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Pediatria I FIBROSE CÍSTICA (OU MUCOVISCIDOSE OU FIBROSE CÍSTICA DO PÂNCREAS) DEFINIÇÃO: Doença genética autossômica recessiva, caracterizada por doença pulmonar obstrutiva supurativa crônica, insuficiência pancreática e níveis elevados de eletrólitos no suor. São crianças hipersecretivas. * Essa doença acomete as glândulas exócrinas, com alteração do muco e da composição eletrolítica do suor, lacrima e saliva. * Órgãos acometidos: pâncreas, pulmões, trato respiratório superior, trato digestivo, fígado e vesícula biliar, glândulas sudoríparas e trato geniturinário. As secreções espessas causam obstruções em todos esses órgãos. * O teste do pezinho dosa a enzima tripsina imunorreativa (IRT), que em crianças com fibrose cística, é elevada. IDADE DE APARECIMENTO DOS SINTOMAS: * Nos primeiros meses de vida → infecções recorrentes e perda de peso (a criança tem pneumonia de repetição, sinusite de repetição, resfriados crônicos... isso leva a perda de peso. → isso ocorre quando a criança não tem o teste do pezinho.). O diagnóstico clínico é feito após 1 ano de vida. * Muitas crianças com FC não apresentam sintomas ao nascimento, sendo a média de diagnóstico aos 3 anos de idade. * crianças com FC, quando vão para ventilação mecânica não saem mais, pois a ventilação mecânica provoca inflamações, produção exagerada de secreção por ser um corpo estranho. QUADRO CLÍNICO: * Tríade característica: doença pulmonar obstrutiva crônica + insuficiência pancreática exócrina + íons (sódio e cloro) anormalmente elevados no suor (lagrimas/saliva) * Síndrome do Bebê Chiador: tosse crônica, sibilos/broncopneumonia. (caso não seja diagnosticada a FC no teste do pezinho) * Eliminação tardia de mecônio/Síndrome equivalente a íleo meconial (fezes iguais a chiclete). (Eliminação tardia de mecônio → diagnóstico diferencial: hipotireoidismo congênito) * A grande maioria apresenta comprometimento pulmonar e digestivo simultaneamente, mas pode haver comprometimento respiratório sem o digestivo. Por outro lado, pode ocorrer comprometimento digestivo predominantemente por meses ou anos, antes de aparecer os problemas respiratórios. A criança pode começar com digestivo, depois evoluir para respiratório. * Má absorção intestinal pela insuficiência pancreática exócrina → desnutrição grave. * Baixo peso, diminuição das proteínas, gorduras e vitaminas lipossolúveis K, E, D, A. (para tratar é necessário repor essas vitaminas.) * Hipoproteinemia idiopática (edema no lactente) * infertilidade masc: agenesia dos canais deferentes, azoospermia (sem sptz no sêmen) * infertilidade fem: tampão mucoso denso obstruindo a entrada dos sptz no útero. * criança com sabor salgado e cristais de sal na fronte. EXAME FISICO: * grau de desnutrição, emagrecimento, deformidade torácica, costelas salientes, dispneia, taquipneia, ausculta pulmonar secretiva, cianose, hepatomegalia, distensão abdominal, palidez e edema nos lactentes. DIAGNÓSTICO: * Dosagem de IRT (tripsina imunorreativa) aumentada pela obstrução pancreática. (valor normal de IRT: até 110 mg/ml) * Os níveis de IRT diminuem com a idade mesmo em pacientes doentes, chegando a resultados normais a partir de 1 mês de vida. Ou seja, criança com mais de 1 mês de vida sem dosagem de irt precoce, vai precisar fazer o diagnóstico pela clínica e pela dosagem de sódio e cloro no suor. * Teste Clássico (Teste do Suor) → dosagem de eletrólitos no suor. Confiável a partir do 2 mês de vida quando a criança já está com toda a clínica de FC. É um teste confirmatório. TRATAMENTO: Não tem cura, podem ser adotadas medidas para a melhora da qualidade de vida e sobrevida podendo retardar a infecção por Pseudomonas aeruginosa melhorando o estado nutricional e crescimento. * fisioterapia respiratória * imunização antipneumocócica e anti-hemófilos. * reposição oral de enzimas pancreáticas e vitaminas K, E, D, A. * profalaxia com antibióticos (geralmente a cada 14 dias) * terapia gênica GALACTOSEMIA DEFINIÇÃO: Doença rara que consiste na deficiência no metabolismo da galactose, que não é convertida em glicose por deficiência de algumas enzimas: - galactose-1-fosfato-uridil-trasferase (GALT) → galactosemia clássica, a mais comum - galactoquinase (GALK) - UDP-galactose-4-epimerase (GALE) * lactose do leite humano, animal ou derivados → contem galactose que não é metabolizado pelo paciente com galactosemia → galactose se acumula em níveis tóxicos nos tecidos e urina → leva a lesões irreversíveis como icterícia, convulsão, catarata, cirrose hepática, infecções generalizadas, deficiência mental → morte. → a catarata é o sinal patognômico da galactosemia ← IDADE DE APARECIMENTOS DOS SINTOMAS: * Primeiros dias de vida com sintomas inespecíficos. * Internação hospitalar. A criança tem uma hipoglicemia, regurgita, distensão abdominal, pode ter um quadro infeccioso e abre um EIM, principalmente galactosemia e fenilcetonúria. * Acúmulo de galactose (GAL) e galactose-1-fosfato (GAL-1-P) causa distúrbio hepático, coagulopatia e alto risco de sepse neonatal. Pode começar com um distúrbio sanguíneo e a criança começar a sangrar do nada e ser galactosemia. * A bactéria mais associada a galactosemia é a Escherichia coli. QUADRO CLÍNICO: * Sintomas na 1ª semana: recusa alimentar, vômitos, diarreia, hipotonia, letargia, icterícia colestática, hepatomegalia, edema e ascite. * Catarata (acúmulo de galactiol no cristalino) → é precoce e irreversível em algumas semanas. Se não diagnosticar precocemente, a criança perde a visão. * Déficit de crescimento físico e neuropsicomotor * Distúrbios de coagulação: cirrose, hipertensão porta. * Risco de sepse por E. coli * Hipoglicemia (normal para criança > 50 mg/dL, considerado hipoglicemia < 40 mg/dL) * Complicações tardias: deficiência ovariana, amenorreia e menopausa precoces, infertilidade. DIAGNÓSTICO: * Identificar os níveis de galactose (GAL) e galactose-1-fosfato (GAL-1-P) no sangue (galactose alta, enzima baixa) * Pesquisar açúcares redutores na urina (positivo) * Dosar a atividade da enzima GALT em eritrócitos em sangue total com heparina (atividade menor que 5% é indicativo de galctosemia clássica) * Provas de função hepática, coagulograma, alfafetoproteina, EAS (pesquisa de lesão tubular) * USG abdominal fígado e vias biliares com doppler (pesquisar malformação vascular) TRATAMENTO: * Restringir alimentos quem contenham galactose (leite e seus derivados) * Leites especiais * Produtos à base de soja DEFICIÊNCIA DA BIOTINIDASE DEFINIÇÃO: deficiência parcial ou total da enzima que libera a biotina dos alimentos e proteínas orgânicas, permitindo sua absorção pelo intestino ou sua recuperação após passar por reações químicas. QUADRO CLÍNICO: alopecia, erupção cutânea, retardo mental, infecções virais e fúngicas frequentes, (candidíase – sempre com sapinho na boca), conjuntivite. Forma severa: convulsões, hipotonia, ataxia (falta de coordenação dos movimentos musculares), atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, distúrbios respiratórios. Pacientes sem tratamento: atrofia óptica, perda auditiva e sensorial. DIAGNÓSTICO: É baseado na determinação da atividade enzimática da enzima no soro (papel filtro, teste do pezinho) Ou pela dosagem quantitativa da atividade da biotinidase no sangue TRATAMENTO: Administração oral de altas doses de biotina na forma livre (vitamina pronta) 4) DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO-DESIDROGENASE (G-6-PD) Essa enzima está presente nos glóbulos vermelhos (hemácias) e é importante para os processos que mantém a estabilidade da célula, evitando sua destruição. Essa doença é um EIM (erro inato do metabolismo), onde há uma mutação genética no gene responsável por codificar a enzima, interferindo assim, no processo de estabilidade das células. A deficiência da enzima favorece a ruptura da membrana eritrocitária, levando a anemia hemolítica. * Doença relacionada ao cromossomo X, mais frequente no sexo masculino. (Homem é XY, se estiver o X doente,o homem é doente. No caso das mulheres, pode ser que ela tenha um X sadio, e outro doente. Nesse caso ela é apenas portadora.) IDADE DO APARECIMENTO DOS SINTOMAS: Já nos primeiros dias de vida ou mais tardiamente, desde que sejam expostos a infecções, alguns tipos de alimento (por exemplo feijão de fava – “favismo”) ou alguns medicamentos (antibióticos, antipiréticos, antiparasitário e antileproso) * Alguns permanecem assintomáticos por muitos anos, até comer feijão de fava, ou tomar algum desses medicamentos. * Icterícia entre o 1º e o 14º dia de vida por causa da anemia hemolítica. (a clinica da anemia hemolítica é icterícia, palidez, mucosas hipocoradas, dispneia, cansaço) QUADRO CLÍNICO: Icterícia neonatal ou anemia hemolítica (que pode se manifestar na vigência de infecções ou uso de medicamentos) DIAGNÓSTICO: Pesquisa da enzima em papel filtro (teste do pezinho – enzima alterada ou ausente) ou Analise quantitativa da G6PD eritrocitária no sangue TRATAMENTO: Não tem cura. O diagnóstico precoce possibilita a instituição de medidas profiláticas, como impedir o uso de substâncias indutoras de hemólise. Sem tratamento específico.
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