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CONSTITUIÇÃO POR SUBSCRIÇÃO PARTICULAR E FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE ANONIMA DE CAPITAL FECHADO – DIFERENÇAS COM A SOCIEDADE DE CAPITAL ABERTO. Sociedade Anônima Sociedade anônima é um modelo de companhia com fins lucrativos, caracterizada por ter o seu capital financeiro dividido por ações. As sociedades anônimas podem ser de duas categorias: sociedades anônimas de capital fechado ou sociedades anônimas de capital aberto. A Subscrição do seu capital se dará através de “subscrição pública” ou “subscrição particular”, daí a diferença entre “Capital Aberto” e “Capital Fechado”. No caso de subscrição particular, ela se dará independentemente de qualquer apelo ao público, não se exigindo, consequentemente, o prévio registro da Comissão de Valores Mobiliários, nem a intermediação de instituição financeira. Os fundadores se confundem com os subscritores, já que aqueles é que procuram estes, no âmbito de suas relações, para que todas as ações emitidas sejam subscritas na forma da lei. Subscrição Assim sendo, duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas se unem para constituir uma S/A, pessoa jurídica futura, através de uma assembleia geral ou por escritura pública. Por conseguinte, antes da realização da Assembleia geral ou da lavratura da Escritura Pública, os fundadores terão que elaborar o ''PROJETO DE ESTATUTO'' da companhia, que deverá conter todos os requisitos exigidos, com fundamento no Art. 6.404/76. Portanto, conclui-se que o Estatuto Social da S/A é essencial, haja vista que está previsto nele todas as normas de seu funcionamento. Há nesse aspecto duas opções de subscrição: Se os fundadores optarem pela constituição da S/A através de uma Assembleia Geral, deverão ser observadas as normas previstas nos artigos 86 e 87 da Lei 6.404/76, devendo ser entregue à Assembleia o Projeto do Estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações (art. 88, parágrafo primeiro, da Lei das S/A). Assim sendo, depois de cumpridos os já mencionados “requisitos preliminares”, com o encerramento da subscrição de todo o capital social, os fundadores convocarão a Assembleia Geral de Constituição, através de anúncios nos quais constarão hora, dia e local da reunião e que deverão ser publicados por três vezes, no mínimo (art. 124 da Lei 6.404/76). Entre o dia da primeira convocação e o da assembleia devera haver o interregno de oito dias (art. 124, parágrafo primeiro, I). Não havendo quórum, deverá ser feita a segunda convocação, com antecedência mínima de cinco dias. Esclareça-se que estas formalidades são FACULTATIVAS, pois o parágrafo quarto do Art. 124 da lei das S/A estabelece que SERÁ CONSIDERADA REGULAR A ASSEMBLEIA GERAL A QUE COMPARECEREM TODOS OS ACIONISTAS, o que se aplica a de constituição. Na Assembleia se deliberará sobre a avaliação dos bens, se for o caso, e a constituição da companhia. A Assembleia se instalará, em primeira convocação, com a presença de pelo menos metade dos subscritores, e em segunda convocação, com qualquer número. Será presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor eleitos na ocasião pelos presentes. Após lido, discutido e votado o estatuto, verificando-se que foram cumpridas todas as formalidades legais e não havendo oposição dos subscritores que representem mais da metade do capital social, o Presidente declarará finalmente constituída a S/A, procedendo-se, em seguida, a eleição dos administradores e fiscais. Por fim, deverá ser lavrada em duplicata, a ATA DA REUNIÃO, que depois de lida e aprovada pela Assembleia e assinada por todos os subscritores presentes ou por quantos bastem para a validade das deliberações, será levada à registro na Junta Comercial. (a S/A fica com uma via). Se os fundadores resolverem constituir a S/A por ESCRITURA PÚBLICA, depois de cumprirem os “requisitos preliminares”, deverão eles procurar um dos Cartórios de Notas da localidade, onde a mesma será lavrada e assinada por todos os subscritores, contendo, obrigatoriamente: a qualificação dos subscritores, o estatuto da companhia (cujo projeto deve ter sido objeto de análise anterior), a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas, a transcrição do recibo do depósito da entrada na instituição financeira respectiva, a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso haja subscrição do capital social em bens, e, finalmente, a nomeação dos primeiros administradores e fiscais (quando for o caso). Após a lavratura da Escritura pública, deverá ser arquivada na Junta Comercial a CERTIDÃO DO INSTRUMENTO. O Capital O estatuto da sociedade fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional, bem como o número de ações em que será dividido. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente. O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. As ações em que se dividir o capital não deveram ter valor nominal menor que R$ 1,00 (um real), sendo o valor máximo a critério de cada empresa; entretanto, todas as ações de uma companhia devem ter o mesmo valor nominal. As ações dão aos acionistas, dependendo do seu tipo e forma, vantagens e obrigações. Os tipos de ações são dois: Ordinária e preferencial, podendo sociedade ter os dois tipos, somente ordinária, mas nunca somente preferencial. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seu titulares, são ordinárias e preferenciais. Elas poderão ser de uma ou mais classes. Entretanto, o número de ações preferencial sem direito a voto, ou sujeitas a restrições no exercício desse direito, não podem ultrapassar dois terços do total das ações emitidas. A lei 6.4040/76 nos artigos 16 e 17, fala sobre as ações. Ordinárias: “Art. 16 – As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em função de: I – Forma ou conversibilidade de uma forma em outra; II – Conversibilidade em ações preferenciais; III – Exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou IV – Direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos. Parágrafo único :A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não for expressamente prevista e regulada, requererá a concordância de todos os titulares das ações atingidas”. Preferenciais: “Art. 17 – As preferenciais ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: I – Em prioridade na distribuição de dividendos; II – Em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; III – Na acumulação das vantagens acima enumeradas”. Administração da Companhia A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores. As companhias fechadas podem optar por ter conselho de administração ou somente diretoria. O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. O prazo de gestão não poderá ser superior a três anos, permitida a