Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conflitos Na Síria SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 HISTÓRIA ................................................................................................................ 5 1.1 Geografia .............................................................................................................. 6 2 PRIMAVERA ÁRABE .............................................................................................. 8 3 GUERRA CIVÍL ...................................................................................................... 10 4 AVANÇO DE GRUPOS TERRORISTAS ............................................................... 12 5 AGENTES EXTERNOS ......................................................................................... 14 5.1 Países envolvidos ................................................................................................ 14 5.1.1 Apoiadores do governo sírio ............................................................................. 14 5.1.2 Opositores do governo sírio .............................................................................. 20 6 ATUALIDADES ..................................................................................................... 27 6.1 Guerra na Síria em números ................................................................................ 29 7 IMIGRAÇÃO .......................................................................................................... 30 7.1 Causas ................................................................................................................ 31 7.2 Números .............................................................................................................. 33 7.3 Rotas ................................................................................................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 37 4 INTRODUÇÃO Este trabalho é parte integrante da disciplina “Geopolítica, Regionalização e Integração” dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Paulista – UNIP. O trabalho científico tem como objetivo geral o aperfeiçoamento da aprendizagem através do estudo geopolítico global dos fatos históricos e da atualidade, partindo-se desde a Primeira Guerra Mundial, até os dias de hoje, propiciando aos alunos uma visão ampla dos fatos que ocorreram e ocorrem no mundo contemporâneo. Será feito um diagnóstico da situação a qual se encontra a Síria, além disso, para facilitar a compreensão, serão abordadas questões diretamente relacionadas ao tema: Qual era a situação da Síria antes da guerra - e o que levou ao conflito? Como começou a guerra civil? Quem está lutando contra quem? O envolvimento das potências internacionais, o por quê de a guerra está durando tanto e o impacto da guerra no país e no mundo também será explicitado. Com o estudo do tema, do seu contexto histórico até os acontecimentos impactantes mais recentes e a devida relação contextual com a disciplina, serão desenvolvidas competências requeridas tanto dos Administradores quanto dos Contadores, favorecendo um meio de reflexão crítica da realidade, a partir dos fundamentos teóricos, da observação e análise da situação e, consequentemente, permitir o ganho de conhecimento. 5 1 HISTÓRIA Os primeiros habitantes do país foram os semitas, que chegaram por volta de 3500 a. C. criaram cidades estados. E englobou o que é hoje a Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Síria. Alguns grupos semitas: acádios, canaanitas, fenícios, amoritas, arameus, hebreus, governaram parte da Síria até 538 a. C. Em 732 a.C., os Assírios conquistaram a maior parte da Síria e governaram até 572 a. C, quando os caldeus os dominaram. Os persas derrotaram os caldeus em 538 a. C., e a Síria passou a fazer parte de seu império. Exércitos gregos e macedônios, sob comando de Alexandre a grande, subjugaram os persas em 333 a. C. A partir de 64 a.C. os romanos conquistaram a Síria. No séc. VII os árabes muçulmanos invadiram a Síria e fizeram de Damasco a capital. Cruzados cristãos, porém, controlaram algumas áreas entre os séculos XII e XIV. Em 1516 o território foi conquistado pelos turcos. Em fins do séc. VI os exploradores europeus descobriram rotas marítimas pera Índia, a posição da Síria como centro de comércio declinou e o império otomano caiu no século XVIII. Por volta de 1990, iniciou-se o movimento de independência. Durante a Primeira Guerra Mundial, os sírios e outros árabes ajudaram o Reino Unido a lutar contra o império otomano, em troca de apoio à independência. Com o fim da guerra, a Liga das Nações dividiu a grande síria em quarto regiões: Síria, Líbano, Palestina e Trasnjordânia. Por mandato a França passou a dirigir a Síria. O país conseguiu sua independência em 1946. Muitos sírios queriam reunificar a grande síria. No ano seguinte a ONU, partilhou a Palestina em estado Judeu (Israel) e um estado Árabe. Em 1949, oficiais do exército depuseram o governo, que culparam por não tentar impedir a divisão da Palestina. Em 1960, o Partido Socialista Árabe chegou ao poder. Em 1971, Hafez al-Assad, líder do partido, tornou-se presidente da Síria. Foi reeleito em 1971,1978,1985,1991. Em 10 de junho de 2000 Hafez faleceu. Para que o filho de Hafez, Bashar al - Assad, pudesse assumir o cargo de presidente da Síria reduziram a idade mínima de 40 para 34 anos. A família de Bashar Al - Assad está no poder a 46 anos. Quando chegou ao poder em 2000 após a morte de seu pai, que governou a Síria por 30 anos, Bashar Al Assad inspirou esperanças de que poderia modernizar o país. 6 Na economia, fez algumas reformas de desregulação e diversificação que ajudaram a garantir estabilidade, inflação controlada e crescimento robusto (média de 4,4% entre 2000 e 2009). Mas a pobreza voltou a subir na segunda metade da década, o nível de emprego não acompanhou o crescimento da população e a abertura política seguiu apenas como uma promessa – sem falar na corrupção. Os números do relatório do FMI são chocantes: há estimativas de mais de meio milhão de mortos, e a expectativa de vida caiu 20 anos, de 76 anos para 56. O órgão da ONU para refugiados contabiliza desemprego em 60%, dois terços dos habitantes na extrema pobreza, 7,6 milhões deslocados internamente e mais de 5 milhões fugidos apenas para 4 países vizinhos. Já a economia vive uma combinação desastrosa de escassez de produtos, moeda depreciada, inflação galopante, sanções, fuga de capital e mão de obra e o colapso dos setores agrícola e de petróleo. A bandeira atual foi adotada pela primeira vez em 1958 para representar a Síria como parte da República Árabe Unida e foi usado até 1961. Foi retomado em 1980. A faixa vermelha: Representa o esforço e o sacrifício pela liberdade, a faixa branca representa a Paz e a faixa preta representa o passado de repressão. 1.1 Geografia A Síria é um país do Oriente Médio, no sudoeste da Ásia, com área de 185.180 km² e 17 659 408 habitantes (estimativa em 2017). A capital é Damasco, uma das cidades mais antigas dom mundo. Localizada na extremidade leste do mar Mediterrâneo, a Síria faz fronteira com Turquia, Iraque, Jordânia, Israel e Líbano. Síria e Israel discordam sobre oslimites de sua fronteira comum. Uma planície estreita segue ao longo da costa oeste da Síria. Há montanhas a leste da planície e no Sudoeste. A leste das montanhas fica o deserto da Síria, que é coberto por rochas e cascalho, não por areia. Os principais rios do país são o Orontes e o Eufrates. A maior parte da Síria tem clima seco, com invernos frios e verões muito quentes. A costa é mais chuvosa e tem temperaturas mais amenas. A maioria da população da Síria é árabe. Uma minoria é formada por beduínos, um povo árabe que pastoreia animais nos desertos do Oriente Médio. Depois dos árabes, o segundo maior grupo é o dos curdos. O país também tem um pequeno número de armênios, turcos e outras nacionalidades. O árabe é o idioma principal. A 7 maioria da população vive perto da costa ou no vale do rio Eufrates. A maioria dos sírios é muçulmana, e há uma minoria cristã. Alguns sírios são drusos, ou seja, seguem uma religião que tem elementos islâmicos, cristãos, judaicos e de outras crenças. O governo controla a economia da Síria, cujas atividades principais são a agricultura, a mineração e a indústria. A Síria é