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Analise Comparativa Irmãs Papin e Uma mente Brilhante com a Esquizofrenia

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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O FILME “IRMÃS PAPIN” E “UMA MENTE BRILHANTE” E AS CARACTERÍSTICAS DA ESQUIZOFRENIA
Vanessa Thais de Moura[1: Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira (2017).]
Professora: Lívia Costa de Andrade[2: Mestre em Geografia pela UFG (2012) com ênfase em Educação Ambiental e Transdisciplinaridade, graduada em Pedagogia pela Universidade Católica de Goiás (1997), especialista em Educação Infantil pela Universidade Católica de Goiás(1998) e em Docência Universitária pela Universidade Salgado de Oliveira (2005) Humanos e Docente da disciplina de Saúde Mental para o curso de Psicologia na Universidade Salgado de Oliveira (2017).]
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INTRODUÇÃO 
Baseado em fatos reais, o filme “Sister My Sister”(1994) discorre em sua trama luta de classes, incesto e homicídio que fazem parte do crime mais horrível na França do século 20. O filme conta a história das irmãs Christine e Léa Papin, duas empregadas domésticas que na cidade francesa de Le Mans, em Fevereiro de 1933, praticaram o brutal assassinato da Madame Lancelin e da sua filha Geneviève. Obrigadas a trabalhar desde muito novas, Christine e Léa são contratadas como empregadas domésticas por algumas famílias, até chegarem na Lancelin, onde são bem tratadas. As moças dividem um quarto no sótão e a relação entre a mais velha, a dominadora Christine, e a sua irmã, muito mais nova e menos esperta, Léa, transforma-se num envolvimento com uma forte componente sexual. 
Uma Mente Brilhante é baseado no livro A Beautiful Mind: A Biography of John Forbes Nash Jr., de Sylvia Nasar. O filme conta a história real de John Nash que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade. Brilhante, Nash chegou a ganhar o Prêmio Nobel. Diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos, Nash enfrentou batalhas em sua vida pessoal, lutando até o fim de sua vida. Esta análise comparativa tem como objetivo identificar as semelhanças entre as obras cinematográfica e as características que diagnosticam a esquizofrenia. 
“AS IRMÃS PAPIN” 
Baseado na história real das irmãs Papin, a trama se passa na França, por volta de 1930, época que trabalhar como criada exigia, antes de mais nada, submissão. Christine sabe bordar, cozinhar e trabalha sem receber muito como criada na casa da rígida madame Danzard. Quando sua irmã Lea passa a trabalhar ao seu lado, madame Danzard acreditou que estava levando vantagem, pois as duas trabalhavam bem e ocupavam pouco espaço, dormindo no mesmo quarto. O foco principal do drama é a provocante relação entre as irmãs. Ambas foram criadas num convento e a personalidade forte e tempestuosa de Christine cria um domínio com a fragilidade de Lea, cinco anos mais nova. Com o passar do tempo, as duas passam a desenvolver um comportamento cada vez mais forte e incontrolável. É possível observar a ligação forte que uma tem com a outra, criando um mundo próprio, e se relacionando somente uma com a outra. Preferiam refugiar-se no seu quarto, o qual era denominado pelas duas como “nossa casinha”. A observação da autora foi que Christine Papin, muito ligada afetivamente à irmã caçula, havia desenvolvido sutilmente um quadro clínico de esquizofrenia paranoide, em decorrência de suas experiências traumáticas com a mãe (Clemence, portadora de delírios de ciúme pelas filhas). Um dos sintomas iniciais do esquizofrênico é a dificuldade de viver relações sociais e familiares. As garotas deixavam de fazer atividades e ficavam interessadas em apenas um assunto: O convívio uma com a outra. Pode ser classificado como um sintoma negativo. Fora das obras cinematográficas, a filha mais velha da mãe das Irmãs Papin tornara-se freira, com o claro intuito de afastar-se da mãe destrutiva, e Christine Papin fora encaminhada para o mesmo seminário, onde aprendeu artes, bordar, etc... e também educada a desenvolver muita resignação e obediência. Porém, como ocorrera inúmeras vezes, Clemence retirou sua filha do meio social em que ela se enraizava e a empregou em outro nicho social. Sempre acusando o mundo social de quererem explorar