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1 HERMENÊUTICA Pedro Lenza Dirley da Cunha Jr. I. Métodos de interpretação constitucional; II. Princípios de interpretação constitucional; III. Correntes interpretativista e não-interpretativista. 2 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL Método jurídico, hermenêutico clássico, ou de Forsthoff 1 A interpretação da Constituição não se distingue da interpretação de uma lei e, por isso, para se interpretar o sentido da lei constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação. Em suma: lei e CF se equivalem do ponto de vista hermenêutico. Em suma: deve se aplicar às normas constitucionais os métodos clássicos utilizados para interpretação das leis. Método tópico- problemático 2 Parte-se de um problema para norma, já que as normas da CF são abertas, o que dificultaria tomá-las como ponto de partida. CASONORMA Método hermenêutico- concretizador 3 Parte da norma para o caso. Funda-se em um “círculo hermenêutico” condizente com “movimento de ir e vir” das pré-compreensões do intérprete (pressuposto subjetivo) e de sua consideração da realidade externa (pressuposto objetivo). NORMACASO 3 Método científico- espiritual 4 Reputa a norma como fenômeno cultural. A análise da norma não pode ater-se à leitura fria da lei, mas deverá avançar ao substrato sócio-político a ela inerente. Relaciona-se com a realidade social e com o movimento dinâmico de renovação constante dos sentidos normativos, em compasso com as modificações da vida em sociedade. ATENÇÃO: Foi considerada CORRETA a assertiva formulada pelo CESPE, segundo a qual “de acordo com o método de interpretação constitucional denominado científico-espiritual, a Constituição é um instrumento de integração, não apenas sob o ponto de vista jurídico- formal, mas também, e principalmente, em perspectiva política e sociológica, como instrumento de solução de conflitos, de construção e de preservação da unidade social”. Portanto, é bom ter em mente que alguns elementos do PRINCÍPIO do efeito integrador estão presentes também no MÉTODO científico-espiritual. Método normativo- estruturante ou de Müller 5 Texto é diferente de norma. TEXTOCONTEXTONORMA Método da comparação constitucional 6 Relaciona-se com o Direito Comparado. A interpretação dos institutos se implementa mediante a comparação nas várias Constituições. 4 PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL – LENZA Princípio da Unidade da CF 1 Refere-se à interpretação sistemática da CF. Obriga o intérprete a considerar a CF em sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas constitucionais a concretizar (Canotilho) Princípio do Efeito integrador 2 As soluções extraídas pelo intérprete devem ser pluralisticamente integradoras (Canotilho); unidade política e integração social devem ser os objetivos desse princípio. CUIDADO: “unidade política” é expressão-chave do princípio do efeito integrador e NÃO do princípio da unidade da CF. Princípio da Máxima efetividade 3 Deve-se preferir a interpretação que reconheça maior eficácia às normas constitucionais, especialmente as de DF. Princípio da Justeza ou conformidade ou exatidão ou correção funcional 4 Diz com a adequação ao esquema organizatório-funcional, entendido como o modelo de Estado concebido pela CF. Ou seja, não pode o intérprete subverter a organização do Estado, alterando, por exemplo, as funções constitucionalmente estabelecidas. Protege-se, sobretudo, a Separação de Poderes. 5 Princípio da Concordância prática ou harmonização 5 Equivale à ponderação de interesses constitucionais. Busca- se evitar o sacrifício total de um princípio em relação a outro que lhe conflite com maior peso. Fundamenta-se na inexistência de hierarquia entre os princípios. Princípio da Força normativa (Konrad Hesse) 6 Como princípio hermenêutico, relaciona-se, sobremaneira, à necessidade de atualização das normas constitucionais, para adequá-las à realidade social vivenciada pelo povo. Confere-se, dessa forma, máxima efetividade às normas constitucionais, já que afetas ao pensamento constitucional vigente na sociedade. Já no que concerne à busca da força normativa quando da elaboração de uma CF, tem-se que as normas jurídicas e a realidade devem