rica em petróleo, que é seu principal produto de exportação. O Produto Interno Bruto (PIB) da Síria despencou 57% em termos reais desde 2010, de acordo com um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). O país é hoje efetivamente uma série de territórios autônomos; o governo controla as áreas mais povoadas (como Damasco), mas o Estado Islâmico tem cidades importantes, como Raqqah boa parte do país é árida e não habitada. A Síria assinou a Convenção de Armas Químicas, que proíbe o uso do armamento, depois de uma ameaça de intervenção internacional. Os EUA e outros países ocidentais, como França, discutiram a possível ação militar após o uso de armas químicas em um ataque em Ghouta, subúrbio de Damasco. Após um acordo entre EUA e Rússia, o governo de Assad se comprometeu- para evitar a intervenção internacional – a assinar o tratado e permitir que o arsenal químico fosse destruído. Imagem 1 - Exportações (bilhões $) Fonte: CIA World Factbook 8 2 PRIMAVERA ÁRABE A Primavera Árabe não se trata de um evento, de algo breve ou de uma estação do ano, trata-se de um período de transformações históricas nos rumos da política mundial. Entende-se por Primavera Árabe a onda de protestos e revoluções ocorridas no Oriente Médio e norte do continente africano em que a população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores condições sociais de vida. Tudo começou em dezembro de 2010 na Tunísia, com a derrubada do ditador Zine El Abidini Ben Ali. Em seguida, a onda de protestos se arrastou para outros países. No total, entre países que passaram e que ainda estão passando por suas revoluções, somam-se à Tunísia: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã. Entre os protestos que chamaram mais atenção no cenário internacional estão os protestos revolucionários na Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen e Síria. Imagem 2 – Primavera Árabe Mulheres pintam nas mãos as cores das bandeiras de Iêmen, Tunísia, Líbia, Síria e Egito. Iêmen, 04/11/2011. Foto: Louafi Larbi/Reuters Tunísia: Os protestos na Tunísia, os primeiros da Primavera Árabe, essa revolta ocorreu em virtude do descontentamento da população com o regime ditatorial, iniciou-se no final de 2010 e encerrou-se em 14 de janeiro de 2011 com a queda do ditador Ben Ali, após 24 anos no poder. O estopim que marcou o início dessa revolução foi o episódio envolvendo o jovem Mohamed Bouazizi, que vivia com sua família através da venda de frutas, 9 extremamente revoltado com as condições de vida em seu país, o jovem ateou fogo em seu próprio corpo, marcando um evento que abalou a população de todo o país e que fomentou a concretização da revolta popular. Egito: A Revolução do Egito foi também denominada por Dias de Fúria, ela foi marcada pela luta da população contra a longa ditadura de Hosni Mubarak. Os protestos se iniciaram em 25 de janeiro de 2011 e se encerraram em 11 de fevereiro do mesmo ano. Após a onda de protestos, Mubarak anunciou que não iria se candidatar novamente a novas eleições e dissolveu todas as frentes de estruturação do poder. Em junho de 2011, após a realização das eleições, Mohammed Morsi foi eleito presidente egípcio, porém, também foi deposto no ano de 2013. Líbia: a revolta na Líbia é conhecida como Guerra Civil Líbia ou Revolução Líbia e ocorreu sob a influência das revoltas na Tunísia, tendo como objetivo acabar com a ditadura de Muammar Kadhafi. Em razão da repressão do regime ditatorial, essa foi uma das revoluções mais sangrentas da Primavera Árabe. Outro marco desse episódio foi a intervenção das forças militares da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), comandadas, principalmente, pela frente da União Europeia, o governo foi derrubado do poder após uma longa guerra civil com duração de 8 meses. O ditador líbio foi morto após intensos combates com os rebeldes no dia 20 de outubro de 2011. Iêmen: Os protestos e conflitos no Iêmen estiveram em torno da busca pelo fim da ditadura de Ali Abdullah Saleh, que durou 33 anos. O fim da ditatura foi anunciado em novembro de 2011, em processo marcado para ocorrer de forma transitória e pacífica, através de eleições diretas. Apesar do anúncio de uma transição pacífica, houve conflitos e repressão por parte do governo. Foram registrados também alguns acordos realizados pelos rebeldes com a organização terrorista Al-Qaeda durante alguns momentos da revolução iemenita. Síria: Os protestos na Síria assim como na Líbia degeneraram para uma Guerra Civil. A luta é pela deposição do ditador Bashar al-Assad, cuja família encontra- se no poder há 46 anos. Há a estimativa de mais de 200 mil mortos, desde que o governo ditatorial decidiu reprimir os rebeldes com violência. Há certa pressão por parte da ONU e da comunidade internacional em promover a deposição da ditadura e dar um fim à guerra civil, entretanto, as tentativas 10 de intervenção no conflito vêm sendo frustradas pela Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e muitos interesses na manutenção do poder de Assad. Existem indícios de que o governo sírio esteja utilizando armas químicas e biológicas para combater a revolução no país. O caso atual da Síria inspira cuidados, já que envolve diferentes interlocutores. Os Estados Unidos e a oposição síria acusam o governo de Bashar Al - Assad de atacar, com armas químicas, uma comunidade localizada perto de Damasco, capital do país, em agosto de 2013. 3 GUERRA CIVIL Ao longo de seis anos, a guerra civil na Síria se transformou na maior crise humanitária da atualidade. Em 2011, a Primavera Árabe chegou à Síria. A onda de protestos populares contra ditadores, que já atingia a Tunísia, Líbia, Egito, agora mirava também Bashar al-Assad. Mas, ao contrário do que aconteceu nos outros países, na Síria, o ditador não caiu. Assad reagiu com forte repressão. Parte da oposição pegou em armas. A revolução popular evoluiu para uma guerra que não parou mais. Mais de 400 mil morreram, a grande maioria civis. Cinco milhões de pessoas fugiram para outros países. Assad é um muçulmano da corrente Alauita - minoritária no país. Os grupos rebeldes variam entre os mais moderados e os radicais e são, na maioria, da corrente sunita do Islã. Em 2012, a Síria admitiu pela primeira vez que tinha armas químicas. O então presidente americano, Barack Obama, ameaçou usar força militar caso Assad ultrapassasse o que ele chamou de linha vermelha e usasse essas armas. Em 2013,a Síria ultrapassou a linha vermelha, fez um ataque químico na cidade de Ghouta, que era controlada por rebeldes. Mais de 500 pessoas morreram. Obama pediu autorização ao Congresso para usar força militar contra a Síria, mas não conseguiu aprovação. 11 A guerra interna deixou a Síria em caos e o grupo terrorista Estado Islâmico - nascido no vizinho, Iraque - aproveitou para ocupar territórios sírios. A partir daí, era o governo de Assad contra os vários grupos rebeldes e também contra o Estado Islâmico. Em 2014, Barack Obama liderou a formação de uma coalizão para atacar o Estado Islâmico, que já controlava grandes áreas na região. Isso poderia ajudar Assad a se livrar de um dos inimigos dele. Por isso, muitos países não quiseram se envolver. Em 2015, o governo de Assad estava enfraquecido. Além do avanço dos terroristas, os grupos rebeldes conseguiram tomar bases militares. Foi então que a Rússia entrou na guerra. O governo de Vladimir Putin dizia que era para atacar os terroristas, como faziam outros países, mas logo ficou claro que a Rússia queria era ajudar Assad a recuperar o terreno perdido. Até agora, os Estados Unidos não miravam em alvos do governo sírio. Lançavam ataques aéreos apenas contra os terroristas do Estado Islâmico e apoiavam os grupos rebeldes mais moderados para que eles atacassem o regime de Assad. Mas essa estratégia não funcionou contra o ditador. O que funcionou foi a estratégia da Rússia. Com a ajuda dela, Assad conseguiu permanecer no poder e retomar áreas que já tinha perdido. Na ONU, a Rússia vetou várias vezes resoluções contra o governo de Assad. A aliança com a Síria é antiga e vital para a Rússia no Oriente Médio - região onde a maior parte dos governos é alinhada com os Estados Unidos. Desde a década de 70, os russos têm um grande porto na cidade de Tartus, no Mar Mediterrâneo. Após a Segunda Guerra Mundial, a então União Soviética ajudou a Síria a desenvolver suas forças