suas filhas e separá-las de si. Christine, em busca de estabilidade afetiva, ligara-se fortemente à irmã caçula (Léa Papin), e foi por seu pedido posterior que a Sra. Lancelin a empregou em sua residência. Com o passar dos dias, Christine sutilmente passa a influenciar sua irmã em seus delírios de perseguição, convencendo-a. A Srta. Léa, solteira, solitária, passa a depender da afetividade da irmã, passando assim a compactuar com suas esperanças e temores, suas vitórias e seu fracasso. Logo torna-se a cópia fiel de sua delirante irmã. A doença de Christina Papin evolui. Pequenas desavenças com a patroa, faz com que a Sra. Lancelin seja vista como a mãe perseguidora de Christine e Léa. Esses delírios de ciúme em relação à mãe ocorrem, justamente, pelo fato de o relacionamento das irmãs ser caracterizado pelo cuidado maternal de Christine e pela demanda infantil de Lea. Assim, percebe-se que, no delírio, a mãe competia, de alguma forma, com Christine. Isso se mostrou bem claro quando a mãe sugeriu que Lea mudasse o seu penteado, o qual, até então, agradava a Christine. Esta, ao saber do pedido da mãe, ficou enfurecida, acalmando-se apenas quando Lea lhe prometeu que continuaria usando penteado que lhe agradava. No caso dos delírios de ciúme em relação à Isabelle, verificamos que eles ocorreram posteriormente, quando Isabelle, que tinha uma idade bem próxima à de Lea, começou a se aproximar desta. Em uma cena, por exemplo, Christine ficou muito perturbada com uma troca de olhares entre as duas. Em outra, ela derrubou pratos na cozinha ao ver Lea penteando o cabelo de Isabelle. Também observamos delírios de perseguição em relação à patroa. Nesse tipo de delírio, Christine sente-se perseguida pela patroa, acreditando que ela implicava com o seu serviço sem motivos, e que iria mandar Lea trabalhar na casa de Isabelle após o seu casamento. Sendo assim, a ameaça de separação torna-se real aos olhos de Christine. Entendemos que se trata de um delírio, pois mesmo as atitudes da patroa correspondendo, de fato, ao conteúdo do delírio – a patroa realmente averiguava obsessivamente a execução das tarefas domésticas - Christine as percebia de forma patológica. Há um exagero e uma interpretação dessas atitudes, entendidas como persecutórias e invasivas, indo além dos assuntos domésticos. Além disso, percebemos que os delírios foram constituídos ao longo do filme, mas tiveram o seu apogeu no final, quando a patroa, ao saber de mais uma das falhas das irmãs no que diz respeito às tarefas da casa, ameaça demiti-las e diz que, com isso, as duas iriam se separar. Esse episódio culminou com o assassinato da patroa e da sua filha pelas irmãs Papin.
Christine, apresentava os delírios positivos, com pensamentos irreais que as suas patroas queriam separar ela de sua irmã, identifico-a com uma esquizofrenia paranoide, devido a alta presença de sintomas positivos (perseguição das patroas, perturbação mental fora do normal ao ter um relacionamento incestuoso com a irmã) sobre os negativos (isolamento social, descontinuidade das atividades regulares de limpeza da casa e afastamento da mãe.)
“UMA MENTE BRILHANTE” 
O filme apresenta a história verídica de um homem diagnosticado como esquizofrênico paranoico. O filme é o relato da história de John Forbes Nash Jr., matemático ganhador do Prêmio Nobel, em outubro de 1994, cujo nome se encontra nos anais da Real Academia de Ciências da Suécia e em compêndios de matemática e economia. Aos 30 anos de idade, foi diagnosticado, por psiquiatras, como esquizofrênico paranoico. O DSM-IV-TR (Associação Americana de Psiquiatria [APA], 2002) diz que a característica essencial da Esquizofrenia Tipo Paranoide é a presença de delírios e alucinações auditivas proeminentes no contexto de uma relativa preservação do funcionamento cognitivo e do afeto. Os delírios são persecutórios ou grandiosos e as alucinaçõessão tipicamente relacionadas ao conteúdo do tema delirante. Para esta autora, são sintomas positivos, devido as perturbações mentais serem fora no normal, com pensamentos irreais que não se aplicavam ao grupo em que Nash convivia. O DSM-IV-TR define os delírios como crenças errôneas, envolvendo a interpretação equivocada de percepções ou experiências. Os delírios persecutórios são os mais comuns. Neles, o indivíduo acredita estar sendo