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O pensamento Hermenêutico em Gadamer

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INTRODUÇÃO
O presente resumo tem o objetivo de sintetizar o pensamento hermenêutico-filosófico de Hans-Georg Gadamer em poucas palavras, sem nenhuma pretensão de exaurir tema tão complexo. Os parágrafos seguintes apresentarão tópicos essenciais para a compreensão da filosofia hermenêutica gadameriana, tendo como ponto de partida o pensamento de Heidegger e finalização a hermenêutica filosófica e sua relevância no Direito.
O PENSAMENTO DE HEIDEGGER
Martin Heidegger foi um filósofo e professor alemão nascido em 1898 cujo pensamento acerca da hermenêutica modificou a forma como a mesma era aplicada pela doutrina clássica. A hermenêutica clássica era objetiva e metodológica, inspirada pelo movimento iluminista, não havia espaço para a subjetividade/ filosofia visto que o foco era a aplicação de técnicas para a interpretação de determinado fenômeno.
Na prática, Heidegger acaba por inverter a ordem entre a interpretação e compreensão existente na hermenêutica clássica ao afirmar que a interpretação se funda existencialmente na compreensão e não vice-versa. Interpretar não é tomar conhecimento do que se compreendeu, mas elaborar as possibilidades projetadas na compreensão. É preciso compreender para interpretar ao passo que a partir da luz da compreensão nasce um horizonte interpretativo que pode ser buscado e aplicado; do contrário surgem somente limitações, pois compreender algo a partir da interpretação, seja própria ou de outrem, significa reduzir o fenômeno a uma única ótica, normatizá-lo e tê-lo por encerrado.
A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA
Hans-Georg Gadamer, nascido em 1900, foi aluno e assistente de Heidegger e recebeu dele grande influência para o desenvolvimento de sua obra e a consolidação da hermenêutica filosófica embrionada por Heidegger.
Para Gadamer, a hermenêutica não é ciência e por isso não deve se ater a métodos de interpretação, hermenêutica é ontológica e transcendental. Está ligada ao saber filosófico. Toda experiência histórica e de tradição do ser é responsável pelo seu posicionamento no mundo em relação à compreensão de algo. Gadamer afirma que nós pertencemos à história e não o contrário. Significa dizer que toda a carga histórica, tradições (compreende sociedade, família, Estado e etc.) determinam a forma como o sujeito interpreta a realidade e os fenômenos a sua volta.
CÍRCULO HERMENEUTICO
Tendo como pressuposto as ideias apresentadas nos tópicos anteriores, é evidente que o homem se posiciona frente a determinado fenômeno conforme ele “está no mundo”, ou seja, conforme suas cargas morais, histórico-culturais e de tradição, concebendo assim um pré-conceito, uma compreensão preestabelecida.
Para Gadamer o homem é um ser hermenêutico, e a hermenêutica deve ser transcendental diante da historicidade do ser. Isto é, supera a própria historicidade. Contudo a historicidade deve ser revisitada, deve haver um movimento da compreensão que funciona como um diálogo entre o fenômeno e os pré-conceitos do interpretante. Esse movimento deve ser reaplicado num processo de compreensão constante de reinterpretação até que se chegue ao conceito mais adequado para o caso concreto. Dentro desse cenário, um círculo vicioso poderá surgir; não significa dizer que isso será, como um todo prejudicial, todavia, tal situação deverá ser evitada. 
LINGUAGEM NA HERMENÊUTICA GADAMERIANA
Gadamer afirma: não há nada, senão através da linguagem. O filósofo quer dizer que a única forma de materializar a compreensão é através da linguagem, ou seja, a linguagem é a ponte entre o pensamento interpretativo e a exteriorização da compreensão que brota da interpretação, ao passo que, paralelamente a interpretação surge no seio da linguagem.
A principal forma de linguagem defendida por Gadamer é através da escrita, pois segundo ele, a escrita possibilita uma gama de possibilidades de compreensão, além de acessibilidade, simultaneidade (ao passo que muitos podem ter acesso ao objeto) e pela escrita, a linguagem se faz perfeita. Com isso temos a escrita como objeto fundamental para a hermenêutica.
A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA NA APLICAÇÃO DO DIREITO
Um dos pressupostos fundamentais para a existência e manutenção de uma sociedade é a segurança jurídica que é diretamente responsável pela ordem social, contudo, o Direito está além das normas garantidoras da ordem social. A distinção entre o Direito e a lei é tema bastante delicado e que, não convém no presente trabalho ser discutido. Com isso em tela, a expressão Direito será aplicada como sinônimo de Direito Justo, ou pelo menos, a tentativa de se alcançar a Justiça.
A lei como norma positivada deverá ser sempre interpretada em consonância com o caso concreto e o seu sentido deve ser extraído buscando sempre a melhor maneira de se alcançar o Direito. Independentemente do tempo que determinada norma foi escrita e da intenção do legislador à época de sua criação, a norma precisa ser interpretada tendo em vista as necessidades sociais, e o sistema jurídico aplicado de acordo com valores que representem e protejam o homem e a sociedade. As mudanças sociais (naturais em uma sociedade) impulsionam a mudança no Direito para sua adequação, todavia, essa problemática poderá ser resolvida, em muitos casos, valendo-se tão somente de uma nova interpretação da lei. Uma projeção da compreensão diferente da anteriormente aplicada.
CONCLUSÃO
A partir da leitura do presente trabalho conclui-se que houve uma ruptura do sentido da hermenêutica clássica a partir da filosofia de Heidegger que foi o marco zero para a hermenêutica filosófica, a qual deixou de ser ferramenta interpretativa metodológica e passou a ser uma filosofia acerca da interpretação que elucida e auxilia processos da compreensão através do diálogo entre fenômeno, a historicidade do “ser-no-mundo” (o intérprete) e a transcendência de sua historicidade. Também ficou claro o papel da linguagem segundo Gadamer e a importância da hermenêutica no âmbito jurídico.

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