militares e fez do país um aliado durante a Guerra Fria, quando disputava poder e influência com os Estados Unidos. O professor de política internacional Fernando Brancoli explica que, ainda hoje, a Rússia disputa esse espaço com os Estados Unidos. “Desde o final da Guerra Fria, a Rússia vem perdendo prestígio e influência no sistema internacional. E essas ações militares, seja na Ucrânia, seja na Crimeia e agora na Síria, é uma forma, um trampolim para a Rússia mostrar que ainda é um ator relevante, que ainda tem capacidade de atuar internacionalmente com força e de que qualquer movimentação importante nessa região necessariamente precisa da Rússia. Pra Rússia, não é interessante a queda de Bashar al-Assad e ela certamente vai fazer as 12 movimentações para impedir qualquer tipo de situação nesse sentido”, diz o professor de política internacional – UFRJ. 4 AVANÇO DE GUPOS TERRORISTAS O grupo jihadista (terrorismo associado a Jihad – guerra santa – islâmica) Estado Islâmico (EI), atuante no Iraque e na Síria, declarou, em 29 de agosto de 2014, que seu líder Abu Bakr al-Baghdadi havia se autoproclamado o novo califa do Oriente Médio. Desde o início de 2014 o Estado Islâmico vem expandindo os seus domínios sobre regiões do Iraque e da Síria, chegando até bem próximo do limiar da fronteira desses dois países com a Turquia. Esse progressivo avanço do Estado Islâmico tem provocado uma enorme tensão na região do Oriente Médio, sobretudo no que tange à posição da Turquia. Imagem 3 – soldados islâmicos no Iraque Fonte: Google imagens – Foto: DR Desde o ano de 2011 os países muçulmanos, tanto do Oriente Médio quanto do norte da África, vêm sofrendo levas de transformações políticas importantes. Com a chamada Primavera Árabe, alguns líderes desses países sucumbiram, como os presidentes da Líbia e do Egito. Grande parte dos rebeldes que atuaram durante os levantes de 2011 também tinha apoio da Irmandade Muçulmana, organização jihadista internacional que financia grupos terroristas e defende o emprego da Sharia, “Lei islâmica”. 13 A Síria, governada por Bashar Al-Assad, possui um longo histórico de guerras civis desencadeadas contra rebeldes. Desde 2011 que sua situação interna piorou, sobretudo em virtude da guerra travada contra rebeldes que tentam derrubar Assad do poder. Rebeldes esses que, inclusive, receberam auxílio de países como os EUA. Paralelamente à situação da Síria, houve a sistemática retirada das tropas americanas da região do Iraque, que lá estavam desde a guerra desencadeada em 2003. Foi nesse contexto que o Estado Islâmico – antes conhecido como Estado Islâmico no Iraque e na Síria – passou a ganhar espaço. O Estado Islâmico nasceu como uma ramificação da Al-Qaeda (organização terrorista jihadista fundada por Bin Laden e responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001) com o objetivo de ocupar espaços ao norte da Síria e do Iraque. Com o tempo, o Estado Islâmico rompeu com a Al-Qaeda e passou a seguir suas próprias diretrizes. A própria rede Al-Qaeda considera o Estado Islâmico excessivamente radical. Práticas como decapitações, mutilações, fuzilamentos em massa, crucificação, estupro de mulheres e crianças e outras atrocidades são comumente praticadas por esse grupo. As principais cidades controladas pelo Estado Islâmico são Mossul, Tal Afar, Kikuk e Tkrit. Além dos exércitos iraquiano e sírio, combatentes curdos também resistem contra o avanço do Estado Islâmico. A cidade síria de Kabane, que fica na fronteira com a Turquia, é o centro da resistência curda. A posição estratégica dessa cidade atrai os jihadistas. Em 2014, milhares de curdos que viviam em Kabane cruzaram a fronteira e refugiaram-se em solo turco. Desde então a situação dessa cidade vem ficando cada vez mais delicada, pois os suprimentos e os armamentos da resistência curda estão se escasseando. Além disso, a presença do Estado Islâmico em Kabane tem suscitado uma enorme polêmica em torno da posição da Turquia em relação ao grupo jihadista. Desde que foi anunciada a decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Turquia faz parte, de auxiliar os EUA no combate ao Estado Islâmico, os turcos têm se mantido reticentes e ambivalentes em vários pontos. Em setembro de 2014, o Estado Islâmico libertou 49 reféns turcos (que haviam sido sequestrados em Mossul, Iraque), trocando-os por 50 de seus membros, que haviam sido capturados. Entretanto, a Turquia possui conflitos históricos com os curdos e com os 14 sírios e teme que, se der apoio militar a esses dois povos na luta contra o Estado Islâmico, poderá, posteriormente, ficar vulnerável a esses inimigos históricos. Por outro lado, a Turquia também reclama da falta de repercussão internacional que sua recepção aos refugiados curdos teve. Imagem 4 – membros do grupo ISIS se preparando para um ataque na Síria Fonte: Google Imagens – Foto: 2014, acesso em diariodocentrodomundo.com.br Os turcos temem sobretudo a ascensão do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e o fortalecimento do Curdistão. Além disso, há acusações de que a Turquia teria dado apoio aos grupos rebeldes radicas da Síria com o objetivo de derrubar Assad em 2011 – possivelmente, parte desde apoio teria sido dado ao próprio Estado Islâmico. As tensões nessa região tendem a agravar-se em 2015, principalmente se a resistência curda sucumbir e a cidade de Kabane for tomada pelo Estado Islâmico. Os EUA e a Otan provavelmente continuarão a pressionar a Turquia para que ela tome uma posição clara no conflito. Enquanto isso, centenas de militantes jihadistas engrossam as filas de adesão ao Estado Islâmico. 5 AGENTES EXTERNOS5.1 Países envolvidos 5.1.1 Apoiadores do governo sírio A Rússia, que opera uma base naval em Tartus, na Síria, que é a única base militar russa pós-soviética no exterior, tem sido uma das maiores fontes de apoio do 15 governo do presidente Bashar al-Assad, os auxiliando com armas e suprimentos desde antes da guerra civil começar. Os russos têm enviado apoio militar e técnico para os militares sírios. Países ocidentais frequentemente critica o comportamento da Rússia com relação ao conflito, mas o governo de Moscou nega que viola a lei internacional enviando armas para um país sob embargo. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país não apoia qualquer um dos lados. Investigações independentes teriam descoberto que a Rússia estaria ajudando a fraca economia do regime Assad com créditos e dinheiro vivo. O governo russo também é considerado como um dos maiores fornecedores de armas para as forças armadas sírias durante o conflito. Um dos interesses da Rússia na Síria é a manutenção de sua única base militar fora do seu território, que fica na cidade de Tartus, que é chave para a manutenção da influência do país na região do mediterrâneo. O Centro de Análises de Estratégias e Tecnologias, uma empresa ligada ao governo russo, disse que o valor da base em Tartus era superestimado e disse que o apoio do governo a Síria era "irracional". Em julho de 2012, contudo, Vyacheslav Dzirkaln, vice-diretor do Serviço Federal Militar Técnico, anunciou que manteria suas exportações de armas para o governo de Bashar al-Assad. Em dezembro de 2012, foi relatado que "conselheiros militares russos" estariam dentro da Síria, ajudando as forças do governo, em especial na manutenção e uso de equipamentos de defesa anti-aérea enviados pela própria Rússia. No começo de 2014, o governo russo aumentou consideravelmente seu apoio militar ao regime sírio. Eles teriam enviado, desde janeiro, enormes quantidades de equipamentos novos, como armas leves, veículos blindados, equipamentos de monitoramento, radares, sistemas para guerra eletrônica, partes extras para manutenção de helicópteros e bombas guiadas a laser para aviões. Em setembro de 2015, foi reportado que as forças armadas russas estavam montando uma base na Síria, com soldados e equipamentos (incluindo veículos blindados e aeronaves de combate), com o propósito de fornecer mais poio e até de combater ao lado das forças do presidente Bashar al-Assad. Esta foi a primeira vez que havia sido confirmado a presença de militares russos no solo na frente de combate 16 síria. Ao final do mesmo mês, a força aérea Rússia começou a lançar ataques aéreos contra alvos de militantes do EI na Síria. Apenas nos primeiros seis meses de operações aéreas e