atormentado, perseguido, enganado, ridicularizado ou espionado. Outra vez, sintomas positivos. Nash apresentava delírios, alucinações e comportamentos estranhos. Abandonou, por vários anos, a matemática e a profissão de professor, dedicando-se à numerologia. Foi hospitalizado contra a sua vontade e submetido a tratamento com medicamentos, eletrochoques e coma. Comportava-se de maneira estranha em relação aos colegas, tanto na faculdade como no ambiente de trabalho, inclusive em suas relações afetivas. As cenas do filme mostram que Nash descrevia que muitos estímulos verbais textuais, por exemplo, frases em revistas ou jornais, datas, padrões numéricos ou textos publicados revelavam dicas secretas, conspirações políticas ou significados ocultos, mas visíveis apenas a ele. O controle exercido por aqueles eventos era de tal magnitude que Nash falava ter insight cósmico. Verbalizou também, ter encontrado uma solução para o maior dos problemas não solucionados da matemática pura, a hipótese de Riemann. Nash não tinha amigos e apresentava um repertório verbal-emocional incompatível com a função de conquistar uma namorada. Princeton era um ambiente competitivo. Nash era hostilizado e ridicularizado pelos pares e desse modo respondia a eles. Ambicioso, procurava desenvolver sua independência intelectual e mostrava-se atento aos problemas cotidianos não resolvidos. Buscava-os por toda parte, inclusive no movimento dos pássaros, e desenvolvia fórmulas nas vidraças. Nash via e ouvia pessoas imaginárias que o acompanhavam em situações especiais e exerciam funções diferenciadas em sua vida. Um amigo e a sobrinha do amigo eram delírios frequentes. Apareciam em sua vida em momentos críticos, quando precisava de amigos. Outra imagem era um agente especial que o mantinha informado das conspirações, dando-lhe dicas ou instruções em um momento dramático do filme, Nash enfrenta suas próprias imagens visuais e auditivas numa tentativa de expulsá-las de sua vida ou pelo menos não deixar que elas influenciem em momentos que ele considerava muito importante, como a retomada a dar aula na faculdade. Havia aprendido com Alicia - sua esposa - a diferenciar o que ele sentia por dentro e a confrontar os delírios e possíveis humilhações reais quais era exposto. Nash para essa autora é considerado um esquizofrênico paranoide, devido a maior parte de seus sintomas serem positivos. Seus delírios eram bem elaborados, e suas alucinações eram frequentes. Existia sintomas negativos, mas o sintoma positivo é predominante. 
CONCLUSÃO
Conclui-se que no caso das Irmãs Papin, sem o tratamento e observação adequada dos sintomas, devido à época e o pouco conhecimento da doença, a história dessas irmãs viraram tragédia cinematográfica. A esquizofrenia necessita de tratamento medicamentos e participação dos familiares para reduzir o grau de estresse, compreender seu comportamento e melhorar os conflitos do dia-a-dia, como no caso de Nash, que teve o suporte de sua família e amigos, em um ambiente familiar positivo. Um ambiente familiar positivo pode auxiliar a melhora dos pacientes, protegendo-os da recaída, com tolerância e amor. 
Referência Bibliográfica:
Apostila Saúde Mental – Profa. Lívia – Universo Goiânia 2017
IMDB. Sister my Sister. http://www.imdb.com/title/tt0111205/ . Acesso em 16/05/2017
LACAN, Jacques. Motivos do crime paranoico: o crime das irmãs Papin. Da psicose paranoica em suas relações com a personalidade (1933). 
JR Murilo. CORNICAS, RESENHAS E CURIOSIDADES LITERARIAS E CIENTIFICAS As irmãs Papin ou A Loucura a Dois (folie a deux) https://bibliotecadomurilo.blogspot.com.br/2014/12/as-irmas-papin-ou-loucura-dois.htmll. Acesso em 16/05/2017
WIKIPEDIA. Christine e Léa Papin https://pt.wikipedia.org/wiki/Christine_e_L%C3%A9a_Papin . Acesso em: 16/05/2017
NOGUEIRA, F. Revisitando o caso das Irmãs Papin. http://www.psicopatologiafundamental.org/uploads/files/posteres_iv_congresso/mesas_iv_congresso/mr13-francisco-ronald-capoulade-nogueira.pdf Acesso em: 16/05/2017
BRITTO, Ilma A Goulart de Souza. Sobre delírios e alucinações. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo , v. 6, n. 1, p. 61-71, jun. 2004 . http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000100007&lng=pt&nrm=iso . Acesso em 16/05/2017.

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