderes nascem quando nasce dentre as pessoas a necessidade de ter alguém que aponte um caminho. O líder é esse alguém, e esse alguém, pode ser qualquer um. BIBLIOGRAFIA MAXIMIANO,Antônio César Amaru.Administração de Projetos – como transformar idéias em resultados.5º Ed. São Paulo: Atlas,2014. ___________.Teoria Geral da Administração.7º Ed. São Paulo: Atlas ,2012. ___________.Introdução à Administração.8º Ed. São Paulo: Atlas, 2011 ROBBINS,Stephen.Fundamentos do comportamento Organizacional.8° Ed. São Paulo: Pearson, 2009 __________.Administração – Mudanças e Perspectivas.São Paulo: Saraiva, 2003. STONER,James.A.F;FREEMAN,R.Edward.Administração.5° Ed.Rio de Janeiro: PHB,1985. CHIAVENATO,Idalberto.Administração nos novos tempos.2° Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. APÊNDICE Figura 1: Diferenças entre autoridade formal e liderança AUTORIDADE FORMAL LIDERANÇA Fundamenta-se em leis aceitas de comum acordo, que criam figuras de autoridade dotadas do poder de comando. Fundamenta-se na crença dos seguidores a respeito das qualidades do líder e de seu interesse em segui-lo. O seguidor obedece à lei incorporada na figura de autoridade, não à pessoa que ocupa o cargo. O seguidor obedece ao líder e á missão que ele representa. A lei é o instrumento para possibilitar a convivência social. O líder é o instrumento para resolver problemas da comunidade. A autoridade formal é limitada no tempo e no espaço geográfico, social ou organizacional. Os limites definem a jurisdição da autoridade. A liderança é limitada ao grupo que acredita no líder ou precisa dele. Os limites da liderança definem a área de influência do líder. A autoridade formal é temporária para a pessoa que desempenha o papel de figura de autoridade. A liderança tem a duração da utilidade do líderpara o grupo de seguidores. A autoridade formal inclui o poder de forçar a obediência das regras aceitas para a Os líderes têm o poder representado pela massa que os segue. convivência. A autoridade formal é atributo singular. A liderança é produto de inúmeros fatores. Não é qualidade pessoal ou singular. Figura 2: As diferenças entre os dois estilos básicos de liderança: autocrático e democrático ESTILO ORIENTADO PARA AS PESSOAS (DEMOCRÁTICO) ESTILO ORIENTADO PARA A TAREFA (AUTOCRÁTICO) Estilo pessoas Estilo tarefa Liderança orientada para as pessoas Liderança orientada para a tarefa Liderança orientada para as relações humanas Liderança orientada para a produção,a produtividade ou eficiência Liderança orientada para a consideração ou para o grupo Liderança orientada para o planejamento e a organização Figura 3: Nomes e características da liderança orientada para a tarefa . CONCENTRAÇÃO DO PODER DE DECISÃO NO LÍDER E ÊNFASE NA REALIZAÇÃO DA TAREFA OU MISSÃO LIDERANÇA AUTORITÁRIA LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA ORIENTADA PARA A TAREFA LIDERANÇA DIRETIVA Figura 4: Modelo da liderança bidimensional. LIDERANÇA ORIENTADA PARA AS PESSOAS LIDERANÇA ORIENTADA PARA A TAREFA Figura 5: Grade gerencial de Blake e Mouton. MUITA ÊNFASE NAS PESSOAS, POUCA ENFASE NA TAREFA MUITA ÊNFASE NAS PESSOAS E NA TAREFA POUCA ÊNFASE NAS PESSOAS E NA TAREFA MUITA ÊNFASE NA TAREFA, POUCA NAS PESSOAS ROTEIRO “ENTREVISTA COM LÍDERES” 1- Como você classificaria seu estilo de liderança: autocrático, democrático ou liberal? Existem traços em sua personalidade que favorecem o exercício da liderança? 2- Quais os parâmetros que utiliza para estabelecer metas? 3- Na sua área de atuação (indústria, comércio e outros), como motiva a sua equipe? 4- Quais os métodos que você desenvolveu para encorajar as pessoas a serem mais criativas? 5- Como avalia o desempenho de seus colaboradores? E eles recebem feedback? De que forma isso ocorre? 6- Considerando a seguinte situação: “Colaborador A tem histórico frequente de atrasos na chegada ao trabalho, mas sua produtividade está entre as melhores da empresa. Colaborador B nunca se atrasa e cumpre todos os horários, porém sua produtividade é bastante baixa. Você precisa desligar um por motivo de contenção”. Qual seria sua decisão? 7- Você busca conciliar os interesses de sua empresa com os de seus funcionários? Se sim, como? 8- Qual foi seu maior desafio no momento que se tornou líder? Em algum momento você coordenou algum projeto de mudança que não era bem aceito pela equipe? 9- Como você lida com os conflitos de sua equipe? 10- Qual a melhor maneira de desligar um funcionário sem atingir o resto da equipe? 11- Qual a forma que você utiliza para integrar um membro novo na equipe? 12- Qual a ferramenta utilizada para avaliar a satisfação da sua equipe? Você acha importante a pesquisa de clima? Justifique.
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