navais, mais de 4 500 pessoas foram mortas nos ataques. A Rússia foi acusada de bombardeio indiscriminado na Síria, matando vários civis. O governo iraquiano, dominado por xiitas, tem apoiado o regime Assad na Síria. O Iraque se absteve da decisão da Liga Árabe de 2011 que suspendeu a Síria como membro ativo da organização e se opôs a deposição do regime sírio pela via armada. Autoridades iraquianas abriram o espaço aéreo do país para aviões iraneanos poderem voar livremente até a Síria carregando equipamentos e suprimentos para as forças de Bashar al-Assad e permitiram que caminhões com provisões da Guarda Revolucionária Iraniana cruzasse a fronteira síria. Os iraquianos também fornecem combustível diesel para o governo sírio. De acordo com autoridades americanas, o corredor aéreo do Iraque aberto para que os iranianos voem suprimentos para a Síria levam principalmente foguetes, mísseis anti-tanque, granas, morteiros e munições. Imagem 5 – Guerra na Síria: aliados e contrários Fonte: Sapere aude, blogger. Esses aviões recebem informações vindas de funcionários simpatizantes do serviço de inteligência e da polícia federal iraquiana. A guerra civil na Síria também 17 tem aumentado a tensão na fronteira do país. Em 3 de março de 2013, um soldado iraquiano foi morto num tiroteio entre forças de segurança local e rebeldes sírios. Dois dias depois, ao menos 13 militares iraquianos foram mortos em um confronto com tropas sírias que haviam cruzado a fronteira em busca de rebeldes. O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, disse estar preocupado que o Irã esteja "intensificando seus esforços para dominar o Iraque, que iria minar suas políticas internas" e a subida do poder por um governo sunita em Damasco iria "fortalecer os sunitas no Iraque." Nas províncias ocidentais do Iraque, de maioria sunita, soldados e suprimentos de guerra entraram na Síria por passagens na província de Anbar para apoiar os rebeldes. O Irã, um grande aliado do regime Assad, foi, até o momento, o único país a enviar oficialmente tropas para lutar na guerra civil na Síria. A maioria desses soldados pertencem a Guarda Revolucionária Iraniana. Há informações que o Irã também treina, arma e financia os guerrilheiros do Hezbollah, uma milícia xiita libanesa. O Iraque, localizado entre a Síria e o Irã, foi criticado pelo governo americano por permitir que aviões iranianos sobrevoem o país carregando suprimentos para os militares da família Assad. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, já deu declarações de apoio ao governo sírio. O jornal britânico The Guardian reportou que o governo iraniano vem ajudando o regime sírio a reprimir o levante no país desde 2011. De acordo com um relatório da ONU, em maio de 2012, o Irã começou a fornecer enormes quantidades de armas ao governo sírio, apesar de ambos os países estarem sob um embargo internacional de venda e compra de armas. Em março de 2012, fontes de inteligência dos Estados Unidos alegaram ter descoberto que suprimentos de armas iranianas estavam entrando em larga escala na Síria. Oficiais de segurança do Irã também estariam em Damasco e em outras cidades para ajudar na preparação dos soldados sírios. A CIA também denunciou a presença de membros do serviço de inteligência iraniano ajudando o governo sírio. Essas denúncias de transferência de armas para a Síria foi o motivo alegado para vários países árabes aumentarem seu apoio em armas para a oposição Em janeiro de 2013, uma troca de prisioneiros aconteceu entre rebeldes sírios 18 e autoridades do governo de Damasco. De acordo com relatórios, 48 iranianos foram libertados pela oposição em troca de 2 130 prisioneiros que estavam sendo detidos em prisões do regime sírio. Os rebeldes alegaram que os iranianos eram ligados a Guarda Revolucionária. Victoria Nuland, representante do Departamento de Estado americano, disse que havia provas concretas de que militares iranianos estavam ajudando o regime sírio com armas, equipamentos, conselhos e pessoal especializado. O Hezbollah tem sido um aliado do Partido Baath sírio, liderado pela família al- Assad. O grupo tem apoiado o governo sírio na luta armada contra a oposição. Em agosto de 2012, os Estados Unidos adotaram novas sanções contra o Hezbollah devido ao seu papel na guerra. O líder da organização, Hassan Nasrallah, negou, em primeiro momento, que o Hezbollah esteja lutando ao lado do governo sírio, porém assumiu que alguns de seus combatentes assumiram seu "dever jihadista" e foram lutar na Síria. Segundo a oposição, o Hezbollah tem 3 000 guerrilheiros na Síria. O Hezbollah diz que apoia as mudanças políticas no mundo árabe e é contra o que chamou de "complô americano para desestabilizar a região". Entre janeiro e fevereiro de 2012, guerrilheiros do Hezbollah ajudaram o governo nos combates em Damasco e na batalha de Zabadani. No término do mesmoano, membros da milícia Hezbollah cruzaram a fronteira com o Líbano e tomaram oito vilas. Em setembro de 2012, o comandante da milícia na Síria, Ali Hussein Nassif, foi morto numa emboscada, junto com outros militantes do Hezbollah, feita por combates do Exército Livre da Síria (ELS) perto de Al-Qusayr. Vilarejos no distrito de Al-Qusayr, na Síria. Entre 16 e 17 de fevereiro de 2013, a oposição síria alegou que o Hezbollah, apoiado pelo exército sírio, atacou os vilarejos sunitas de Al-Qusayr. Um porta-voz do Exército livre disse que a "invasão do Hezbollah a região foi coordenada com apoio da Força Aérea Síria". Em resposta, o ELS atacou dois postos de controle do Hezbollah em 21 de fevereiro, perto da fronteira com o Líbano. Cinco dias depois, um comboio de soldados sírios e do Hezbollah foi emboscado e todos os passageiros foram mortos. Líderes de movimentos políticos libaneses, como a Aliança de 14 de março, pediram que o Hezbollah encerre todo o seu envolvimento com a guerra na Síria. 19 Em 25 de maio de 2013, em um discurso, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que a organização está "comprometida em ajudar Assad a se manter no poder" e que a Síria e o Líbano estão ameaçados por "militantes sunitas radicais" e rechaçou a possibilidade de apoiar a oposição, dizendo que o Hezbollah "não pode estar na mesma frente que os Estados Unidos, Israel e os sunitas extremistas". Esta foi a primeira vez que a liderança do Hezbollah falou abertamente sobre a intervenção do grupo na guerra civil síria em favor do regime, que nas décadas anteriores sempre foi um importante aliado da milícia. Em fevereiro de 2012, foi reportado que o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, enviou centenas de milhões de dólares em combustível para a Síria, que seria usado para abastecer tanques e outros veículos de combate. No mês seguinte, enquanto preparava um terceiro carregamento, a Venezuela confirmou que continuaria a fornecer combustível diesel para o governo sírio. O The Wall Street Journal obteve documentos que provariam um quarto carregamento de diesel enviado em julho de 2012. Enquanto estava vivo, Chávez já havia expressado abertamente apoio ao regime Assad. Em 21 de setembro de 2012, autoridades iraquianas reportaram que eles recusaram um pedido da Coreia do Norte de usar o espaço aéreo do país como rota para carregamentos aéreos de armas para a Síria. No começo daquele ano, a ONU condenou a venda der armas norte-coreanas para a Síria e para Myanmar, que violava sanções internacionais de vendas de armas. O relatório das nações unidas confirmava que a Coreia do Norte mantinha rotas regulares de suprimentos de armas para o governo sírio, apesar das sanções impostas em 2006 e em 2009. Novos carregamentos de armamentos foram feitos durante o decorrer da guerra civil síria. A China vetou, no começo de 2012, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU com sanções contra a Síria. Em setembro, o governo chinês declarou que adotaria uma postura "imparcial" na guerra civil síria, se distanciando do regime sírio. Depois de um encontro com a então secretária de estado americana, Hillary Clinton, os chineses anunciaram que estariam dispostos a apoiar um novo governo de transição na Síria, apesar do país ainda dizer que não apoiaria uma intervenção estrangeira no conflito. 