ser consideradas em condicionamento recíproco. A norma constitucional não tem existência autônoma em face da realidade. Para ser aplicável, a Constituição deve ser conexa à realidade jurídica, social e política, não sendo apenas determinada pela realidade social, mas determinante em relação a ela (TRF/2009). A força normativa de uma CF depende da chamada “vontade de constituição”, entendida como a disposição do povo de orientar sua própria conduta segundo a ordem constitucional vigente. Esta vontade será tão mais intensa, quanto a Constituição espelhar os valores essenciais da comunidade política, captando seu espírito. É importante ressaltar que, para Hesse, no eventual conflito entre os fatores reais de poder de Lassalle e a Constituição escrita, 6 esta nem sempre haverá de sucumbir, pois não se deve desprezar seu valor normativo e sua força para mudar a realidade. (Leo Van Holthe). Princípio da Interpretação conforme a CF 7 Diante de normas polissêmicas, deve-se dar a elas o sentido que mais se aproxime da CF. A interpretação conforme a CF somente pode ser operada quando a norma tenha espaço para várias interpretações (plurissignificativa ou polissêmica), pois o intérprete não pode atuar como legislador positivo, mesmo que a pretexto de adequar uma norma inconstitucional ao texto Maior. Nesse caso, a solução deve ser pela declaração de inconstitucionalidade. Princípio da Proporcionalidade ou razoabilidade 8 Pauta de natureza axiológica que emana diretamente das ideias de justiça, equidade, bom-senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso e de insuficiência, direito justo e valores afins (Karl Larenz e Inocêncio Coelho). Preenche-se de três elementos: 1) necessidade ou exigibilidade: medida restritiva de direito só se legitima se indispensável; podendo-se substituí-la por outra menos gravosa, deve-se evitá-la; 2) adequação, pertinência ou idoneidade: o meio escolhido deve ser adequado ao fim buscado; 3) proporcionalidade em sentido estrito: refere-se ao custo-benefício da medida, que deve ser positivo; busca-se a máxima efetividade com mínima restrição. 7 Na hermenêutica constitucional, a corrente interpretativista nega qualquer possibilidade de o juiz, na interpretação constitucional, criar o Direito, indo além do que o texto lhe permitir. De outra forma, a corrente não-interpretativista defende um ativismo judicial na interpretação da Constituição, proclamando a possibilidade e até a necessidade de os juízes invocarem e aplicarem valores substantivos (Dirley da Cunha Jr). Filosoficamente, a corrente interpretativista é procedimentalista,ao passo que a não-interpretativista é substancialista (CUIDADO: caiu na AGU em 2007!). CORRENTE CARACTERÍSTICAS Interpretativista - Ostenta características próprias da Escola Exegética, que viveu seu auge nos tempos do Código de Napoleão: a atividade judicante é apenas para reproduzir o que a lei, clara, perfeita e completa, já diz. O juiz interpreta de forma procedimental, não podendo ir além do texto. Não-interpretativista - Ostenta características próprias do Neoconstitucionalismo. O juiz deve, interpretando o Direito, criar normas para o caso concreto. A expressão que bem caracteriza esta corrente é ativismo judicial. O juiz interpreta de forma substancial. 8 Na hermenêutica constitucional, segundo o princípio do efeito integrador, a CF deve ser entendida como um projeto normativo global que se destine a assegurar a harmonia entre o social e o jurídico, com vistas à manutenção da ordem constitucional. Devem-se integrar os valores e anseios da Sociedade ao projeto de CF elaborado pelo Estado (Dirley da Cunha Jr). A interpretação constitucional deve prestigiar os sentidos que favoreçam a integração entre os setores da sociedade e a unidade política (Leo Van Holte). Na hermenêutica constitucional, tem-se o método de Forsthoff, também conhecido como método jurídico ou hermenêutico-clássico, segundo o qual a interpretação da Constituição não se distingue da interpretação de uma lei e, por isso, para se interpretar o sentido da lei constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação. Em suma: lei e CF se equivalem do ponto de vista hermenêutico.
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