reeleição. Compete ao conselho de administração: I – Fixar a orientação geral dos negócios da companhia; II – eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto;III – fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contatos celebrados, quando o estatuto assim o exigir; IV – convocar a assembleia geral quando julgar conveniente; V – manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas de diretoria; VI – manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir; VII – deliberar, quando autorizado pelo estatuto sobre a emissão de ações ou bônus de subscrição; VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; IX – escolher e destituir os auditores independentes, se houver. A diretoria será composta por 2 ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou se inexistente, pela assembleia geral. O prazo de gestão não poderá ser superior a três anos, permitida a reeleição. O estatuto da companhia deverá estabelecer ainda, o número de diretores, ou o máximo e mínimo permitidos, bem como, as atribuições e poderes de cada um. Os membros do conselho de administração, até o máximo de um terço, poderão ser eleitos para cargos de diretores. De conformidade com o art. 146 da lei 6404, poderão ser eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, residentes no País, devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores, acionistas ou não. Os membros do conselho de administração serão eleitos em ata de assembleia geral, que registrará o fato. Já os membros da diretoria serão eleitos através de ata do conselho de administração. São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, e fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, bem como, as pessoas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários. Conselho Fiscal O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 e, no máximo, 5 membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia geral. Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no país, diplomatas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido, por prazo mínimo de 3 anos, cargos de administração em empresas ou de conselheiro fiscal. Nas localidades em que não houver pessoas habilitadas, em número suficiente, para o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação dos requisitos estabelecidos neste artigo. Entre outros impedimentos, não poderá participar do Conselho Fiscal, o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia. A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada pela assembleia geral que os eleger, e não poderá ser inferior, para cada membro em exercício, a um décimo da que, em média for atribuída a cada diretor, não computada a participação nos lucros. Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembleia geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos. Compete ao Conselho Fiscal, de conformidade com o art. 163, lei 6.404: “I – fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários; II – opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembleia geral; III – opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à assembleia geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimentos ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão; IV- denunciar aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembleia geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia; V – convocar a assembleia geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por mais de um mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembleias as matérias que considerarem necessárias; VI – analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia; VII – examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas opinar; VIII – exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições especiais que a regulam.” Estatutos Sociais – requisitos necessários O estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares as companhias, e conterá as normas pelas quais se regerá a companhia. Deverá mencionar com precisão e clareza as bases da companhia e entre outros, os seguintes elementos: a) denominação social; b) sede – endereço do estabelecimento sede da companhia; c) duração – se por tempo determinado qual a data do encerramento das atividades, ou se indeterminado; d) objeto – designação com a indicação precisa e detalhada da atividade; e) capital – o capital social subdividir-se-á em ações de valor nominal não inferior a R$ 1,00 (um real); f) espécie e classe das ações; g) distribuição dos lucros; h) o conselho de administração, número e prazo de gestão se houver; i) os diretores, número e prazo do mandato; j) o modo de remuneração aos membros do conselho de administração e dos diretores; k) se deverá haver ou não caução dos diretores para garantia de sua gestão; l) o número de conselheiros fiscais e suplentes; m) a data de encerramento do balanço, amortizações, reservas, dividendos, início e término do exercício social; n) da liquidação, dissolução e extinção – pelas formas estatuídas nos artigos 206 a 209 da Lei 6.404/76. Livros Sociais A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais, ou seja, devidamente autenticados pela Junta Comercial: a) Registro de Ações Nominativas; b) Transferência de Ações Nominativas; c) Atas das Assembleias Gerais; d) Livro de Presença de Acionistas; e) Atas das Reuniões do Conselho de Administração; f) Atas das Reuniões da Diretoria; g) Atas e pareceres do Conselho Fiscal. Conclusão Uma vez de posse dos documentos de constituição, forma-se o processo para encaminhamento na Junta Comercial, no mínimo em 2 vias, anexando mais: a) capa padronizada; b) ficha de Cadastro Nacional de Empresas, folhas 1 e 2; c) ficha de inscrição do estabelecimento no CGCMF; d) fotocópia da Carteira de Identidade dos diretores; e) fotocópia do CPF dos diretores; f) declaração de desimpedimento dos diretores; g) fotocópia do comprovante de endereço dos diretores; h) comprovante de endereço da sede da empresa; i) comprovante do recolhimento das taxas; j) cartão de protocolo; k) visto de advogado na ata. Segue-se então com todos os atos necessários ao funcionamento da empresa, tais como: Alvará de licença, vistoria do corpo de bombeiros, inscrição na Fazenda Estadual e etc. REFERENCIAS FILHO, Clovis Cunha da Gama Malcher. Direito Net. SociedadeAnônima - Constituição por Subscrição Particular. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/888/Sociedade-Anonima-Constituicao- por-Subscricao-Particular> . Acesso em: 27 de abril de 2017. CARDANFE. Constituição de uma Sociedade Anônima de Capital Fechado. Disponível em: <http://www.solrac.org/Clientes/Cardanfe/constituicao-de-uma- sociedade-anonima-de-capital-fechado>. Acesso em: 27 de abril de 2017.
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