20 O governo da Argélia tem sido um dos poucos países árabes ou islâmicos a se opor a qualquer tipo de sanção contra o regime de Bashar al-Assad. O país (junto com o Irã), se opôs a suspensão da Síria na Organização da Conferência Islâmica em 2012. Eles também se opuserem a decisão da Liga Árabe que encorajava apoio militar e logístico a oposição e ainda se recusaram a apoiar a decisão da comunidade de reconhecer a Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias como legítimos representantes do povo sírio, decisões estas tomadas em 2013. A posição da Argélia foi apoiada apenas por Iraque e Líbano. Não há informações concretas que o governo argelino está enviando armas ao regime de Assad, mas rumores dizem que aviões militares do país foram enviados a Síria carregando equipamentos. O governo da Argélia já se declarou contra uma mudança de regime na Síria. 5.1.2 Opositores do governo sírio No começo de 2011, a oposição, que até então ou era silenciada ou representada por pequenos grupos autorizados pelo regime, organizou-se em comitês regionais pelo país. A maior parte da oposição tem origem nativa e vinham de áreas rurais sunitas da classe baixa. Os grupos de oposição começaram a sua autoproclamada revolução em março de 2011, quando tomaram as ruas dos principais centros urbanos para protestar por mais democracia e pelo fim do regime de Bashar al-Assad. Os primeiros movimentos contra o governo teriam caráter pacífico e buscavam uma transição moderada de poder. Contudo, com a repressão, soldados desertores e civis armados iniciaram uma insurreição armada contra o regime. A partir de julho do mesmo ano, combates violentos já eram reportados em várias cidades pela Síria, dando início a uma "guerra civil" propriamente dita. O principal grupo armado no começo do conflito a se opor ao governo central foi o "Exército Livre da Síria", encabeçado por ex oficiais do regime que mudaram de lado. Com o decorrer dos anos, a oposição, contudo, começou a se descentralizar. A constante guerra de atrito contra o regime e disputas internas por poder dentro da própria oposição fez com que estes enfraquecessem sua posição. Se aproveitando disso, organizações extremistas como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), outrora amigos dos rebeldes, passaram a combater tanto o governo quanto a oposição, com seu objetivo maior de conquistar o poder hegemônico na região. O 21 conflito na Síria passou então de uma simples luta por poder para uma guerra de cunho sectário e religioso, ceifando a vida de mais de 200 mil pessoas. Em julho de 2012, o governo dos Estados Unidos passou a apoiar financeiramente o chamado "Grupo de Apoio sírio", que ajuda a financiar o Exército Livre da Síria. A CIA, teria agentes trabalhando na região, facilitando o contrabando de rifles, armas antitanque e munição para fuzis, além de outros equipamentos, para a oposição síria. O Departamento de Estado americano também reportou ter dado uma ajuda financeira no valor de US$15 milhões de dólares a grupos de oposição na Síria. Segundo relatórios divulgados, as forças armadas dos Estados Unidos manteriam até 150 soldados na Jordânia para ajudar no treinamento das organizações de guerrilheiros sírios. A partir de 2012, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França passaram a prover a oposição enormes quantidades de armamentos não letais, incluindo equipamentos de comunicação e suprimentos médicos. A Inglaterra também dá apoio com inteligência a partir de sua base no Chipre, em cooperação com militares turcos e com rebeldes anti-Assad. A CIA também apoia a oposição, tendo supostamente feito operações clandestinas na fronteira entre a Síria e a Jordânia, ajudando rebeldes, contrabandeando armas e fornecendo outros tipos de apoio logístico. Os agentes de inteligência ocidental também ajudariam em formar novas rotas de suprimentos e treinamento no uso de equipamentos eletrônicos e de comunicação. No início de 2013, o governo britânico e o francês anunciaram suas intenções de começar a enviar armamento pesado para os rebeldes, apesar do embargo de armas imposto da União Europeia, que vigorava até então. Ao fim de maio de 2013, o senador americano John McCain visitou a Síria e se encontrou com lideranças rebeldes no território. O político republicano temsido uma das principais vozes nos Estados Unidos em favor da oposição síria, pedindo ao governo Obama que reconsidera sua visão de não armar os rebeldes com equipamentos pesados. Ele também é defensor de uma zona de exclusão aérea sobre o país e advoga por uma maior influência americana na região. Em 14 de junho de 2013, o vice-conselheiro de segurança da Casa Branca anunciou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama autorizou um aumento 22 na ajuda militar ao Exército Livre da Síria. Fontes ligadas a liderança americana afirmaram que os Estados Unidos haviam rejeitado a ideia de uma zona de exclusão aérea sobre a Síria. Esta notícia veio após os serviços de inteligência ocidentais supostamente confirmarem que o governo de Assad usou armas químicas em combate, algo que o presidente Obama afirmou que "não seria tolerado". No dia 7 de dezembro de 2013, os Estados Unidos anunciaram que suspenderiam a ajuda, em forma de armamento não-letal, para os rebeldes na Síria. O anúncio foi feito após ter sido confirmado que milicianos da chamada "Frente Islâmica" tomaram bases militares pertencentes ao Exército Livre. Em julho de 2014, os Estados Unidos lançaram no Iraque uma campanha de bombardeios aéreos contra alvos estratégicos dos militantes extremistas do chamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Combatentes deste grupo conquistaram, aproveitando-se do caos na região, entre 2012 e o meados de 2014, uma enorme porção do território iraquiano e sírio. Então, para fortalecer a oposição síria, que além de combater o EIIL ainda travava uma luta sangrenta contra as tropas do regime Assad, os americanos afirmaram que iriam expandir os programas de treinamento aos rebeldes sírios, além de fornecer equipamentos militares a estes. Em setembro, o Senado americano aprovou o plano do presidente Barack Obama de armar e melhor preparar os combatentes da oposição. O governo da Arábia Saudita, supostamente, é uma das principais fontes de financiamento e armas para a oposição síria, auxiliando também no contrabando de armamento pesado, muito deste vindo da Croácia, através de rotas clandestinas na fronteira Arábia Saudita-Jordânia. As armas começaram a chegar aos rebeldes em dezembro de 2012, o que teria permitido aos rebeldes passar para a ofensiva em várias localidades contra as forças leais ao regime de Damasco. Essas ações seriam uma resposta aos maciços envios de armamentos e suprimentos feitos pelo Irã para abastecer as forças do presidente Assad. No começo de 2013, armas antigas da extinta Iugoslávia foram vistas sendo usadas por forças rebeldes em combate nas regiões de Dara, Hama, Idlib e Alepo. O ministério de relações exteriores da Croácia negou o envio de armas a Síria, e autoridades sauditas não comentaram sobre as recentes descobertas. Rifles de 23 assalto oriundos da Ucrânia, granadas feitas na Suíça e fuzis e rifles de origem belga também teriam ido parar nas mãos da oposição, por meio da Arábia Saudita. O governo dos Emirados Árabes Unidos também foram acusadas de enviar, ilegalmente, vários carregamentos de armas oriundas da Europa. Estados árabes sunitas estariam preocupados que os envios de armas do Irã para o governo sírio estejam mudando o "balanço de poder" na região, botando de um lado os governos sunitas contra o governo de Assad e Hezbollah, apoiados pelos iranianos. Em julho de 2013, o novo líder da oposição, Ahmad Jarba, afirmou que o governo saudita estaria enviando para a Síria diversas novas "armas avançadas" para serem usadas pelos rebeldes. A Turquia, outrora aliada da Síria, condenou a violência da repressão do regime da família Assad e passara a pedir a renúncia do líder sírio. Os turcos estariam abrigando e treinando membros das guerrilhas anti-Assad e, em território turco, em julho de 2011, foi criado o chamado Exército Livre da Síria, unificando os grupos de oposição armados. Eles passaram a receber vasto apoio dos serviços de inteligência turco. Junto com a Arábia Saudita e o Qatar, a Turquia vem fornecendo aos rebeldes armamentos pesados e outros equipamentos militares. Isso levou a grandes tensões entre os governos sírio e turco. O governo de Ancara, liderado pelo primeiro-ministro do país, Recep Tayyip Erdoğan, também vem dando auxilio a dissidentes políticos sírios. Ativistas da oposição tem usado Istambul como um ponto de encontro de opositores do regime do ditador Bashar al-Assad, e o comandante do Exército Livre da Síria, o principal grupo de oposição armada da Síria, o coronel Riad al-Asaad, toma refúgio em território do país. A Turquia tem, com o passar do conflito, tornado-se cada vez mais hostil ao governo de Assad. Desde maio de 2012, opositores sírios têm sido, supostamente, armados e treinados em larga escala pelos serviços de inteligência turcos. A Turquia mantém um pequeno enclave dentro da própria Síria, a Tumba de Suleyman Shah, na banda direita do rio Eufrates na província de Alepo, próximo do vilarejo de Qarah Qawzak (Karakozak). A tumba é guardada por uma pequena guarnição de militares turcos. Até o momento, não houve distúrbios na região. Até a 24 derrubada de um caça turco por forças sírias em junho de 2012, a guarnição no local contava com um total de 15 homens. Após o incidente, a Turquia dobrou número de soldados fazendo a proteção do local, enquanto o primeirio-ministro Erdoğan alertou que "a tumba de Suleyman Shah e os arredores são território turco. Qualquer agressão contra aquela região seria o mesmo que um ataque ao nosso território ou ao território da OTAN. Em 22 de junho de 2012, um caça turco F-4 Phantom foi abatido por forças do governo sírio e ambos os pilotos a bordo morreram. O governo de Damasco afirmou que derrubou a aeronave enquanto voava perto do vilarejo costeiro de Om al-Tuyour, enquanto sobrevoava águas sírias. O ministro de relações exteriores da Turquia, por sua vez, alegou que o caça sobrevoava espaço aéreo internacional e acidentalmente entrou em território sírio durante um treinamento. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan,pediu uma retaliação dizendo que "as regras de combate das forças armadas turcas mudaram [...] a Turquia irá apoiar o povo sírio até que se livrem do seu ditador e de sua gangue". O presidente sírio, Bashar al-Assad mais tarde expressou pesar pelo incidente. Em agosto de 2012, relatórios vazados por jornais turnocs alertou que o alto comando das forças armadas da Turquia, deliberadamente enganaram seu governo sobre onde o caça voava quando foi abatido. Um dos relatórios dizia que um posto de comando da OTAN em Izmir e uma base de radar do Reino Unido no Chipre, teriam confirmado que o F-4 turco foi, de fato, abatido em águas turcas e que sua trajetória de voo foi "dificilmente acidental". Os militares turcos negaram esta informação. Também foi levantada a hipótese por jornais turcos, segundo fontes do gabinete do Procurador-Geral Militar da Turquia, de que o avião teria caído por falha mecânica no motor, mas a ideia foi contestada pelas partes envolvidas. Existem vários guerrilheiros estrangeiros lutando em nome da oposição na guerra civil síria para tentar derrubar o regime Assad, sendo que milhares deles entram pela fronteira turca a cada mês. Enquanto alguns são jihadistas, outros, como os Mahdi al-Harati, se uniram para se juntar a revolução síria. Um dos principais grupos de jihadistas atuando na Síria é a chamada Frente Al-Nusra, liderada por Abu Muhammad al-Julani. Este grupo tem alguns dos veteranos de combate mais testados e capacitados entre os guerrilheiros da oposição síria. Contudo, os Estados Unidos já declararam a Jabhat al-Nusra como uma organizaçãoterrorista. 25 A Al-Qaeda e outros grupos de fundamentalistas islâmicos já se declararam abertamente anti-Assad. Segundo fontes da inteligência americana, grupos ligados a Al-Qaeda no Iraque tem conduzido ataques a bomba contra alvos do governo sírio, e que o lider da organização, Ayman al-Zawahiri, condenou o regime do presidente Bashar al-Assad. Várias organizações de fundamentalistas islâmicos, como a Fatah al-Islam, tem conduzido ataques na Síria. Em 12 de julho de 2013 foi reportado que Kamal Hamami, um comandante do Exército Livre da Síria, foi morto por islamitas ligados a grupos radicais. Os rebeldes afirmaram que o assassinato, perpetrado por uma milícia chamada Estado Islâmico do Iraque, foi o equivalente a uma declaração de guerra. Isso aumentou ainda mais o racha entre militantes da oposição secular e os fundamentalistas islâmicos. Imagem 6 - Soldados do Exército Livre da Síria Fonte: Google – Foto: Allepo, 22 de agosto – Saad AboBrahim / Reuters De acordo com relatórios de inteligência ocidentais, a parte oeste do Iraque, de maioria sunita, seria um ponto de passagem de suprimentos e guerrilheiros para o território sírio, a fim de apoiar a oposição daquele país. Grupos armados dentro do Iraque formaram o chamado "Exército livre iraquiano" e tem apoiado a oposição, militarmente, contra o regime da família Assad. Alguns países cortaram relações com o regime de Assad: os Estados do Golfo, a Líbia, Tunísia, Reino Unido, Espanha, Turquia, Canadá, os Estados Unidos, Bélgica, entre outros. 26 O então ministro do desenvolvimento de Israel, Ayoob Kara, disse que seu governo estava facilitando a ajuda para refugiados sírios e também estava em contato com vários oficiais do governo sírio que tinham desertado. Mas Kara alertou que, apesar da ajuda a oposição, Israel não tem planos de interfirir militarmente na guerra civil síria. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que não descarta fornecer armamento aos rebeldes e acrescentou que seu país tem que "sinalizar para o mundo muçulmano que Israel irá se juntar a eles na luta contra um inimigo comum que é o Irã". Em 16 de agosto de 2012, a Organização da Conferência Islâmica (OCI) suspendeu a Síria como Estado membro do grupo, apesar da oposição do presidente do Irã. A atitude foi tomada devido a "extrema violência por parte das forças do Presidente Assad em reprimir o levante". O Qatar é um dos maiores fornecedores de armas e de apoio político a oposição na Síria. Segundo informações de jornais árabes, o governo deste país tem focado sua ajuda no auxilio e aparelhamento de grupos guerrilheiros sírios, muitos ditos como terroristas, como a Jabhat al-Nusra. O novo governo que emergiu na Líbia logo se tornou um dos principais aliados da oposição na Síria, oferecendo-lhes armas e informações de inteligência, além de financiamento. O Hamas, grupo palestino de orientação fundamentalista islâmica, estaria enviando especialistas à Damasco para ajudar no treinamento de milicianos anti- Assad da chamada "Brigada Qassam", em adição ao suporte que já dava a eles em termos de logistica. No início da guerra, o Hamas (assim como várias outras organizações palestinas) havia declarado apoio ao regime sírio e ao Hezbollah. Contudo, nos últimos meses, essa postura mudou e o grupo passou abertamente a apoiar a causa da oposição síria. O Hamas, contudo, negou que esteja ajudando qualquer lado no conflito. 27 Imagem 7 - Envolvimento estrangeiro na guerra da Síria Legenda: Fonte: Envolvimento estrangeiro na Guerra Civil Síria, Wikipédia. Síria (vermelho) Apoio (azul) Oposição (verde) 6 ATULIDADES Desde o início do conflito vários civis já foram mortos, entre eles mulheres e crianças. Ao longo desses quase 7 anos de conflito, vários ataques, com armas de fogo e até armas químicas já aconteceram, fazendo com que países começassem a investigar o governo sírio alegando crimes de guerra. A seguir, será mostrado fatos relevantes de acontecimentos recentes na Síria, e suas consequências. “O número de mortos pelo suposto bombardeio químico ocorrido na terça-feira (4), na cidade de Khan Sheikhun, no Norte da Síria subiu para 72 pessoas entre elas 20 crianças, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (5) pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos. Entre os mortos, também estão 17 mulheres, segundo a ONG, que anteriormente tinha estimado em 58 o número de pessoas mortas na cidade, que está em uma zona sob controle rebelde. O número pode aumentar porque algumas pessoas estão desaparecidas, afirmou a ONG. A ONG alertou que, nas últimas horas, aconteceram novos bombardeios em Khan Sheikhun, realizados por aviões de guerra não identificados, mas não há registro de vítimas”. 28 Na terça (4), Grã-Bretanha, França e Estados Unidos apresentaram um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU condenando o ataque e exigindo uma completa investigação, o mais cedo possível. Segundo a agência AFP, o texto pede à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAC) que informe rapidamente os resultados de suas investigações. O texto "condena, nos termos mais firmes, o uso de armas químicas" na Síria e manifesta "indignação" pelo uso de gases tóxicos nesta guerra, que devasta a Síria há seis anos. O projeto também pede à Síria que entregue planos de voo, diários de voo e outras informações sobre suas operações militares no dia do ataque. O documento solicita ainda a Damasco que entregue aos investigadores da ONU os nomes de todos os comandantes de esquadrões de helicópteros, e que permita sua reunião com militares de alta patente no prazo de cinco dias. A Síria também deverá permitir que equipes da ONU e da OPAQ visitem as bases áreas a partir das quais podem ter partido as aeronaves que lançaram o ataque químico. O projeto prevê a adoção das medidas estabelecidas no capítulo VII da Carta das Nações Unidas, que inclui sanções. O projeto foi enviado aos 15 membros do Conselho antes da reunião de emergência solicitada por França e Reino Unido sobre o ataque, marcada para esta quarta. Os três países querem votar o projeto de resolução durante a reunião. A ideia, no entanto, deve ser vetada pela Rússia, aliada do regime de Bashar al-Assad e membro permanente do Conselho de Segurança, que nesta quarta-feira (5) chamou a proposta de "inaceitável", segundo o Ministério da Defesa russo, a Força Aérea síria bombardeou um depósito de armas de rebeldes. “As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza. O corpo do menino apareceu em uma praia em setembro de 2015. Pelo menos nove sírios morreram, segundo a agência AFP -- outros veículos já citam 12. As duas embarcações haviam partido de Bodrum e tentavam chegar à ilha grega de Kos, anunciaram as autoridades locais. A foto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa internacional o destacaram como emblemática da 29 gravidade da situação, até mesmo com potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes”. "Se estas imagens com poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia não mudarem as atitudes da Europa com relação aos refugiados, o que mudará?", questiona o jornal britânico "Independent". As fotos são "um forte lembrete de que, enquanto os líderes europeus progressivamente tentamimpedir refugiados e imigrantes de se acomodarem no continente, mais e mais refugiados estão morrendo em seu seu desespero para escapar da perseguição e alcançar a segurança", acrescenta. "The Guardian", outro jornal britânico, disse que as fotos levaram para as casas das pessoas "todo o horror da tragédia humana que vem acontecendo no litoral da Europa". O americano "Washington Post" classificou a imagem de "o mais trágico símbolo da crise de refugiados do Mediterrâneo". O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações, como a Anistia Internacional e a Comissão Europeia. Mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano e mais de 2.643 pessoas morreram no mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações). Quase 220 mil chegaram à Grécia e quase 115 mil, à Itália. Mais de 2 mil chegaram à Espanha e uma centena a Malta. O número no decorrer de 2015 supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo. A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais numerosos são os eritreus. A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render US$ 1 milhão, segundo o site de notícia G1. 6.1 Guerra na Síria em números 4,5 milhões de refugiados, a maioria mulheres e crianças; A maioria procura abrigo no Líbano, Jordânia e Turquia; 30 A Europa recebe 10% dos refugiados, que enfrentam ataques motivados por xenofobia; 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente; 1,2 milhão de sírios foram obrigados a deixar suas casas somente em 2015; 70% da população não têm acesso à água potável; 8 milhões de crianças foram afetadas; 2 milhões de crianças estão fora da escola; Antes da guerra, a população era de 24,5 milhões; A população caiu para 17,9 milhões após o conflito; Antes de 2011, o desemprego chegava a 11% da população; Entre 2011 e o primeiro semestre de 2016, 50% da população estava desempregada; A pobreza atinge 80% a população, que não têm condições de acesso a alimentos básicos; A inflação dificulta o acesso aos alimentos, o leite ficou 20 mil vezes mais caro, o pão 3 mil vezes e os ovos 6,5 mil vezes; Desde o início do conflito, 336 ataques foram lançados contra 240 centros médicos; Com a guerra, a expectativa de vida é de 20 anos; Mais de 2 mil pessoas morreram afogadas no Mar Mediterrâneo, tentando chegar à Europa; Entre os mortos no mar, 30% eram crianças; 7 IMIGRAÇÃO Crise migratória na Europa, também conhecida como crise migratória no Mediterrâneo e crise de refugiados na Europa, é como denomina-se a crítica situação humanitária vivida pelas centenas de milhares de refugiados, oriundos majoritariamente da África e Oriente Médio, e da Ásia (em menor proporção), que buscam chegar na Europa Ocidental. 31 Esse fluxo migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com um aumento exponencial (de centenas de milhares de pessoas) tentando entrar na Europa e solicitando asilo, fugindo de seus países, devido a guerras, conflitos, fome, intolerância religiosa, terríveis mudanças climáticas, violações de direitos humanos, desesperança e outros, e somando-se a tudo isso, uma ação massiva de intimidação, violência e opressão executadas por grupos que controlam o tráfico ilegal e exploram esses migrantes totalmente vulneráveis. Imagem 8 – Osama Abdul Mohsen e seu filho Zaid, de 7 anos correm da Polícia na fronteira com a Hungria, logo após serem chutados por jornalista. Fonte: Jornal o Globo – Foto: Marko Djurika / Reuters A crise surgiu em consequência do crescente número de migrantes irregulares que buscam chegar aos estados membros da União Europeia, através de perigosas travessias no Mar Mediterrâneo e pelos Bálcãs, procedentes da África, Oriente Médio e Ásia do Sul. É a maior onda migratória e consequente crise humanitária enfrentada pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, é uma "crise mundial que necessita de resposta europeia". 7.1 Causas Entre 2007 e 2016, um grande número de imigrantes ilegais provenientes do Médio Oriente e África cruzaram a fronteira entre a Turquia e a Grécia, levando a 32 Grécia e a Agência de Proteção das Fronteiras Europeias (Frontex) a atualizar os controles nas fronteiras. Em 2012, o fluxo de imigrantes para a Grécia por terra diminuiu 95% após a construção de uma cerca em parte da fronteira grego-turca, que não segue o curso do rio Maritsa (Evros). Em 2015, a Bulgária seguiu com a atualização de uma cerca de fronteira para impedir os fluxos migratórios através da Turquia. Em particular, o reavivamento do conflito na Líbia, no rescaldo da guerra civil, tem contribuído para uma escalada de partidas daquele país. O naufrágio de migrantes ocorrido em 2013 na costa da Ilha de Lampedusa envolveu mais de 360 mortes, levando o governo italiano a estabelecer Operação Mare Nostrum, uma operação naval de grande escala que envolvia busca e salvamento, com alguns migrantes trazidos a bordo de um navio de assalto anfíbio. Em 2014, o governo italiano terminou a operação, citando o custo ser demasiado grande para um Estado da União Europeia sozinho gerir. Imagem 9 – Barco com 500 refugiados vira no mar na costa da Líbia. Fonte Revista Veja. Foto: Marinha italiana A Frontex assumiu a principal responsabilidade pelas operações de busca e salvamento, denominada Tritão. O governo italiano solicitou fundos adicionais da UE para continuar a operação, mas os Estados-Membros não ofereceram o apoio solicitado. O governo do Reino Unido citou temores de que a operação atuasse como um involuntário fator de atração, incentivando mais migrantes a tentar a travessia marítima e, assim, levando a mais mortes trágicas e desnecessárias. O seu orçamento mensal é estimado em 2,9 milhões de euros. 33 7.2 Números Segundo a Organização Internacional de Migração, até 3.072 pessoas morreram ou desapareceram em 2014 no Mediterrâneo durante a tentativa de migrar para a Europa. As estimativas globais são de que mais de 22 mil imigrantes morreram entre 2000 e 2014. Em 2014, 283.532 migrantes irregulares entraram na União Europeia, sobretudo seguindo a rota do Mediterrâneo Central, Mediterrâneo Oriental e rotas dos Bálcãs Ocidentais. 220.194 migrantes atravessaram fronteiras marítimas da UE na Europa Central, Oriental e Ocidental do Mediterrâneo (um aumento de 266% em relação a 2013). Metade deles tinha vindo da Síria, Eritreia e do Afeganistão. Imagem 6 – milhares de refugiados vagam em direção a Alemanha Fonte: InfoEscola – Foto: Janossy Gergely / Shutterstock Em 2015 até o mês de setembro, a OIM (Organização Internacional de Migração) afirmou que o número de imigrantes havia batido a marca de 350.000. A Alemanha estimou em 800.000 o número de pessoas que pediram asilo a algum país da União Europeia em 2015 7.3 Rotas A partir de agosto de 2015, a Frontex reconheceu as seguintes rotas gerais sobre mar e em terra utilizados pelos imigrantes ilegais e traficantes de seres humanos para entrar na EU: A rota Ocidental Africana; 34 A rota do Mediterrâneo Ocidental; A rota do Mediterrâneo; A rota Puglia e da Calábria; A rota circular da Albânia para a Grécia; A rota dos Balcãs Ocidentais (da Grécia pela Macedônia e Sérvia para a Hungria); A rota do Mediterrâneo Oriental; A rota das fronteiras orientais; Uma vez na Europa, os imigrantes tentam chegar aos países mais ricos, como França, Alemanha e Reino Unido. Muitos, para tentar chegar ao Reino Unido pelo Eurotúnel, ficam acampados na chamada Selva de Calais, na França, onde se arriscam em caçambas de caminhões, o que levou os governos francês e britânico a intensificar a fiscalização na passagem, gerando atrasos. No início de setembro de 2015, a crise se intensificou na Hungria, pois é parte da principal rota que leva imigrantes do Oriente Médio, principalmente da Síria para países mais ricos, notadamente a Alemanha. A massa de gente tentando tomar trens para o país levou ao fechamento da Estação Central de Budapeste, mas foi reaberta no final da primeira semana do mês. O aumento do fluxo contínuo levou a Hungria a fechar a fronteira com a Sérvia, ao mesmo tempo que construiu uma segunda barreira na sua fronteira com a Croácia. Com a fronteira fechada entre a Sérvia e a Hungria, a Croácia tornou-se a rota mais utilizada para os que pretendem chegar ao centro e norte da Europa. O crescente fluxo de imigrantes levou a Eslovénia a barrar comboios vindos da vizinha Croácia Nos termos da Convenção de Dublin, se uma pessoa que entrou com pedido de asilo num país da UE atravessa as fronteiras ilegalmente para outro país, eles serão devolvidos para o primeiro. Diante do agravamento da crise migratória em 2015, a Hungria tornou-se sobrecarregada por pedidos de asilo e suspendeu parte dos acordos firmados na Convenção. Seguindo este mesmo caminho, em 24 de agosto, a Alemanha decidiu também suspender a Convenção de Dublin no que diz respeito refugiados sírios para poder processar seus pedidos de asilo que já haviam dado 35 entrada. Em 2 de setembro de 2015, a República Checa também decidiu desafiar a Convenção de Dublin para atender aos pedidos de refugiados sírios que já haviam solicitado asilo em outros países da UE e que chegavam ao país. No início de setembro de 2015 a Alemanha afirmou que facilitará a entrada de imigrantes e os pedidos de asilo para viver em seu território, dessa forma o país espera receber até 400 mil refugiados só em 2015. Em 11 de setembro a Comissão Europeia discutiu planos para tentar distribuir entre os países-membros da UE 160 mil refugiados, porém a proposta foi prontamente rejeitada pela Chéquia, Hungria, Polónia e Eslováquia. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Estando concluído o estudo sobre a situação da Síria e consequentemente da crise imigratória na Europa, devido a motivações religiosas, políticas e erradas interpretações, e com base no objetivo geral do trabalho que é o aperfeiçoamento da aprendizagem através do estudo geopolítico global dos fatos históricos e da atualidade, propiciando aos alunos o ganho de conhecimento histórico, pode-se afirmar que o estudo foi satisfatório a todos os integrantes do grupo. Como planejado, foi feito um diagnóstico da situação da Síria e além disso, para que a compreensão ficasse mais clara e objetiva, foram abordadas questões diretamente relacionadas ao tema. A parte histórica, desde o surgimento do país foi esclarecido, como era o país antes da guerra civil, o que ocasionou a guerra e os derramamentos de sangue, quem luta contra quem e o que cada um defende, a ascensão dos grupos terroristas, quais as potências internacionais e seus interesses na região, a demora para o tão desejado fim da guerra, e as consequências da mesma também foram desenvolvidos no trabalho. Poderiam, caso haja o desejo de continuar com a pesquisa científica, focar em personagens diretamente ligados aos fatos, como os países que não tem tanto poder nas Organizações Unidas veem esses acontecimentos e o que o poder, quando dado para quem não tem condições de “administrá-lo”, pode fazer com países menos poderosos. Além disso, pode-se realizar ainda mais pesquisas relacionadas ao fanatismo religioso, que prega falsas interpretações, levando a divergências de opiniões e ações, causando ainda mais mortes. 37 REFERÊNCIAS Links para acesso: PORTAL EDUCAÇÃO – JORNAL O GLOBO SP - acesso em: http://educacao.globo.com 27/04/2017 18:34 BRASIL ESCOLA – acesso em: http://brasilescola.uol.com.br 27/04/2017 19:00 JORNAL ESTADÃO – acesso em: http://internacional.estadao.com.br 27/04/2017 19:15 REVISTA ABRIL – acesso em: http://exame.abril.com.br/economia/siria-perdeu- metade-da-sua-economia-com-guerra-civil / 27/04/2017 20:10 G1 GLOBO.COM - http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/05/economia-da- siria-se-encaminha-para-a-ruina-diz-relatorio.html 27/04/2017 - 20:30 JORNAL O ESTADÃO SP - http://topicos.estadao.com.br/siria 28/04/2017 19:40 SUAPESQUISA.COM – SÍRIA - http://www.suapesquisa.com/paises/siria/ 28/04/2017 21:34 ARTIGO – BRITTANICA http://escola.britannica.com.br/levels/fundamental/article/S%C3%ADria/482622 05/05/2017 - 21:40 http://countrymeters.info/pt/Syria 05/05/2017 22:48 https://www.google.com.br/search?q=oriente+medio&rlz=1C1CHZL_pt- BRBR742BR742&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwic1Z6nkdrTAhVJG5 AKHQI6DXcQ_AUIBygC&biw=1366&bih=662#imgrc=ypqTtq1Z_90KqM: 05/05/2017 as 22:53 https://www.google.com.br/search?q=imperio+persa+mapa&rlz=1C1CHZL_pt- BRBR742BR742&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiA8OSyk9rTAhXCD JAKHVecDt4Q_AUIBigB&biw=1366&bih=613#imgrc=0VNQMTcMqF4fMM: 05/05/2017 22:54 EDUCABRAS HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO - https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/historia/historia_geral/aulas/imper io_persa 05/05/2017 22:58 38 GALERIA/SECRETARIA-DE-ESTADO-DE-EDUCAÇÃO-IMAGENS http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=440&evento= 5 acesso em 05/05/2017 23:23 INDEXMUNDI – ACESSO http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=132&c=sy&l=pt 05/05/2017 23:43 GLOBO–JORNALNACIONAL - http://g1.globo.com/jornal- nacional/noticia/2017/04/entenda-como-guerra-da-siria-virou-maior-crise- humanitaria-da-atualidade.html - 07/05/2017 - 22:02 POR AMANDA CAMPOS – Ig São Paulo - http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-07-29/entenda-as-diferencas-entre- xiitas-e-sunitas.html 07/05/2017 as 12:32 FREITAS, Eduardo de. "Povo curdo"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/povo-curdo.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017 FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Síria"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/siria.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017 SILVA, Daniel Neves. "Guerra Civil na Síria"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/conflito-na-siria-primavera-que-nao- consegue-se-estabelecer.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017 PENA, Rodolfo F. Alves. "Primavera Árabe"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/primavera-Arabe.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017 PINTO, Tales dos Santos. "Ascensão e queda do Império Islâmico"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/ascensao-queda-imperio- islamico.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017 FERNANDES, Cláudio. "Radicalismo do Estado Islâmico"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-radicalismo-islamico-grupo-terrorista- eiis.htm>. Acesso em 07 de maio de 2017
Compartilhar